Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e5541
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e5541
10.20873/uft.rbec.v4e5541
2019
ISSN: 2525-4863
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A Pedagogia da Alternância nas licenciaturas em
Educação do Campo: olhar sobre as produções
acadêmicas
Tamine Santos Saul
1
, Ricardo Antônio Rodrigues
2
, Neiva Maria Frizon Auler
3
1
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências. Prédio 13B,
Secretaria, Cidade Universitária. Santa Maria - RS. Brasil.
2,3
Instituto Federal Farroupilha - IFFARROUPILHA.
Autor para correspondência/Author for correspondence: taminesk8mlks@hotmail.com
RESUMO. Este trabalho tem como objetivo investigar como
vem sendo discutida a Pedagogia da Alternância nas
Licenciaturas em Educação do Campo, nas produções
acadêmicas. Para isso, em um primeiro momento, foi realizado
um estudo bibliográfico dos históricos das Licenciaturas em
Educação do Campo e da Pedagogia da Alternância e,
posteriormente, o mapeamento das produções acadêmicas no
Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O
recurso metodológico utilizado foi a Análise Textual Discursiva
(ATD), organizada em três componentes: unitarização,
categorização e metatexto. As análises permitiram identificar
como vem sendo discutido o Regime de Alternância, nas
formações iniciais em Educação do Campo, segundo as
produções acadêmicas analisadas.
Palavras-chave: Pedagogia da Alternância, Formação Inicial
em Educação do Campo, Teoria e prática.
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The Pedagogy of Alternation in degree in Rural
Education: look at academic productions
ABSTRACT. This article had as objective to investigate how
has been discussed the Pedagogy of Alternation in the Degree
in Rural Education, in the academic productions. To this end, a
bibliographic study was carried out on the history of the
Undergraduate Courses in Countryside Education and
Pedagogy of Alternation, and later the mapping of academic
productions in the Thesis and Dissertation Bank of the
Coordination for the Higher Level (CAPES). The
methodological resource used was the Discursive Textual
Analysis (DTA), organized into three components:
unitarization, categorization and metatext. The analyzes
allowed to identify how has been discussed the Alternating
Regime, in the initial formations in Countryside Education,
according to the academic productions analyzed.
Keywords: Pedagogy of Alternation, Initial Formation in
Countryside Education, Theory and Practice.
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La Pedagogía de la Alternancia en las licenciaturas en
Educación del Campo: mirada sobre las producciones
académicas
RESUMEN. Este trabajo tiene como objetivo investigar cómo
se está discutiendo la Pedagogía de la Alternancia en las
Licenciaturas en Educación del Campo, en las producciones
académicas. Para eso, en un primer momento, se realizó un
estudio bibliográfico de los históricos de las Licenciaturas en
Educación del Campo y de la Pedagogía de la Alternancia, y
posteriormente el mapeo de las producciones académicas en el
Banco de Tesis y Disertaciones, de la Coordinación de
Perfeccionamiento de Personal de Nivel Superior (CAPES). El
recurso metodológico utilizado fue el Análisis textual
Discursivo (ATD), organizado en tres componentes:
unitarización, categorización y metatexto. Los análisis
permitieron identificar cómo se está discutiendo el Régimen de
Alternancia, en las formaciones iniciales en Educación del
Campo, según las producciones académicas analizadas.
Palabras clave: Pedagogía de la Alternancia, Formación Inicial
en Educación del Campo, Teoría y práctica.
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Introdução
A partir dos estudos teóricos sobre a
Educação do Campo, com base nas
disciplinas e nos materiais
disponibilizados durante a realização do
Curso de Especialização em Educação do
Campo e Agroecologia, no âmbito do
Instituto Federal Farroupilha Campus
Jaguari, surgiu o interesse em aprofundar
o conhecimento referente ao tema: a
Pedagogia da Alternância (doravante PA),
desde o ingresso na especialização, pelo
fato de enxergá-la como uma metodologia
fundamental para os cursos superiores do
próprio campus, por proporcionar a não
dicotomia entre a teoria e a prática e
propiciar o trabalho coletivo entre os
docentes.
Assim, pesquisar sobre a PA nas
Licenciaturas em Educação do Campo é o
foco desta pesquisa, pois se entende que a
Pedagogia da Alternância (PA) é um meio
para alcançarmos a formação omnilateral,
que contrapõe a concepção vigente
atualmente na sociedade alicerçada em um
modelo de humanidade sem história,
individualista e competitiva, buscando
apenas pelo interesse próprio (Frigotto,
2012).
Educação omnilateral significa,
assim, a concepção de educação ou
de formação humana que busca
levar em conta todas as dimensões
que constituem a especificidade do
ser humano e as condições objetivas
e subjetivas reais para seu pleno
desenvolvimento histórico.
(Frigotto, 2012, p. 265).
É nesse sentido que a educação
omnilateral contribui para esses cursos de
formação inicial, pois garante as
necessidades dos licenciandos
camponeses, contribuindo para a não
dicotomia entre teoria e prática.
O que o autor acima mencionado
defende vem ao encontro dos elementos
estruturantes da Educação do Campo
como, por exemplo, garantia do
protagonismo dos movimentos sociais,
vinculação com as lutas do campo,
formação multidisciplinar e, ainda, o
objeto desta pesquisa, a Alternância
pedagógica (Molina, 2015), que auxilia no
“... desenvolvimento intelectual, cultural,
educacional, psicossocial, afetivo, estético
e lúdico...”. (Frigotto, 2012, p. 265),
objetivando uma educação que constrói o
sujeito dentro de determinadas condições
histórico-sociais.
