Revista Brasileira de Educação do Campo
DOSSIÊ / ARTIGO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2017v2n3p861
Rev. Bras. Educ. Camp.
Tocantinópolis
p. 861-880
jul./dez.
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ISSN: 2525-4863
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Uso de objetos educacionais digitais para ensinar sistemas
do corpo humano em uma escola do campo
Silvio Ferreira dos Santos
1
, Marcelo Franco Leão
2
1
Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT. Campus Confresa. Departamento de Ensino do Campus Confresa /
Pós-Graduação em Educação do Campo. Avenida Vilmar Fernandes, 300, Santa Luzia. Confresa - MT.
Brasil. silvio_f_santos@hotmail.com.
2
Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT.
RESUMO. O estudo teve como objetivo avaliar o uso de
softwares educacionais e aplicativos em dispositivos móveis
para ensinar sistemas do corpo humano em uma escola do
campo. Trata-se de uma pesquisa-ação, de abordagem
qualitativa, desenvolvida em 2016 e que envolveu 14 estudantes
do ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Sol
Nascente, de Confresa-MT. O software e aplicativo escolhidos
foram o Atlas do Corpo Humano e Sistemas do Corpo Humano
3D, respectivamente, com ênfase nos sistemas digestório e
circulatório. Os resultados do pré e pós teste, constituídos por 20
questões, corroboram a hipótese de que o uso de objetos
educacionais digitais beneficia o processo educativo. Os
estudantes aprenderam melhor os sistemas comparados a quando
se utilizou apenas recursos tradicionais, como o livro didático.
Esse avanço pode estar atrelado ao fato de os recursos utilizarem
imagens em 3D e pontuarem cada parte do corpo, além de
fornecer importantes informações e curiosidades sobre o
assunto. Portanto, espera-se que as tecnologias digitais possam,
cada vez mais, serem inseridas e exploradas nas práticas
pedagógicas, pois esses recursos possibilitam estudar e tirar
dúvidas, ampliando o tempo e os espaços educativos.
Palavras-chave: Ferramentas Tecnológicas, Recursos
Didáticos, Ensino de Ciências.
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Using digital educational objects to teach human body
systems at a countryside school
ABSTRACT. The purpose of this study is to assess the use of
educational software and mobile device applications to teach
about the human body at a rural school. It is an action research,
with a qualitative approach, developed in 2016 and involving 14
students from the 8th year Elementary Education at the Escola
Estadual Sol Nascente in Confresa-MT. The chosen software
and application was the Human Body Atlas and 3D Human
Body Systems, emphasizing on the digestive and circulation
systems. The results from the pre-and post-test, which
comprised 20 questions together, corroborate the hypothesis that
the use of digital educational objects benefits the education
process. Students learned better the systems in comparison with
when only traditional resources, such as a didactic book, was
used. Such advancement could be harnessed to the fact that the
resources make use of 3D images and point out each part of the
body, besides providing important information and curiosities
about the subject. It is therefore expected that digital
technologies may be increasingly inserted and explored in
pedagogical practices, since those resources allow for studying
and solving queries, by broadening educational space and time.
Keywords: Technological Tools, Didactic Resources, Teaching
Sciences.
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Uso de objetos educativos digitales para enseñar sistemas
del cuerpo humano en una escuela del campo
RESUMEN. El estudio tuvo como objetivo evaluar el uso de
software educativo y aplicaciones en dispositivos móviles para
enseñar sistemas del cuerpo humano en una escuela del campo.
Se trata de una investigación-acción, de abordaje cualitativo,
desarrollada en 2016 y que involucró a 14 estudiantes del año
de la Enseñanza Fundamental de la Escuela Estadual Sol
Nascente, de Confresa-MT. El software y la aplicación elegidos
fueron el Atlas del Cuerpo Humano y Sistemas del Cuerpo
Humano 3D, respectivamente, con énfasis en los sistemas
digestivo y circulatorio. Los resultados del pre y post test,
constituidos por 20 preguntas, corroboran la hipótesis de que el
uso de objetos educativos digitales beneficia el proceso
educativo. Los estudiantes aprendieron mejor los sistemas
comparado a cuando se utilizó sólo recursos tradicionales, como
el libro didáctico. Este avance puede estar vinculado al hecho de
que los recursos utilizan imágenes en 3D y puntualizan cada
parte del cuerpo, además de proporcionar importantes
informaciones y curiosidades sobre el tema. Por lo tanto, se
espera que las tecnologías digitales puedan, cada vez más, ser
insertadas y explotadas en las prácticas pedagógicas, pues estos
recursos posibilitan estudiar y sacar dudas, ampliando el tiempo
y los espacios educativos.
Palabras clave: Herramientas Tecnológicas, Recursos
Didácticos, Enseñanza de las Ciências.
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Introdução
O uso das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDIC) vem
cada dia mais se fazendo presente no
universo da sociedade contemporânea.
Assim, diante dos avanços da ciência e da
tecnologia, se torna impossível dissociar os
processos de ensino e aprendizagem das
evoluções tecnológicas presentes na
sociedade, inclusive no ambiente escolar
(Santos & Leão, 2016). Esse fato
demonstra a necessidade das escolas
acompanharem as inovações e dos
professores se atualizarem para utilizar as
novas estratégias e recursos em suas aulas
e assim criar um ambiente oportuno de
aprendizagens para os estudantes.
Para Auler (2003), esse processo
educativo, aportado na ciência e na
tecnologia, será emancipatório se propiciar
aos estudantes uma leitura crítica do
mundo ao qual estão inseridos, relacionado
ao desenvolvimento científico-tecnológico
contemporâneo e que desenvolva ações no
sentido de transformação dessa sociedade.
Ou seja, é preciso extrair dos conceitos e
recursos, aplicabilidade para a vida, utilizar
saberes proporcionado pela ciência e pela
tecnologia na resolução de problemas do
cotidiano.
Frente a essa nova conjuntura
educacional, se torna evidente que as
escolas do campo também possam estar
atentas às mudanças tecnológicas e que os
professores que atuem nessa modalidade
procurem se atualizar ao universo da
comunicação e informação e que possa
assim possibilitar aos estudantes o acesso
às novas ferramentas pedagógicas para
auxiliar na produção de novos
conhecimentos.
Assim, de acordo com Moura (2009,
p. 50): “O acesso a conteúdo multimídia
deixou de estar limitado a um computador
pessoal (PC) e estendeu-se também às
tecnologias móveis (telemóvel, PDA,
Pocket PC, Tablet PC, Notebook)”. Em
outras palavras, a autora diz que o acesso à
multimídia vem proporcionando um novo
paradigma educacional, o móbile learning
ou aprendizagem móvel, por meio de
dispositivos móveis, sendo capaz de
influenciar diretamente nas práticas
educacionais.
Fonseca (2014) aponta que no Brasil
mais aparelhos celulares do que
habitantes. Com isso, fica evidente a
grande necessidade de fomentar a
disseminação do uso desses dispositivos
para serem utilizados como instrumentos
pedagógicos, uma vez que a maioria dos
estudantes tem acesso a esses aparelhos,
facilidade em seu manuseio e os levam
para o ambiente escolar.
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Nessa perspectiva, o uso destes
dispositivos móveis como suporte
pedagógico em sala de aula importante
para o processo educativo, uma vez que a
maioria dos estudantes dispõe desses
aparelhos. O uso dessas ferramentas
permitirá que o processo educativo seja
favorecido, além de permitir que a escola e
as aulas se tornem espaços atrativos para
os estudantes, tornando-os partes
integrantes e indispensáveis na construção
de seus saberes.
Frente à problemática apresentada, o
objetivo principal desse estudo é descrever
e avaliar a utilização de softwares
educacionais e aplicativos para
dispositivos móveis com o intuito de
ensinar os sistemas digestório e
circulatório em uma turma do ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual
Sol Nascente, de Confresa-MT. Por meio
do uso de tais ferramentas, foram
ministrados os conteúdos em sala de aula
de maneira que estivessem relacionados
com o cotidiano do estudante.
Cabe aqui ressaltar que nem sempre
iniciativas que envolvem tecnologias são
possíveis de serem realizadas nesses
espaços educativos. Muitas vezes, o
professor tem a pré-disposição em
desenvolver trabalhos como esse, porém o
cenário encontrado em muitas escolas do
campo não permite ocorrer essas
experiências, pois algumas sequer tem
energia elétrica e tampouco as ferramentas
tecnológicas para desenvolver tais ações.
Discursos teóricos sobre o uso de
tecnologias no ensino
Ao fazermos uma reflexão sobre o
termo tecnologia móvel, surge o
questionado sobre como se deu sua origem
e seu uso, e compreender onde surgiu e
quais foram as reais necessidades para
sociedade daquela época. Nesse sentido,
Silva (2002, p. 1) explicita que “O uso do
termo tecnologia, oriundo da Revolução
Industrial no final do Século XVIII, tem
sido generalizado para outras áreas do
conhecimento, além dos setores das
indústrias têxtil e mecânica”. Nesse
aspecto, é possível perceber que desde seu
surgimento, a tecnologia está presente em
diversos ambientes, fazendo com que os
meios de produção e informação se
atualizem constantemente.
Ao considerar as alterações nos
meios sociais devido ao constante uso das
novas tecnologias, diversas pesquisas têm
demonstrado o quanto é possível perceber
que as novas tendências tecnológicas têm
influenciado diretamente na vida cotidiana.
Entretanto, as autoras Saboia, Vargas e
Viva (2013) explicitam que vivenciamos a
transição da Era da Informação para a Era
do Conhecimento, sendo necessário que o
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processo educativo seja ampliado,
enfrentando os novos desafios para
melhorar as suas práticas pedagógicas
adequando-as à realidade e necessidade
educacional.
Diante do desafio atual do uso
constante de tecnologias pelos estudantes e
professores, fica evidente que novas
pesquisas sejam realizadas para que
possam aplicar e ao mesmo tempo
possibilitar uma análise sobre as
Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação (TDIC) que estão presentes
no cotidiano da sociedade, tornando-as
imprescindíveis no ambiente educacional.
Neste contexto, Sodré (2012) ressalta
que o uso das TDIC leva o professor a
repensar sua função, a qual deixa de ser um
detentor de saberes e passa a ser o de
motivador de aprendizagens, que aponte
caminhos para que os próprios estudantes
possam compreender e atribuir significado
aos objetos de seus estudos. Para o autor é
necessário romper com alguns paradigmas
tradicionais para que o professor seja mais
um elo de ligação entre as TDIC e os
estudantes, e dessa forma esses novos
métodos/ferramentas sejam aceitos e
trabalhados para contribuir na prática
educacional docente.
Ainda segundo o autor supracitado, o
papel do professor como educador
permanece, mas agora como um orientador
que direciona, facilita e significa o
processo de aprendizagem dos estudantes.
Nesse sentido, as TIC não poderiam ser
vistas com o papel de substituir o
professor, mas de tornar significativos os
mais variados métodos e práticas
pedagógicas no processo de ensino e de
aprendizagem.
Para Freire e Guimarães (2012), a
apropriação dos meios de comunicação
com fins de ensino e aprendizagem é
perfeitamente possível e benéfica, sejam
estes analógicos ou digitais. Os
dispositivos móveis podem realmente fazer
a diferença nas práticas pedagógicas,
porém, para que isso ocorra, o professor
deve estar preparado para usá-los como
uma ferramenta, diferencial para
aplicabilidade em sala de aula.
Dessa forma, faz-se necessário que
profissionais da educação estejam
preparados para realizar as mudanças em
seus métodos didáticos incorporando os
meios tecnológicos como instrumentos de
comunicação e informação no espaço
escolar. Nesse sentido, Fonseca (2014)
ressalta que a apropriação de dispositivos
móveis requer habilidades, planejamento
para que possa ser útil e assim representar
um diferencial nos processos pedagógicos.
No sentido de fomentar cada dia
mais o uso das novas tecnologias na
educação, alguns teóricos ressaltam que:
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O uso das tecnologias da Informação
e Comunicação Móveis e Sem Fio
(TIMS) aumentam os desafios da
realidade escolar. Educadores
precisam se adequar a realidade
desenhada pelas TIMS. Entre as
TIMS, temos o celular, um aparelho
popular, com aplicativos que podem
vir a ser utilizados em sala de aula
como recurso pedagógico (Bento &
Cavalcante, 2013, p. 114).
Em outras palavras, o educador
precisa ter consciência de que as escolhas
de tecnologias educacionais estão
vinculadas à concepção de conhecimento
que ele próprio concebe. Outro aspecto a
ser considerado é que os dispositivos
móveis estão presentes em vários
ambientes sociais, favorecendo o constante
uso de aplicativos e possibilitando o
frequente acesso à internet em qualquer
lugar em que o sujeito se encontra. Sejam,
crianças, jovens, adultos e pessoas da
terceira idade, todos fazem uso de um
aparelho celular ou smartphone para
diversas funções do seu dia a dia, ou seja:
A tecnologia antes vista como algo
que tirava o sujeito do convívio
social e do contato coletivo, torna-se
cada vez mais customizadora, assim
os ambientes tornam-se
individualizados, mas não
individualizados. Os dispositivos, os
aplicativos e suas interfaces podem
ser cada vez mais customizados e
personalizados. Os ambientes
ganham fotos, perfis e avatares
criando uma atmosfera mais
humanizada, representando um ponto
muito positivo para a pedagogia
centrada no aluno (Totti et al., 2011,
p. 2).
Nos dias atuais é indiscutível o
crescente uso de diversos aplicativos
instalados nos dispositivos móveis. Nesse
sentido, Bento e Cavalcante (2013, p. 3)
ressaltam que “mediante as facilidades da
utilização de diferentes aplicativos no
celular, fica nítida para nós a possibilidade
de sua utilização em sala de aula: desde a
calculadora ao acesso de bibliotecas
virtuais”.
Em outras palavras, as possibilidades
são ampliadas quando se utiliza os
aparelhos móveis a favor do processo
educativo. Além dos recursos
tradicionalmente disponíveis nessas TIMS,
como calculadora, mídia player e outros, é
possível acessar, via rede (internet), uma
infinidade de sites e objetos educacionais
de aprendizagem disponíveis sobre o
assunto em estudo.
Esses objetos educacionais, segundo
Tarouco, Fabre e Tamusiunas (2003) e
Ruas (2012) são recursos didáticos
suplementares que servem para dar suporte
ao ensino. São exemplos de alguns objetos
educacionais digitais: hipertextos,
simulações, softwares, aplicativos,
animações, vídeos, objetos de
aprendizagem, mapas, experimentos
práticos e imagens. Esses recursos digitais,
elaborados a partir de uma base
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tecnológica, são dinâmicos e interativos,
podendo ser perfeitamente reutilizados em
sala de aula graças à disponibilidade das
TDIC nas escolas.
De acordo com Lopes et al. (2015),
os diferentes recursos possibilitados pelas
TDIC possibilitam não apenas utilizar os
objetos de aprendizagem em sala de aula,
como também realizar adaptações desses
materiais para o contexto no qual estão
sendo utilizados. As autoras ressaltam que
congregar diferentes mídias no ensino
possibilita que os estudantes interajam
diretamente com o objeto estudado, a
exemplo do estudo que realizaram com
estudantes com deficiência e/ou com
dificuldades de aprendizagem.
Nesse aspecto, os pesquisadores
Saboia, Vargas e Viva (2013) salientam
que os objetos educacionais digitais
possibilitam o desenvolvimento de novas
atividades educacionais, novas maneiras de
estabelecer relações interpessoais, além de
ampliar o espaço físico e a abrangência do
processo de ensino e aprendizagem. Com a
utilização das TIMS são ampliadas as
possibilidades de interação entre professor
e estudante, assim como entre os próprios
estudantes com seus pares, o que contribui
para a construção de conhecimentos de
maneira a tornar a sala de aula interativa,
agradável e favorável à aprendizagem.
Procedimentos metodológicos
O presente estudo, baseado em
Martins e Theóphilo (2007) e em Moreira
(2011), configura-se como uma pesquisa-
ação, cuja abordagem é qualitativa, pois
implica um plano de ação com objetivo de
mudança, de melhora frente a um problema
identificado. Segundo Gil (2010), para que
se possa avaliar a qualidade dos resultados
de uma pesquisa, torna-se necessário saber
como os dados foram obtidos e quais
procedimentos foram adotados em sua
análise e interpretação. É importante
ressaltar que serão apresentados alguns
dados numéricos, mas que os mesmos
servirão apenas para confirmar os aspectos
subjetivos desse processo de
aprendizagem.
A utilização de objetos educacionais
digitais tem como propósito promover
aprendizagens quanto aos conceitos
estudados. Thiollent (2009, p. 71) explica
que "na pesquisa-ação, uma capacidade de
aprendizagem é associada ao processo de
investigação. Isto pode ser pensado no
contexto das pesquisas em educação,
comunicação, organização ou outras."
Nesse sentido, observa-se o cuidado
em envolver os estudantes, no intuito de
buscar e fomentar subsídios para o
fortalecimento da aprendizagem. Segundo
Thiollent (2009, p. 71), as "novas práticas
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pedagógicas têm que ser incorporada ao
processo educacional, privilegiando ações
que possam garantir a inclusão de novas
tendências tecnológicas para o
fortalecimento e manutenção do processo
do ensino/aprendizagem".
Todas as ações tiveram a finalidade
de promover a compreensão desses
estudantes quanto aos sistemas digestório e
circulatório do corpo humano em
diferentes situações de aprendizagem. O
intuito das ações foi analisar a utilização
dos recursos tecnológicos no ensino de
ciências, favorece o aprendizado dos
estudantes em comparação com recursos
didáticos convencionais, como o livro
didático.
O lócus para desenvolver essa
intervenção foi a Escola Estadual Sol
Nascente, situada no Projeto de
Assentamento (PA), Confresa Roncador,
na Agrovila Lumiar, à distância de 45 km
do centro urbano de Confresa, Estado do
Mato Grosso. A instituição é considerada
como escola do campo não somente por
estar situada na zona rural, mas também
por atender a populações do campo. O
público para o qual as ações foram
planejadas é composto por 14 (quatorze)
estudantes de Ciências Naturais do Ensino
Fundamental, do Ciclo, Ano. Todos
eles são moradores da zona rural, cujas
residências ficam em agrovilas próximas
da escola.
Todos os estudantes participaram
ativamente dessa pesquisa desenvolvida
durante as aulas de Ciência Naturais sobre
o corpo humano, mais precisamente o
sistema circulatório e sistema digestório.
Contudo, cabe mencionar que 1 (um) dos
estudantes é portador de deficiência e que,
por tal motivo, o mesmo participou das
atividades coletivas, mas não conseguiu
responder aos questionários aplicados.
Como instrumentos utilizados para
coletar dados, foram utilizados
questionários para avaliar a aprendizagem.
A aplicação deles ocorreu em dois
momentos: antes e depois da intervenção
com ferramentas tecnológicas. Justifica-se
utilizar esse procedimento devido à escola
possuir apenas uma turma de ano, não
tendo outra para servir de controle. O
número de questões desses instrumentos
foi 20 (vinte), sendo 10 sobre o sistema
digestório e 10 sobre o circulatório. Foram
questões objetivas de múltipla escolha.
Foram quatro as ações planejadas e
desenvolvidas durante essa intervenção
pedagógica, que foram registradas no
diário de bordo. Em um primeiro
momento, foi utilizado o livro didático de
Ciências como recurso teórico no ensino
dos conceitos sobre os sistemas digestório
e circulatório.
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Nessas aulas, foram exploradas as
informações contidas no livro com o
intuito de que o estudante pudesse
compreender cada etapa do sistema
digestório, a formação do sistema
circulatório, assim como sua importância
para o funcionamento de corpo humano.
Após as leituras dos textos e discussões em
aula sobre o assunto, foi aplicado o
questionário para avaliar a compreensão
dos estudantes sobre os sistemas digestório
e circulatório nessa situação convencional
de ensino, utilizando como recurso apenas
o livro didático.
Em um segundo momento foram
apresentados e explorados de forma livre
alguns recursos tecnológicos no estudo dos
sistemas supracitados. A aula iniciou com
a apresentação do software gratuito
denominado “Atlas do Corpo Humano”
i
,
sendo projetado por um projetor de
multimídia. Nessa etapa, foi explicado
como o software poderia ser explorado e os
recursos disponíveis.
O software apresenta uma viagem
interativa ao corpo humano, ou seja, um
estudo aprofundado sobre o corpo humano.
Para o desenvolvimento da aula, o software
foi explorado de forma coletiva, por meio
da projeção com projetor de multimídia e
intermediado pelo professor, no sentido de
direcionar as discussões sobre os
conteúdos planejados.
Anteriormente foi solicitada a
permissão da coordenação pedagógica da
escola para que os estudantes utilizassem
seus dispositivos móveis dento de sala de
aula, a fim de ser disponibilizado a todos, o
aplicativo “Sistemas do Corpo Humano
3D”
ii
. Dessa forma, os estudantes com o
aplicativo devidamente instalado, puderam
dar continuidade aos estudos do corpo
humano por meio da exploração desse
recurso, inclusive fora do horário de aula.
O professor informou que em outro
momento ocorreria uma atividade de
aprendizagem. Foi solicitado que os
estudantes registrassem em seus cadernos
as informações julgadas mais importantes
para servir de subsídio na atividade
agendada.
No terceiro momento, foi
desenvolvida uma atividade colaborativa,
em que a turma foi dividida em 4 (quatro)
grupos, sendo que dois deles continham
quatro integrantes e os outros dois grupos
com três integrantes cada. Os grupos
responderam um questionário de avaliação
da aprendizagem e tiveram igual período
de execução. Esse instrumento também foi
constituído por 20 questões (conforme
apêndice 1). É importante esclarecer que
todas as questões aplicadas foram extraídas
do próprio software, com o mesmo nível
de dificuldade.
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Depois dessa atividade, foi
apresentado pelo professor outro recurso
didático presente no software
anteriormente citado, chamado “Jogo da
Mente”. Esse recurso projetado em sala de
aula apresenta questões de forma aleatória,
contendo um tempo máximo de 15
(quinze) segundos para a resposta. O
tempo é delimitado pelo software,
respeitando cada nível de dificuldade
(fácil, médio e difícil). Cabe aqui apontar
que cada questão é objetiva e possui 3
(três) opções de respostas, sendo a letra A,
B e C também objetivas. A atividade
também foi desenvolvida pelos mesmos
grupos.
Para agilizar o processo, o professor
fez a leitura de cada questão, cabendo aos
grupos o tempo determinado para
interpretar a questão, discutir com seus
colegas e escolher a opção que julgassem
ser a correta. As respostas eram registradas
em uma folha fornecida previamente no
formato de cartão resposta. Após as 18
atividades respondidas, os grupos foram
avaliados de acordo com as respostas
certas e erradas apresentado pelo próprio
software.
Ao término dessa intervenção, foi
aplicado um questionário de avaliação das
aulas, constituído por oito questões abertas.
Para garantir o anonimato dos sujeitos da
pesquisa, os nomes foram substituídos
pelas siglas E 1 (estudante 1), E 2
(estudante 2), E 3 (estudante 3) e assim
sucessivamente. A análise e discussão das
respostas coletadas foram realizadas sob a
luz do referencial teórico anteriormente
citado.
Resultados e discussões
Como foi mencionada
anteriormente, a coleta de dados se deu por
meio do questionário de avaliação da
aprendizagem, que foi aplicado em dois
momentos: antes do desenvolvimento das
ações com ferramentas tecnológicas e após
a conclusão das atividades. Na figura 1 é
possível verificar o desempenho dos
estudantes quanto à compreensão do
sistema digestório, inicialmente com o
livro didático (em azul) e depois com a
utilização do software e aplicativo (em
laranja).
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Figura 1: Aproveitamento referente ao estudo do Sistema Digestório.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
De acordo com os dados coletados, é
possível verificar, por meio das questões
de 1, 2, 4, 5, 6, 9 e 10, que os 13 (treze)
estudantes respondentes compreenderam
melhor o sistema digestório com o uso de
ferramentas tecnológicas e por isso tiveram
maior número de acertos. Isso mostra que
o uso de tais ferramentas pedagógicas é
cada vez mais necessário no processo
educativo.
Nesse sentido, Fonseca (2014, p. 5)
afirma que "o uso de tecnologias como
essas tem como princípio um ensino-
aprendizagem anytime, anywhere”. Em
outras palavras, o autor defende uma
aprendizagem móvel, diz que pode ocorrer
em qualquer lugar e a qualquer hora.
