Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e4936
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
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2019
ISSN: 2525-4863
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Pedagogia da Alternância proposta de formação: Casa
Familiar do município de Coronel Vivida - PR
Yolanda Zancanella
1
,
Andréia Aparecida Detogni
2
1,2
Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE. Centro de Ciências Humanas. Rua Maringá 1200, Vila Nova.
Francisco Beltrão - PR. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: yolandazanca@yahoo.com.br
RESUMO. A pesquisa teve como escopo analisar a formação
dos alunos da Casa Familiar Rural
i
(CFR) no município de
Coronel Vivida PR, fundamentada na Pedagogia da
Alternância
ii
(PA) no ano de 2016, identificando limites e
desafios da sua efetivação na inserção do aluno na propriedade
rural. Os sujeitos da pesquisa totalizam 08 (oito) alunos e suas
respectivas famílias. O estudo foi realizado através da
abordagem qualitativa fundamentada no método do
materialismo dialético e os elementos de investigação
consistiram na pesquisa bibliográfica e documental. O processo
de busca e análise possibilitou refletir a proposta da PA
desenvolvida na CFR, propiciando constatar potencialidades e
limitações desta prática formativa. Nos resultados, destacamos
como avanços o número reduzido de alunos por turma, o
período integral de estudos e o atendimento personalizado
desenvolvido pelos monitores e professores. No que se refere às
condições limitadoras, ressaltamos a precária prática na
propriedade familiar dos conhecimentos apreendidos, a estrutura
física fragilizada e sua adequação a distintas vertentes teóricas
que não tomam o trabalho como princípio educativo, produzindo
uma prática adaptável à conjuntura social vigorante.
Palavras-chave: Pedagogia da Alternância, Casa Familiar
Rural, Formação.
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The Pedagogy of Alternation training proposal: Family
House of the municipality of Coronel Vivida - PR
ABSTRACT. The research aimed to analyze the scope of
training Rural Family House (RFH) in the city of Coronel
Vivida-PR based on Pedagogy of Alternation (PA) in the year
2016, identifying limits and challenges of your effectiveness on
insertion of the young on the property rural. The subject of
research totaling 08 (eight) young people and their families. The
study was conducted through a qualitative approach based on
the method of dialectical materialism, the elements of the
research consisted in bibliographical and documentary research.
The process of search and analysis, made possible to reflect the
proposal of PA, developed in the RFH, observing potentialities
and limitations of this formative practice. In the results,
highlight as advances the reduced number of students per class,
the full-time study, and the personalized attendance developed
by the instructors and teachers. As regards the limiting
conditions, the precarious practice in family ownership
knowledge acquired, the weakened physical structure, and its
adequacy to different theoretical aspects that do not understand
work as an educational principle producing a practice that is
adaptable to the current social situation.
Keywords: Pedagogy of Alternation, Rural Family House,
Formation.
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La Pedagogía de la Alternancia propuesta de formación:
Casa de la Familia del municipio de Coronel Vivida - PR
RESUMEN. La investigación orientada a analizar el alcance de
la capacitación Casa de la Familia Rural (CFR) en el ciudad de
Coronel Vivida-PR basado en Pedagogía de la Alternancia (PA)
en el año 2016, identificar límites y los desafíos de su eficacia
en la inserción de los jóvenes en la propiedad rural. El tema de
investigación por un total de 08 (ocho) jóvenes y sus familias. El
estudio se realizó a través de un enfoque cualitativo basado en el
método del materialismo dialéctico, los elementos de la
investigación consistieron en la investigación bibliográfica y
documental. El proceso de búsqueda y análisis hizo posible
reflejar la propuesta de la PA desarrollada en la CFR,
constatando potencialidades y limitaciones de esta práctica
formativa. En los resultados, destacamos como avances el
número reducido de alumnos por clase, el período integral de
estudios, y lo atendimiento personalizado desarrollado por los
monitores y profesores. En lo que se refiere a las condiciones
limitadoras, la precaria práctica en la propiedad familiar de los
conocimientos aprehendidos, la estructura física fragilizada, y su
adecuación a distintas vertientes teóricas que no toman el trabajo
como principio educativo, produciendo una práctica adaptable a
la coyuntura social vigorante.
Palabras clave: Pedagogía de la Alternancia, Casa de la Familia
Rural, Formación.
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Introdução
Iniciamos a discussão com a
apresentação do município, onde está
situada a Casa Familiar Rural, para
contextualizar o campo no qual a
investigação foi originada.
Coronel Vivida está localizada na
região Sudoeste do Estado do Paraná, com
área territorial de 683.252 km², fazendo
divisa com os municípios de Pato Branco,
Honório Serpa, Mangueirinha,
Chopinzinho, São João e Itapejara
D’Oeste.
Figura 01 Município de Coronel Vivida - PR.
Fonte: IBGE (2016). Reorganização das autoras.
Oficialmente instalada em 14 de
dezembro de 1955, no censo de 2010,
contava com uma população de 21.749
habitantes, e no ano de 2016, segundo
dados do IBGE (2010), 21.755 moradores.
De acordo com o Censo de 2010, desse
total, 6.306 pertencem ao campo, o que
representa 29% da população, enquanto
que 15.443 localizam-se na zona urbana do
município, com um total de 71% dos
habitantes.
A população está dividida entre o
campo e a cidade, em ambos os sexos e em
todas as idades. Os homens são a maioria
no campo, com um total de 51,44%,
enquanto as mulheres somam 48,56%,
cerca de 2,88% menos. Em contrapartida,
são maioria na zona urbana com 52,23%
de moradoras, os homens têm uma
representatividade de 47,77%, vivendo na
cidade, o que representa uma diferença
percentual de 4,46%. Essas informações
podem ser identificadas no gráfico no. 01,
a seguir:
Honório Serpa
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Gráfico 01 Total de Habitantes Campo e Cidade, Coronel Vivida - PR (2010).
Fonte: Censo/IBGE 2010. Organização das autoras.
Índices do IBGE (2010) mostram
que entre a população paranaense, na faixa
etária de 15 a 29 anos, há maior incidência
de jovens de 15 a 19 anos do sexo
masculino, tanto no campo quanto na
cidade. Outro fator que chama a atenção
observado na população vividense é a
predominância das jovens mulheres na
zona urbana e a maioria da população
masculina no campo, ambos em sua
maioria jovens.
A migração dos jovens para a cidade,
sob a possível perspectiva de buscar
oportunidades de estudo e trabalho, como
mostram os dados do IBGE (2010), e o
estudo de Zago (2016), tem resultado na
masculinização da população rural. As
informações remetem, também, ao
entendimento de que a migração dos
jovens para a zona urbana se deve ao
envelhecimento populacional do campo.
De acordo com Silva (2014, p. 155):
O espaço rural, esvaziado, vem
sofrendo com o gradativo aumento
do envelhecimento e da
masculinização da sua população, em
consequência do êxodo massivo de
jovens e mulheres, que abandonam o
campo em busca de melhores
condições de vida, vislumbradas no
espaço urbano.
Outro possível fator decisivo para a
saída dos jovens do campo é o acesso à
educação. Dados do IBGE/PNAD apontam
que em 2011 a média nacional de tempo de
estudo para jovens de 15 anos ou mais,
moradores da zona urbana era de 8,2 anos,
enquanto que a média dos jovens do campo
se encontrava em 4,8 anos de estudo, o que
mostra uma diferença de 3,4 anos.