As Licenciaturas em Educação do
Campo vêm sendo construídas nos
últimos anos, tratando-se de uma história
recente, em torno de uma década de
existência, apenas. Seu início ocorreu
após os manifestos do MST (Movimento
Sem Terra) no Distrito Federal Brasília,
os quais impulsionaram a criação das
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Licenciaturas em Educação do Campo
como política pública.
A demanda existente e o debate
sobre a necessidade da universidade,
em parceria com os movimentos
organizados no Fórum Regional de
Educação do Campo (FREC SUPA),
continuar atuando na formação
docente, foram bases para a
construção do Curso de Licenciatura
em Educação do Campo. O curso foi
criado nacionalmente a partir do
Programa de Apoio à Formação
Superior em Licenciatura do Campo
- PROCAMPO, em 2006, no âmbito
da Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão SECADI
dentro da Política Nacional de
Educação do Campo
PRONACAMPO. (Anjos, 2015, p.
362).
A datar dessa Política Pública, de
acordo com Molina (2015), em 2007, com
um projeto piloto em quatro
Universidades Federais, a saber: Minas
Gerais UFMG, Sergipe UFS, Bahia
UFBA e Brasília UNB, foram
construídos, então, os quatro primeiros
cursos, por instituições universitárias
indicadas pelos Movimentos Sociais, com
base nos convites do Ministério da
Educação. Segundo Molina (2015, p.
151): “... foram convidadas a integrar a
proposta universidades que tinham
experiências na oferta de cursos de
Educação do Campo e parcerias com os
movimentos sociais e sindicais...”.
Atualmente, de acordo com o
quadro elaborado por Maria do Socorro
Xavier Batista (s./d.), baseado em
consultas aos Projetos Pedagógicos dos
Cursos, de quadro elaborado por Molina
(2015) e do quadro constante no Caderno
do IV Seminário da Licenciatura em
Educação do Campo (2014), existem
quarenta e oito universidades que ofertam
as Licenciaturas em Educação do Campo,
com base em cinco áreas do
conhecimento: Linguagens e Códigos
(Artes e Literatura, Artes Visuais e
Música, expressão oral e escrita em
Língua Portuguesa, Artes), Ciências
Humanas e Sociais (Filosofia e
Sociologia, História, Geografia Filosofia e
Ciências Sociais), Ciências da Natureza
(Biologia, Física e Química, Agronomia e
Biologia), Ciências Agrárias e
Matemática.
Apesar deste estudo não se detenha
em realizar um levantamento sobre a
organização dos cursos de Licenciatura
em Educação do Campo, sabe-se que eles
estão organizados dentro da PA, também
chamada de Regime de Alternância, a
qual se divide em Tempo
Escola/Acadêmico/Universidade
(TE/TA/TU) e Tempo Comunidade (TC).
Essa é uma metodologia recomendada
para as escolas do campo, pelo parecer
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CNE/CEB 1/2006, que embora trate da
Educação Básica, nos auxilia a pensar
também na Educação Superior:
A matéria é altamente relevante,
pois a Educação do Campo é
assunto estratégico para o
desenvolvimento socioeconômico
do meio rural e a Pedagogia da
Alternância vem se mostrando
como a melhor alternativa para a
Educação Básica, neste contexto,
para os anos finais do Ensino
Fundamental, o Ensino Médio e a
Educação Profissional Técnica de
nível médio, estabelecendo relação
expressiva entre as três agências
educativas família, comunidade e
escola. (Brasil, 2012, p. 39, grifo
nosso).
Pensando nessa recente história das
Licenciaturas em Educação do Campo, no
Brasil, é necessário olharmos para as
pesquisas que vêm sendo desenvolvidas
sobre a PA, nesses cursos, com o objetivo
de responder o seguinte problema de
pesquisa: como a PA vem sendo discutida
nas Licenciaturas em Educação do
Campo, segundo as produções
acadêmicas?
Desse modo, este trabalho tem por
objetivo mapear as produções acadêmicas
relacionadas à PA nas Licenciaturas em
Educação do Campo, investigando e
analisando como a PA vem sendo
discutida nas produções desse Regime
para as Licenciaturas em questão, a partir
de categorias a priori.
Desenvolvimento
Para uma melhor compreensão das
produções acadêmicas relacionadas com a
temática (Licenciaturas em Educação do
Campo e PA) inicialmente, realizamos um
levantamento do seu percurso histórico. O
texto segue trazendo presente o objeto
principal da pesquisa (Alternância
Pedagógica), o percurso metodológico e os
principais resultados elencados pela
presente pesquisa.
Histórico das Licenciaturas em
Educação do Campo
A partir da luta dos Movimentos
Sociais, a educação passou a ser
repensada para os povos do campo. Os
debates iniciaram no I Encontro de
Educadores e Educadoras da Reforma
Agrária (IENERA), realizado no ano de
1997. Assim, como consequência das
demandas apresentadas nesse encontro, no
ano de 2004, na II Conferência Nacional
de Educação do Campo (IICNEC), por
meio da Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão (Secadi), é instituído um grupo
de trabalho (GT), em 2005, para a
elaboração de uma política de formação
de educadores para a Educação do
Campo, a qual transformou-se no
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Programa de Apoio às Licenciaturas em
Educação do Campo (Procampo) (Molina,
2012).
Segundo a pesquisa apresentada por
Molina (2015), intitulada: “Expansão das
licenciaturas em Educação do Campo:
desafios e potencialidades”, a mesma é
integradas por sete subprojetos, dos quais
um deles conta com esse Grupo de
Pesquisa GP, que teve como foco, de
maneira geral, analisar a Educação
Superior do Campo. A expansão dessa
educação foi a partir da implementação de
42 cursos nas IES brasileiras, intitulada
Licenciatura em Educação do Campo
nova modalidade de graduação (Molina,
2015).
Essa ampliação é parte de uma
política de Estado (de 2012, portanto,
também recente) chamada de Programa
Nacional de Educação do Campo
(Procampo), sendo que uma de suas
responsabilidades é a implantação de
novos cursos de Licenciatura em
Educação do Campo Ledoc. Segundo
Molina (2015, p. 150):
... o Procampo é uma política de
formação de educadores,
conquistada a partir da pressão e das
demandas apresentadas ao Estado
pelo Movimento da Educação do
Campo. Pautada desde a primeira
Conferência Nacional por Uma
Educação Básica do Campo
CNEC, realizada em 1998, a
exigência de uma Política Pública
específica para dar suporte e garantir
a formação de educadores do
próprio campo vai se consolidar
como uma das prioridades
requeridas pelo Movimento, ao
término da II Conferência Nacional
por uma Educação do Campo,
realizada em 2004, cujo lema era
exatamente “Por Um Sistema
blico de Educação do Campo”.
É, então, com a intensa participação
e cobrança dos Movimentos Sociais, a
partir das pautas do II CNEC, que se
institui o GT, responsável por elaborar
uma proposta que deveria subsidiar a
Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão
SECADI, na proposição ao Ministério da
Educação MEC.
Após reuniões e tratativas, ocorre a
criação e implantação dessa política, por
meio de uma experiência piloto em quatro
universidades, como já mencionado.
Histórico da Pedagogia da Alternância
(PA)
A PA é uma metodologia que
possibilita a formação integral e
interdisciplinar, considerando a teoria e a
prática, trazendo em sua essência o
contato com a realidade, bem como o
processo de construção e reconstrução, a
partir do diálogo, da problematização, do
processo de reflexão e crítica, do coletivo,
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dentre outros. É considerada uma
possibilidade de construção que considera
a realidade, pois se trata de uma
metodologia que não es pronta (Zonta,
2010).
A PA nasce no ano de 1935, em um
vilarejo no sudoeste da França, na casa de
Jean Peyrat, um agricultor e líder sindical.
Yves Peyrat, aos seus doze anos de idade
disse ao seu pai, Jean, que sempre o
obedeceria, mas que não gostaria mais de
ir à escola, pois ela era perda de tempo,
visto que, segundo o menino, não
aprendia nada e que gostaria de ajudá-lo
em casa, com suas próprias mãos (Zonta,
2010).
Dessa forma, o pai entendeu a
mensagem, alicerçado na necessidade de
seu filho, que segundo Zonta (2010, p. 18-
19):
Jean Peyrat estudou todas as
possibilidades que a região lhe
oferecia e chegou à conclusão de
que nada existia, que se pudesse
adaptar aos filhos dos agricultores
que queriam continuar na terra. A
solução para o caso era complexa.
No domingo, após a missa na
bucólica igreja construída sobre uma
colina da qual se consegue olhar as
pequenas propriedades rurais onde
se produz ameixa, Jean procurou
conversar com amigos e contar-lhes
o ocorrido. Imediatamente eles
disseram ter o mesmo problema em
suas casas, os filhos negavam-se em
ir à escola.
Depois da conversa com o Padre
Granereau, ambos pensaram em um “...
tipo de formação que possibilitasse aos
jovens uma aprendizagem prática na
exploração familiar e que recebesse ao
mesmo tempo uma formação geral, social
e técnica”. (Zonta, 2010, p. 19). Após
estudo, nasceu uma alternativa para que
seus filhos permanecessem trabalhando na
terra: uma vez por mês se encontrariam na
canônica para um curso de formação
agrícola, durante o período de novembro a
abril.
Surgiu, então, o método “... Maison
Familiale Rurale: o método da alternância
entre a prática na propriedade agrícola e a
formação geral, social e técnica no centro
de formação”. (Zonta, 2010, p. 19), no dia
24 de novembro de 1935.
Nesse sentido, na tentativa de um
resgate histórico do também chamado
Método da PA, buscou-se por suas bases
históricas, bem como pelo processo ensino
aprendizagem necessário para a PA.
Ainda, é importante situar no espaço
histórico, para melhor compreensão de seu
surgimento, que a primeira Casa Familiar
Rural (CFR) “... nasceu da reflexão de
algumas famílias agricultoras francesas
sobre problemas concretos de educação de
seus filhos”. (Zonta, 2010, p. 18), ou seja,
de uma necessidade real, no ano de 1935.
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Assim, o efeito progressivo dessa
proposta de educação foi experenciado em
outros locais da Europa, como Itália
(1959), Espanha (1966) e Portugal (1984).
No Brasil, surgem as primeiras tentativas
em 1968, em Pernambuco, também a
partir da necessidade, pois a miséria dos
agricultores por causa da seca acabou
priorizando a fabricação de artesanatos, a
partir da matéria-prima.
