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Mignolo (2003), foi também a “expansão
de formas hegemônicas de conhecimento”,
contribuindo assim para a subalternização
de outras formas de conhecimento
existentes nas terras a serem
“conquistadas”.
A colonialidade é a modernidade
vista por sua margem, pelo outro lado da
fronteira. Segundo Mignolo:
a colonialidade traz para o primeiro
plano a coexistência e interseção
tanto dos colonialismos modernos
quanto das modernidades coloniais
(e, obviamente, a multiplicação das
historias locais que substituem a
história mundial ou universal), na
perspectiva dos povos e historia
locais quem têm de confrontar o
colonialismo moderno (Mignolo,
2003, p. 47).
Para Lander (2005) o pensamento
científico moderno opera de forma hábil no
sentido de produzir uma “naturalização das
relações sociais”. Nessa perspectiva, os
sujeitos são compelidos a acreditarem que
“a sociedade liberal constitui ... não apenas
a ordem social desejável, mas também a
única possível” (Lander, 2005, p. 08). Para
o autor, as ciências sociais contribuíram
sobremaneira nesse processo, levando à
hegemonização da narrativa neoliberal,
interditando outros discursos, outros
conhecimentos. Assim, segundo Lander:
O processo que culminou com a
consolidação das relações de
produção capitalistas e do modo de
vida liberal, até que estas
adquirissem o caráter de formas
naturais de vida social, teve
simultaneamente uma dimensão
colonial/imperial de conquista e/ou
submissão de outros continentes e
territórios por parte das potências
européias, e uma encarniçada luta
civilizatória no interior do território
europeu na qual finalmente acabou-
se impondo a hegemonia do projeto
liberal. (Lander, 2005, p. 12).
São nesse cenário que se constituem
as ciências sociais, estando, portanto
atrelada o seu desenvolvimento ao advento
da modernidade e a sua face colonial.
Nesse sentido, como bem nos afirma
Mignolo (2003) não se pode falar de
modernidade sem considerar a
colonialidade como algo que lhe é
constitutivo, isto é, modernidade e
colonialidade são partes do mesmo
processo.
Ainda acerca da relação entre as
ciências sociais e sua importância na
consolidação e naturalização da sociedade
neoliberal vale destacar que, segundo
Lander (2005, p 13), dois aspectos
fundamentais: primeiramente, “a suposição
da existência de um metarrelato universal
que leva a todas as culturas e a todos os
povos do primitivo e tradicional até o
moderno”. Dessa forma, institui-se a
sociedade liberal europeia como norma,
padrão, devendo as demais sociedades ser
niveladas/classificadas tomando-a como