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Não. Por que para mim a escola ensina e
a família educa. Na escola com tempo
integral a criança fica muito ausente, [e]
o contato com a família diminui, fica o
dia inteiro na escola. A criança precisa
do contato com os pais, [não pode]
fica[r] longe. [O filho]chega cansado, vai
dormir e a afetividade com a família, em
casa [?] Ele pode aprender muita coisa
[conosco]também, nossa cultura também.
(Mãe 04).
Foi surpreendente a concepção dessa
última mãe a respeito da Educação de Tempo
Integral, ela resume: “para mim a educação
integral é a ausência do filho muito tempo fora
de casa” (em resposta à pergunta de número
02).
Esse zelo, essa defesa da presença do
filho em casa, como uma necessidade de
protegê-lo e dar carinho, apareceu com muita
frequência nas falas das mães que têm filhos
pequenos, principalmente daqueles que estão
iniciando os estudos. Na zona rural é comum
as crianças entrarem na escola direto no Pré-II,
porque as mães preferem que fiquem em sua
companhia.
O Art. 205 da Constituição nos diz: “A
Educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade e sua qualificação
para o trabalho”. (Brasil, 1988). Este artigo
proclama o direito da família na educação dos
seus filhos. Nas conversas com as mães
surgiram algumas indagações delas do tipo: o
que é educar?
Às vezes vai à escola e chega em casa
cheio de gíria, palavrões, maus costumes,
com malcriação, que aprendem com
colegas. [Aprendem] coisas que em casa
ensinamos que é errado, então,
independente de escola a família também
educa. Eu mesma não quero que o meu
[filho]vá por que aqui eu sei o que está
fazendo, dou educação também, e lá, será
que vão olhar mesmo? (Mãe 25).
Outra mãe afirmou: “Não, prefiro que a
tarde eles fiquem comigo, que eu tô vendo né o
que tá fazendo”. (Mãe 05).
A questão da companhia também
apareceu entre as preocupações. Vejamos a
fala de uma avó:
Eu não. Às vezes a gente precisa da
criança né, eu mesmo só tenho ele, né?!
E [se] fica o dia inteiro na escola (...). Eu
crio, ele é meu neto, eu nessa idade! Já
cheia de doença, problema de pressão, é
ruim ficar tanto tempo sozinha. Ele já
tem 13 anos é também uma companhia,
né?. (Avó 01).
A questão do apoio aos filhos em casa
não ficou de fora. Algumas falas a respeito:
Numa parte eu sou “mei” a favor né!?
Mais eles tão crescendo e “nóis” ficando
“véi” (...). A gente precisa “di” apoio,
“as geração” de jovem no campo tá
acabando, quem vai ser nosso sucessor
aqui, eu “tem” esse sítio “bunito”, tem
uma chácara grande lá na cidade, vejo aí
gente vendendo o sítio, aqui já tem gente
com seis sete lote, eu acho que os “fi”
tem que ter o contato com eles(sítio) pra
intender, aprender a lidar, agente num
sabe o que vão escolher. Eu também num
vejo muita alternativa viu, o povo
aumenta poucos produzem e muitos
comem, olha o preço do feijão! É por que
poucos produz[em]. Eu vejo esses
esportes aí, o prefeito “investi” dinheiro,
você vai lá e “cum uns dia as quadra” e
praça já tá tudo destruído! (Pai 07)
Sou contra por que meu filho no sítio
ajuda bastante, meu filho, por exemplo,
ajuda na horta já tem seu pedaço de roça
e precisa cuidar. No horário integral ele
não terá tempo para cuidar dos canteiros
que ele fez para ele aqui em casa. (Mãe
01)
A mãe continua sua fala informalmente
dizendo: