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busca constante de interação entre ação e
reflexão. Decorre, a partir desse momento
histórico, um longo processo de progressos
e retrocessos, uma caminhada de superação
que nunca se findou, mas que, baseada em
atender às necessidades do povo rural, se
reconstruiu conforme as exigências da
sociedade.
É importante ressaltarmos que a
construção pedagógica da Alternância não
se baseou em métodos ou teorias já
concretizadas, mas, sobretudo pautou-se
nos interesses dos agricultores e foi se
constituindo conforme os resultados das
primeiras experiências. Assim, foi um
processo mediante o qual os alunos,
famílias e comunidades foram porta-vozes
que
perceberam, escutaram e se
conscientizaram dos problemas, das
necessidades. Questionaram-se,
formularam hipóteses e têm
enunciado soluções ... inventaram,
realizaram, agiram, implementaram,
arriscaram. Uma vez engajada na
ação, observaram, escutaram,
olharam as práticas. Analisaram,
destacaram os componentes do
sistema e os fatores de êxito e de
fracasso ... extraíram ideias,
pensamentos, saberes e
conhecimentos ... para entender
melhor, agir melhor a fim de prestar
um serviço educativo, responder às
necessidades, contribuir para o
desenvolvimento das pessoas e do
meio rural (Gimonet, 2007, p. 27).
Dessa forma, a experiência
pedagógica alternante foi aos poucos
logrando êxitos e se multiplicando pelo
mundo. No caso do Brasil, a Pedagogia da
Alternância surgiu no ano de 1969, no
Espírito Santo e, após essa data, percorreu
um longo caminho até ser reconhecida e
efetivada em diversas experiências
educativas do campo. Esse primeiro
movimento foi influenciado por um padre
vindo da Itália para atuar em uma região
ocupada por descendentes italianos, ao
perceber que essa região poderia se adaptar
a um projeto italiano de seu conhecimento
denominado EFA. Em discussão com a
comunidade, inauguraram no ano de 1968
a primeira EFA do Brasil, no mesmo ano
em que foi criado o Movimento de
Educação Promocional do Espírito Santo
(Mepes), para representar os agricultores
com ações na área da educação, saúde e
ação comunitária. As primeiras
experiências educacionais iniciaram, como
já dito, no ano de 1969 e se expandiram
para outros estados, o que possibilitou a
criação da União Nacional das Escolas
Famílias Agrícolas do Brasil (Unefab), que
passou a coordenar as atividades,
defendendo os interesses dos agricultores
(Estevam, 2001).
O sistema adotado pelas EFA
brasileiras manteve o regime de
alternância, caracterizado por uma semana
na escola e uma semana na propriedade,
para os estudantes do ensino fundamental;
e de 15 dias na escola e 15 dias na