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preocupantes no conjunto do ambiente
global.
Essa ideia moderna, iluminista, de
dominação completa e a qualquer
preço da "natureza" está, ao nosso
ver, estreitamente vinculada à gênese
de grandes questões de nossa época,
e dentre essas, a degradação
ambiental. Essa degradação não está
restrita à degradação ecológica dos
territórios físicos/biológicos da vida,
mas também, e definitivamente, à
degradação do homem nas suas
múltiplas dimensões (lúdicas,
estéticas, éticas, filosóficas,
culturais...) (Barcelos, 1998, p. 30).
Nesta perspectiva, a educação
tornou-se um elemento fundamental de
formação de uma nova sociedade – que em
suas distintas dimensões –, reflita sobre os
aspectos do ambiente. A complexidade da
natureza, seja ela o seu conceito, seja ela
enquanto fenômeno, passam a ser vistos
como partes de todo, ou seja, a Natureza
que interage com os demais componentes e
seus aspectos. Como dito anteriormente, no
caso da espécie humana, seu espaço
corresponderia à natureza conhecida,
modificada em relação aos interesses do
seu sistema social produtivo. Como nele
convivem interesses econômicos sociais
contraditórios entre objetivos dos que
contemplam a preservação do ambiente e
outros que não contemplam, esse sistema
poderia ser pensado tanto para promover a
sua preservação quanto para a sua
depredação. Considera-se que a natureza
não é estática, e sim dinâmica, está sempre
se transformando de modo imperceptível
e/ou violento, mas nela sempre atuam
mecanismos próprios ou naturais que
buscam restaurar o equilíbrio (Dulley,
2004).
Os sistemas produtivos sociais
humanos, ora trabalhem no sentido
favorável, ora desfavorável ao ambiente e
natureza, não têm capacidade de destruí-
lo(a). Além disso, “... Toda ideia da
natureza pressupõe, com efeito, uma
complexa aliança de elementos científicos
(o que são as coisas?), morais (que atitude
deve tomar o homem perante o mundo?),
religiosos (a natureza é o todo ou é a obra
de Deus?)” (Lenoble, 1969, p. 367). Nesse
sentido, o campo (ainda) está vivo, com
uma dinâmica social, cultural própria e que
está em pauta propostas alternativas de
educação para a população rural em cujo
centro estejam os interesses de seus
sujeitos.
A identidade sociocultural é dada
pelo conceito de cultura. Schelling (1991)
traz uma definição de cultura como práxis
que pode ser útil à educação do campo.
Para a autora, a capacidade do homem de
se transformar e ser transformado é uma
característica humano-genérica (estruturar
e ser estruturado) e essa capacidade está na
base do conceito de cultura como práxis,
por meio da qual