A saída desses jovens, portanto, tem
proporcionado uma nova dinâmica à vida
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familiar no campo. Não podemos
negligenciar o fato de que motivações
externas para a migração dessa parte da
população. As mudanças ocasionadas pela
modernização, inclusive no meio rural, nas
últimas décadas, são fontes primordiais
para essa transformação nas relações
sociais e que se inicia nas famílias.
Molina (2015), por sua vez,
reconhece e discute o êxodo da juventude
do campo como um movimento estimulado
pela força do capitalismo na dinâmica
produtiva rural:
As transformações trazidas com a
mudança da lógica de acumulação de
capital no campo, pelo modelo
agrícola representado pelo
agronegócio, que exige cada vez
mais vastas extensões de terra para
implementação de suas monoculturas
para exportação ... intensifica, por
diversas estratégias, a
superexploração dos camponeses e
suas famílias, e entre eles, dos
jovens. (Molina, 2015, p. 13-14).
Zago (2016) reconhece a importância
da educação para essas pessoas, mas,
enfatiza que a permanência dos jovens no
campo não depende apenas de políticas
públicas educacionais. Se antes havia a
negligência do Estado pela não oferta da
educação, atualmente, diante dos
programas educacionais destinados aos
moradores do campo, nos resta analisar
que educação é essa, para quê, e como ela
acontece. Não basta oferecer escolas, é
significativo que os sujeitos do campo
tenham clareza sobre que formação
desejam receber. Caso contrário, corre-se o
risco da continuidade discriminatória e
marginalizadora, ainda que com a
possibilidade de roupagens diferentes.
No setor da economia, Coronel
Vivida é um município com significativa
produção na agricultura. Números
fornecidos pelo IBGE e IPARDES (2013)
mostram que este é o segundo setor com
maior produto interno bruto (PIB), com
24,65% da arrecadação anual municipal.
Em primeiro lugar está o setor de serviços,
com 38,78%, em terceiro o setor de
administração e serviços públicos com
14,79%, e por último os impostos com
7,94%.
Quanto à produção agrícola do
município, dados do IBGE (2010) e
IPARDES (2016), indicam que em 2014 os
três produtos mais produzidos foram em
quantidade de hectares colhidos: em
primeiro com 30.700 mil hectares a soja,
em segundo com 11.000 mil hectares o
trigo, em terceiro com 5.300 hectares o
feijão.
É possível identificar, portanto, a
forte incidência da monocultura na cidade
de Coronel Vivida, visto que apenas a
produção de soja ultrapassa os 30.000
hectares, mais do que todas as demais
produções juntas, o que indica que a
prática da monocultura se sobressai às
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pequenas produções, incidindo em
montantes significativos de soja, trigo,
feijão e milho, em detrimento de produções
menores como a cana de açúcar, mandioca,
e erva mate, o que sugere observar a
dificuldade dos pequenos produtores em
manter-se no mercado de produção, muito
embora apelem para outras produções, que
demandam um processo menos mecânico,
tendo em vista as pequenas glebas em
hectares, disponíveis para cultivo.
A Casa Familiar Rural de Coronel
Vivida
A Cassa Familiar Rural (CFR) de
Coronel Vivida iniciou as suas atividades
no dia 25 de julho de 1995, ao oferecer o
curso de primeiro grau supletivo
Qualificação em Agricultura. A primeira
turma tinha o total de 25 alunos. Na sua
implantação, o curso tinha a duração de
três anos e atendia também alunos dos
municípios de Honório Serpa, Itapejara
D’Oeste e São João. (Plano de
Implantação/Curso primeiro Grau
Supletivo Função Qualificação em
Agricultura nº 2.843.062-0. NRE PBC
Sistema integrado de documentos).
Abaixo, a fotografia da entrada para
as dependências e fachada da CFR, de
Coronel Vivida PR.
Fotografia 01 - Entrada para as dependências da CFR de Coronel Vivida - PR.
Fonte: Andreia A. Detogni (2016).
Atualmente, a CFR funciona no
regime da Alternância semanal, na qual os
alunos permanecem uma semana na
propriedade familiar e uma semana na
CFR.
O prédio que pertence à prefeitura
municipal é o mesmo desde a sua fundação
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no ano de 1994, visto que passou
eventualmente por pequenas reformas. A
estrutura possui 498 m
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de área construída,
com duas salas de aula, sala de
coordenação e sala dos professores, ambas
com banheiro. Uma cozinha e refeitório,
quatro quartos com banheiro para alunos, e
um quarto com banheiro para o monitor,
além de um depósito. Suas instalações
possuem o básico para o atendimento das
necessidades dos alunos e funcionários,
conforme a fotografia abaixo.
Fotografia 02 - Um dos dormitórios masculinos da CFR de Coronel Vivida - PR.
Fonte: Andreia A. Detogni (2016).
Em relação às mídias, a CFR possui
um computador e uma impressora, um
projetor multimídia, dois televisores (um
com entrada para pendrive) e um telefone.
Para as aulas de informática, quando
necessário, a professora leva os alunos até
a Escola Base.
iii
Os monitores e
professores para o preparo de suas aulas e
demais atividades usam seus computadores
pessoais (notebooks), visto que nas
dependências da Casa não há laboratório
de informática, ou mesmo computadores
disponíveis para que monitores,
professores e alunos possam realizar
pesquisas e estudos.
Para as aulas de Educação Física, a
CFR não possui uma quadra de esportes ou
campo de futebol. Diante disso, o professor
se dirige com os alunos até o campo de
futebol da Associação dos Servidores
Públicos do Município de Coronel Vivida -
ASSOCELVI que fica a poucos metros da
CFR, para possibilitar aos alunos a
realização de atividades práticas na
disciplina.
A CFR possui ainda uma horta
cultivada pelos alunos, monitores e
professores que precisa de melhorias. De
acordo com o depoimento de alguns
alunos, a horta é cuidada também por eles
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e faz parte das atividades semanais na
Casa. A esse respeito, um dos depoentes
Lucas (19/09/2016) afirma: “Depois da
aula nós vamos pra horta de vez em
quando”. Outro, afirma:
A gente trabalha na horta, a gente
tem que podar ... A gente tem que
carpir, aprende como plantar as
verduras. (Roberto, 19/09/2016).
Ao que parece, a horta não é apenas
um espaço onde são cultivadas verduras e
hortaliças, mas também a continuidade do
aprendizado dos alunos, o que revela uma
oportunidade para a experiência prática,
exercendo, também, o contato com a terra,
ao proporcionar o conhecimento através do
trabalho e a integração entre eles, com
ajuda mútua nas realizações dessas tarefas.
Na fotografia abaixo temos a imagem da
horta da CFR, cultivada com o auxílio dos
alunos.
Fotografia - Horta da CFR de Coronel Vivida - PR.
Fonte: Andreia A. Detogni (2016).
No período letivo de 2016, a CFR
atendeu três turmas: uma primeira série
com dezesseis (16) alunos, uma segunda
série com treze (13) e uma terceira série
com onze (11), totalizando quarenta (40)
alunos que frequentaram o Curso de
Técnico em Alimentos.
Autorizado no ano de 2009 com
duração de três anos, o curso funciona de
a feira em período integral com aulas
no período da manhã e à tarde, com carga
horária de 3.200 horas, mais 133 horas de
estágio profissional supervisionado.
