Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e4132
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e4132
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2019
ISSN: 2525-4863
1
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Vivências de estágio supervisionado em Ciências da
Natureza em uma escola do campo: reflexão das práticas
pedagógicas na formação inicial de professores da
Educação do Campo
Andiara dos Santos Araújo
1
, Klayton Santana Porto
2
1
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB.
2
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFRB, Centro de
Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade - CETENS. Avenida Centenário, 697, Bairro SIM. Feira de Santana - BA.
Brasil
Autor para correspondência/Author for correspondence: klaytonuesb@hotmail.com
RESUMO. Neste artigo apresentamos uma análise crítico-
reflexivo desenvolvida a partir das atividades desenvolvidas no
Estágio Supervisionado em Educação do Campo na área de
conhecimento de Ciências da Natureza, realizado durante o V
semestre do Curso de Licenciatura em Educação do Campo com
Habilitação em Ciências da Natureza da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB). O estágio foi desenvolvido no
ano letivo de 2016, no componente curricular Ciências da
Natureza, em uma turma do ano das séries finais do Ensino
Fundamental, em uma escola pública do campo de uma
comunidade da zona rural situada em um município do interior
do estado da Bahia. O objetivo deste artigo foi relatar as
experiências vivenciadas no desenvolvimento do estágio
supervisionado, como forma de discutir a importância do estágio
na formação inicial do professor de Ciências da Natureza da
Educação do Campo. O artigo traz descrições das ações
realizadas na escola, além de reflexões sobre as metodologias e
práticas utilizadas em sala de aula. Desse modo, concluímos que
o estágio provê subsídios e conhecimentos imprescindíveis à
prática docente, pois este é parte fulcral do nosso processo de
formação, sendo este o artifício que nos permite uma interação
mais próxima com o cotidiano e as vivências escolares,
sobretudo quando tratamos da Educação do Campo.
Palavras-chave: Educação do Campo, Ensino de Ciências,
Estágio Supervisionado, Formação de Professores.
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Study supervised in Natural Sciences in a Rural School:
reflection of pedagogical practices in the initial training of
teachers of the Rural Education
ABSTRACT. In this article we present a critical-reflexive
analysis developed from the activities developed in the
Supervised Internship in Rural Education in the area of
knowledge of Natural Sciences, carried out during the V
semester of the Degree in Rural Education with Qualification in
Natural Sciences of the Federal University of the Recôncavo of
Bahia (UFRB). The internship was developed in the 2016 school
year, in the Nature Sciences curriculum component, in a 7th
grade class in the final series of Elementary School, in a rural
public school in a rural community located in a municipality in
the interior of the state from Bahia. Thus, the objective of this
article was to report on the experience of supervised internship
development as a way of discussing the importance of the
internship in the initial formation of the Rural Science Teacher
of Nature. The experiences developed involved individualized
learning and training opportunities. These activities took place
from participant observations, elaboration of work plan, and
pedagogical preparation for the didactic interferences. The
article presents descriptions of the actions taken at the school, as
well as reflections on the methodologies and practices used in
the classroom. In this way, we conclude that the internship
provides the necessary subsidies and knowledge to the teaching
practice, because this is a central part of our training process,
which is the artifice that allows us to interact more closely with
daily life and school experiences, especially when dealing with
Rural Education.
Keywords: Rural Education, Science Teaching, Supervised
Internship, Teacher training.
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Vivencias de estadio supervisado en Ciencias de la
Naturaleza en una escuela del campo: reflexión de las
prácticas pedagógicas en la formación inicial de profesores
de la Educación del Campo
RESUMEN. En este artículo presentamos un análisis crítico-
reflexivo desarrollado a partir de las actividades desarrolladas en
la Etapa Supervisada en Educación del Campo en el área de
conocimiento de Ciencias de la Naturaleza, realizado durante el
V semestre del Curso de Licenciatura en Educación del Campo
con Habilitación en Ciencias de la Naturaleza Universidad
Federal de Recôncavo de Bahía (UFRB). La etapa fue
desarrollada en el año escolar de 2016, en el componente
curricular Ciencias de la Naturaleza, en una clase del año de
las series finales de la Enseñanza Fundamental, en una escuela
pública del campo de una comunidad de la zona rural situada en
un municipio del interior del estado de Bahía. De este modo, el
objetivo de este artículo fue relatar las experiencias vivenciadas
en el desarrollo del estadio supervisado, como forma de discutir
la importancia del estadio en la formación inicial del profesor de
Ciencias de la Naturaleza de la Educación del Campo. Las
experiencias desarrolladas involucraron ocasiones
individualizadas de aprendizaje y formación. Tales actividades
se realizaron a partir de observaciones participantes, elaboración
de plan de trabajo, y preparación pedagógica para las
interferencias didácticas. El artículo trae descripciones de las
acciones realizadas en la escuela, además de reflexiones sobre
las metodologías y prácticas utilizadas en el aula. De este modo,
concluimos que la práctica provee subsidios y conocimientos
imprescindibles a la práctica docente, pues éste es parte central
de nuestro proceso de formación, siendo éste el artificio que nos
permite una interacción más cercana con el cotidiano y las
vivencias escolares, sobre todo cuando tratamos de Educación
del Campo.
