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estadual, segue o protocolo de uma
reunião com a comunidade, para
explicar os motivos do fechamento
da escola. Nos casos em que a
comunidade não contesta, em seguida
é encaminhado o pedido de cessação
para a SEED. Mas, quando há
resistência quanto ao fechamento,
quando o convencimento não cumpre
seu papel, trava-se um jogo de forças,
por um lado o poder público
querendo cessar, por vários motivos,
entre eles justifica o alto custo para a
prefeitura manter a escola no campo
sendo este superior ao de colocar um
ônibus para transportar os estudantes
para uma escola, na área urbana. E,
do outro lado, a comunidade se
organizando para manter a escola no
campo, a partir do enfrentamento e
resistência. Somente nos casos em
que a comunidade se organize e
resiste quanto ao fechamento, é que
há discussão sobre as
particularidades apresentadas pelas
famílias que precisam que a escola
esteja na comunidade. Isso não
acontece, sem embates, disputas e
relações de poder (Farias, 2013, p.
50- 51).
A partir de Farias (2013)
identificamos duas realidades relacionadas
ao processo de fechamento das escolas: o
primeiro foi/é o aviso de fechamento de
uma escola que foi/é aceito pelos pais. O
segundo foi/é o aviso de fechamento e a
comunidade resistiu/resiste,
discordou/discorda dessa medida e
buscou/busca de várias formas para que a
escola permanecesse/permaneça na
comunidade. No segundo caso,
obrigou/obriga o poder público apresentar
os motivos para fechar, procurando
convencer a comunidade. Essa situação
exigiu/exige maior discussão, reuniões
para que o convencimento fosse/seja a
última palavra.
Bonetti, ex-prefeito do município
entre 1982-1988 e 1993-1996, entrevistado
em 2016, detalhou como ele viu o processo
de nuclearização:
Foi uma normativa, foi uma política
nova ... A questão de otimizar
recurso público foi também um
argumento. Eu lembro que era uma
política onde se pretendia dar ao
aluno, professores e servidores uma
melhor estrutura na escola. Uma
escolinha pequena seria difícil fazer
aquilo que foi possível fazer num
núcleo. É claro que o deslocamento
do aluno era uma preocupação, a
questão de sair de casa mais cedo, a
questão de segurança, as condições
das estradas, a própria condução dos
ônibus na época, mas se fazia com
muita dedicação, se fazia com muita
cautela, muito respeito, havia muito
diálogo e o resultado na minha
opinião foi positivo, mas eu diria que
o principal fator, na época, não foi
esta questão de otimizar recurso
público, foi também, mas o principal
foi dar uma melhor condição aos
alunos, numa escola mais bem
estruturada (Bonetti, 2016).
Bonetti foi prefeito no município de
Enéas Marques por duas gestões, na
primeira participou do processo de reforma
das escolas e ampliação do espaço escolar.
Na segunda, participou do movimento de
reorganização das escolas que se tornaram
escolas núcleos e, segundo ele
acompanhou diretamente, somente o