Conforme Parecer CEE/CEMEP n. 595/14
de 16 de setembro de 2014, o curso teve
renovação pelo prazo de cinco anos, a
partir do início do ano de 2014 até o final
do ano de 2018.
Ainda de acordo com o Parecer
595/14, ao término do curso de Técnico em
Alimentos, o aluno estará apto a orientar e
executar tarefas na transformação, preparo
e conservação dos alimentos, garantindo a
higiene sanitária e preservação de suas
qualidades nutricionais.
O aluno formado nesse curso pode
atuar no processamento e conservação de
matérias primas, produtos e subprodutos da
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indústria alimentícia e de bebidas, com
análises físico-químicas, microbiológicas e
sensoriais. Pode auxiliar ainda no
planejamento, coordenação e controle de
atividades do setor, realizar a sanitização
das indústrias alimentícias e de bebidas,
controlar e corrigir desvios nos processos
manuais e automatizados, além de
acompanhar a manutenção de
equipamentos e participar do
desenvolvimento de novos produtos e
processos. (Parecer nº 595/14, p. 02).
Quanto ao calendário escolar da
CFR, ele provém da Escola Base, com
poucas alterações na sua elaboração. De
acordo com a equipe pedagógica, e os
monitores, as alterações são muito
semelhantes para as duas instituições.
Quanto ao certificado do Curso, também é
expedido pela Escola Base, no caso,
Colégio Estadual Arnaldo Busato
EFMNP.
O quadro de docentes da CFR, no
período letivo de 2016, é constituído de
quatro (04) professores, vinculados e
cedidos pela Secretaria Estadual de
Educação - SEED, e três (03) monitores de
nível superior vinculados e cedidos pela
Associação Regional das Casas Familiares
Rurais do Sul do Brasil - ARCAFAR/SUL.
ainda um (01) monitor de nível médio,
dois (02) serventes de serviços gerais,
sendo um (01) contratado também pela
ARCAFAR e outro pela Associação da
CFR, e um (01) coordenador (cargo
comissionado pela prefeitura municipal).
As aulas são distribuídas de acordo
com a área de conhecimento dos
professores cedidos pela SEED,
responsáveis pelas disciplinas da Base
Nacional Comum e Parte Diversificada, e
de acordo com a área de conhecimento dos
monitores contratados pela
ARCAFAR/SUL, responsáveis pelas
disciplinas específicas para o Curso de
Técnico em Alimentos. Estão assim
distribuídas, conforme disposto na tabela,
na sequência:
Tabela 01 - Graduação Professores/Monitores e Disciplinas que ministram aulas - CFR (2016 - 2017).
Professores
Graduação
Disciplinas
Monitores
Graduação
Disciplinas
História e Geografia
História, Geografia e
Sociologia.
Nutrição
Bioquímica de Alimentos,
Nutrição e Dietética, Análise
dos Alimentos.
Letras-Habilitação
Português/Inglês
Língua Portuguesa,
Arte e Língua Inglesa.
Tecnologia em
Controle de
Processos Químicos
Informática, Microbiologia
dos Alimentos, Segurança do
Trabalho e Controle
Ambiental, Tecnologia dos
Alimentos.
Ciências-Habilitação
Matemática, Física,
Agronomia
Estágio Supervisionado,
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Matemática
Química e Biologia.
Prática de Higiene e
Legislação dos Alimentos,
Planos de Estudo
Educação Física
Educação Física
-----
-----
Fonte: Casa Familiar Rural (2016). Organização das autoras.
Observamos que, tanto os
professores quanto os monitores, com
exceção do professor da disciplina de
Educação Física, trabalham mais que duas
disciplinas na CFR, especificamente entre
três e quatro disciplinas cada um. Alguns
ministram aulas em disciplinas nas quais
possuem formação específica, mas também
em disciplinas na qual não possuem
graduação na área.
Nesses cinco anos, a CFR atendeu o
total de 250 alunos, sem contar os
transferidos que somam 46 pessoas. As
turmas das terceiras séries em todos os
anos são as menores, o que nos permite
afirmar que os alunos matriculam-se na
primeira série e transferem-se para outra
escola ao longo do tempo, o que poderia
justificar o pequeno número de alunos que
frequentam o último ano do curso.
Conforme artigo do seu
Regimento Escolar, sua mantenedora é
constituída pela Associação da CFR,
composta pelo Conselho Superior de
Administração, com o apoio do governo do
Estado do Paraná, representado pela
Secretaria de Estado da Educação (SEED),
Prefeitura Municipal e outros órgãos.
A CFR de Coronel Vivida mantém
atualmente parcerias e convênios com a
SEED que designa docentes para
trabalhar no curso, oferece material
didático para os professores e alunos,
(livros das disciplinas da base comum da
matriz curricular) e também envia a
merenda escolar através do Programa
Nacional de Alimentação Escolar PNAE;
com a Prefeitura Municipal e Secretaria
Municipal da Agricultura designa um
valor específico mensalmente, para o
custeio de gastos permanentes, tais como
água, luz, telefone, gás para a cozinha,
alimentação e o salário do coordenador da
CFR, (um monitor de nível superior); com
o Sindicato Rural Patronal - Intermedia a
parceria com SENAR e a CFR, oferecendo
o curso Jovem Agricultor Aprendiz Para a
Série: Gestão do Agronegócio (144
horas), para a Série: Pecuária Leiteira
(96 horas), e para os alunos da Série:
Mecanização (96 horas); com a HE
Laticínios (produtora de queijos e outros
produtos derivados do leite de vaca); com a
Chácara Strapasson (produtora de
verduras, legumes e hortaliças); com a
Tosetto Embutidos (produção de salames e
outros embutidos), que são as empresas nas
quais os alunos realizam os estágios
supervisionados; com o Instituto Souza
Cruz, recentemente cinco, dos doze alunos
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matriculados na série na CFR, foram
selecionados pelo Instituto, para
participarem do programa “Novos Rurais”,
e terão a oportunidade de desenvolverem
seu Projeto de Vida, com incentivo de R$
3.000.00 (três mil reais) para cada aluno.
Os projetos de vida são: apicultura, criação
de codornas, alimentos congelados,
produção de mudas de hortaliça e
piscicultura. No que concerne ao projeto,
segundo informações do site Instituto
Souza Cruz:
A perda de um dos mais importantes
ativos do campo, a juventude, tem se
configurado em um dos principais
desafios dos pequenos
empreendimentos rurais no país.
Neste cenário, torna-se estratégico
dotar os jovens de ferramentas e
instrumentos capazes de viabilizá-los
enquanto agentes sociais, com
potencial de alavancar melhores
condições de vida para suas
comunidades, gerando renda e
tornando-se motores do
desenvolvimento rural. Este é o foco
do programa Novos Rurais ... O
programa oferece novas habilidades e
competências aos egressos e
estudantes do Ensino Médio ...
transformando-os em agentes capazes
de agregar valor aos produtos e
serviços da agricultura familiar.
(Educação para a Sustentabilidade do
Campo, [s./d.]).
Não obstante, ao tratar a agricultura
familiar como pequeno negócio do campo,
é reforçada a concepção de que o jovem
deve criar, desenvolver e gerenciar um
Projeto de Vida, que assume a
característica de um negócio empresarial,
para dar-se bem e gerar lucros para a
família, permanecendo assim, por méritos
e responsabilidade unicamente seus, no
campo.
