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O acúmulo conquistado por essa
construção histórica possibilitou a
concepção do curso de Licenciatura
Plena em Educação o Campo
(LPEC), que, desde 2009, tem
ofertado uma turma-ano. Ainda que a
institucionalização do curso no
interior da Unifesspa represente a
convergência a uma política nacional
de Educação do Campo, ela
responde, mais concretamente, às
demandas do movimento de
Educação do Campo na região,
especialmente como parte da luta
pela Reforma Agrária. (Santigo,
Souza & Ribeiro, 2014, p. 11).
Mais do que a oferta de uma nova
modalidade de licenciatura, a LPEC é uma
proposta de formação que nasceu dos/com
os sujeitos do Campo (Caldart, 2011), tal
como ocorreu em outras regiões do país.
Nas regiões Sul e Sudeste do Pará, o curso
se apresenta como parte de uma luta mais
ampla na qual se insere o projeto contra-
hegemômico de formação de educadores
(as) do campo. Sob a compreensão do
compromisso do curso com a luta social, a
sua matriz curricular se estrutura em quatro
áreas de conhecimento “tendo o exercício e
a busca da interdisciplinaridade como
princípio pautado para a formação dos
educandos”. (Unifesspa, 2014, p. 15). São
elas, Ciências humanas e Sociais (CHS),
Ciências Agrárias e da Natureza (CAN),
Letras e Linguagens (LL) e Matemática
(MAT).
A opção pela formação por área de
conhecimento é considerada uma
importante estratégia dos cursos de
licenciatura por expandir a oferta das séries
finais do ensino fundamental e do ensino
médio no campo, considerando que em
muitas localidades o ensino restringe-se às
séries iniciais do Ensino Fundamental. No
contexto da ampliação do acesso ao ensino,
destaca-se que “... a intencionalidade maior
é a de contribuir com a construção de
processos capazes de desencadear
mudanças na lógica de utilização e de
produção de conhecimento no campo”.
(Molina, 2015, p. 153).
Essa lógica está relacionada ao
“processo de desestabilização de uma
ordem dada e de desnaturalização de uma
forma curricular (a disciplinar) que é
histórica, mas passa a ser assumida como a
única possível no trabalho com o
conhecimento”. (Caldart, 2011, p. 141). A
crítica a esta lógica promove o repensar,
tanto da formação do educador, como de
sua atuação docente nas localidades. Para
Molina e Sá,
... no caso da proposta de formação
por áreas, não são as disciplinas o
objetivo central do trabalho
pedagógico com o conhecimento.
Este trabalho se dirige a questões da
realidade como objeto de estudo,
tendo como base a apropriação do
conhecimento científico já
acumulado. Colocam-se, então,
indagações epistemológicas sobre a
própria concepção de conhecimento,
de ciência e de pesquisa. Indaga-se
de que forma o trabalho pedagógico
pode garantir o movimento entre
apropriação e produção do
conhecimento e a articulação entre