Essa assertiva é corroborada com o
aproveitamento constatado nesse estudo,
pois o significativo aumento no número de
acertos depois da utilização do software e
do aplicativo demonstra que as ferramentas
tecnológicas possibilitam a construção de
aprendizagens, como defende Ruas (2012).
Essa melhora pode estar atrelada ao fato de
que os recursos utilizados trazem imagens
em 3D de cada parte do corpo humano,
além das características e funções do
sistema digestório estudado.
Quando são explorados os recursos
tecnológicos na escola, não aqueles
restritos aos computadores, o processo
educativo se torna mais prazeroso e
significativo tanto para os estudantes como
para o professor, tornando esse momento
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formativo diferenciado da prática
tradicional em que o professor é detentor
do conhecimento e o livro didático é a
única ferramenta utilizada (Moura, 2009).
Ao analisar os dados, também foi
possível verificar que apenas nas questões
de 3, 7 e 8 foram obtidos um número de
acertos baixo e ainda um pouco melhor
antes da intervenção (somente utilizando o
livro didático). De fato, as questões
supracitadas foram escolhidas
intencionalmente em um nível mais
complexo, o que pode justificar tal
desempenho. A seguir (Figura 2), é
apresentado o desempenho dos estudantes
quanto à compreensão do sistema
circulatório.
Figura 2: Aproveitamento referente ao estudo do Sistema Circulatório.
Fonte: Elaborado pelo autor da pesquisa (2016).
Ao analisarmos os dados referentes
ao sistema circulatório, percebe-se que os
estudantes também apresentaram melhor
desempenho quando utilizaram
ferramentas tecnológicas. Em todas as
questões, exceto a de 2, o aumento no
número de acertos foi significativo. Isso
demonstra que os estudantes
compreenderam melhor sobre o sistema
circulatório após terem realizados estudos
com o auxílio do software e do aplicativo.
Corroborando essa interpretação,
Fonseca (2014, p. 6) confirma que:
Os atributos do uso dos celulares e
smartphones para fins de ensino-
aprendizagem são vários. A
familiaridade, por ser considerada
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uma tecnologia comum no cotidiano
e amigável, a mobilidade e
portabilidade, que permite leva-lo
para qualquer parte, os aspectos
cognitivos, no contato com uma
gama de recursos em vários formatos
(texto, som, imagem, vídeo) e a
conectividade, que amplia a
comunicação, o acesso à informação
e contribuí para a colaboração e
compartilhamento, são atributos que
podem ser colocados como
potencializadores do aprendizado.
Diante do grande desafio em avançar
no processo educacional no cenário
brasileiro, torna-se evidente que os
professores precisam utilizar novas
ferramentas pedagógicas para que se possa
atrair e ao mesmo tempo interagir com os
estudantes. Cabe lembrar que Auler (2003)
defende que a escola é a responsável por
alfabetizar os cidadãos a fim de que sejam
capazes de adaptar as conquistas científicas
e tecnológicas na resolução de problemas
cotidianos.
Quanto ao desempenho durante o
jogo da mente, os quatro grupos acertaram
16, 16, 15 e 14 questões respectivamente.
Em um total de 18, pode-se considerar que
os saberes compreendidos sobre os
sistemas estudados. Esse jogo interativo
permitiu que os estudantes testassem os
conhecimentos construídos ao longo dos
estudos e da exploração dos recursos
tecnológicos desenvolvidos em sala de
aula, de acordo com o próprio Thiollent
(2009).
No sentido de buscar fazer uma
avaliação quanto ao uso de ferramentas
tecnológicas em sala de aula para estudar o
sistema digestório e sistema circulatório,
foram realizados alguns questionamentos
junto aos estudantes e algumas das
respostas foram trazidas para esse artigo.
Se consideram importante o uso das
tecnologias a exemplo do software e do
aplicativo utilizados em sala de aula:
“Sim, pois a tecnologia é uma
excelente fonte para utilizar dentro da sala
de aula” (E 3).
“Sim, para melhor entendimento
dos conteúdos” (E 4).
Não foram apresentadas mais
respostas devido todas expressarem que
aprovam o uso de tecnologias para estudar.
Utilizar TIMS na educação pode até ser
desafiador como aponta Bento e
Cavalcante (2013), porém é preciso que os
professores explorem esse importante
recurso pedagógico em sala de aula.
Quanto às contribuições do software
e do aplicativo para a aprendizagem:
“Muito, para mim aprender o
sistema circulatório e o sistema
digestório, foi muito melhor pra
mim aprender” (E 1).
“Ele contribuiu para nos ajudar a
aprender mais. No sentido de nos
ajudar a compreender os
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conteúdos com mais
facilidade” (E 2).
“Contribuiu que eu aprendi mais
com o aplicativo” (E 7).
Esse reconhecimento de que o acesso
às tecnologias educacionais favorece a
construção de aprendizagens corrobora o
pensamento de Moura (2009), que defende
que o acesso à multimídia, em especial às
tecnologias móveis, é capaz de influenciar
positivamente no processo educativo.