Palabras clave: Educación del Campo, Enseñanza de Ciencias,
Etapa Supervisada, Formación de Profesores.
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Introdução
De acordo com Caldart (2009, p. 44)
“discutir sobre a Educação do Campo hoje,
buscando ser fiel aos seus objetivos de
origem, exige um olhar de totalidade, em
perspectiva, com uma preocupação
metodológica, sobre como interpretá-la,
combinada a uma preocupação política, de
balanço do percurso e de compreensão das
tendências de futuro para poder atuar sobre
elas”. Essa preocupação política envolve
os direitos da mulher, do homem, da
criança, do jovem e do idoso do campo.
Para Arroyo, Caldart e Molina (2004) é de
suma importância que a educação abarque
o desenvolvimento, levando em
consideração os aspectos da diversidade,
da situação histórica particular de cada
comunidade, seus recursos disponíveis,
seus povos, suas expectativas e seus
anseios. Para os autores, o currículo das
escolas do campo deve ser fundamentado
numa lógica de desenvolvimento humano
integral, favorecendo a constituição da
cidadania e da inclusão social, recolocando
os sujeitos do campo no bojo do processo
produtivo, com justiça, bem-estar social e
econômico.
Desse modo, a formação do
professor das escolas do campo deve ser
voltada para o contexto da vida dos
educandos e da sua realidade social,
política, econômica e cultural (Arroyo,
2004). A ênfase dessa prática pedagógica
deve ser a busca de um projeto educacional
que rompa com os moldes tradicionais de
uma educação que não valoriza o trabalho
familiar no campo, em regime de economia
sustentável e solidária. E neste prisma, o
estágio tem um papel crucial na formação
destes professores do campo (Caldart,
2004).
O estágio na Educação do Campo
configura-se em compreender a questão da
Educação do Campo como direito a uma
educação de qualidade como “sujeitos de
história e de direitos; como sujeitos
coletivos de sua formação enquanto
sujeitos sociais, culturais, éticos e
políticos”. (Arroyo, Caldart & Molina,
2004, p. 11-12). Na Pedagogia da
Alternância, o estágio constitui um
momento de aprimorar os conhecimentos
científicos, teóricos e práticos, que devem
ser operacionalizados de modo a fortalecer
o diálogo entre as aprendizagens do Tempo
Universidade
i
, as atividades do Tempo
Comunidade
ii
e a organização do trabalho
pedagógico nas escolas do campo e nos
espaços não escolares. O estágio, dentro da
modalidade da Educação do Campo,
permite que o licenciando compreenda a
relação entre teoria e prática, promovendo
a aproximação da realidade à atividade
teórica, cujos espaços educativos são
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permeados por um conhecimento teórico
que pensa a natureza da educação ligada ao
trabalho, que pondera a heterogeneidade
contida nos espaços rurais, contemplando
no currículo escolar as peculiaridades de
cada local, bem como os saberes ali
presentes.
Na Educação do Campo, o debate do
campo antecede o da educação ou da
pedagogia, ainda que o tempo todo se
relacione com ele. De tal forma que, a
questão de campo é necessariamente a
contestação sobre o trabalho no campo,
que está vinculada à extensão da cultura,
vinculada às relações sociais e aos
processos produtivos da experiência social
igualitária no campo, demarcando uma
compreensão de educação profissional e da
agricultura campesina (Molina, 2004).
Neste sentido, Arroyo (2006) destaca
que os movimentos sociais do campo
poderão contribuir para dinamizar a escola,
cujo intuito da Educação do Campo passa a
ser o de oferecer uma educação escolar
específica, associada ao conhecimento e à
cultura do campo, a fim de desenvolver
ações coletivas com a comunidade escolar
numa perspectiva de qualificar o processo
de ensino e aprendizagem. Sob esta égide,
o estágio curricular é compreendido como
um método de conhecimento objetivo e
prático e que proporciona subsídios para
compreender vastos ensinamentos que
conduzem ao exercício da sua profissão
crucial para a construção dos
conhecimentos que se respalda em
aproximar o estagiário à sociedade, cuja
“dissociação entre teoria e prática resulta
em um empobrecimento das práticas nas
escolas, o que evidencia a necessidade de
explicitar por que o estágio é teoria e
prática (e não teoria ou prática)”. (Pimenta
& Lima, 2004, p. 41).
