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multiplica os encontros de indivíduos
que trazem consigo seus
pertencimentos étnicos, suas origens
regionais ou suas redes de relações
familiares e extrafamiliares. (Agier,
2001, p. 10).
É justamente esse fluxo de mudanças
o precursor de evoluções sociais e políticas
que exigem hoje novos focos de pesquisa
na área etnográfica. A organização social
dos sujeitos do século XXI fez surgir
movimentos identitários de ordem étnica,
religiosa, racial, dentre tantos outros,
fundamentados em atitudes de retorno às
raízes, discurso largamente difundido
atualmente, e que Hall (2005) acredita ser
uma “reversão notável, uma virada
bastante inesperada dos acontecimentos”,
pois, segundo ele, “tanto o liberalismo
quanto o marxismo, em suas diferentes
formas, davam a entender que o apego o
local e ao particular dariam gradualmente
vez a valores e identidades mais universais
e cosmopolitas ou internacionais”,
homogeneizando, hibridizando as práticas
culturais.
A abordagem construtivista deve,
então, responder não só pelo contexto do
grupo social, mas também pelos processos
identitários, pela maneira em que são
construídos.
A abordagem construtivista da
identidade vai mais longe que a
simples recontextualização da
questão. Dois momentos podem ser
distinguidos na análise: por um lado,
a necessidade de experimentada por
alguns grupos, categorias ou
indivíduos de edificar, nesse ou
naquele contexto, fronteiras
simbólicas (é o momento da
identidade); por outro, o processo
dessa edificação ela própria, ou seja,
o momento da criação cultural, que
se define sempre no quadro
precedente. (Agier, 2001, p. 11).
As pesquisas necessitam então, não
só contemplar os contextos que contribuem
com a identificação dos indivíduos, mas
também analisar as hibridizações, o reflexo
da incorporação de novos significados na
vida dos sujeitos que são investigados, de
modo que sejam superadas concepções
exóticas muitas vezes mantenedoras de
uma visão tradicionalista de cultura, na
qual o sujeito parece sempre estar atrelado
às crenças ancestrais, estático na sua
maneira de relacionar, vestir, dançar,
enfim, viver. A abordagem situacional leva
à compreensão do processo de assimilação
dessas novas lógicas nas realidades locais.
Assim, “a atenção principal do
observador deve se colocar antes sobre as
interações e sobre as situações reais nas
quais os atores se engajam, do que nas
representações formuladas a piori das
culturas, tradições ou figuras ancestrais em
nome das quais se supõe que eles agem”.
(Agier, 2001, p. 12).
Hall (2005), ao tratar da retomada às
identidades locais mesmo com a
coexistência das identidades nacionais,