É oportuno destacar que um
incentivo financeiro para os alunos da
CFR, aliados às formações e cursos que o
Instituto oferece, com o objetivo de
conectá-los com a ideologia neoliberal,
visando fomentar o empreendedorismo
neles e dotá-los com instrumentos e
ferramentas, habilidades e competências
para que possam concretizar pequenos
empreendimentos em suas propriedades
rurais, tornando-os geradores de renda.
Outra minúcia importante para
observar é que o Instituto Souza Cruz, em
seu site, apresenta como uma organização
não governamental sem fins lucrativos, que
elegeu “o campo como foco prioritário de
suas ações, voltadas para a agricultura
familiar sustentável”, não informam que
esse instituto está relacionado à empresa
líder no mercado nacional de cigarros
Souza Cruz, da qual possui seis das dez
marcas mais vendidas no Brasil,
produzindo cerca de 90 bilhões de cigarros
por ano.
Não intencionamos adentrar no
mérito dessa discussão, entretanto, não
podemos ignorar a dicotomia entre o que a
empresa Souza Cruz comercializa e a
sustentabilidade que propaga de uma vida
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de melhor qualidade para as pessoas, que o
Instituto que leva seu nome defende.
Ao assumir um discurso sustentável,
porém capitalista, o Instituto constrói um
marketing do ambientalmente correto de
uma indústria comercializadora de
cigarros, mas compensa a sociedade com
projetos ideologicamente corretos para os
preceitos neoliberais.
Observamos ainda que dos cinco
(05) projetos de vida escolhidos, três (03)
pertencem a alunos que residem na cidade.
Logo, a especificação do programa torna-
se novamente contraditória. Conforme
referenciado, o enxerto explicativo feito
pela Souza Cruz diante de sua inquietação,
ao afirmar que “A perda de um dos mais
importantes ativos do campo, a juventude,
tem se configurado em um dos principais
desafios dos pequenos empreendimentos
rurais no país”, demonstra intencionalidade
de fazer com que estes alunos bem
sucedidos continuem vivendo no campo,
entretanto, como essa permanência será
possível se alguns desses jovens estão na
zona urbana?
De modo algum, essa
incompatibilidade entre conceituação e
prática, no momento da escolha dos
alunos, tirará o mérito dos alternantes
quanto à dedicação a seus projetos de vida,
mas fica uma lacuna diante desse
paradoxo, de investir em um projeto para
assegurar, entre outras coisas, que o aluno
continue em um lugar de onde ele saiu,
ou mesmo, nunca firmou morada fixa.
Sobre as finalidades da CFR,
podemos encontrá-las distribuídas nos
artigos e de seu Regimento. No
Artigo especifica-se que “a Casa
Familiar Rural tem como finalidade ofertar
educação para adolescentes e adultos bem
como preparação para o trabalho, através
de metodologia adequada ao
desenvolvimento integral do aluno”.
(Coronel Vivida-PR, 1997, p. 02).
Percebemos que o Regimento
Escolar da CFR encontra-se desatualizado,
pois como se pode observar em seu artigo
inciso II menciona-se ainda o curso de
Técnico em Agricultura, uma vez que
desde o ano de 2009 o curso ofertado
passou a ser o de Técnico em Alimentos.
Também é possível apreender em seus
documentos a influência escolanovista
referenciada nos objetivos da CFR, bem
como a valorização na aquisição de
competências e habilidades.
Ribeiro (2013), na sua investigação,
constatou a relevante influência de teóricos
como Dewey, Piaget e Edgar Morin, além
de outros nomes como Paulo Freire,
Frenet, Decroly, Cousinet, Montessori e
Carl Rogers nas práticas e concepções das
CFRs, no sentido dessa tendência transitar
por várias vertentes pedagógicas, revelada
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no Regimento Escolar da CFR de Coronel
Vivida PR.
No Paraná, todas as CFRs se
reportam a uma “escola-base” para
assuntos referentes à documentação escolar
e também à lotação e encontros para
capacitação dos professores, que são
cedidos pela SEED. A escola base da CFR
de Coronel Vivida, desde o ano de 2007 é
o Colégio Estadual Arnaldo Busato -
EFMNP situado na área central do
município.
De acordo com a Instrução n. 01 de
23 de maio de 2016 SUED/SEED, a
Escola Base é responsável pelo suprimento
dos professores que irão atuar na CFR;
pelo registro escolar e certificação escolar
dos alunos; em prestar atendimento
pedagógico aos professores(as) e
alunos(as); repassar os livros didáticos de
direito dos alunos; permitir o acesso ao
espaço físico (quadra de esporte,
biblioteca, laboratórios e outros); incluir
nas atividades jogos escolares, feira de
ciências, festas e outras atividades
extracurriculares.
A Instrução mencionada proporciona
indagações, ao considerar designações à
Escola Base em relação à CFR, questões
sobre como ocorre essa vinculação na
prática? Como é realizado esse
atendimento pedagógico? Como acontece
o acesso e utilização do espaço físico da
Escola Base pelos alunos da CFR? Como é
a participação nas atividades
extracurriculares? São possibilidades a
serem questionadas, o que indica o quanto
é necessário que se percorram as vielas,
que compõe a prática da Alternância, ao
reconhecer seus pormenores para melhor
entendê-la na totalidade.
Os alunos da Casa Familiar Rural de
Coronel Vivida
Na intenção de conhecermos quem
são os alunos que frequentam a CFR no
ano de 2016 e o que pensam sobre a sua
formação, bem como o olhar dos pais
sobre essa formação, trabalhamos com as
entrevistas semi-estruturadas e
questionário que nos fornecessem
subsídios, sobretudo, para a construção do
cenário de análises, com o auxílio de suas
falas cotejadas com a bibliografia
selecionada e a realidade observada.
A CFR, no período letivo de 2016,
conforme mencionado anteriormente,
estava com quarenta (40) alunos: dezesseis
(16) na 1ª, treze (13) na e onze (11) na
3ª série do curso de Técnico em Alimentos.
Desses, onze (11) são do sexo feminino, o
que representa 30% do total de alternantes,
e vinte (28) do sexo masculino, com um
total de 70%.
Também apuramos que dez (10)
alunos encontram-se fora da faixa etária,
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em relação ao ano do curso, todos com um
ano a mais da idade indicada e do sexo
masculino, o que representa 25% do total
dos alunos, quantidade expressiva se
levarmos em conta o número de
matrículas. Sobre o espaço onde moram,
apurou-se que vinte e dois (22) jovens
residem no campo, o que revela 55% do
total de alunos e dezoito (18) vivem na
zona urbana, o que soma o total de 45% de
jovens matriculados neste período letivo na
CFR. Abaixo, os gráficos com as
informações.
Gráfico 02 - Total de alunos de ambos os sexos frequentando a CFR de Coronel Vivida - PR (2016).
Fonte: Questionário. Organização das autoras.
Gráfico 03 - Total de alunos de ambos os sexos morando no campo e na cidade (2016).
Fonte: Questionário. Organização das autoras.
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Os dados informados revelam que
30% dos alunos são do sexo feminino,
enquanto que os do sexo masculino têm
preeminência de 70%. Muitos podem ser
os motivos dessa diferença significativa,
talvez um reflexo da masculinização que
acontece no campo, segundo Zago (2016) e
Silva (2014). Vale destacar que a proposta
do curso é para que os jovens permaneçam
no meio rural.