A Pedagogia da Alternância no
Brasil encontra-se presente em dois
movimentos: nas Escolas Famílias
Agrícolas no sudeste do Brasil a
partir dos anos 60 e, influenciadas
pelas experiências da Itália e as
Casas Familiares Rurais no Sul do
Brasil, a partir dos anos 80,
influenciadas pelas experiências da
França. (Zonta, 2010, p. 21).
A base associativa dos princípios
da PA, segundo Zonta (2010), tem como
propósito qualificar os sujeitos do meio
rural para a construção de projetos em
suas propriedades, visando o
desenvolvimento de cada um com uma “...
“educação a partir da vida”.”. (Zonta,
2010, p. 24). Da mesma maneira:
Nosso papel não é falar ao povo
sobre a nossa visão do mundo, ou
tentar impô-la a ele, mas dialogar
com ele sobre a sua e a nossa.
Temos de estar convencidos de que
a sua visão do mundo, que se
manifesta nas várias formas de sua
ação, reflete a sua situação no
mundo, em que se constitui. ...
(Freire, 2014b, p. 120, grifo do
autor).
Com base no mencionado, é
fundamental trazermos as nossas reflexões
para o campo da pesquisa em questão, as
Licenciaturas em Educação do Campo. Se
precisamos de professores para atuar nas
escolas básicas de Educação do Campo,
necessitamos que eles tenham uma
formação adequada às necessidades dessa
realidade de camponeses. É nesse sentido
que a PA vem para contribuir com a
organização curricular desses cursos de
formação, no sentido de valorizar o
acadêmico a já estar intervindo em sua
realidade.
Segundo Teixeira (2008), o trabalho
mais antigo sobre o tema (PA) foi uma
dissertação de mestrado em 1977, ou seja,
oito anos depois do surgimento de tal
Pedagogia. Por isso, a importância de
buscarmos as produções acadêmicas
publicadas nos últimos anos que tragam a
PA, neste estudo, com enfoque nas
Licenciaturas em Educação do Campo
(Ledoc’s). Afinal, segundo Sául (2016, p.
5): “É necessário frisar que uma
carência muito grande de estudos e
pesquisas a respeito da Pedagogia da
Alternância e, principalmente, das
características dessa pedagogia, mesmo
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com muitas experiências na educação
escolar do Brasil nesse sentido”.
Assim, surge o interesse e a
curiosidade sobre a existência ou não de
pesquisas, em que o foco de análise seja a
PA, nos Cursos de formação inicial em
Educação do Campo.
Relação das Licenciaturas em Educação
do Campo e a Pedagogia da Alternância
(PA)
A partir da expansão dos cursos de
Licenciatura em Educação do Campo,
foram elencados cinco pontos
estruturantes, sendo eles:
... promover o ingresso dos sujeitos
camponeses na Educação Superior;
garantir o protagonismo dos
movimentos sociais do campo na
sua execução; se vincular
organicamente com as lutas e com
as Escolas do Campo; materializar-
se a partir da Alternância
pedagógica; promover a formação
do trabalho docente multidisciplinar,
a partir das áreas de conhecimento ...
(Molina, 2015, p. 148, grifo nosso).
Neste trabalho, o objeto de estudo é
o quarto ponto, grifado na citação acima:
“Alternância pedagógica”, sendo que o
currículo das Licenciaturas em Educação
do Campo é organizado em etapas
presenciais, ofertado em Regime de
Alternância entre o Tempo Escola e o
Tempo Comunidade “... tendo em vista a
articulação intrínseca entre educação e a
realidade específica das populações do
campo”. (Molina, 2015, p. 152).
Encaminhamentos Metodológicos
Com base no problema de pesquisa:
“como a Pedagogia da Alternância vem
sendo discutida nas Licenciaturas em
Educação do Campo, segundo as
produções acadêmicas?”, os objetivos
específicos foram:
- Mapear as produções acadêmicas
(teses e dissertações) sobre as
Licenciaturas em Educação do Campo e a
PA;
- Identificar e analisar como vem
sendo discutida a PA nos Cursos de
Licenciatura em Educação do Campo
nessas pesquisas.
A pesquisa foi realizada em três
etapas:
Primeira etapa: busca, no Banco
de Teses e Dissertações da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), pelos termos:
“Licenciatura em Educação do Campo”,
“Educação do Campo e Licenciatura” e
“Ledoc”, com o objetivo de localizar o
termo “Pedagogia da Alternância” apenas
no âmbito das Licenciaturas em Educação
do Campo. Essa etapa ocorreu nos meses
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de maio a julho de 2017, selecionando
todos os trabalhos encontrados,
independente do ano de suas publicações.
Segunda etapa: a partir dos
trabalhos encontrados na etapa anterior,
foram selecionados aqueles que
continham o termo “Pedagogia da
Alternância”, explícitos nos títulos, nas
palavras-chave e nos resumos, pois se
entende que se a PA foi foco das
pesquisas ela estaria citada em uma destas
seções. Utilizamos esta estratégia para
focar somente nas LEDOC’s, tendo em
vista que a PA é a metodologia utilizada
para os cursos de Educação do Campo e,
por isso, é comum estar presente no corpo
do texto;
Terceira etapa: nesta etapa,
aconteceu a leitura e a análise dos
trabalhos na íntegra com a finalidade de
realizar a categorização, as quais foram
analisadas por meio da Análise Textual
Discursiva que, conforme Moraes e
Galiazzi (2011, p. 193):
Uma produção escrita em que o
autor se assuma efetivamente sujeito
constitui reconstrução em
movimento de seus próprios
conhecimentos e teorias. Tal como
Fênix, a ave fantástica egípcia que
ressurge de suas próprias cinzas, o
conhecimento do sujeito precisa ser
destruído, desorganizado ou
desconstruído para que novos
conhecimentos possam se constituir.
