Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n2p359
Tocantinópolis
v. 3
n. 2
p. 359-380
mai./ago.
2018
ISSN: 2525-4863
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Ensino de Física para a população rural do Tocantins:
desafios e problemas a serem superados
Alexsandro Silvestre da Rocha
1
, Regina Lélis de Sousa
2
, Denisia Brito Soares
3
, Nilo Maurício Sotomayor Choque
4
,
Liliana
Yolanda Ancalla Dávila
5
, Shirlei Nabarrete Dezidério
6
, Érica Cupertino Gomes
7
1,2,3,4,5,6,7
Universidade Federal do Tocantins - UFT. Departamento de Física. Unidade CIMBA. Avenida Paraguai, s/n°. Setor
Cimba. Araguaína - TO. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: alexsandro@uft.edu.br
RESUMO. O Estado do Tocantins é o mais novo Estado da
federação e foi criado com a promulgação da Constituição da
República Federativa em 1988. Após 29 anos de existência,
atende 408.322 alunos com 11% destes matriculados em
instituições de ensino no campo. O objetivo do presente artigo é
apresentar uma análise detalhada de como se encontra a
estrutura escolar rural do Estado nas oito regiões tocantinenses,
com foco no quantitativo de estudantes com acesso ao ensino de
Ciências, especificamente Física. O estudo desta ciência está
associado à construção diferenciada de visão de mundo e
também ao desenvolvimento do censo crítico, ou seja,
representação, comunicação, investigação, compreensão e
contextualização sociocultural. Metodologicamente as
informações dispersas em documentos oficiais foram
condensadas, reorganizadas, graficadas e descritas
quantitativamente. Comparando o número total de alunos do
Estado e a porcentagem de estudantes rurais que estão em séries
nas quais aulas de Física são ministradas, constatou-se que há 10
vezes mais alunos que estudam esta ciência nas zonas urbanas.
Majoritariamente, a população rural não tem acesso garantido ao
ensino de Física nas localidades em que reside, produzindo um
cenário desfavorável.
Palavras-chave: Educação do Campo, Física, Estrutura
Educacional.
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Physics teaching for the countryside population of
Tocantins: challenges and problems to be overcome
ABSTRACT. The State of Tocantins is the newest State of the
federation and was created with the promulgation of the
Constitution of the Federative Republic in 1988. After 29 years
of existence, it serves 408,322 students with 11% of these
enrolled in educational institutions in the field. The objective of
the present article is to present a detailed analysis of how the
State rural school structure is found in the eight regions of
Tocantins, focusing on the quantitative of students with access
to Science education, specifically Physics. The study of this
science is associated to the differentiated construction of world
view and also to the development of the critical census, that is,
representation, communication, investigation, understanding and
socio-cultural contextualization. Methodologically the
information dispersed in official documents was condensed,
reorganized, plotted and described quantitatively. Comparing
the total number of students in the state and the percentage of
country students who are in the year in which physics classes are
taught, it has been verified that there are 10 times more students
studying this science in urban areas. The majority of the rural
population does not have guaranteed access to the Physics
teaching in the localities in which it resides, producing an
unfavorable scenario.
Keywords: Rural Education, Physics, Educational Structure.
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Enseñanza de Física para La población rural del
Tocantins: desafíos y problemas que deben superarse
RESUMEN. El Estado de Tocantins es el más nuevo Estado de
la federación y fue creado con la promulgación de la
Constitución de la República Federativa en 1988. Después de 29
años de existencia, atiende a 408.322 alumnos con el 11% de
estos matriculados en instituciones de enseñanza en el campo. El
objetivo del presente artículo es presentar un análisis detallado
de cómo se encuentra la estructura escolar rural del Estado en
las ocho regiones tocantinenses, con foco en el cuantitativo de
estudiantes con acceso a la enseñanza de Ciencias,
específicamente Física. El estudio de esta ciencia está asociado a
la construcción diferenciada de visión del mundo y al desarrollo
del censo crítico, es decir, representación, comunicación,
investigación, comprensión y contextualización sociocultural.
Metodológicamente las informaciones dispersas en documentos
oficiales fueron condensadas, reorganizadas, graficadas y
descritas cuantitativamente. Comparando el número total de
alumnos del Estado y el porcentaje de estudiantes rurales que
están en series en las cuales se imparte clases de Física, se
constató que hay 10 veces más alumnos que estudian esta
ciencia en las zonas urbanas. En gran parte, la población rural no
tiene acceso garantizado a la enseñanza de Física en las
localidades en que reside, produciendo un escenario
desfavorable.