Outro fator expressivo é o caso de
45% desses alunos morarem na zona
urbana do município, apenas 5% menos
que os jovens provenientes do campo. Esse
alto índice é desconexo do discurso da PA,
de acordo com o Parecer CNE/CEB nº 1 de
01 de fevereiro de 2006, no qual expõe um
dos objetivos dos CFRs “a formação
integral dos jovens do meio rural,
adequada à sua realidade”. (Brasil, 2006).
Igualmente destoante ao que Gimonet
(2007, p. 155) define como uma proposta
para “trilhar outro caminho para a
formação, para a educação dos jovens do
meio rural. Um caminho sustentado por um
projeto para o homem, para a agricultura,
para a ruralidade”.
Ou ainda segundo Colossi e Estevam
(2003, p. 22):
A modalidade de educação
proporcionada pela CFR, além de se
propor a enfrentar o empobrecimento
cada vez maior das famílias que
vivem no meio rural, poderá ser um
fator de aproximação das relações
familiares e comunitárias ... Objetiva-
se, com esta metodologia de
construção coletiva do saber, que os
filhos dos agricultores venham
conquistar uma formação qualificada
e plural.
Há, realmente, um contrassenso
sobre o que os pesquisadores pensam e o
Parecer, citado, aponta como
intencionalidade da PA, praticada nas
CFRs. Torna-se dificultoso o caminho para
auxiliar os alunos adequar-se ao meio
rural, com uma proposta de formação que
os auxilie a enfrentar situações de
dificuldades que surgem no cotidiano do
campo, quando parte desses sujeitos vive
na cidade.
Acreditamos que apesar de ser um
curso especificamente voltado para o
cuidado e trabalho com a terra, mesmo
assim, existe o interesse dos alunos que
vivem na zona urbana, o que não deixa de
ser uma possibilidade de preparar-se para o
mercado de trabalho, ao adquirirem
competências em um curso técnico, para
competir por futuras vagas de emprego,
como sugere a ordem vigente. Tendo em
vista a baixa procura dos alunos do campo
pelo curso e, carecendo de alunos para
compor as turmas, a CFR acaba por
miscigenar seu quadro.
Dessa forma, a CFR pode
comprometer a implementação de alguns
dos instrumentos da PA, como, por
exemplo, o Caderno de Realidade ou
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Caderno de Vida, que conforme Gimonet
(2007) é desenvolvido a partir da
observação e análise do trabalho na
propriedade, ao proporcionar ao aluno a
união entre a experiência do trabalho e a
vida familiar e social.
Para ilustrar essa situação de
ausência, tomaremos como referência a
resposta de dois alunos moradores da
cidade, quando questionados sobre como
realizam as atividades práticas na semana
que não estão na CFR:
Ai, eu nunca fiz, falar a verdade ...
Às vezes você gostou do assunto,
mas você não tem como pôr em
prática o que você aprendeu aqui ...
Você falar para as pessoas é uma
coisa, agora você pegar, falar e pôr
em prática, mostrar, é bem diferente.
O maior desafio acho que é você não
poder ter uma propriedade pra você
pôr em prática tudo que você
aprendeu. (Débora, 07/04/2016).
Não, eu não vou em propriedade
nenhuma. Na verdade até conhecer
gente eu conheço, do campo ... mas
que desenvolver algum projeto,
não. (Guilherme, 18/04/2016).
As circunstâncias de vida desses
alunos, como se pode observar,
impossibilita que se articulem os tempos
espaços de sua formação. A observação,
confrontação, diálogos e constatações
ficam comprometidos diante da não
ruptura desses tempos e lugares.
Sem ter como superar a fase do
questionamento e da análise, esses alunos
privam-se da prática, porque em algumas
situações, no lugar de uma propriedade no
campo, moram em uma casa na cidade,
sem terra para dar continuidade ao que foi
iniciado em suas observações e discutido
na CFR. Diante disso, para muitos o que
resta fazer é uma calçada com plantas
cultivadas em vasilhames.
Ao dar continuidade às discussões
empreendidas pelos entrevistados,
constatamos que desses quarenta (40)
alunos, dezenove (19) sempre moraram no
campo, onze (11) moraram na cidade, sete
(07) residiam no campo e agora estão na
cidade, dois (02) vivem na cidade e
agora moram no campo, e um (01) morou
no campo, mudou-se para a cidade e
retornou ao campo.
As respostas dos alunos apontam
para uma interessante dinâmica migratória
no município, pois nota-se a saída de sete
(07) famílias do campo para a cidade, mas,
em contrapartida, também se percebe que
duas (02) famílias fizeram o sentido
inverso, saindo da zona urbana para o
campo. Esse retorno ao campo, de acordo
com Silva (2014), nem sempre significa o
início ou retorno às atividades agrícolas.
Por vezes, essas famílias deslocam-
se para o campo em virtude do custo de
vida mais baixo, em relação à cidade, ao
diminuir as despesas mensais da casa, não
precisando em alguns casos pagar aluguel,
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a conta de água, por exemplo, uma vez que
podem produzir parte do alimento para seu
sustento nesse lugar. Em outros casos, a
falta de trabalho também pode ocasionar
esse regresso ou ingresso ao meio rural.
Portanto, esse movimento de
migração ainda que pequeno, não significa
necessariamente trabalhar na agricultura.
Muitas vezes, o que ocorre é o campo
como lugar de estadia, mas a renda maior
ainda é tirada do trabalho na zona urbana.
Salientamos que essa exposição abre outras
possibilidades. Contudo, não temos, nesse
trabalho, a pretensão de respondê-las, mas
acreditamos na necessidade de pesquisas
que se disponham a isso, a fim de
compreendermos a nova dinâmica que se
desenha no campo, inclusive em cidades
menores, como é o caso de Coronel
Vivida.
Constatou-se também que entre as
vinte e duas (22) famílias do campo, duas
(02) não possuem terreno próprio. Das
dezoito (18) famílias residentes na zona
urbana, quatorze (14) mora em casa
própria, duas (02) em casa cedida e duas
(02) em casas alugadas, e ainda, dessas
famílias residentes na cidade, três (03) têm
terreno no interior do município.
Em relação à atividade de
observação e prática dos conhecimentos
adquiridos na CFR, vinte (23) alunos
responderam que realizam essa etapa do
aprendizado em suas casas no interior,
como, por exemplo, de um aluno que mora
na cidade, cuja família possui terreno no
campo. Outros onze (11) afirmaram que
fazem isso em suas casas na zona urbana, e
seis (06) responderam que não
desenvolvem essa etapa.
Essas respostas dos alunos recaem
sobremaneira sobre a possibilidade da PA
fundamentar a formação deles, pois, se não
existe a contínua vinculação entre teoria e
prática e a formação integral do aluno, a
articulação entre os espaços-tempos que se
relaciona à Alternância é desenvolvida em
residências na zona urbana, o que pode
comprometer o seu desenvolvimento, uma
vez que a sua proposta foi pensada para o
filho do agricultor, trabalhador rural, que
mora e trabalha no campo.