A Análise Textual Discursiva
(ATD) utilizada na presente pesquisa tem
a intenção de reconstruir conhecimentos
existentes sobre o tema investigado, que é
a PA. Dessa maneira, segundo Ilha
(2014): “... tendo o pesquisador em
formação (na verdade todos estão em
constante formação) a real dimensão deste
processo de produção, a partir da
desconstrução/reconstrução do seu corpus
de análise...”, a construção do
conhecimento é possível a partir da ação-
reflexão-ação, durante sua utilização
como metodologia de pesquisa.
Pesquisas realizadas a partir da ATD
são desenvolvidas em três fases:
unitarização, categorização e metatexto
(Moraes & Galiazzi, 2011), também
chamadas por Magoga (2017, p. 61) “... de
três componentes ...”.
Durante a unitarização primeira
etapa da ATD foram identificadas as
unidades de significado, a partir dos
termos: “Licenciatura em Educação do
Campo (Ledoc)” e “Pedagogia da
Alternância”.
Na categorização segunda etapa
da ATD as unidades de significado
identificadas/selecionadas na unitarização
são organizadas e, segundo Moraes (2011,
p. 194), “... esse movimento
desorganizativo é seguido de um esforço
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de reorganização e reconstrução,
fundamentado basicamente na
categorização, processo intuitivo de saber
explorar e aproveitar o que emerge do
caldeirão...”.
Assim, os trabalhos foram
organizados com base em duas categorias
de Novais (2015, p. 19): “Formação de
professores” e “Concepções e práticas”,
baseadas em alguns dos eixos observados
pelo trabalho de Almeida e Chamon
(2012). As categorias foram escolhidas a
priori, pois a leitura da dissertação em
questão coincidiu com o trabalho de
pesquisa aqui relatado e entendeu-se que
um olhar sobre esses aspectos seria
importante e contribuiria para um olhar
desses cursos de graduação.
Para análise das categorias,
escolhidas a priori, foram observados
aspectos que condizem com a perspectiva
da pesquisa: olhar como a PA nos Cursos
de Licenciatura em Educação do Campo
colabora ou não para a formação destes
acadêmicos e para suas práticas docentes.
A seguir estão as categorias e seus
respectivos aspectos, baseados no trabalho
de Novais (2015, p. 19):
1) Formação de professores são
trabalhos que demonstram os desafios e o
desenvolvimento dos acadêmicos das
Licenciaturas em Educação do Campo,
durante seu processo de formação inicial.
2) Concepções e práticas trabalhos
que analisam práticas dos acadêmicos de
Licenciaturas em Educação do Campo,
nas escolas e em outros espaços não
formais de educação, durante o período de
formação inicial.
Essas categorias foram pensadas,
pois:
... Na constituição das categorias
iniciais reúnem-se elementos com
uma aproximação muito estreita,
quase uma identidade. Nos outros
níveis reagrupam-se essas categorias
iniciais em níveis cada vez mais
abrangentes, sempre reunindo o que
se mostra próximo. Nesse modo de
categorização procura-se aproveitar
todo o material válido disponível,
organizando-o sistematicamente em
um sistema de categorias. (Moraes,
2011, p. 204).
Durante a terceira etapa da ATD - o
metatexto: “As teses propostas no presente
texto fundamentam-se em processos
reconstrutivos em que os sujeitos e autores
se envolvem em suas produções
assumindo-se efetivamente autores e
participantes ativos nas reconstruções que
produzem...”. (Moraes, 2011, p. 211).
Nesse sentido, é nessa etapa que se realiza
a organização de argumentos que
defendam e sustentem o texto. Com base
na leitura, foi possível mapear e analisar
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as produções científicas objetivos deste
trabalho.
Resultados
Na primeira etapa, foram realizadas
três buscas (uma para cada termo) no
Banco de Teses e Dissertações da
Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Quadro 1 Resultados da primeira etapa.
Buscas:
1ª Busca
2ª Busca
3ª Busca
Termo utilizado:
“Licenciatura em
Educação do Campo”
“Ledoc”
“Educação do Campo e
Licenciatura”
Dissertações
disponíveis:
50
8
0
Dissertações não
disponíveis:
10
0
0
Teses disponíveis:
24
4
0
Teses não disponíveis:
1
0
0
TOTAL:
85
12
0
Fonte: Elaborado pelos autores.
A partir das três buscas, foram
encontrados, ao total, oitenta e cinco
trabalhos com o termo: “Licenciatura em
Educação do Campo” e doze trabalhos
com o termo: “Ledoc”, porém desses doze
trabalhos mencionados, onze se repetem
aos primeiros (trabalhos com o termo
“Licenciatura em Educação do Campo”),
ou seja, a busca pelo termo Ledoc”
trouxe apenas um trabalho diferente, dos
oitenta e cinco primeiros trabalhos
encontrados.
Sendo assim, o total de trabalhos
foram oitenta e seis. Porém, desses oitenta
e seis, doze não foram encontrados
disponíveis online, restando um total de
setenta e quatro trabalhos para análise
(cinquenta dissertações e vinte e quatro
teses).
