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como aquele que prepara para que os
sujeitos sejam cada vez mais empregáveis.
Conforme Sader (2008, p. 15), no
prefácio da obra de Mészáros intitulada “A
ducação para além do capital”,
Ao pensar a educação na perspectiva
da luta emancipatória, não poderia
senão restabelecer os vínculos – tão
esquecidos – entre educação e
trabalho, como que afirmando:
digam-me onde está o trabalho em
um tipo de sociedade e eu te direi
onde está a educação. Em uma
sociedade do capital, a educação e o
trabalho se subordinam a essa
dinâmica, da mesma forma que em
uma sociedade em que se
universalize o trabalho – uma
sociedade em que todos se tornem
trabalhadores -, somente aí se
universalizará a educação ... Antes
disso, educação significa o processo
de “interiorização” das condições de
legitimidade do sistema que explora
o trabalho como mercadoria, para
induzi-los à sua aceitação passiva.
Para ser outra coisa, para produzir
insubordinação, rebeldia, precisa
redescobrir suas relações com o
trabalho e com o mundo do trabalho,
com o qual compartilha, entre tantas
coisas, a alienação. Para que serve o
sistema educacional ... se não for
para lutar contra a alienação?
Na sequência das análises,
questionamos os alunos e seus familiares
sobre como acontecem as tomadas de
decisões e o desenvolvimento do trabalho,
especificamente na propriedade. Diante
disso, constatamos que não ocorreram
mudanças significativas a partir do
ingresso dos alunos na CFR. A seguir,
alguns relatos sobre quem determina,
escolhe, e/ou decide quais e como serão
realizadas as atividades nas propriedades
rurais, como, por exemplo, os relatos de
Helena e Leonardo, respectivamente,
alunos moradores no campo: “Meu pai. Ele
decide, ele vai lá e faz ... Ele quer do jeito
dele. Ele não aceita assim que você vá lá e
mude. Ele quer sempre do jeito dele”.
(Helena, 18/04/2016).
A parte assim de trabalho forçado é o
pai, e assim o trabalho pequeno é a
minha mãe. (Leonardo, 03/10/2016).
Francisco e Alice, pais moradores no
campo, também se pronunciaram:
A maioria é eu. A maioria é eu que
decido. (Francisco, 20/09/2016).
Meu marido. (Alice, 01/10/2016).
Salientamos que nas respostas dos
alunos e familiares do meio urbano,
também prevaleceu a figura paterna em
relação às tomadas de decisões
relacionadas às atividades residenciais.
É igualmente importante registrar
que constatamos pontos positivos na
proposta de formação da CFR, entre eles,
número menor de alunos nas turmas, se
comparada a ensino médio regular, o que
certamente contribui para o
acompanhamento mais sistemático do
aprendizado dos alunos pelos professores e
monitores; o período integral de estudos,
que consequentemente proporciona um