No que se refere à quantidade de
terras de todas as famílias proprietárias,
nenhuma excedeu 15 alqueires, ou 37,5
hectares, o que caracteriza, portanto, as
famílias dos alunos em pequenos
proprietários, ou agricultores familiares e
famílias residentes na zona urbana.
A respeito dessas características,
Silva (2001) identifica o que seria uma
espécie de êxodo agrícola e não
propriamente o êxodo rural, uma vez que
essas famílias continuam no campo, mas
sua renda principal passa a ser proveniente
de atividades fora da propriedade familiar,
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pois, “o emprego de natureza agrícola
definha em praticamente todo o país, mas a
população residente no campo voltou a
crescer; ou pelo menos parou de cair”.
(Silva, 2001, p. 40). De acordo com o
autor, grande parte da diminuição do
trabalho agrícola deve-se à mecanização
desenvolvida no campo, em que as
máquinas e a tecnologia impulsionam a
dispensa da parte dos trabalhadores.
Silva (2014) explicita que até o final
de 1999, segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio -
PNAD, dos 15 milhões de pessoas
economicamente ativas residentes no meio
rural do país (com exceção da região
Norte), quase 4,6 milhões trabalhavam em
ocupações não agrícolas, como
empregadas domésticas, serventes de
pedreiro, entre outras. A esse respeito,
Silva (2001) denomina essas famílias de
pluriativas, pelo motivo de seus membros
viverem no campo e exercerem atividades
de cunho agrícola e não agrícola. Nessa
nova conjuntura:
A gestão familiar inclui agora outros
“negócios” não-agrícolas como parte
de sua estratégia de sobrevivência
(maioria dos casos) ou mesmo de
acumulação. Em outras palavras, o
centro das atividades da família
deixou de ser a agricultura porque a
família deixou de ser agrícola e se
tornou pluriativa ou não-agrícola,
embora permaneça residindo no
campo. (Silva, 2001, p. 43).
Ou seja, é essa a representação dos
oito alunos e suas famílias que
frequentaram as aulas da CFR, no
município de Coronel Vivida PR, no ano
letivo de 2016.
Avanços, limites e desafios da Casa
Familiar Rural de Coronel Vivida PR
na formação alunos
Não poderíamos discorrer sobre os
possíveis avanços, limites e/ou desafios da
CFR de Coronel Vivida, sem
considerarmos à PA, anunciada enquanto
cerne de sua recorrente prática. Nesse
sentido, as imputações aqui designadas à
CFR recairão respectivamente sobre a PA,
tendo em vista que observamos o caráter
indissociável entre ambas.
Dentre esses oito (08) alunos,
observamos a ínfima ou quase irrisória
junção da prática à teoria. Não há por parte
dos monitores e professores um trabalho
desenvolvido no sentido de aglutinar essas
duas etapas, do aprendizado de modo a
articulá-las concomitantemente, fazendo-as
parte de um processo contínuo, interligado
e ininterrupto. Nesse sentido, um dos
entrevistados assim afirmou:
O que aprende aqui você pode aplicar
em casa, a semana que tá em casa. Se
o aluno tiver interesse ele aplica lá.
Henrique (19/09/2016).
Ou seja, Henrique, morador do
campo, evidencia em seu relato que se o
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aluno quiser ele aplica o que aprende na
CFR. Outro entrevistado relatou:
Aquilo que às vezes eu aprendo aqui,
eu levo e passo pro meu pai pra
melhorar o nosso serviço lá.
(Leonardo, 03/10/2016).
Além do movimento contrário
indesejado pela PA, de submeter o
exercício da prática após o
desenvolvimento da teoria,
desconsiderando fatores como a
experiência, observações e proposições dos
alunos, a precipitação do que seria esta
prática, talvez entendida como uma
atividade solitária sem o acompanhamento
de monitores e participação dos pais.
Algo semelhante como preencher um
relatório com instrumentos de trabalho
específicos da lavoura pode ser um
exemplo de um seguimento prático de
como fazer algo discutido em classe,
contudo, a experiência antecede a prática e
necessita ser explorada, confrontada e
discutida. Essa experiência deve partir das
vivências e observações do aluno em sua
contínua transição de espaços.
Outro dado que chama atenção é o
desenvolvimento dos Planos de Estudos e,
posteriormente, do Projeto de Vida.
Quanto aos primeiros, são temas pré-
determinados, explorados teoricamente,
primeiro de maneira expositiva e
culminado em visitas de campo, ou
palestras; o segundo é desenvolvido ao
longo dos últimos meses de aula.
Entretanto, conforme os depoimentos,
constatou-se que na maioria das vezes não
são postos em prática esse plano e projeto,
ou seja, novamente não se adéqua com a
proposta da PA.
Desses oito (08) alunos, conforme
expusemos anteriormente, os quatro (04)
selecionados pelo Projeto Souza Cruz
declararam que desenvolverão o projeto,
uma vez que contam com auxílio
financeiro. Os demais não têm expectativas
para desenvolver seus projetos de vida,
seja por falta de espaço, condições
financeiras ou outros motivos.
Quanto às visitações dos monitores e
professores, alunos e famílias afirmaram
recebê-las em número reduzido, e no
período de 2016 ainda não haviam
acontecido por falta de carro, pelo menos
até o mês de setembro. Entretanto, isso não
parece incomodar as famílias e os alunos
que não veem a impossibilidade de visitas
mais constantes, ou mesmo que influencie
o desenvolvimento da propriedade rural
(quando há).
Outra necessidade percebida na CFR
está relacionada à quantidade de
monitores. Como são três (03) turmas
recebidas em semanas alternadas com
atendimentos personalizados a serem
feitos, visitas técnicas e domiciliares às
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famílias dos alunos, preparo de aulas, além
de outros serviços burocráticos,
compreendemos que três (03) monitores de
nível superior e um monitor de nível médio
não são suficientes para a realização
efetiva e constante desde trabalho, o que
pode comprometer a proposta da PA.
Portanto, reconhecemos a escassez no
quadro funcional da CFR analisada.
Também percebemos que a PA e,
consequentemente, a prática na CFR,
assume um caráter híbrido em suas
vertentes pedagógicas, com expressiva
predominância do escolanovismo
iv
, ao
aliar, portanto, o desenvolvimento de
competências dos alunos à sua capacidade
de empreender e, ainda, que em sua prática
na CFR, a proposição da PA não acontece
efetivamente em sua totalidade, pois não
indicativos de que haja internamente
uma contraproposta à sua formulação.
Esse preceito escolanovista contraria
o que Saviani (2012) define enquanto
teoria crítica da educação, capaz de
oferecer às camadas populares subsídios
para que lutem, na tentativa de evitar que
interesses dominantes dela se apropriem
(da educação), o que pode afetar o seu
domínio social, econômico e capital
humano. Sobre a Escola Nova, Saviani
(2012, p. 77) assim explicita:
Veja-se o paradoxo em que
desemboca a Escola Nova; a
contradição interna que atravessa de
ponta a ponta a sua proposta
pedagógica; de tanto endeusar o
processo, de tanto valorizá-lo em si e
por si, acabou por transfor-lo em
algo místico, uma entidade
metafísica, uma abstração esvaziada
de conteúdo e sentido.
Ou seja, a CFR é uma escola de
cunho capitalista que ainda obtêm sucesso,
se analisada do ponto de vista burguês,
tendo em vista a realização de um curso
técnico, no caso da CFR, de Coronel
Vivida, preparador para o ingresso
específico ao mercado urbano de trabalho.