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Quadro 2 Relação da quantidade de trabalhos analisados.
Termo:
“Licenciatura em Educação do
Campo” e “Ledoc”
Dissertações disponíveis:
50
Teses disponíveis:
24
TOTAL:
74
Fonte: Elaborado pelos autores.
Durante a segunda etapa, com os 74
trabalhos encontrados, foram selecionadas
produções que continham o termo
“Pedagogia da Alternância” explícitos nos
títulos, nas palavras-chave e nos resumos.
Dessa busca, dos setenta e quatro
trabalhos, resultaram apenas quatro (duas
teses e duas dissertações), contendo os
critérios de seleção já mencionados.
Seguem, abaixo, as informações
sobre os quatro trabalhos analisados na
íntegra, durante a terceira etapa.
Quadro 3 - Relação do nível, ano, título dos trabalhos, autores e suas respectivas Instituições de Nível Superior
(IES).
Nível
Ano
Título
Autor
Instituição
Mestrado
2013
Concepções e práticas dos
sujeitos envolvidos nos cursos
de Licenciatura em Educação
do Campo no polo de
Castanhal/PA.
Maria Divanete
Souza da Silva
UFPA
(Universidade
Federal do Pará)
Mestrado
2015
Em questão: os processos
investigativos na formação
inicial de educadores do
campo área de ciências da
natureza e matemática
Thais Gabriella
Reinert Da Silva
Hudler
UFSC
(Universidade
Federal de Santa
Catarina)
Doutorado
2014
Comunicação e tecnologias da
informação na formação de
educadores para ampliação
das perspectivas críticas dos
sujeitos na Licenciatura em
Educação do Campo da UNB.
Márcio Ferreira
UNB
(Universidade de
Brasília)
Doutorado
2015
Por uma pedagogia com foco
no sujeito: um estudo na
Licenciatura em Educação do
Campo.
Ana Maria Orofino
Teles
UNB
(Universidade de
Brasília)
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Quadro 4 Número e porcentagem de trabalhos analisados (continua).
Total de trabalhos
74
Teses e Dissertações selecionadas para análise
4
Formação de professores
2
Porcentagem em relação à quantidade de trabalhos
(%)
2,70%
Fonte: adaptado de Novais (2015, p. 24).
Quadro 4 Número e porcentagem de trabalhos analisados (continuação).
Total de trabalhos
74
Concepções e práticas
2
Porcentagem em relação à quantidade de trabalhos
(%)
2,70%
Fonte: adaptado de Novais (2015, p. 24).
A partir da análise das quatro
publicações selecionadas com leitura na
íntegra, os trabalhos de Hudler (2015) e
Teles (2015) pertencem a mesma
categoria: 1 (Formação de professores) e
os trabalhos de Silva (2013) e Ferreira
(2014) à categoria 2 (Concepções e
práticas).
Categoria 1: formação de professores
O trabalho de Hudler (2015)
pertence à categoria 1 porque no
resumo aparece o termo em questão.
Porém, antes mesmo a autora cita: regime
de alternância pedagógica, que tem o
mesmo significado. Segundo a autora, a
PA e a Formação por área são
fundamentais para a não dicotomia entre
teoria e prática e também para a
valorização da realidade.
O termo aparece no decorrer do
texto, aproximadamente quarenta e quatro
vezes. Segundo Hudler (2015, p. 38): “O
foco da prática da Pedagogia da
Alternância nos CEFFAS é a dinâmica
entre a família e a escola, no Ensino
Superior o foco consiste no
estabelecimento da relação entre a
universidade e a comunidade”.
É nesse sentido que a formação de
professores para a Educação do Campo
está fortemente atrelada à PA. Assim:
Dessa forma, mesmo quando se
compreende a adoção da Pedagogia
da Alternância e da Formação por
Área de Conhecimento como
elementos balizadores em função de
lutas e pesquisas dos movimentos
sociais, percebe-se a necessidade de
reconstruir e ressignificar essas
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práticas e propostas ao se pensar a
formação de professores nos tempos
e espaços das universidades públicas
brasileiras. (Hudler, 2015, p. 128).
O trabalho de Teles (2015) também
pertencente à categoria 1 e menciona que
o objetivo de pesquisa foi integrar o
sujeito (licenciandos) ao seu objeto
(comunidade), buscando conjugar a teoria
e a prática, visando a práxis. Assim, a
intenção, nesse trabalho, foi perceber em
que sentido ou não a PA colabora com a
formação integral entre sujeito e objeto.
Durante o trabalho, o termo PA apareceu
em torno de vinte vezes, tratando dos
aspectos relativos à PA: teoria e prática,
Tempo Escola e Tempo Comunidade,
formação integral do sujeito, entre outros.
Isso nos faz refletir sobre a
importância da PA para a teoria e a
prática, pois a práxis segundo Freire
(2014b, p. 52): “... é a reflexão e ação dos
homens sobre o mundo para transformá-
lo. Sem ela, é impossível a superação da
contradição opressor-oprimidos.”. É assim
que a pedagogia colabora para a
transformação da realidade dos sujeitos
envolvidos, pois, de acordo com o mesmo
autor (2014b, p. 168): “... significa
precisamente que não revolução com
verbalismos, nem tão pouco com ativismo,
mas com práxis, portanto, com reflexão e
ação incidindo sobre as estruturas a serem
transformadas”. (grifo do autor).