Palabras clave: Educación Rural, Física, Estructura Educativa.
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Introdução
A Física é uma ciência que permite
elaborar modelos associados a fenômenos
da natureza e desenvolver novas
tecnologias. O entendimento de seus
fenômenos possibilitou, por exemplo, todo
o desenvolvimento eletrônico presente em
nossas vidas. Para os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil,
1998, p. 22), o conhecimento da Física
“incorporado à cultura e integrado como
instrumento tecnológico, tornou-se
indispensável à formação da cidadania
contemporânea. É fundamental o Ensino
de Física, para a “formação de uma cultura
científica efetiva, que permite ao indivíduo
a interpretação dos fatos, fenômenos e
processos naturais, situando e
dimensionando a interação do ser humano
com a natureza como parte da própria
natureza em transformação” (Brasil, 1998,
p. 22).
De acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional- LDB (Brasil,
1996, p.17), a Educação Básica Brasileira
compreende em sua estrutura o ensino
Infantil (pré-escola), Fundamental (1° ao
9° ano) e o Ensino Médio, sendo que o
estudo de Física no Brasil é obrigatório
desde o (nono) ano do Ensino
Fundamental até o final do Ensino Médio
(Brasil, 1996; Tocantins, 2015). Esta
obrigatoriedade se justifica porque a Física
é uma ciência que promove o
amadurecimento intelectual, o
desenvolvimento cognitivo e a articulação
do raciocínio lógico, importantes no
processo de ensino-aprendizagem do
escopo educacional.
O estudo de Física está associado ao
desenvolvimento de determinadas
competências e habilidades que são
destacadas nos PCN em três grupos:
representação e comunicação, investigação
e compreensão e contextualização sócio-
cultural. Todas estão relacionadas,
basicamente, à construção diferenciada de
visão de mundo e ao desenvolvimento do
censo crítico.
A educação escolar destinada à
população rural é pouco importante para a
maioria da população urbana e,
geralmente, até desvalorizada pelos
próprios habitantes das zonas rurais, que
necessitam de mão de obra para manter sua
produção. No meio rural, quando as
crianças atingem maturidade para
manusearem ferramentas ou cuidarem de
animais, acabam trabalhando no campo, o
que costuma ocorrer a partir dos 5 anos de
idade (Rede Peteca, 2017).
Com tal cultura, muitas crianças e
adolescentes não finalizam o ciclo escolar
para trabalhar no cultivo familiar e, isto faz
com que o número de estudantes do Ensino
Médio seja baixo. Entre muitos,
destacamos dois fatores a serem
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considerados como co-responsáveis por
este cenário: a estrutura escolar e a
abordagem do conteúdo programático.
Quanto à estrutura escolar rural, destaca-se
o baixo número de escolas de Ensino
Médio e o transporte deficiente. Uma das
consequências da falta de unidades
escolares é forçar os alunos a buscarem
formação nas cidades e, ao fazerem isto,
encontram dificuldades financeiras,
culturais, de transporte e de aprendizado
(Nunes, 2014).
Em 2010, a Conferência Nacional de
Educação estipulou diretrizes
infraestruturais para atender a população
rural em idade escolar (Brasil, 2010b).
Criar e manter as escolas do campo
de acordo com os padrões básicos de
infraestrutura que contemplem:
transporte escolar intracampo,
equipamentos tecnológicos de
informação e comunicação agrícolas,
material didático, acervo
bibliográfico, quadra esportiva,
laboratórios científicos e de
informática com acesso à internet
com qualidade, a qualificação e
formação continuada para o uso das
tecnologias pelos/as educadores/as,
custeadas pelo poder público, salas
de aula adequadas e equipadas.
(Brasil, 2010).
Quanto ao conteúdo, Ribeiro (1985,
p. 3) analisa essa situação, ressaltando que:
...mesmo para as famílias que enviam
seus filhos para a escola rural, o
ensino feito através desta escola não
os prepara para permanecerem na
terra. Toda a política para a educação
rural tem se restringido a oferecer um
arremedo da escola urbana, que nem
habilita os filhos dos agricultores
para dar continuidade às lides dos
pais, nem os qualifica para os
empregos urbanos.
Assim sendo, a falta de amparo
efetivo e real faz com que a educação
escolar não seja significativa para esta
população.
A Educação no Campo sempre foi
um dilema e vem sendo estudada vários
anos. Em seu trabalho, Rangel e Carmo
(2011) recuperam alguns dos eventos
históricos da Educação do Campo, onde
... os primeiros indícios de
visibilidade da educação no meio
rural remontam ao século XIX. No
entanto, apenas nos anos 30 do
século XX começaram a surgir
modelos de educação rural, baseados
em projetos de modernização do
campo, patrocinados por organismos
de cooperação norte-americana ...
