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buscar outros espaços educativos, por
exemplo, um TAC em qualquer outra
escola não é a mesma coisa, como
numa escola como o ITERRA.
Porque tem algumas atividades que tá
na natureza do movimento social,
não na natureza do curso. Não tá na
grade curricular a noite cultural, não
tá na grade a integração, não tá na
grade a holística, não tá na grade um
monte de trabalho fundamental:
trabalhar, pra ajudar na alimentação,
tu saber que tu vai fazer o pão, ou tu
faz ou tu vai fazer a comida,
garantindo que outro tá fazendo o
pão... A geleia a gente que produz na
agroindústria. Lá é essa divisão
técnica, é uma escola pra nós, como é
que tu vai aprender no TAC, é uma
divisão técnica do trabalho? Tu faz o
balancete em cada posto de trabalho
que tu faz, se deu errado, isso aí
quando tu vai pra sala de aula
estudar, fazer um balancete de uma
coisa, tu já fez lá, seja no panifício,
seja na prestação de serviço, seja na
agroindústria, então é uma aula viva,
tu aprende TAC e aí tô fazendo o
TAC, tô sendo estudante. ... nossa
escola é diferente, tu tem que saber
que tu tem que lavar prato também,
fazer comida, lavar banheiro, porque
tu suja, né? Então não é fácil fazer
essa pedagogia (Entrevistado egresso
14).
Dessa forma, identificou-se que a
formação nesta metodologia de
aprendizagem proporcionou possibilidades
de adquirir variados tipos de
funcionamentos, ou seja, o TAC
proporcionou o que Amartya Sen
denomina, em outras palavras, as várias
coisas que o indivíduo pode ser e fazer.
Ao ser questionado sobre os motivos
que levaram à criação do curso TAC, a
CONCRAB argumenta que os
assentamentos procuravam na sociedade,
pessoas para ajudar na administração e
associativismo nesses espaços. Porém, os
profissionais eram muito voltados ao
urbano. Quando surgia alguém mais
adequado à realidade rural o custo era
muito alto e as cooperativas não tinham
como pagar pelos serviços. Então, segundo
a CONCRAB, surge o TAC para formar
esses técnicos, criando também, um
compromisso mais político com as
cooperativas, com os assentamentos, para
além de conhecer a parte administrativa, de
forma a contribuir com o desenvolvimento
dos assentamentos, pois a cooperação é
mais ampla que o conhecimento de
cooperativas.
De certa forma a CONCRAB quando
pensou a criação do curso TAC, utilizou-se
de um raciocínio semelhante ao
preconizado na Abordagem das
Capacitações: “O papel fundamental da
educação e o de outros meios de expansão
das capacidades humanas formam uma
conexão sólida no pensamento sobre o
desenvolvimento ...” (Dreze & Sen, 2015,
p. 52).
A COCEARGS verifica uma grande
presença dos egressos no trabalho do MST
como um todo (grupos, associações,
cooperativas, agroindústrias). As turmas
mais recentes são formadas por pessoas
mais novas, com inserção recente no