Segundo Teles (2015, p. 37):
A Pedagogia da Alternância permite
que jovens e adultos conciliem o
trabalho nas propriedades rurais com
a formação docente, bem como
possibilita processos investigativos
nas comunidades rurais e a leitura da
realidade destas comunidades
articulado às teorias no meio
acadêmico.
Nesse sentido, relação entre
teoria e prática e entre ação e reflexão.
Categoria 2: concepções e práticas
O trabalho de Silva (2013) pertence
à categoria 2, pois mesmo aparecendo o
termo: PA pela primeira vez nas palavras-
chave, no resumo a própria autora
menciona que o trabalho aborda
concepções e práticas. O termo aparece
cerca de onze vezes durante o trabalho,
em suma, refletindo sobre a importância
de tal pedagogia para considerar a
realidade dos discentes, sendo uma
referência para a Educação do Campo.
Afinal, a leitura da realidade:
Como educador preciso ir “lendo”
cada vez melhor a leitura do mundo
que os grupos populares com quem
trabalho fazem de seu contexto
imediato e do maior de que o seu é
parte. O que quero dizer é o
seguinte: não posso de maneira
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alguma, nas minhas relações
político-pedagógicas com os grupos
populares, desconsiderar seu saber
de experiência feito. Sua explicação
do mundo de que faz parte a
compreensão de sua própria
presença no mundo. E isso tudo vem
explicitado ou sugerido ou
escondido no que chamo leitura do
mundo, que precede sempre a leitura
da palavra. (Freire, 2014a, p. 78-
79, grifo do autor).
Assim, o termo aparece ao relatar o
histórico da PA no mundo e no Brasil, ao
trazer os tipos de PA existentes
(justapositiva, associativa e real ou
copulativa ou integrada), na alteração
entre os tempos de formação (Tempo
Acadêmico TA - e Tempo Comunidade
- TC), etc. Segundo o trabalho, os
entrevistados viram a PA como
importante, sendo o diferencial do curso,
relacionando a teoria e a prática. Como
mencionado pelos sujeitos pesquisados,
no trabalho em questão:
... a Pedagogia da Alternância como
metodologia estruturante no Curso
de Licenciatura em Educação do
Campo é vista pelos entrevistados
como uma ferramenta importante
que faz o diferencial do curso e
permite aos mesmos a compreensão
crítica da realidade, à medida que é
oportunizado as vivências no tempo
comunidade. (Silva, 2013, p. 82).
Já no trabalho de Ferreira (2014), o
termo buscado aparece em média setenta e
oito vezes, ao longo do texto, a começar
pelo resumo, em que é descrito que a PA é
importante para a não separação entre a
realidade dos sujeitos e a sua formação.
Além disso, trata-se também da categoria
2, pois realiza as relações com a
Comunicação e Tecnologias da
Informação (CTI), em que questiona-se:
“A formação superior de educadores do
campo a partir da PA pode ser,
significativamente, requalificada pelo
acesso, uso, construção-desconstrução-
reconstrução das Tecnologias de
Informação e Comunicação pautadas nas
atividades de CTI?”. (Ferreira, 2014, p.
32).
O trabalho em questão também traz
dados históricos da PA, em especial em
nível de país, a divisão desta metodologia
em Tempo Escola (TE) e Tempo
Comunidade (TC), sua importância e
contribuição para as Ledoc’s e, ainda, o
objetivo principal do trabalho, a relação e
a contribuição da Comunicação e
Tecnologias da Informação (CTI) para a
PA.
Ainda, o trabalho reflete sobre o
compromisso do educador não apenas
com os processos de ensinar e de
aprender, mas sim com processos
educativos mais amplos. Nesse viés, não
deixa de atender aos pressupostos
freireanos, como destacado:
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Olhando a Pedagogia da Alternância
dentro destas experiências vemos
sua clara aproximação com
perspectiva freireana de educador
como sujeito que também se
reconstrói no processo de uma forma
pedagógica (Alternância) que
aproximam educador, educando,
realidade concreta. (Ferreira, 2014,
p. 135).
A citação refere-se à importância da
PA como uma metodologia que considere
a realidade dos sujeitos envolvidos.
Considerações finais
Retomando o problema de pesquisa:
“como a Pedagogia da Alternância vem
sendo discutida nas Licenciaturas em
Educação do Campo, segundo as
produções acadêmicas?”, foi notável que
as quatro produções acadêmicas
analisadas realmente dialogam com os
referenciais sobre PA, seus pressupostos e
análises práticas, o que colabora com as
discussões feitas até aqui.
Pensando que a PA é uma forma de
atender as necessidades dos povos
campesinos, de maneira que, ao ingressar
nas Licenciaturas em Educação do
Campo, tenham a sua realidade
considerada e valorizada, a PA vem ao
encontro de atender essas especificidades,
possibilitando “... a leitura da realidade
destas comunidades articulado às teorias
no meio acadêmico”. (Teles, 2015, p. 37),
como mencionado anteriormente.
Esta dinâmica ajuda, assim, a
estabelecer o diálogo entre a teoria e a
prática oferecendo mais sentido às
experiências do cotidiano, bem como das
lutas dos trabalhadores por terra e
políticas públicas, oportunizando
possibilidade de interação com a realidade
e diálogo entre a teoria aprendida e a
prática no espaço onde eles vivem.
Sobre as produções acadêmicas, foi
possível perceber que a PA é vista pelos
autores e pesquisadores como algo
fundamental e necessário para a Educação
do Campo, seja ela de nível básico ou
superior. Afinal, a PA nasce justamente
dessa necessidade de aliar a teoria e a
prática, como descrita no seu percurso
histórico.