Um estudo realizado por Barreiro
(2006) mostra a influência Norte-
Americana no meio rural por meio da
Campanha Nacional de Educação Rural
(CNER), em 1952. Em 1955 surge o
Serviço Social Rural (SSR), que fomenta a
organização do cooperativismo,
associativismo, economia doméstica e
artesanato (Calazans, 1993).
Outro ponto levantado em estudos
relacionados à Educação no Campo aborda
conflitos agrários, tema explorado por
Oliveira (2013). As Políticas Públicas e
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Legislações voltadas para o ensino no
campo também são abordadas por Rosa e
Caetano (2008), Etchebéhère Junior e
Barros (2009) e Aksenen e Miguel (2015).
Trazemos aqui uma investigação da
situação da educação nas áreas rurais do
Estado do Tocantins por meio da análise de
dados oficiais relativos à população,
número de escolas e quantitativo de
discentes regularmente matriculados nas
diferentes regiões geográficas. A discussão
norteada por regiões é necessária porque o
Estado é heterogêneo quanto aos aspectos
econômicos, sociais e culturais. O principal
interesse foi obter um panorama do acesso
dos estudantes das zonas rurais ao ensino
em geral, mais especificamente, ao ensino
de Física.
Com a advinda do Mestrado
Nacional Profissional em Ensino e Física
para a Universidade Federal do Tocantins
(UFT) Pólo Araguaína, e motivados
principalmente pela escassez de trabalhos
relacionados ao estudo da Física no meio
rural, um grupo de professores e
pesquisadores do referido programa
entendeu que o passo inicial para gerar
uma discussão em torno deste tema seria
expor os dados educacionais da população
rural, e com isto mostrar a realidade
educacional imposta aos habitantes do
campo.
Metodologia
Este trabalho primou por compilar,
apresentar e discutir dados educacionais do
Tocantins focando no ensino de Física nas
escolas rurais do Estado. Os dados
utilizados tiveram como fonte documentos
disponibilizados pela Secretaria de
Educação do Estado do Tocantins -
SEDUC-TO (Tocantins, 2015) e a base de
dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE (Brasil, 2010a).
Estimativa populacional, quantitativo de
escolas, quantitativo de alunos, número de
alunos do ano e número de alunos do
Ensino Médio da rede estadual foram
analisados segundo as regiões
tocantinenses a que pertenciam, ou seja,
Bico do Papagaio, Norte, Nordeste,
Noroeste, Centro Oeste, Central e Jalapão,
Sudeste e região Sul. O grupo de interesse
era formado pelos estudantes regularmente
matriculados no Ensino Médio e que têm
Física como disciplina independente na
grade regular, mas como descrito acima
também consideramos alunos do ano do
Ensino Fundamental, pois estes possuem
Física dentro da disciplina de Ciências.
Houve trabalho de condensação das
informações dispersas em diferentes
documentos oficiais publicados pelos
órgãos públicos e, todos os dados
pertinentes foram graficados utilizando um
programa computacional. Exploramos nos
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gráficos gerados, os dados levantados e
baseamos nossas análises exclusivamente
no cunho quantitativo, pois expor os
números educacionais do campo voltados
para o estudo de Física pode servir de
catalisador para iniciar discussões sobre o
tema entre pesquisadores da área.
Resultados e Discussão
As informações compiladas dos
documentos oficiais da SEDUC e do IBGE
(Tocantins, 2016a; Brasil, 2010a) que
subsidiaram as análises para a educação
escolar da população rural do Tocantins,
são apresentados aqui em duas frentes: a
primeira descreve a distribuição
populacional e escolar rurais pelas regiões
do Estado e, a segunda foca a quantidade
de alunos que têm a disciplina Física como
parte do currículo vigente nas escolas
rurais do Tocantins. Em todos os casos, as
especificidades regionais foram
investigadas.
O mapa do Tocantins é apresentado
na Figura 01 e mostra a distribuição das
139 cidades pelas 8 regiões (Bico do
Papagaio, Norte, Nordeste, Noroeste,
Centro Oeste, Central e Jalapão, Sudeste e
Sul) do Estado. Este mapeamento também
apresenta resumidamente, a taxa de
pessoas que vivem nas zonas rurais e a
porcentagem de escolas voltadas a estas
populações, em cada uma das regiões.
