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Sabe-se que a Constituição Federal
de 1988 foi um marco na conquista dos
direitos das mulheres. Este instrumento
expressa a conquista fundamental da
igualdade de direitos e de deveres entre
homens e mulheres (Art. 5, I), até então,
inexistente no ordenamento jurídico
brasileiro. A nova constituição,
denominada Constituição Cidadã,
aprofunda e cria novos direitos para os
sujeitos, e novas obrigações do Estado para
com os indivíduos e a coletividade.
(CFEMEA, 2006, p. 12).
Em diálogo com a educação popular,
os movimentos sociais do campo e cidades,
e numa perspectiva emancipatória, é
possível uma formação docente que
dialoga com os sujeitos e sujeitas do
campo. Para tanto, precisamos que as
práticas educativas e comunitárias que
realizamos nos cursos de Licenciaturas em
Educação do Campo garantam a
participação e o protagonismo dos povos.
Os seminários contam com diferentes
painéis, tais como, por exemplo o painel
sobre a saúde das mulheres do campo e da
cidade, onde foram abordadas as políticas
públicas em saúde existentes em nosso
município, cidade e interior. Experiências
foram relatadas e compartilhadas,
garantindo que fecundos temas fossem
debatidos, abordando dúvidas e
questionamentos quanto à saúde das
mulheres do campo, e os problemas mais
comuns que as quilombolas, as indígenas e
outras enfrentam, além de ter sido
problematizado o acesso ao trabalho, o
parto humanizado, tratamento médico e
dentre outros temas.
No painel, “Mulheres em
Movimento”, foi garantida a fala de
mulheres do campo. Essas mulheres nunca
tinham participado e atuado em um evento
onde todas (pomeranas, quilombolas,
florestas, mulheres da cidade, agricultoras)
pudessem trabalhar suas pautas comuns.
Esse painel reforçou a ideia de que “em
todas as sociedades conhecidas, as
mulheres detêm parcelas de poder, que lhes
permite meter cunhas na supremacia
masculina e, assim, cavar-gerar espaços
nos interstícios da falocracia”. (Saffiot,
1992, p. 184). Este painel foi formado por
diferentes mulheres, das diferentes etnias e
idades, e das diferentes atuações de áreas,
(quilombolas, pomerana³, pescadoras,
floristas, ativistas, presidente de
associação, dentre outras). O painel
contribuiu para dar visibilidade e
incentivar as participantes a
compartilharem mais momentos como
esses, que as mulheres podem e devem
atuar nas diferentes áreas e de que as
mulheres não são frágeis e fracas como a
sociedade machista-patriarcal considera,
muitas vezes.