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Desse modo, entendemos que, sem a
apropriação da teoria, os professores não
estão preparados para lidar com a
complexidade que envolve os processos de
ensino e aprendizagem, de modo a
desenvolver a formação crítica dos
estudantes, possibilitando-os intervir nas
problemáticas que afetam o contexto
sociocultural em que estão inseridos e
transformá-las. Assim, como propõe
Taffarel (2011, p. 2018), na intervenção e
na transformação dessas problemáticas,
... faz-se necessária uma política de
formação de professores e de
valorização dos trabalhadores da
educação que contemple um processo
de formação inicial e continuada
unitário, com um padrão de
referencial nacional de qualidade, a
ser assegurado por referências de
diretrizes curriculares nacionais que
contemplem definições e princípios
avançados, permitindo formar,
através de uma trajetória educativa
consistente e competente do ponto de
vista científico, pedagógico, político,
ético, estético e moral, um
profissional da educação que
responda aos desafios históricos da
Educação do Campo.
Cabe destacar, ainda, o tempo de
formação dos docentes, com relação ao
último nível de ensino profissional
cursado, que varia entre um e 24 anos. Dos
53 docentes, 1, ou 2%, tem menos de 1 ano
de formado, 24, ou 45%, têm até 2 anos,
18, ou 34%, têm até cinco anos, 7, ou 13%,
têm até 10 anos, 1, ou 2%, tem mais de 10
anos de formado e 2 dos docentes, ou 4%,
não responderam. Nota-se, assim, que a
maior parte dos educadores concluiu os
estudos recentemente.
O tempo de atuação desses docentes
especificamente com classe multisseriada
é, no geral, significativo. Do número total
de sujeitos da pesquisa, 5, ou 10%, têm
menos de 1 ano de atuação em classes
multisseriadas, 8, ou 15%, têm até 2 anos,
16, ou 31%, têm até 5 anos, 11, ou 21%,
têm até 10 anos e 12, ou 23%, têm mais de
10 anos de experiência nessa forma
organizativa de ensino.
Contraditoriamente, mesmo com
todos esses anos de atuação nas classes
multisseriadas, um fato que chama a
atenção é que a maioria dos professores
não tem participado de cursos de formação
inicial e continuada, especificamente para
lecionar na multissérie. Dos 53
professores, apenas 17, ou 32%,
informaram já ter participado de curso de
formação para lecionar em classes
multisseriadas, sendo que sua formação se
deu em cursos pontuais; 34, ou 64%, dos
professores disseram nunca ter participado;
e 2, ou 4%, deles não responderam ao
questionamento. Esse dado é
extremamente preocupante, pois a falta de
formação para o exercício da profissão
docente compromete significativamente a
qualidade da educação.