Se houve dificuldades em
compreender os conteúdos ministrados
com o software e ou em utilizá-lo:
“Não, foi bem mais fácil pra gente
aprender, ele mostra as coisas
com mais clarezas é fácil” (E1).
“Não, pois o software é excelente
para estudar dentro da sala de
aula” (E 3).
“Não, nem um pouco, o aplicativo
foi excelente” (E 9).
Tais constatações nos levam a
acreditar que os objetos educacionais
digitais por meio das tecnologias utilizadas
nesse estudo contribuíram para a interação
dos conhecimentos científicos e
tecnológicos com a vida cotidiana dos
estudantes (Auler, 2003), devido ao caráter
dinâmico e interativo desse suporte
disponível ao ensino (Tarouco, Fabre &
Tamusiunas, 2003).
Sobre as potencialidades encontradas
na utilização desses recursos tecnológicos:
“Foi excelente, teve muito mais
aprendizado, mais discussão foi
bem mais fácil que o livro, mostra
bem mais clareza e mais
participação dos alunos” (E 1).
“Foi excelente, teve dinâmica, a
aprendizagem foi maior” (E 2).
“Melhor entendimento dos
conteúdos com os aplicativos e
nós podemos ver as ótimas
imagens do coração, os
órgãos” (E 4).
“Sim, para aprender mais
que com o livro” (E 7).
Conforme Lopes et al. (2015), a
utilização de objetos de aprendizagem no
ensino e/ou sua adaptação não significa
simplificar ou reduzir a complexidade dos
conceitos estudados, mas sim criar novas
possibilidades para que as aprendizagens
sejam construídas.
Todos os estudantes que
responderam a questão foram unânimes em
considerar que uso de dispositivos móveis
em outras disciplinas.
Sobre os pontos positivos e negativos
na utilização dos mesmos como
ferramentas pedagógicas no fortalecimento
dos processos de ensino e aprendizagem:
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“Os pontos são todos positivos,
porque para ver as imagens em
três D” (E 3).
“Para mim não teve pontos
negativos, só positivos porque o
aplicativo é excelente” (E 8).
“O aplicativo não tem nada de
ruim” (E 11).
As respostas confirmam que a
utilização das TDIC é imprescindível no
meio educacional, que os diferentes
recursos possíveis por meio dessas
tecnologias ampliam as possibilidades de
interação, além de utilizar uma linguagem
envolvente e motivadora (Lopes et al.,
2015; Saboia, Vargas & Viva, 2013).
Sobre a interação dos estudantes
pelos estudos comparando ferramentas
tradicionais (livro didático) e tecnologias
digitais (smatphone):
“O aplicativo porque mostra a
imagem em três D, muito melhor
e mostra as coisas com mais
clarezas” (E 1).
“O dispositivo é mais avançado,
nos livros é uma dificuldade os
professores passam de
vez enquanto eles passam 2
capítulos, e nos dispositivos é
excelente e facilita para os
estudos” (E 4).
“O smartphone, porque foi melhor
para entender, o livro também
aprendi, mas é mais difícil” (E5).
“No livro é mais ruim, porque não
mostra as imagens que nós
queremos ver” (E 7).
De acordo com as respostas dos
estudantes sobre o uso de aplicativos
instalados nos dispositivos móveis para
estudar os sistemas digestório e
circulatório, foi possível analisar que a
maioria apontou os dispositivos móveis
como uma excelente ferramenta
pedagógica para ser utilizada em várias
disciplinas. Observa-se que os estudantes
interagem e aprendem melhor em meio às
tecnologias e que realmente é possível a
aprendizagem móvel defendida por Moura
(2009).
Realmente o desafio atual, apontado
por Bento e Cavalcante (2013), parece
estar relacionado à adequação dos
professores e de suas práticas pedagógicas
para com a realidade desenhada pelas
TIMS, pois os estudantes de hoje agem
com naturalidade no que diz respeito ao
uso de tecnologias. Os autores também
defendem que os diferentes aplicativos
disponíveis nos aparelhos móveis são
recursos que podem favorecer a construção
de aprendizados com significado, desde
que seja utilizado de maneira objetiva, a
exemplo do que aconteceu nesta pesquisa.
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Considerações finais
Pelo estudo realizado é possível
perceber a importância de os professores
utilizarem meios e ferramentas
pedagógicas como as TIMS, para ministrar
conteúdos de diversas áreas do
conhecimento, fazendo com que os
estudantes possam interagir com as novas
tendências tecnológicas que adentram no
ambiente escolar.
Os resultados expressos tanto no pré
e pós-teste sobre os sistemas digestório e
circulatório, como no jogo da mente,
comprovam que tais recursos incorporados
nas práticas pedagógicas apresentam
grande potencial para a construção de
variados saberes. A avaliação realizada
pelos estudantes envolvidos revela o
quanto às tecnologias são atrativas e
podem contribuir para a aprendizagem.