Neste artigo, apresentamos uma
análise crítico-reflexivo desenvolvida a
partir das atividades desenvolvidas no
Estágio Supervisionado em Educação do
Campo na área de conhecimento de
Ciências da Natureza, realizado durante o
V semestre do Curso de Licenciatura em
Educação do Campo com Habilitação em
Ciências da Natureza da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
O Estágio Curricular Obrigatório I, cuja
discussão é apresentada ao longo deste
artigo, teve por objetivo pensar na
aprendizagem da profissão docente,
promovendo oportunidades formativas, a
fim de potencializar conhecimentos,
desenvolturas e posicionamentos referentes
à profissão docente, considerando a relação
direta com o campo de estágio e o
desenvolvimento teórico proporcionada
pelo curso de licenciatura em Educação do
Campo, contribuindo para o processo de
formação do professor, construindo
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experiência nas trocas de saberes para a
formação de novos profissionais na prática
docente.
Ressaltamos que estágio é um meio
de conectar o professor, aluno e escola,
utilizando a educação como um trabalho
colaborativo que gera inúmeras
informações indispensáveis para a
formação do educador, pois o educando, a
partir desta vivência, se torna reflexivo,
crítico, analista e mediador, como também,
aproxima a teoria da prática de diversas
formas cabíveis, para uma prática
permeada pela incessante pesquisa, auto
avaliação/reflexão, articulando, refletindo e
compilando conhecimentos sobre as
questões atuais das disposições do trabalho
pedagógico, além disso, é uma forma de
desenvolver fundamentos teóricos de
acordo com o modelo da Educação do
Campo e da Questão Agrária.
Sendo assim, é no âmbito escolar que
se engendram novos desafios, porém, o
estágio é considerado um dos momentos
mais significativos para a formação
docente. É nesse momento que deparamos
com a realidade na qual os licenciandos
serão inseridos após a conclusão do curso.
O estágio traz consigo três etapas:
observação, coparticipação e docência.
Nestes momentos, torna-se possível
consolidar a importância do conhecimento
cientifico, expandindo nossa capacidade de
compreender o mundo, de refletir
criticamente sobre ele e nele atuar, como
também, a oportunidade da convivência
com profissionais mais experientes
(Pimenta & Lima, 2011).
O estágio enriquece o progresso de
uma formação alicerçada no contexto real
na qual possibilita a construção
independente do conhecimento cientifico
por meio da vivência. Desta forma, “o
estágio é o eixo central na formação de
professores, pois é através dele que o
profissional conhece os aspectos
indispensáveis para a formação da
construção da identidade e dos saberes do
dia a dia”. (Pimenta & Lima, 2004, p. 56).
É indispensável no desenvolvimento da
formação do professor licenciado em
Educação do Campo com Habilitação em
Ciências da Natureza, porque oferece
enorme chance de desenvolvimento,
estimula a comunicação e o
relacionamento interpessoal, como também
a aquisição de experiência.
Ressaltamos que o Estágio Curricular
Obrigatório I representa um momento
importante para os educandos da
Licenciatura em Educação do Campo
(LEDOC) da UFRB, uma vez que visa
preparar os discentes para o efetivo
exercício da profissão docente. Desse
modo, o objetivo deste artigo foi relatar as
experiências vivenciadas no
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desenvolvimento do estágio
supervisionado, como forma de discutir a
importância do estágio na formação inicial
do professor de Ciências da Natureza da
Educação do Campo.
Esta pesquisa se justifica, pois, o
estágio, enquanto atividade acadêmica,
contribui para promover a reflexão acerca
da forma como os saberes docentes são
adquiridos e aplicados, pois alia
conhecimento acadêmico com a
experiência vivencial do ambiente de
trabalho, visto que esclarece e integra, na
prática, os temas abordados nas aulas.
Assim sendo, o educando pode aprender
melhor o conhecimento sobre a carreira
escolhida, por meio da experiência
transposta durante o tempo de estágio.
Além disso, a formação de professores de
Ciências da Natureza da Educação do
Campo se funda na prática do ensino, que
busca trazer elementos de análise e
reflexão para a formação inicial do
licenciando, de tal forma que construa
visões sobre o ensino de Ciências e
aprendizagens baseadas nas experiências
pessoais desenvolvidas durante o estágio
curricular obrigatório, se constituindo nas
percepções e habilidades previamente
construídas durante o curso, que, a
propósito, caracteriza-se em uma luta dos
povos do campo por políticas públicas que
garantam o seu direito à educação, que seja
no e do campo
iii
. Formando, deste modo,
professores de Ciências que favoreçam o
estabelecimento de interações dialógicas
professor-aluno, em sala de aula, e
preparação do conhecimento científico, a
partir dos instrumentos que contribuam
para interferir na realidade.