A região Nordeste do Estado tem
38,79% de sua população e 60% de suas
escolas localizadas no campo, sendo esta a
maior taxa do Tocantins. Por outro lado, a
região Central e Jalapão possui a menor
taxa populacional rural (11,35%) e, a mais
baixa porcentagem de escolas rurais
(19,37%) se encontra na região Sul. O que
estes números evidenciam, é a não
uniformidade dos níveis de
desenvolvimento social, cultural e
econômico que caracteriza as regiões que
compõem o Estado.
Figura 01. Mapeamento regional do Estado do Tocantins. Inclui-se o quantitativo de municípios em cada região,
bem como a taxa de moradores da zona rural e a porcentagem de escolas rurais que atendem cada área.
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Fonte: Tocantins (2016b) Adaptado.
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Outra forma de ratificar as diferenças
sociais, culturais e econômicas dentro do
Tocantins apontadas anteriormente, é
comparar os índices populacionais e
escolares entre as regiões Norte e Sul
presentes na Figura 01. Nota-se que estes
dois extremos regionais possuem
praticamente a mesma taxa populacional
vivendo no Campo (aproximadamente
17%), entretanto, o Norte tocantinense
possui 5,82% mais escolas rurais que o Sul
do estado, sendo 25,19% na região Norte
contra 19,37% no Sul. Está claro que não
se trata apenas de diferentes espaços
geográficos.
Assim sendo, é interessante analisar
os dados com maior refinamento e detalhar
as devidas peculiaridades. A Figura 02
apresenta a densidade populacional
(número de habitantes por km²) e escolar
(escolas por número de habitantes) das
zonas urbanas e rurais para cada região do
Tocantins. Introduziu-se quebra na escala
vertical da Figura 02(b) com o intuito de
possibilitar a visualização de todos os
dados.
Figura 02. Em (a) Densidade demográfica (urbana e rural) em cada região do Estado do Tocantins e em (b)
número de escolas rurais e urbanas distribuídas pelos habitantes destas áreas e separadas por regiões do Estado.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
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A densidade demográfica brasileira é
de 22,43 hab/Km
2
e o Estado do Tocantins
possui apenas 4,98 hab/Km
2
, mas ainda
assim tem maior densidade que aquela
atribuída à região Norte brasileira (4,12
hab/Km
2
). Um dos desafios associados à
vasta quantidade de território e o baixo
valor de densidade demográfica é a
implementação de políticas públicas, onde
a oferta de serviços básicos à população é
dificultada e onera o orçamento. Se
somarmos as densidades populacionais
urbanas e rurais apresentadas na Figura
02(a), apenas quatro regiões estão acima da
média tocantinense (Bico do Papagaio,
Norte, Noroeste e Central/Jalapão).
Focando na população rural, o Norte
brasileiro possui 1,09 habitantes por Km
2
e
apenas três regiões do Tocantins
ultrapassam este número (Bico do
Papagaio, Norte e Noroeste). Está claro
que o Bico do Papagaio possui a maior
quantidade de moradores no campo (4,3
hab/Km
2
), ou seja, 1/3 dos habitantes desta
região mora na zona rural (Tocantins
possui 1,056 hab/Km
2
no campo). Observe
que naquela região a população relativa no
campo supera inclusive a densidade
populacional total do Norte brasileiro.
É interessante comparar a densidade
de escolas (Escolas/Habitantes) em cada
região do Estado, o que se pode fazer
analisando a Figura 02(b). No Tocantins a
proporção de escolas é de, em média,
0,0012 escolas por habitantes nas zonas
urbanas e na zona rural aumenta para
0,0019, em outras palavras, a quantidade
de escolas por habitantes é maior na zona
rural. A única exceção é identificada para a
região Noroeste do Estado. Graficamente
(ver Figura 02(b)), as áreas urbanas
tocantinenses contam com 0,001 escola
para cada habitante, com pequenas
variações nas regiões Noroeste, Centro
Oeste, Central/Jalapão e Sudoeste. No
campo, apenas três localidades (Noroeste,
Centro Oeste e Sul) estão no patamar
urbano. A região do Bico é a que mais se
destoa das demais, possuindo
surpreendentes 0,023 escolas por habitante.
Dado numérico que está em harmonia com
os números de densidade populacional
rural da Figura 02(a). E, por fim, vê-se que
as regiões Norte, Nordeste, Central/Jalapão
e Sudoeste apresentam a maior densidade
de escolas rurais do Estado e estes números
variam entre 0,0015 e 0,0025. Mais
detalhes podem ser trazidos à luz quando
comparamos o número de habitantes do
campo e escolas das zonas rurais (ver
Figura 03 a quebra na escala vertical
permite a melhor visualização).