Desse modo, reiteramos esta postura
metodológica refletida em uma formação
técnica voltada aos interesses do mercado,
bem como parcerias com instituições que
ofertam cursos que estimulem os alunos a
ações empreendedoras, como, por
exemplo, a parceria com o SENAR, que
oferece o curso Jovem Agricultor Aprendiz
e com projetos como Novos Rurais,
oferecidos pela ONG Souza Cruz. Assim, a
CFR torna-se favorecedora e mantenedora
da ordem vigente. Nesse sentido, Freitas
(2011, p. 118) pontua que:
Sem conhecimento, sem domínio da
realidade atual e sem capacidade de
auto-organização, os estudantes não
podem se envolver adequadamente
nas tarefas de construção de novas
formas de organização para a escola
e para a sociedade. Não é sem razão
que a escola capitalista sonegue estas
capacidades à classe trabalhadora.
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É evidenciado o caráter dualista da
educação oferecida pela CFR, que acaba
por qualificar mão de obra para o mercado
local urbano. Apesar da PA ser
prioritariamente voltada para o
atendimento dos filhos dos agricultores, o
curso ofertado na CFR prepara para o
mercado de trabalho na cidade, isto é, para
as empresas das quais normalmente os
alunos desenvolvem seus estágios.
O trabalho está presente em todas as
dimensões da vida humana, não se
restringindo ao emprego, propriamente
dito. O trabalho não está presente apenas
no campo econômico, mas se manifesta em
atividades biológicas, culturais, sociais,
afetivas, entre outras, instaurando-se,
também, na educação como um princípio
educativo. Sobre isso, Saviani (2012, p.
175) discorre:
Quando consideramos o trabalho
como princípio educativo, estamos
querendo dizer que o trabalho,
enquanto elemento fundante e
determinante da vida humana em seu
conjunto é, por consequência,
fundante e determinante da educação.
Ou seja: uma vez que o trabalho é
“condição natural eterna da vida
humana”, em qualquer sociedade o
trabalho se comporta como princípio
educativo, isto é, determina a forma
como é constituída e organizada a
educação ... Sem se considerar o
trabalho e a forma concreta pela qual
ele define o modo de produção da
vida humana numa situação histórica
determinada, não será possível
entender a forma assumida pela
educação na referida situação
histórica.
Ou seja: mais do que adaptabilidade
e uma profissão. Além de um projeto
comunitário ambicioso e sustentável, se
torna mais do que fixar e solidarizar. Dito
com outras palavras, uma educação que
seja instrumento para a emancipação
humana precisa superar práticas que
legitimam e reproduzem os interesses de
classes das quais inegavelmente o
predomínio de uma sobre a outra.
Concomitante a isso, Kuenzer (1991, p. 92)
aponta:
Reconhecer que o trabalho, na
organização da sociedade, é o
princípio educativo primeiro, é
fundamental para superar a
concepção burguesa da relação entre
educação e trabalho, na qual a escola
deverá articular-se com o trabalho
como estratégia de socialização e
qualificação do trabalhador, tendo em
vista as necessidades postas pelas
relações capitalistas, com toda a sua
dinamicidade.
Nesse sentido, encontramos
dificuldade em identificar na CFR uma
prática de superação. No entanto, se
fizermos alusão às descrições e
conceituações anteriores de alguns
estudiosos, perceberemos a incidência da
adaptabilidade, concorrência,
competitividade e do aprender a aprender.
Ou seja, o caráter neoliberal sugere uma
prática também como referência ao ensino
escolanovista, conceituado por Saviani,
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como aquele que prepara para que os
sujeitos sejam cada vez mais empregáveis.
Conforme Sader (2008, p. 15), no
prefácio da obra de Mészáros intitulada “A
ducação para além do capital”,
Ao pensar a educação na perspectiva
da luta emancipatória, o poderia
senão restabelecer os vínculos tão
esquecidos entre educação e
trabalho, como que afirmando:
digam-me onde está o trabalho em
um tipo de sociedade e eu te direi
onde está a educação. Em uma
sociedade do capital, a educação e o
trabalho se subordinam a essa
dinâmica, da mesma forma que em
uma sociedade em que se
universalize o trabalho uma
sociedade em que todos se tornem
trabalhadores -, somente se
universalizará a educação ... Antes
disso, educação significa o processo
de “interiorização” das condições de
legitimidade do sistema que explora
o trabalho como mercadoria, para
induzi-los à sua aceitação passiva.
Para ser outra coisa, para produzir
insubordinação, rebeldia, precisa
redescobrir suas relações com o
trabalho e com o mundo do trabalho,
com o qual compartilha, entre tantas
coisas, a alienação. Para que serve o
sistema educacional ... se não for
para lutar contra a alienação?
Na sequência das análises,
questionamos os alunos e seus familiares
sobre como acontecem as tomadas de
decisões e o desenvolvimento do trabalho,
especificamente na propriedade. Diante
disso, constatamos que não ocorreram
mudanças significativas a partir do
ingresso dos alunos na CFR. A seguir,
alguns relatos sobre quem determina,
escolhe, e/ou decide quais e como serão
realizadas as atividades nas propriedades
rurais, como, por exemplo, os relatos de
Helena e Leonardo, respectivamente,
alunos moradores no campo: “Meu pai. Ele
decide, ele vai e faz ... Ele quer do jeito
dele. Ele não aceita assim que você e
mude. Ele quer sempre do jeito dele”.
(Helena, 18/04/2016).
A parte assim de trabalho forçado é o
pai, e assim o trabalho pequeno é a
minha mãe. (Leonardo, 03/10/2016).
Francisco e Alice, pais moradores no
campo, também se pronunciaram:
A maioria é eu. A maioria é eu que
decido. (Francisco, 20/09/2016).
Meu marido. (Alice, 01/10/2016).
Salientamos que nas respostas dos
alunos e familiares do meio urbano,
também prevaleceu a figura paterna em
relação às tomadas de decisões
relacionadas às atividades residenciais.
É igualmente importante registrar
que constatamos pontos positivos na
proposta de formação da CFR, entre eles,
número menor de alunos nas turmas, se
comparada a ensino médio regular, o que
certamente contribui para o
acompanhamento mais sistemático do
aprendizado dos alunos pelos professores e
monitores; o período integral de estudos,
que consequentemente proporciona um
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maior tempo de estudo aos alunos, o que
não acontece no ensino médio regular.
No entanto, citado diversas vezes
pelos alunos, durante as entrevistas, o
atendimento personalizado que a PA adota
trata de um momento específico do
professor ou monitor com o aluno, para
conversar, tirar dúvidas, olhar o caderno e
as atividades, além do convívio diário entre
os alunos em sua diversidade, importante
para desaf-los a conhecer diferentes
vidas, realidades e costumes.
Não podemos deixar de citar a
segurança extremamente evidenciada pelos
pais, que a CFR oferece aos alunos, ao
transmitir confiança e tranquilidade às
famílias. Por se tratar de regime de
internato e um local embora não distante,
porém retirado da cidade, os alunos não
precisam deslocar-se até a escola, visto que
o fluxo de alunos é reduzido e possibilita
não apenas aos profissionais da CFR os
identificarem facilmente, mas que os pais
reconheçam quem são os colegas de seus
filhos.