Metodologia
Para a construção deste artigo foram
realizadas pesquisas bibliográficas com
abordagens qualitativas e pesquisas
documentais nos relatórios e projetos
desenvolvidos durante o Estágio Curricular
Obrigatório I do curso de Licenciatura em
Educação do Campo com Habilitação em
Ciências da Natureza.
O estágio foi desenvolvido numa
comunidade situada na zona rural de um
município do interior do estado da Bahia.
Esta comunidade tem peculiaridades e
realidade própria, pensando nisso lançamos
mão de uma pesquisa de campo, com o
intuito de conhecer o público alvo do
estágio. De acordo com Gil (2008) a
pesquisa de campo busca realizar o
aprofundamento acerca de uma realidade
específica. É basicamente realizada por
meio da observação direta das atividades
do grupo estudado e de entrevistas com
informantes para captar as explicações e
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interpretações do que ocorre naquela
realidade.
A pesquisa procurou focar na coleta
das seguintes informações: nome da escola
onde o estágio foi realizado, endereço,
número de funcionários e professores,
número de alunos, área extensiva e
quantidade de cômodos da escola, contatos
dos professores e direção, quantidade de
turmas e respectivas séries; objetivos e
missão da instituição escolar. Além da
pesquisa de campo, realizamos
conjuntamente pesquisas documentais e
bibliográficas com abordagem qualitativa,
as quais contribuíram para fortalecer os
conhecimentos da estagiária quanto à
realidade da escola do campo e as
principais tendências teóricas que marcam
a temática no momento da pesquisa. Os
autores mais estudados na pesquisa
bibliográfica foram: Caldart (2004),
Molina (2004), Arroyo (2004), Fernandes
(2004), Leite (1999), Pimenta e Lima
(2011).
Como instrumento de coleta de
dados, a estagiária utilizou observações,
diálogos informais, fotografias e
entrevistas com o público alvo do estágio.
Desse modo, o estágio teve três momentos
metodológicos importantes, assim
definidos: observação, coparticipação e
docência. Estas três fases foram muito
importantes para a plena interação,
aprendizagem e desenvoltura da estagiária
com sua turma e a professora regente.
Os sujeitos desse estudo foram os
alunos do ano matutino, na disciplina de
Ciências, com carga horária semanal de 3
horas, dividida entre três (03) dias
semanais, dentre eles as Atividades
Complementares (AC), que contribuíram
para propiciar o desenvolvimento e
aproximação da realidade, fortalecendo o
diálogo entre as aprendizagens do Tempo
Universidade e as aprendizagens do Tempo
Comunidade. O Estagio Curricular
Obrigatório I foi desenvolvido na V etapa
do Curso de Licenciatura em Educação do
Campo com Habilitação em Ciências da
Natureza, perfazendo um total de 136
horas, repartidas em dois tempos de 68
horas, durante o Tempo Comunidade, e
outras 68 horas cumprida anteriormente
durante o Tempo Universidade, divididas
em Observação participante,
coparticipação e docência. Neste período
pudemos analisar criticamente a conjuntura
educacional e as bases legais que
fundamentam a educação básica.
Como forma de garantir e resguardar
os aspectos éticos, o estágio foi
formalizado a partir de convênio
estabelecido entre universidade e
instituição concedente. Foram omitidos
dados que pudessem identificar os sujeitos
envolvidos na pesquisa, emitindo apenas
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aqueles que tratem da instituição
concedente e da estagiária.
Análise crítico-reflexiva do estágio
O planejamento do estágio foi
realizado a partir do Projeto de
Aprendizagem do Estágio Supervisionado
em Educação do Campo na Área de
Ciências da Natureza, que foi elaborado
dentro do período de efetivação, após sua
produção final foi encaminhada ao
professor orientador e, posteriormente,
aprovado. Pudemos reunir com o diretor da
instituição e com a profissional com
formação na área de Ciências (Licenciatura
em Biologia), sendo designada a referida
professora como a supervisora durante o
estágio, para registrar formalmente a
consolidação do convênio de estágio.
Após o convênio firmado entre a
unidade concedente e a instituição de
ensino, foi realizado um encontro com a
professora supervisora a fim de obter
informações referentes ao plano de unidade
do professor regente, este encontro foi o
dia “D” das tomadas de decisões, tais
como, em qual turma realizar o estágio,
qual turno e a apresentação dos conteúdos
a serem trabalhados durante as aulas, como
também o plano de atividade da estagiária.