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Figura 03. Comparativo entre moradores do campo e escolas rurais separado pelas regiões do Tocantins. Em (a)
densidade demográfica e escolar no campo e em (b) a distribuição percentual.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
A população rural tocantinense é de
293.339 habitantes atendidos em 564
escolas. As regiões do Bico, Norte e
Noroeste detêm as maiores densidades
demográficas rurais (Figura 03(a)), mas
com exceção da região do Bico do
Papagaio, as instituições escolares voltadas
a este público não são distribuídas
proporcionalmente à demanda
populacional (Figura 03(a)). A distribuição
percentual de moradores e escolas rurais ao
longo das regiões do estado (Figura 03(b))
reforça a robustez do Bico do Papagaio na
atuação rural e, seguida com base nestes
parâmetros, pelas regiões Central/Jalapão,
Norte e Sudeste, respectivamente.
Ter acesso adequado e pleno ao
sistema de ensino é um direito que deve ser
garantido à população. Especificamente, o
atendimento escolar está restrito, em sua
maioria, ao que se denominam cidadãos
em idade escolar (crianças e adolescentes).
Na Figura 04, condensamos informações
sobre o número de alunos matriculados nas
escolas rurais de cada região, com o intuito
de analisar a distribuição do atendimento
educacional rural no Tocantins (Figura 04).
São considerados matriculados todos
aqueles registrados em creches, pré-
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escolas, ensino básico, médio e educação de Jovens e adultos (EJA).
Figura 04. Gráfico comparativo entre a quantidade de alunos matriculados e o número de escolas rurais (a) e o
quantitativo de estudantes por escola nas regiões do Tocantins (b).
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
O Tocantins possui 46.276 alunos
matriculados em escolas no campo, ou
seja, 11,33% dos estudantes do Estado.
Para atender a este blico, a rede de
ensino rural detém 34,04% das escolas. Ao
distribuir este quantitativo nas diferentes
regiões do Estado, a Figura 04(a) expõe as
realidades locais. Está evidenciado que
coerência entre o número de instituições de
ensino e o quantitativo populacional que
deve ser atendido. Na Figura 04(b),
apresenta-se, em ordem decrescente, a
média de alunos atendidos pelas escolas
em cada uma das regiões do Estado.
mais de 100 estudantes atendidos no Sul e
este número é de, aproximadamente, 50
alunos no Sudoeste tocantinense. Se a
distribuição fosse uniforme, cada região
rural deveria comportar 82,05 alunos por
escola.
As 564 escolas rurais são mantidas
pelos municípios (Escolas Municipais),
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pelo governo estadual (Escolas Estaduais),
federal (Federais) ou são entidades
privadas (Particulares) e, a distribuição dos
diferentes estabelecimentos no Estado
pode ser vista na Figura 05.
Figura 05. Gráfico do quantitativo de escolas rurais municipais, estaduais, federais e particulares no Estado do
Tocantins.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
As prefeituras são as grandes
subsidiárias do ensino rural (73,76% da
rede), seguidas pelo Estado (23,93%) e, a
rede particular e União, representam 2,48%
e 0,35% do total de estabelecimentos
educacionais, respectivamente. Nas regiões
Nordeste e Central/Jalapão o número de
escolas fornecidas pelos governos
municipais e estadual o similares ( > 10
escolas). No Centro (Central/Jalapão) e no
Sul do Estado a rede privada está presente
com 13 e 1 escolas, respectivamente. A
União contribui apenas com 1 unidade no
Bico do Papagaio e outra no Sudoeste
tocantinense.
Comentamos anteriormente que a
população de discentes rurais do Estado é
composta por 46.275 alunos regularmente
matriculados. O quantitativo de discentes
em creches, pré-escolas, nível básico,
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médio e educação de jovens e adultos são resumidos nos gráficos da Figura 06.
Figura 06. Alunos distribuídos em séries ofertadas no meio rural. (a) Valores nominais e (b) percentual.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
Dentre os diferentes ciclos
estudantis, o fundamental é o que mais
concentra alunos: são mais de 17.000
estudantes em cada um dos ciclos (1° -
ano e - ano). Em sequência, temos o
Ensino Médio (pouco mais de 5.000
alunos) e a pré-escola, que atende 4.500
estudantes. Ou seja, 75,77% de alunos
matriculados no Ensino Fundamental,
10,92% no Ensino Médio, 9,35% na pré-
escola, e os outros 3,95% na creche e EJA.
