445
implantação da escola de tempo integral evidencia a manutenção de certo descaso, por parte
do Estado, para com a população do campo.
O último artigo, “Movimentos sociais e conquista do ensino superior: a formação
de Pedagogos para a Educação do Campo”, de autoria de Menezes, Faustino e Chaves,
vinculadas à Universidade Estadual de Maringá – UEM, apresenta reflexões acerca de uma
experiência de formação de pedagogos para escolas do Campo realizada pela UEM em
parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Trata-se de uma
pesquisa bibliográfica, associada a observações, registros das experiências desenvolvidas em
diferentes espaços e momentos do curso, aulas, visitas às escolas do campo e, sobretudo,
estudos, orientações e intervenções pedagógicas em um programa de iniciação à docência. As
autoras afirmam que os Centros de Formação são espaços que exercem papel fundamental na
gestão democrática dos processos formativos demandados pelos movimentos sociais. A
atuação do movimento social, em parceria com universidades, demonstrou ser possível outra
formação, que humanize a todos e desenvolva a consciência de luta por direitos e igualdade
social.
“O conceito de natureza na Educação do Campo”, de Miranda e Robaina, ambos
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, abre os ensaios publicados nesta
edição da RBEC. De abordagem teórica e perspectiva histórica, o manuscrito analisa o
conceito de natureza em consonância com a Educação do Campo. Nessa perspectiva, os
autores afirmam que o conceito de natureza está implicado nessa modalidade de educação,
pois, segundo eles, a Educação do Campo possibilita construir um sentimento de
pertencimento nos sujeitos nela envolvidos no processo educativo.
O próximo ensaio se refere ao trabalho: “A construção da categoria analítica
“Campo” no Brasil - Possibilidades à Educação do Campo”, de Claro e Pereira,
vinculados à Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Os autores ressaltam a categoria
“campo” na pesquisa educacional brasileira. Segundo esses pesquisadores, há muitas relações
entre a agricultura e sua constituição, contudo, essas relações não deixam claro outras
atividades que não estejam vinculadas diretamente à categoria “trabalho” presente no meio
rural.
Por fim, a resenha publicada na RBEC intitulada “A atualidade de “Os
Condenados da Terra” de Frantz Fanon, da obra “Fanon, F. (1968). Os Condenados da
Terra. Rio de Janeiro, RJ: Editora Civilização Brasileira”, de autoria de Oliveira Filho, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ fecha este número da revista. O autor
destaca que a obra do intelectual francês Frantz Fanon, publicada originalmente em 1961, diz
respeito à colonização e seus principais efeitos causados às pessoas da época, especificamente
das nações do sul. O autor destaca que essa obra foi fundamental para esboçar o cenário
político, histórico, cultural e psíquico da colonização na Argélia e na África.
É importante ressaltar que ao enfatizar a figura do eterno intelectual brasileiro Paulo
Freire, que completaria 106 anos neste ano, na capa deste número da RBEC, produzida a
partir de uma obra de artes visuais confeccionada com diferentes sementes, por estudantes da
Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Tocantins, campus de
Tocantinópolis, é uma forma de homenagear Freire pela sua relevante e presente contribuição
à educação brasileira e internacional.
A Revista Brasileira de Educação do Campo agradece aos autores(as) pela
submissão de trabalhos ao periódico e aos avaliadores(as) que contribuíram nas emissões de
pareceres e revisões dos manuscritos apresentados neste número e também ao longo de 2017.
Gostaríamos de destacar que, a partir do ano de 2018, a revista adotará a periodicidade
quadrimestral, o que possibilitará uma ampliação do número de artigos publicados no
periódico, contribuindo, portanto, para a produção e disseminação de conhecimento para a
Educação do Campo e educação em geral.