“A finalidade da organização do trabalho
pedagógico deve ser a produção de
conhecimentos (não necessariamente
original), por meio do trabalho com valor
social (não do trabalho do faz de conta,
artificial)”. (Freitas, 1995, p. 100).
Depois de tudo ser definido
iniciamos a prática das seguintes
atividades: atividade de observação,
coparticipação e docência, sob orientação
direta da professora supervisora.
Período de Observação
Partindo do conceito de observação
de acordo com o minidicionário Ediouro
da língua portuguesa (2000, p. 670),
observação é: 1. Ação ou efeito de
observar (-se). 2. Cumprimento fiel (de
regra, lei, ordem); observância. 3. Nota,
apontamento. 4. Exame minucioso; estudo.
Nesta etapa é importante desenvolver
atividades de apreensão da realidade da
escola (aspectos administrativos,
pedagógicos, estruturais, etc.), incluindo
ações como diagnóstico e aprendizagem
dos alunos, análise crítica do Projeto
Político Pedagógico da escola e demais
atividades. Portanto, este período, serve
para fornecer dados para a elaboração das
outras etapas, vínculos com os alunos,
escola e professor. Bem, esta fase também
é propícia para conhecer o ambiente
escolar, como é o funcionamento da
instituição na qual se vai trabalhar, a fim
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de assimilar experiência de outros
profissionais.
Ao observar a realidade de ensino de
Ciências, obtivemos várias impressões
acerca desta fase, principalmente quanto à
importância da contextualização e da
interdisciplinaridade dos conteúdos
estudados em sala de aula. Nesta etapa
pudemos participar de algumas ações,
como diagnóstico de aprendizagem dos
alunos, no qual usamos os conhecimentos
adquiridos com instrumentos para
determinar os fatores influentes em uma
determinada situação. Nesse espaço foi
possível conhecer os estudantes e suas
práticas, realizar observações na reunião de
pais e mestres, que, segundo a Lei de
Diretrizes e Bases (Brasil, 1996), a
educação abrange os processos formativos
que se desenvolvem na vida familiar,
portanto se faz necessário a presença da
família no ambiente escolar. Neste tempo,
também fizemos observações nas
atividades complementares:
... que é um espaço legitimo para
conhecimento e reflexão sobre a
realidade da escola e seu contexto,
expresso nas observações e registros
diários dos/as professores/as sobre a
trajetória dos estudantes, assim como
nos dados das avaliações internas e
externas, desdobrando numa ação
pedagógica positiva de
mudança/intervenção na escola. É
um momento em que a comunidade
escolar, em especial as equipes
gestoras, coordenadores e docentes
se dedicam aos projetos de trabalho
que venham contribuir para uma
resignificação dos espaços de
aprendizagem voltados para a
formação integral dos sujeitos,
tornando-os ativos, participativos,
atuantes e reflexivos. (Aubert, 2008,
p. 167).
O educador que pretende obter êxito
nos resultados almejados durante sua
docência, precisa se manter na posição de
observador, pois a partir da observação
poderá realizar possíveis ajustes durante o
processo de ensino aprendizagem,
quebrando a dicotomia teoria/prática. Na
visão de Aragão e Silva (2012, p. 50) a
“observação se constitui de uma ação
fundamental para análise e compreensão
das relações que os sujeitos sociais
estabelecem entre si e com o meio em que
vivem”. Freire (1992, p. 14), corrobora:
“observar uma situação pedagógica é olhá-
la, fitá-la, mirá-la, admirá-la, para ser
iluminado por ela. Observar uma situação
pedagógica não é vigiá-la, mas sim fazer
vigília por ela, isto é, estar e permanecer
acordado por ela na cumplicidade
pedagógica”.
A aprendizagem Dialógica se
produz nas interações que
aumentam o aprendizado
instrumental, que favorecem a
criação de sentido pessoal e
social, que são guiados por
princípios de solidariedade e nas
quais a igualdade e a diferença
são valores compatíveis e
mutuamente enriquecedores.
(Freire, 1992, p. 23).
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Observamos nesse período outras
fases importantes da escola como o pré-
conselho e conselho para elaboração das
metas de políticas públicas para promover
ações do governo voltadas para atender a
necessidade da população, visando
equidade, reparação e ampliação de
direitos. Essa experiência nos possibilitou
desenvolver novos aprendizados, além dos
adquiridos na universidade, bem como
elaborar maneiras de partilhar a teoria e a
prática, nesta busca constante da formação
do educador. Pois segundo Freire:
A observação é uma ão altamente
reflexiva quando o olhar está
pautado para buscar ver o que ainda
não sabe. Não é um olhar vago, a
espera de descobertas. É um olhar
focalizado para detectar,
diagnosticar o saber e o não saber do
grupo. Por isso mesmo ação
estudiosa de realidade pedagógica
que, por sua vez, demanda esforço,
empenho, disciplina. (2004, p. 43).