Toda a análise anterior é fundamental
para dar suporte ao foco deste trabalho. A
Física é matéria basal no aprendizado de
ciência e faz parte do ensino no mundo
“civilizado”. Em sequência, se
apresentado um diagnóstico dos alunos que
possuem o direito de aprender tal ciência
no Tocantins.
Segundo o currículo oficial vigente
no Estado, a Física é ministrada para três
grupos de estudantes: compõem a ementa
da disciplina de ciências, a partir do ano
do Ensino Fundamental e é disciplina
obrigatória e independente no Ensino
Médio regular e, também na modalidade
EJA-médio. Atualmente no Tocantins,
91.201 alunos estudam Física (22,33% da
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população estudantil), enquanto no campo
temos 7.859 discentes nesta situação.
Considerando que a Física é ministrada a
partir do ano, no meio urbano, 23,02%
dos estudantes têm aulas de Física. Na
zona rural, o quantitativo é de 16,98% dos
alunos, ou seja, 6,04% a menos que a
porcentagem das regiões urbanas. Estes
dados são resumidos na Tabela 01.
Tabela 01. Quantitativo de alunos com acesso aos conteúdos de Física, explicitando os totais estaduais, da zona
rural e da zona urbana. Os números e a taxa destes discentes distribuídos em diferentes níveis de escolaridade
também foram incluídos.
Abrangência
Total
9° ano
Médio
9°ano + Médio
TOTAL
408.322
24.429
66.772
91.201 (22,33%)
URBANA
362.057
21.593
61.749
83.342 (23,02%)
RURAL
46.275
2.836
5.023
7.859 (16,98%)
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
É interessante comparar a taxa de
matriculados que têm acesso ao ensino de
Física entre a população rural e urbana.
Para a população do campo, que
corresponde a 21,2% dos tocantinenses, a
taxa de alunos que estudam Física em
escolas rurais é de apenas 8,62% daqueles
regularmente matriculados nas séries nas
quais esta disciplina é ministrada. Isto é
latente para os estudantes do Ensino
Médio, pois a falta de escolas rurais para
este público impõe a interrupção dos
estudos ou a matrícula em escolas urbanas.
Infere-se daí que deficiência no
atendimento da população rural durante a
vida estudantil no que se refere ao ensino
de Física.
A Figura 07 apresenta o número de
alunos que têm contato com conteúdos de
Física, ou seja, aqueles regularmente
matriculados no ano do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio, para cada
uma das regiões geográficas que compõem
o Estado.
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Figura 07: Número de alunos matriculados no 9° ano do ensino básico, no ensino médio e EJA médio para as
diferentes regiões geográficas do Estado.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
No ano, aproximadamente, 200
estudantes na região Centro Oeste e pouco
mais de 700 no Bico do Papagaio (Figura
07). Variação drástica se observa no
quantitativo daqueles que têm Física como
disciplina específica (ensino médio): temos
apenas 30 estudantes no Norte e, este
número ultrapassa 1.900 no Bico do
Papagaio. Note-se ainda que não
estudantes pertencentes à modalidade EJA
no Nordeste, Centro Oeste e Sudoeste.
Ao todo, 7.859 alunos estão
matriculados em séries nas quais se
ministram aulas de Física (Tabela 01) e,
estão distribuídos em 80 cidades (Tabela
02) disseminadas em oito localidades do
Estado (Figura 01). A porcentagem total de
estudantes que atendem a esta condição e,
separados pelas diferentes regiões
geográficas pode ser vista no gráfico da
Figura 08.
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Figura 08. Percentual de alunos da zona rural e que estudam Física separados por regiões geográficas do
Tocantins.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
O Bico do Papagaio concentra
34,79% dos alunos matriculados no ano
e Médio, seguido das regiões
Central/Jalapão, Sudoeste e Nordeste
(entre 11 e 20%). O Sul agrega 8,71% e, as
regiões Norte, Noroeste e Centro Oeste
somam pouco mais de 12% (ver dados da
Tabela 02).
Tabela 02. Quantitativo de estudantes da zona rural regularmente matriculados nas diferentes etapas da educação
formal no Estado do TO e que têm aulas de Física. O número de cidades de cada região também foi incluído
entre os dados.