Considerando a pesquisa realizada a
partir das produções acadêmicas
referentes ao tema, foi notável na fala dos
autores que a PA é fundamental e
necessária para que jovens e adultos
conciliem o trabalho nas propriedades
rurais com a formação docente, para
possibilitar processos investigativos nas
comunidades rurais, bem como a leitura
da realidade destas comunidades,
permitindo a eles a compreensão crítica da
realidade, que são objetivos da PA.
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Com isso, considerando o problema
de pesquisa citado, perceberam-se
possibilidades de caminhos possíveis para
a educação, tais como: a não dicotomia
entre teoria e prática, a preocupação com a
realidade do licenciando, dentre outras, e
também os desafios como, por exemplo,
formação adequada para os formadores
desses futuros docentes da Educação do
Campo.
Considerando que a PA possui uma
caminhada superior a oitenta anos, os
Cursos de Licenciatura em Educação no
Campo são historicamente recentes, com
uma década de existência. Esse fator foi
um dos desafios para a realização dessa
pesquisa, pois envolve um campo recente
de pesquisas.
Se o termo pesquisado
primeiramente no Banco de Teses e
Dissertações da CAPES fosse “Pedagogia
da Alternância”, seriam encontrados cerca
de duzentos e vinte e um trabalhos.
Porém, o foco desse trabalho era a PA no
Ensino Superior (formação inicial de
professores), por isso, foi utilizada a
metodologia descrita nas seções
anteriores.
Nos setenta e quatro trabalhos
encontrados, após a busca pelo termo:
“Pedagogia da Alternância” no tulo,
resumo e palavras-chave, ele foi
encontrado em apenas quatro deles. No
entanto, percebeu-se, durante as buscas,
que mesmo nos trabalhos que não
possuíam os critérios de análise
mencionados, em alguns, o termo aparecia
no decorrer do texto, os quais, nesse
momento, não foram foco de análise, mas
que indicam que quem pesquisa e escreve
sobre as Licenciaturas em Educação do
Campo conhece e preocupa-se em
escrever sobre a PA.
Isso demonstra a importância da PA
para a Educação do Campo, nesse caso,
em especial, para os cursos de
Licenciatura em Educação do Campo,
como uma possibilidade de
desenvolvimento do campo, de formação
teórica e prática dos educandos, de
projetos coletivos.
A partir da análise realizada
observa-se uma maior ênfase nas
possibilidades da PA do que nos limites.
Dentre as possibilidades são mencionadas:
a relação entre a comunidade e a escola, a
formação integral entre sujeito e objeto, a
não dicotomia entre teoria e prática, a
preocupação com processos educativos
mais amplos, que não apenas o ensinar e o
aprender, etc.
Porém, na prática, estas
possibilidades esbarram em diferentes
desafios como, por exemplo, a
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necessidade de formação inicial ou
permanente que propicie aos sujeitos
pensar nessas questões. Tanto a
Licenciatura em Educação do Campo,
como a PA nasceram em cenários
diferentes dos que são usualmente
vivenciados hoje, sendo adaptações da
Educação Básica para o Ensino Superior.
Assim, devem ser analisadas as
necessidades de cada realidade e
repensadas novas formas, bem como são
necessárias pesquisas que balizem nossos
estudos neste campo.
Consideramos que a pesquisa
realizada contribuiu de maneira
significativa para nossa construção
enquanto pesquisadores, de maneira a
refletir aspectos importantes e necessários
sobre a Educação do Campo e a PA, em
especial nas Licenciaturas.
Assim, nos desenvolvemos em todos
os âmbitos, pessoal, acadêmico e
profissional, fazendo da práxis nossa
aliada diária, por meio da pesquisa, pois
entendemos qual a relevância das políticas
para a vida dos envolvidos e, ainda, o
quanto a realidade desses povos
campesinos, se não considerada, acarreta
no não desenvolvimento no meio rural.
Portanto, o trabalho foi relevante
para buscarmos subsídios históricos do
quanto tudo que existe e está em vigor no
âmbito da educação para os povos
oprimidos do campo, só foi possível a
partir das lutas sociais. E, contribui para
nos construirmos enquanto seres humanos
que buscam cada vez mais entender o
mundo dos sujeitos, com o objetivo de que
essa formação continuada siga e seja
permanente.
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Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 19/06/2018
Aprovado em: 10/11/2018
Publicado em: 24/04/2019
Received on June 19th, 2018
Accepted on November 10th, 2018
Published on April, 24th, 2019
Contribuições no artigo: Os autores foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
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Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Tamine Santos Saul
http://orcid.org/0000-0001-6746-9725
Ricardo Antônio Rodrigues
http://orcid.org/0000-0002-5292-3646
Neiva Maria Frizon Auler
http://orcid.org/0000-0002-6286-8265
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Saul, T. S., Rodrigues, R. A., & Auler, N. M. F. (2019). A
Pedagogia da Alternância nas licenciaturas em Educação
do Campo: olhar sobre as produções acadêmicas. Rev.
Bras. Educ. Camp., 4, e5541. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5541
ABNT
SAUL, T. S.; RODRIGUES, R. A.; AULER, N. M. F. A
Pedagogia da Alternância nas licenciaturas em Educação
do Campo: olhar sobre as produções acadêmicas. Rev.
Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 4, e5541, 2019.
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5541