Freire descreve deste modo a
observação como um exercício crucial para
as funções de um educador, dividido em
cinco exercícios que, de fato, favorecem a
construção do conhecimento. Esses
elementos são: a capacidade de silenciar,
escutar, olhar, escrever e participar,
focando no compromisso com a atividade
docente com a turma, o professor, a escola
e os funcionários. É a partir deste momento
que a aproximação da realidade com a
escola, a fim de compreender os desafios a
serem enfrentados nas próximas etapas,
pois a execução da prática se faz
possível conhecendo os problemas e
planejando, para, desta forma, poder
contribuir com o desenvolvimento do
educando. De fato, foi uma experiência
única, significativa e agradável.
Período de coparticipação
A coparticipação, de fato, foi um
momento de magnificência, devido a ser
nesta etapa que as atividades em sala são
repartidas entre a professora regente e a
estagiária, na qual uma confiança e
interação entre ambos. Também é nessa
fase que começamos a interagir com a
turma e a auxiliar a professora regente em
pequenas ações, nas suas atividades de
rotina, como, por exemplo, a elaboração de
exercícios e, até mesmo, de materiais
avaliativos, ajudando, quando solicitada,
na formação de grupos, na supervisão dos
mesmos, orientação, chamada no diário de
classe, orientações em pesquisas,
colaborando com os planejamentos de
aulas durante os Acompanhamentos
Complementares, na elaboração de
atividade para o Projeto de Ciências,
participação da gincana promovida pelo
projeto, correções de provas/atividades,
entre outros pontos.
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A partir deste momento, a estagiária
começou a contribuir de forma mais
aprofundada com as temáticas e aulas
realizadas em sala de aula. Silva (2005, p.
5) afirma que:
no cotidiano acadêmico é perceptível
que os graduandos se envolvam com
muita disposição e ânimo quando a
universidade lhes proporciona a
participação em que consigam
colocar conhecimentos teóricos em
prática, acompanhados de um
profissional supervisor ou quando
possui uma instituição conveniada
que estão em permanente contato
com a universidade.
Sendo assim, o papel da estagiária,
nesta fase do estágio, foi a de mediar os
conhecimentos através da metodologia do
aprender fazendo, pois para Vieira (1997,
p. 76) “a Licenciatura é voltada para a
preparação do profissional de ensino
fundamental e médio, onde o mesmo
elabora e executa os programas adequados
aos seus alunos”. É uma fase preparatória
para a docência da sala.
Período de Docência
Nesta fase, desenvolvemos ações de
regência de classe, sob orientação e
supervisão da educadora de estágio, sob
orientação direta no momento da regência,
acompanhamento e orientações constantes,
durante as atividades desenvolvidas ao
longo de todo o procedimento.
Dentre as atividades realizadas estão
o planejamento de aula, a mediação,
acompanhamento e as avaliações das
atividades, bem como a sua aplicação,
realização de oficina e aula de campo. Pois
“compreender a escola em seu cotidiano é
condição para qualquer projeto de
intervenção, pois o ato de ensinar requer
um trabalho especifico e reflexão mais
ampla sobre a ação pedagógica que ali se
desenvolve”. (Pimenta & Lima, 2009, p.
104).
A metodologia utilizada foi a
construção participativa, destacando os
mapas conceituais, situações-problema dos
temas geradores e sua fundamentação em
pesquisas, partindo de ações em sala de
aula que contribuíram para promover a
aprendizagem de acordo com a realidade
contextual da instituição concedente e
comunidade local, sendo o projeto “Aqui,
nosso lixo é luxo!” um projeto
interdisciplinar, estimulando o
conhecimento científico, como também a
valorização do conhecimento prévio do
educando.
Destacamos para os licenciandos que
estão iniciando a docência os impactos das
ações/atividades que o estágio traz para a
realidade, como um instrumento de
orientação para a graduação em
licenciatura, com conteúdos específicos
que culminam na retomada de conteúdos
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estudados, para a vivência dos conceitos
que dialogam com a interdisciplinaridade
em práticas educativas, entre teorias e
aplicações de produções autônomas em
sala de aula.