Região
Cidades
Cidades com 9°
ano
Cidades com ensino
Médio e Eja Médio
Cidades onde alunos
estudam Física
Bico do Papagaio
25
17 (68%)
10 (40%)
17 (68%)
Norte
13
7 (53,84%)
2 (15,38%)
7 (53,84%)
Nordeste
10
8 (80%)
4 (40%)
8 (80%)
Noroeste
18
7 (38,89%)
4 (22,22%)
7 (38,89%)
Centro Oeste
19
8 (44,44%)
1 (5,26%)
8 (44,44%)
Central e Jalapão
22
16 (72,72%)
7 (31,82%)
16 (72,72%)
Sudeste
19
8 (42,1%)
6 (31,58%)
8 (42,1%)
Sul
13
8 (61,54%)
4 (30,77%)
9 (69,23%)
TOTAL
139
79 (56,83%)
38 (25,9%)
80 (57,55%)
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
Pode-se analisar como variam os
números discutidos anteriormente, mas em
função das cidades que compõem as
diferentes regiões (ver Figura 09). Dentre
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as 139 cidades do estado, 21,58% não
possuem qualquer atendimento escolar no
campo. Constata-se que no meio rural,
43,17% dos municípios não têm alunos no
ano do ensino básico e apenas 25,9%
das cidades atendem a população com
escolas secundárias rurais. Para o
quantitativo de cidades que atendem a esta
série, apenas 80 delas estão na zona rural.
Para nossa discussão, o ordenamento
decrescente da porcentagem de estudantes
de Física mostrado na Figura 09 é
esclarecedor e nos deparamos com
números surpreendentes.
Figura 09: Porcentagem de cidades que possuem alunos atendidos pela Física
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
Temos regiões onde este público é
atendido em 80% das cidades, como na
Região Nordeste. Mas, este percentual é de
apenas 38,89% no Noroeste do Tocantins.
O Bico do Papagaio, região que mais
possui alunos nesta situação (Figura 08),
aparece com estes estudantes concentrados
em 17 cidades (68%).
O que os resultados aqui discutidos
evidenciam, é que a falta de escolas
voltadas aos alunos do Ensino Médio no
meio rural é um tema a ser levado em
consideração, pois limita o direito humano
à educação, uma vez que não atende a
todos. Além disso, impõe aos estudantes
das regiões desprovidas de atendimento, o
deslocamento até as áreas urbanas, o que
certamente tem contribuição relevante para
a evasão escolar. Estas afirmações são
corroboradas pelos dados apresentados. A
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população rural do Estado conta com
34,04% do total das unidades de ensino,
atendendo 11,33% dos discentes
regularmente matriculados. A maioria
pertence ao ciclo básico (ver Figura 06) e
apenas 1,92% dos estudantes têm acesso ao
ensino de Física nas localidades que
vivem. Soma-se a este fato, a constatação
de que somente 57,55% das cidades do
Estado têm oferta do ensino de Física e, a
falta de distribuição heterogênea pelo
Estado (ver Figura 09), diante dos dados
expostos, apresenta uma situação
preocupante.
Conclusão
Apresentou-se uma discussão sobre o
acesso que a população da zona rural das
diferentes regiões do Estado do Tocantins
tem ao ensino de Física. Para isto, foram
utilizados dados de densidade demográfica,
o número de alunos regularmente
matriculados e o quantitativo de unidades
escolares distribuídos pelas cidades que
compõem cada região geográfica do
Estado e, os níveis de ensino e séries
ofertadas em cada região do Tocantins.
Fez-se coleta dos dados publicados por
órgãos públicos oficiais e o respectivo
tratamento dos mesmos, com ênfase em
obter o número de alunos que estudam
Física em escolas rurais.
Identificou-se que a densidade
demográfica do Tocantins é de 5,52
habitantes por Km
2
, sendo este número
cinco vezes maior que nas áreas rurais
(1,056 hab/Km
2
), enquanto o quantitativo
de escolas por habitante mantem-se
praticamente o mesmo (Urbano = 0,0012
escolas/habitantes Rural = 0,0019
escolas/habitantes). A região do Bico do
Papagaio era a que detinha o maior número
de unidades escolares rurais e, também a
maior quantidade de alunos matriculados.
A região Noroeste foi a menos favorecida
nestes quesitos. Todavia, quando se
comparou o quantitativo de alunos
distribuídos por instituições de ensino,
houve uma mudança de cenário e, o maior
número de alunos por escolas está na
Região Sul e o menor no Sudoeste, ou seja,
cada escola do Sudoeste do Tocantins
atende em média 50 alunos e no Sul passa
de 100 estudantes.
