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condição eterna do ser social (Marx e
Engels, 2007; Moradillo, 2010).
É a partir do trabalho como
intercambio do homem com a natureza que
novas necessidade e possibilidades vão
sendo postas, remetendo para além do
trabalho, criando novas mediações sociais
a exemplo da filosofia, arte, ciência,
religião, direito, Estado, família, dentre
outras. O trabalho é o modelo das
objetivações humanas, pois todas elas
supõem as características constitutivas do
trabalho: teleologia, universalização e
linguagem (Neto & Braz, 2009).
Esse processo de construir a si
mesmo, de construir ambientes cada vez
mais sociais para dar conta da sua
reprodução caracteriza a essência do
homem. Quando, por determinados
processos de objetivação, essa essência do
homem é negada, dá-se a alienação
(Mészáros, 2006b; Marx, 2006; Neto,
2009). A alienação corresponde à negação
do humano, a criação de formas objetivas
que impedem a plena explicitação do
gênero humano, a negação da práxis social.
A alienação propiciada pelo capital
impõe aos seres humanos, no seu dia a dia,
na sua cotidianidade, não reconhecê-lo
como uma criação sua. Ele, o capital, passa
a ser uma força natural como qualquer
outra existente na natureza. Opera-se uma
inversão na nossa subjetividade: o ser
humano é subsumido pelo capital, o
processo de objetivação humana é
negativado; o ter passa a assumir o ser
(Marx, 2006).
Ao analisar a sociedade da sua
época, Marx (1980; 2006), considerava que
capital e pleno desenvolvimento humano -
o homem inteiro, explicitação da sua
genericidade - são excludentes, não se
articulam, se negam, são antagônicos; com
toda consequência nos planos: ético,
político, econômico e educacional. A
formação humana omnilateral passa a ser
uma impossibilidade objetiva.
Marx (2006), nos Manuscritos de
Paris, de 1844, ao discutir a propriedade
privada e o comunismo, desenvolve a
questão do estranhamento de todos os
sentidos humanos, físicos e intelectuais,
por um novo sentido que aparece na
sociedade burguesa, baseado na
propriedade privada, isto é, o sentido do
ter. Esse vai se tornar o verdadeiro sentido
social.
É, portanto, a partir desse
estranhamento que o trabalho passa
gradativamente de criador a destruidor,
deixando de ser uma atividade de forças
livres para se tornar trabalho forçado,
simples meio de sobrevivência, deixando
de ser explicitação de todas as potências
físicas e intelectuais humanas para se
tornar seu definhamento. Então, ele nega