Para a escola parceira, e para
Licenciatura em Educação do Campo
acreditamos que as ações desenvolvidas, a
partir do estágio, trouxeram para a unidade
concedente mais um apoio, no sentido de
aproximar a escola básica e a
Universidade, com base no diálogo e
responsabilidade compartilhada,
promovendo oportunidades de construção
do conhecimento multidisciplinar, que
contribuam para a melhoria do ensino
nessas escolas parceiras e a inserção de
projetos na formação de professores, nas
práticas pedagógicas que fomentam o
início e a continuação da docência, em um
espaço cada vez mais internacionalizado,
mas que traz mudanças que elevam o
padrão de qualidade da formação inicial de
professores.
Na visão de Pimenta e Lima (2011,
p. 61), “o estágio atua como campo de
conhecimento e eixo curricular central nos
cursos de formação de professores e
possibilita que sejam trabalhados aspectos
indispensáveis à construção da identidade,
dos saberes e das posturas especificas ao
exercício profissional docente”. Já para
França (2009, p. 168) “o estágio no nível
de regência carrega consigo a
responsabilidade de oferecer condições
para que os futuros professores possam
interagir com a situação de ensino e,
principalmente, possam apropriar-se de um
saber-fazer advindo da experiência coletiva
dos professores”.
A experiência vivenciada levou a
estagiária a conhecer e atuar no cotidiano de
uma educadora do campo. Observou,
participou, planejou, executou e avaliou os
alunos e suas atividades nos diversos
momentos do estágio (observação,
coparticipação e docência). Durante seu
período de estágio na Educação do Campo, a
licencianda teve diversas experiências
concretas que envolviam alunos, professores e
comunidade local. Essas experiências
favoreceram a prática das teorias vistas no
meio acadêmico, oportunizando mais
aprendizado e experiência profissional.
Desse modo, ressaltamos que o Estágio
Curricular Obrigatório I, foi um momento que
serviu para a estagiária pensar/refletir no seu
fazer docente. Possibilitou uma aproximação
com a prática do ensinar. Estagiar na realidade
dos povos do campo com a Educação do
Campo permitiu à licencianda aprimorar seu
olhar, instigou o desejo de fazer algo diferente,
de fazer a diferença no âmbito escolar, de
ampliar os saberes, enquanto professora,
partindo de novos saberes reflexivos e
libertadores. Pois, como disse Freire (1987, p.
32):
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A pedagogia tem de ser forjada com
ele (o oprimido) e não para ele,
enquanto homens ou povos, na luta
incessante de recuperação de sua
humanidade. Pedagogia que faça da
opressão e de suas causas objeto da
reflexão dos oprimidos, de que
resultará o seu engajamento
necessário na luta por sua libertação,
em que esta pedagogia se fará e
refará. (Freire, 1987, p. 32).
Estagiar no campo fez aflorar o
entendimento sobre o que realmente é uma
educação integral, a qual está intimamente
ligada às dimensões física, psíquica,
emocional, intelectual, cultural, social e
econômica de cada sujeito, comunidade e
sua história. Desse modo, a estagiária
entendeu que é preciso fazer das atividades
não somente um conteúdo a ser aprendido,
mas sim uma nova experiência escolar que
contribua para a melhor convivência e
sobrevivência do sujeito na sua realidade
local e abrangente. Ou seja, é preciso
ensinar vivenciando as realidades micro e
macro dos sujeitos envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem. Pode-se dizer que
o professor vai instigar o aluno a ler o livro
e a partir dele também ler seu mundo, ler
com os olhos, com o coração, com a
consciência crítica, com a vontade de
transformar a realidade posta e opressiva.
Portanto, cada etapa trabalhada no
estágio não deve ser refletida como um
experimento qualquer, mas sim vista como
uma experiência de suma importância para
a vida do licenciando, pois é através dela
que ele estabelece uma conexão com as
atividades da sua formação. Desta forma, a
estagiária alcançou os objetivos almejados
em seu estágio, pois vivenciou na prática
as teorias vivenciadas em sala de aula e
teve a oportunidade de reafirmar sua opção
pela docência. Pois, como afirma Pimenta
e Lima (2004) a “relação dos saberes
teóricos e saberes práticos durante todo o
percurso da formação, garante, inclusive,
que os alunos aprimorem sua escolha de
ser professor a partir do contato com as
realidades de sua profissão”.
Pode se afirmar que todos os
resultados esperados pela estagiária, sua
professora supervisora e seu orientador
foram alcançados, visto que a acadêmica
obteve um estágio que privilegiou os
quatro momentos importantes do processo:
investigação e pesquisa documental,
observação, coparticipação e regência.
Além disso, as atividades planejadas pela
regente, a estagiária e o orientador de
estágio foram realizadas em sintonia com a
realidade e a contextualização territorial,
cultural, social e econômica dos alunos.
