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auto sustentação, ampla biblioteca para o
ensino de Política, Medicina, Artes e
Astronomia (Perez Lindo, 2003). A
universidade recebia estudantes de
diferentes regiões, que, em conjunto,
organizavam o conhecimento e
desenvolviam epistemologias oriundas das
formas próprias de conhecimentos
ancestrais da região.
No mundo Europeu a criação de
universidades se deu tardiamente, sendo a
Universidade de Bolonha, na Itália, no
século X, considerada a primeira
instituição da região. É comum a Europa se
arrogar o berço da criação das
universidades, porém o colonialismo
europeu expropriou, inclusive,
conhecimentos científicos de outros povos
e regiões.
No Brasil, no século XVI, com a
experiência dos estudos superiores que os
jesuítas trouxeram, estes intentaram criar
academias para a formação de jovens
clérigos. Entretanto, a nobreza portuguesa
cerceou qualquer possibilidade de
produção do conhecimento nos lugares que
visava expropriar, explorar, dominar e
controlar. Os funcionários da Coroa, os
clérigos e os filhos dos latifundiários
seguiam à metrópole para realizar estudos
superiores, e os conhecimentos eram
restritos a uma minoria. Destinava-se ao
povo o trabalho, a exploração e a vida na
miséria.
Apenas no início do século XIX, a
partir de 1808, foram criados alguns cursos
acadêmicos para a formação da nobreza
portuguesa que fora expulsa da Europa.
Além da nobreza, a formação superior
destinava-se a uma burguesia emergente,
gestora do Estado e dos negócios no Brasil.
Iniciou-se, então, a formação de
profissionais militares, médicos, juristas e
engenheiros para ocupar cargos políticos,
postos no exército, nos cartórios, na
imprensa, nos bancos e em outros setores
estratégicos da economia e sociedade.
A universidade se institui, então, em
países colonizados e periféricos, com a
função de formar uma elite proveniente da
classe dominante, instruída, informada e
científica para manter as nações em
conformidade com os interesses da
exploração, acumulação e concentração de
riquezas nas mãos da classe dominante. O
povo era controlado e, criteriosamente,
deixado na ignorância para melhor
assimilar a ideologia da dominação.
Em resposta à exploração, miséria e
exclusão, os trabalhadores de diferentes
segmentos organizaram lutas sociais com
formação política para o desenvolvimento
da consciência e criação de instituições
coletivas. O povo percebeu que
movimentos sociais organizados levaram a