O uso de softwares e aplicativos nas
mais variadas áreas do conhecimento tem
demonstrado resultados positivos, uma vez
que os estudantes sabem manusear essas
tecnologias e muitas delas, como os
smartphones, podem ser levadas a
qualquer lugar, permitindo aos estudantes
acessar os mais variados conceitos por
meio de diferentes linguagens, desde
imagens simples até gráficos mais
complexos em 3D.
É preciso que os processos de ensino
e de aprendizagem sejam mais que meros
momentos de repasses de conteúdos de
forma arcaica e não substanciada. Não se
pode deixar de nos atualizar e direcionar os
estudantes para um mundo cada vez mais
digital e informatizado, pois é impossível
vivermos sem acesso aos diversos meios
de informação que permeiam a sociedade
atual. Portanto, o uso de objetos
educacionais digitais para ensinar Ciências
Naturais é viável e contribui positivamente
no processo educativo, conforme
verificado no presente estudo.
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https://play.google.com/store/apps/details?id=com.
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Recebido em: 21/06/2017
Aprovado em: 28/08/2017
Publicado em: 13/12/2017
Como citar este artigo / How to cite this article /
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APA:
Santos, S. F., & Leão, M. F. (2017). Uso de objetos
educacionais digitais para ensinar sistemas do corpo
humano em uma escola do campo. Rev. Bras. Educ.
Camp., 2(3), 861-880. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-
4863.2017v2n3p861
ABNT:
SANTOS, S. F.; LEÃO, M. F. Uso de objetos
educacionais digitais para ensinar sistemas do corpo
humano em uma escola do campo. Rev. Bras. Educ.
Camp., Tocantinópolis, v. 2, n. 3, p. 861-880, 2017.
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-
4863.2017v2n3p861
ORCID
Silvio Ferreira dos Santos
http://orcid.org/0000-0001-7405-0535
Marcelo Franco Leão
http://orcid.org/0000-0002-9184-916X
----------------------------------------------------
Apêndice - Questões utilizadas antes e depois da
intervenção pedagógica:
01 Qual o peso aproximado do coração?
a) 80 gramas b) 250 gramas
c) 1 quilo e meio
02 A que órgão corresponde as veias hepáticas?
a) A hipófise b) A hepatite
c) Ao fígado
03 Por que não sentimos ao cortar o cabelo ou
unhas?
a) Porque estas partes do corpo não dispõem
de terminações nervosas
b) Porque estas partes do corpo não contêm
sangue
c) Porque estas partes do corpo carecem de
vida
04 De que cor é o Plasma sanguíneo?
a) Vermelho b) Amarelo
c) Azul
05 Qual o nome das últimas ramificações das
artérias, de dimensões microscópicas?
a) Átomos b) Arteríolas
c) Moléculas
06 Como se chamam as artérias que percorrem os
dedos das mãos?
a) Artérias palmares b) Artérias
terminais c) Artérias digitais
07 Qual é o nome da artéria que irriga a língua?
a) Artéria sublingual b) Artéria
lingual c) Artéria supralingual
08 Quais são os três tipos de componentes
sanguíneos existentes?
a) Glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e
nucleotídeos
b) Glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e
plaquetas
c) Glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e
aminoácidos
09 O que são vênulas?
a) Veias com pouca irrigação sanguínea
b) Veia que se converteram em varizes
c) Veia de pequeno calibre
10 Como é chamado o movimento de sangue
realizado pelo interior do corpo?
a) Aferência b) Circulação
c) Peristaltismo
11 O intestino delgado é a estrutura mais longa do
Sistema Digestório e mede:
a) Cerca de um metro e meio
b) Cerca de sete metros
c) Cerca de quinze metros
12 Como se chama a massa de alimentos que
desce em direção ao estômago?
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a) Comida b) Bolo alimentar
c) Aporte calórico
13 Por que o reto possui este nome?
a) Pela falta de rugosidade de suas paredes
b) Pelo seu formato quase reto
c) Pelo formato de seu processo
14 - Onde se localiza o intestino grosso?
a) Como continuação do intestino delgado
b) Como continuação da traqueia
c) Como continuação do reto
15 Qual é um dos órgãos mais volumosos e com
maior número de funções do corpo?
a) O esterno b) A bexiga
c) O fígado
16 Qual é o nome da parte do corpo que permite o
ingresso das substâncias alimentícias?
a) Estômago b) Tubo digestivo
c) Boca
17 Qual é a função dos sucos gástricos?
a) Degradar os alimentos em elementos mais
simples para que possam ser facilmente absorvidos.
b) Umedecer os alimentos para facilitar sua
absorção
c) Eles simplesmente aceleram a digestão,
sem nenhuma função específica
18 A massa de alimento é também conhecida
como?
a) Timo b) Quima
c) Quimo
19 Qual é o nome do processo realizado pelo
Sistema Digestório?
a) Deglutição b) Bolo
alimentar c) Digestão
20 Como se chama os restos descartados pelo
processo de digestão?
a) Toxinas b) Metabólitos
c) Fezes