Considerações finais
A experiência do estágio é
indispensável devido à potencialidade e a
importância política, ética e formativa de
avançar na aproximação entre as escolas e
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o os estagiários, pois o estágio salienta a
importância de contextualizar e explorar,
de forma interdisciplinar, os conteúdos
estudados, fazendo relação destes
conteúdos com a realidade do educando,
estimulando-o a pensar e a refletir de
forma mais crítica e reflexiva.
Essa educação, comprometida com a
participação coletiva, em uma perspectiva
que impõe uma educação baseada no saber
da comunidade e da realidade do campo,
incentiva o diálogo da interação aluno-
professor e das aprendizagens
cooperativas, discutindo sobre o sentido da
experiência para a prática educativa da
Educação do Campo na área de Ciências
da Natureza e para a formação profissional.
É necessário desenvolver no
contexto escolar relações
interpessoais que permitam uma
integração das diversas áreas do
conhecimento e das diferentes
funções de cada membro da escola
reconhecendo a necessidade de
superação e fragmentação do saber e
dos fazeres, característica da escola
tradicional. (Brasil, 2006, p. 79).
As três fases exigidas pelo estágio se
completam majestosamente, primeiramente
observar um novo olhar para a escola e
seus hábitos, a segunda participar,
compartilhar opiniões e experiências e a
terceira ensinar, uma fase gratificante de
experiência significativa, que permitiu
acentuar o que foi aprendido na teoria.
Uma das conquistas foi poder atuar
em uma escola pública do campo e
contribuir para a formação dos estudantes
de uma forma multidisciplinar, abordando
questões educativas para o movimento
formativo, que envolveram a escola, como
ferramenta de aproximação com as
famílias, por meio do uso da Agroecologia,
por exemplo, e a participação da
comunidade e do envolvimento da
estagiária como futura educadora de
Ciências da Natureza, para dar assistência
nas atividades da escola, utilizando essa
experiência do estágio para potencializar a
aprendizagem de conteúdos previstos no
plano de estudo da escola. Outro ponto
positivo foi a colaboração dos alunos e da
gestão da escola que nos permitiu enfatizar
as expectativas da construção da identidade
docente.
Destacamos como desafios:
aividades previstas e não realizadas,
devido aos distanciamentos entre as
proposições dos movimentos sociais do
campo e as propostas governamentais para
a Educação do Campo e as lacunas das
políticas públicas educacionais para essa
modalidade de ensino, bem como a
administração do tempo, em momentos de
observação e coparticipação, em que, em
diversos momentos, as aulas ficaram
escassas de conteúdos, devido ao
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aceleramento do projeto “aqui, nosso lixo é
luxo!”.
Nesse sentido, o estágio
supervisionado foi de fundamental
importância para a minha formação como
educadora do campo da área de Ciências
da Natureza, pois propiciou a aproximação
da indagação acadêmica ao exercício da
sala de aula, permitindo que a licencianda
se apropriasse dos saberes intrínsecos à
função de educador do campo.
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Possível. Revista Digital, 10(82), 3-5.
i
Termo designado para indicar o tempo em que as
atividades pedagógicas são desenvolvidas no
ambiente universitário.
ii
Termo designado para indicar o tempo de
desenvolvimento das atividades pedagógicas nos
territórios das comunidades do campo.
iii
Segundo Caldart (2004, p. 149-150): no: o povo
tem direito a ser educado onde vive; do: o povo tem
direito a uma educação pensada desde o seu lugar e
com a sua participação, vinculada a sua cultura e às
suas necessidades humanas e sociais”.
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 11/09/2017
Aprovado em: 30/11/2017
Publicado em: 28/01/2019
Received on September 11th, 2017
Accepted on November 30th, 2017
Published on January, 28th, 2019
Contribuições no artigo: Os autores foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final a ser publicada.
Author Contributions: The authors were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version to be published.
Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Andiara dos Santos Araújo
http://orcid.org/0000-0001-8525-2255
Klayton Santana Porto
http://orcid.org/0000-0003-4024-6737
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Araújo, A. S., & Porto, K. S. (2019). Vivências de estágio
supervisionado em Ciências da Natureza em uma escola
do campo: reflexão das práticas pedagógicas na formação
inicial de professores da Educação do Campo. Rev. Bras.
Educ. Camp., 4 e4132. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e4132
ABNT
ARAÚJO, A. S.; PORTO, K. S. Vivências de estágio
supervisionado em Ciências da Natureza em uma escola
do campo: reflexão das práticas pedagógicas na formação
inicial de professores da Educação do Campo. Rev. Bras.
Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 4, e4132, 2019. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e4132