Além disso, a rotatividade dos
professores cedidos pela SEED à CFR é
baixa, o que permite um vínculo maior
com os alunos, o que resulta numa
aproximação e na possibilidade de um
trabalho a médio e longo prazo, tendo em
vista que durante os três anos que os
alunos permanecem na CFR, normalmente
não há substituição de professores nela.
Balizada a síntese que dispusemos
empreender sobre os prováveis avanços,
limites e/ou desafios da formação dos
alunos CFR de Coronel Vivida,
constatamos que a sua prática não alcança
as finalidades da PA, promulgadas por
Gimonet (2007), a recordar: formação
integral do aluno e contribuição ao
desenvolvimento do meio, o que
eventualmente pode não ocasionar
mudanças expressivas na propriedade
(quando ), e igualmente nas residências
urbanas.
O grande diferencial da CFR, de
acordo com alternantes e familiares é
creditada ao curso técnico, que em nenhum
momento foi citado como colaborador no
processo de produção nas propriedades,
mas como ampliador da possibilidade de
ingresso ao mercado de trabalho. Fato esse
contraditório aos objetivos e intenções da
educação do campo, uma vez que deveria
estar relacionado ao compromisso com um
projeto político de sociedade, relacionado
com a formação humana, trabalho, cultura
e lutas sociais, tendo como protagonistas
os próprios trabalhadores (Caldart et al.,
2012).
Destacamos ainda o desejo pela
permanência no campo de 03 (três) dos
quatro (04) alunos ouvidos, que residem no
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meio rural. Contudo, contrariamente
três (03) famílias que gostariam que eles
optassem por trabalhar e morar na zona
urbana, enquanto uma (01) não
demonstrou influenciar ou intervir sobre
essa decisão.
Ao considerar as justificativas dos
alunos sobre sua vontade em continuar no
meio rural e a sua preferência por
permanecer no campo não estar
diretamente ligada à sua participação na
CFR, mas à sua estada na CFR,
compreendemos que pode ter sido
inspirada pelo seu desejo de permanecer no
campo, tendo em vista as poucas ou
inexistentes práticas formativas nas
propriedades e a característica do curso
técnico, que de acordo com sua
especificação, configura-se em elemento
para a aquisição de conhecimentos e
competências preparatórios para o mercado
de trabalho urbano.
Entretanto, não podemos deixar de
considerar que as visitas de campo, o
contato com outras propriedades e outros
alunos moradores do meio rural, bem como
as demais formações durante o curso
técnico, possam ter exercido alguma
influência na decisão dos jovens, embora
não tenha sido essa a justificativa por eles
empregada.
Após efetuarmos, portanto,
observações concernentes aos avanços,
limites e desafios da formação dos alunos
na CFR de Coronel Vivida, dispomos
abaixo as nossas constatações:
Avanços Número reduzido de
alunos por turma; período integral de
estudos; relacionamento expressamente
positivo entre os alunos, monitores e
professores da Casa; segurança;
atendimento personalizado.
Limites Poucos alunos provenientes
do campo; pouca ou irrisória junção da
prática a teoria nas propriedades; planos de
Estudo pré-determinados; Projeto de Vida
do aluno desenvolvido durante os últimos
meses do curso; dificuldades para efetivar
a prática do Projeto de Vida; visitações
reduzidas às famílias; estrutura física da
CFR necessitando de reparos; insuficiência
de recursos financeiros para a CFR; a
necessidade de parcerias entre Estado,
município, empresas privadas, ONGs,
entre outros para o funcionamento da Casa;
participação reduzida do Estado;
hibridismo nas vertentes pedagógicas, com
predominância do escolanovismo.
Desafios Desenvolver um trabalho
que una a teoria e a prática; melhor
apreciação referente às experiências e
observações dos alunos e familiares;
planos de Estudo elaborados a partir das
discussões e necessidades das famílias no
tocante a propriedade; desenvolver o
Projeto de Vida em maior tempo;
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melhorias da estrutura física da CFR;
usufruir mais e melhor o período de
estudos em que os alunos estão em suas
residências, no que diz respeito às práticas
da PA; um curso técnico que melhor
atenda às necessidades do trabalho no
campo.
Consideramos oportuno afirmarmos
que embora reconheçamos as limitações e
os desafios impostos à CFR, através da
prática da PA, entendemos sua
significância no que se refere à formação
dos alunos que se inserem nesse espaço. É
pertinente observar suas limitações, no
sentido de reconhecermos os desafios
impostos aos que ali trabalham e estudam.
Por meio desse reconhecimento e
conscientização, é que poderão organizar
outros meios de reivindicar mudanças, e
que seja maior a participação do Estado
nesse processo, para uma possível
reestruturação da metodologia da PA
desenvolvida na CFR.
Não compactuamos com a ideia de
fechamento das CFRs, mas com a
concepção de uma reelaboração
expressiva, a começar por suas vertentes
pedagógicas ecléticas, sem esquecer sua
deficiência estrutural e financeira, na qual
a população local colabora para sua
manutenção.
Salientamos, ainda, que o
fechamento das CFRs ocorridos no início
do período letivo do ano de 2017, no
Estado do Paraná, interfere não apenas na
possibilidade de mais opções para os
alunos, no momento de decidirem onde
estudarão, mas também diminui a
possibilidade desses mesmos alunos terem
uma formação que melhor se aproxime de
sua realidade e condições de moradores e
trabalhadores do campo.
Entendemos que o governo talvez
não esteja desse modo interessado em
adequar as CFRs às necessidades do
campo e o fechamento das mesmas, parece
ser o caminho mais simples para encerrar
os impasses que as permeiam até aqui,
como, por exemplo, as garantias
financeiras e estruturais necessárias para a
continuidade de seu funcionamento.
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Doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
24782016216404
i
Utilizaremos a sigla CFR, todas as vezes que nos
referirmos a Casa Familiar Rural.
ii
Utilizaremos a sigla PA, todas as vezes que nos
referirmos a Pedagogia da Alternância.
iii
Escola Base - As CFRs no Paraná são vinculadas
a uma Escola Base no munícipio, Instrução Nº01 de
23 de maio de 2016 SUED/SEED.
iv
Para saber mais sobre a conceituação do
escolanovismo, ver Saviani, D., & Duarte, N.
(2012). Pedagogia histórico-crítica e luta de
classes na educação escolar. Campinas: Autores
Associados.
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 02/02/2018
Aprovado em: 26/04/2018
Publicado em: 24/04/2019
Received on February 02nd, 2018
Accepted on April 26th, 2018
Published on April, 24th, 2019
Contribuições no artigo: As autoras foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final a ser publicada.
Author Contributions: The authors were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version to be published.
Conflitos de interesse: As autoras declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Yolanda Zancanella
http://orcid.org/0000-0002-6924-1078
Andréia Aparecida Detogni
http://orcid.org/0000-0002-3283-5761
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Zancanella, Y., & Detogni, A. A. (2019). Pedagogia da
Alternância proposta de formação: Casa Familiar do
município de Coronel Vivida PR. Rev. Bras. Educ.
Camp., 4, e4936. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e4936
ABNT
ZANCANELLA, Y.; DETOGNI, A. A. Pedagogia da
Alternância proposta de formação: Casa Familiar do
município de Coronel Vivida PR. Rev. Bras. Educ.
Camp., Tocantinópolis, v. 4, e4936, 2019. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e4936