Ao compararmos a composição da
rede de ensino tocantinense (Rural), ficou
evidente que os municípios são os grandes
subsidiários do ensino (73,76% da rede),
seguidos pelo Estado (23,93%), a rede
particular e a União, com 2,48% e 0,35%
cada. Nas regiões Nordeste e
Central/Jalapão o número de escolas
municipais e estaduais são muito similares
(> 10 escolas). A rede privada está
presente com 13 escolas (Central/Jalapão)
e uma no Sul. Sobre tutela do governo
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Federal temos apenas 1 unidade no Bico do
Papagaio e outra no Sudoeste tocantinense.
Quanto à população escolar,
observou-se que o ensino básico rural
concentra a maior quantidade de alunos
(17.000). Ensino Médio e pré-escola
contam apenas com pouco mais de 5.000 e
4.500 estudantes, respectivamente.
Considerando valores percentuais, 75,77%
dos matriculados estão no ensino básico,
10,92% no médio e, 9,35% e 3,95% em
creches e EJA, respectivamente.
Levando em consideração que a
Física é ministrada a partir do ano da
educação básica, 16,98% dos alunos rurais
têm acesso ao ensino desta ciência no
campo, e a região do Bico do Papagaio
concentra 34,79% deste público,
acompanhada pela região Central/Jalapão,
Sudoeste e Nordeste (entre 20 e 11%). O
Sul agrega 8,71% e o Norte, Noroeste e o
Centro Oeste somam pouco mais de 12%.
Uma análise deste quesito nas diferentes
cidades evidenciou que dentre as 139
cidades do Estado do Tocantins, 21,58%
dos municípios não possuem qualquer
atendimento escolar no campo e pouco
mais da metade (57,55%) das cidades
dispõe de ensino de Física no meio rural.
Para se ter uma visão geral da
situação estadual, deve-se ter em mente
que 21,2% dos habitantes do Tocantins
moram no campo, e 34,04% das escolas do
estado estão na zona rural e são
responsáveis pelo atendimento de 11,33%
do total de alunos. Aqueles que possuem o
“privilégio” de estudar Física sem ter que
se deslocar para as cidades, formam apenas
1,92% de estudantes, abrangendo 57,55%
das cidades do Tocantins, destaque para
região Nordeste com 80% dos municípios.
A região do Bico do Papagaio é a
localidade tocantinense que se destaca em
vários quesitos levantados aqui.
Os dados indicaram que a oferta de
escolas à população rural é deficitária e por
isto o acesso ao ensino de Física é limitado
em relação à população urbana. Estas
conclusões são importantes e alertam para
a necessidade de implementar políticas
públicas mais eficientes e que priorizem o
ensino de uma ciência tão fundamental
para o desenvolvimento do humano. Uma
alternativa para sanar este problema seria a
expansão do número de escolas no campo
destinadas ao Ensino Médio, onde a Física
é estudada como uma disciplina
independente.
Fato é que o Estado do Tocantins é o
mais novo estado da federação, com
apenas 29 anos de criação, e conhecer as
diferentes realidades regionais pode ser
uma importante ferramenta que certamente
contribui para sanar os problemas
educacionais do meio rural. Além disso, a
análise dos dados subsidia e possibilita a
implantação eficiente das diretrizes
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Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 15/09/2017
Aprovado em: 15/12/2017
Publicado em: 07/05/2018
Received on September 15th, 2017
Accepted on December 15th, 2017
Published on May 7th 2018
Contribuições no artigo: Os autores foram responsáveis
pela elaboração, análise e interpretação dos dados;
escrita e revisão do conteúdo do manuscrito. Os autores
também foram responsáveis pela aprovação dessa versão
final publicada.
Author Contributions: The authors were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version to be published.
Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Alexsandro Silvestre da Rocha
http://orcid.org/0000-0002-9469-6082
Regina Lélis de Sousa
http://orcid.org/0000-0002-7145-5147
Denisia Brito Soares
http://orcid.org/0000-0002-9223-5303
Nilo Maurício Sotomayor Choque
http://orcid.org/0000-0002-8952-1907
Liliana Yolanda Ancalla Dávila
http://orcid.org/0000-0002-4008-2050
Shirlei Nabarrete Dezidério
http://orcid.org/0000-0001-6074-4093
Érica Cupertino Gomes
http://orcid.org/0000-0001-5534-0887
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Rocha, A. S. et al. (2018). Ensino de Física para a
população rural do Tocantins: desafios e problemas a
serem superados. Rev. Bras. Educ. Camp., 3(2), 359-380.
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-
4863.2018v3n2p359
ABNT
ROCHA, A. S. et al. Ensino de Física para a população
rural do Tocantins: desafios e problemas a serem
superados. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 3,
n. 2, mai./ago., p. 359-380, 2018. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n2p359