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aparelhamento do ensino público, o espaço
físico e as relações humanas existentes na
escola. Para isso, “criou associações
escolares e favoreceu o espírito associativo
infantil, a cooperação e recreação, além de
mudar a relação entre aluno e professor”
(Carvalho, 2012, p. 230), visando dar voz
ativa aos alunos no processo educacional.
Peixoto (2003) afirma que a Reforma
Francisco Campos teve um importante
papel no país, introduzindo uma
abordagem de caráter técnico no
tratamento das questões relacionadas ao
ensino de uma forma geral e, mais
especificamente, ao ensino primário e aos
problemas relacionados à alfabetização,
reconhecendo na educação escolar um
campo de estudo possível de abordagem
científica. Essa Reforma alcançou grande
repercussão devido aos altos investimentos
feitos no ensino, chegando até mesmo a
criar uma escola superior de formação de
professores: a Escola de Aperfeiçoamento.
A Escola de Aperfeiçoamento, vista
como núcleo gerador do processo de
renovação, tinha como objetivo
realizar um trabalho metódico na
preparação dos recursos humanos, ao
mesmo tempo em que buscava
orientar, avaliar, testar e aplicar as
novas ideias que moviam a corrente
renovadora da Reforma. Anotar que a
missão europeia é a grande
inspiradora da escola (Almeida;
Guido, 2007, p. 13-14).
Segundo Tanuri (2000), a Reforma
de 1927 em Minas Gerais criou três níveis
de instituição diferentes para a formação
de professores:
1) Escolas Normais de Segundo
Grau (somente oficiais), oferecendo
a seguinte formação: Curso de
Adaptação, complementar ao
primário (dois anos); Curso
Preparatório, de cultura geral (três
anos) e Curso de Aplicação, de
caráter essencialmente profissional
(dois anos); 2) Escolas Normais de
Primeiro Grau (oficiais e
particulares), oferecendo o Curso de
Adaptação (dois anos) e Curso
Normal com três anos de duração,
sendo três de cultura geral e um de
formação profissional; 3) Cursos
Normais Rurais, com a duração de
apenas dois anos, funcionando junto
aos grupos escolares, e oferecendo
apenas um aprofundamento das
matérias do ensino primário,
acrescido de atividades de prática de
ensino. Destaque-se ainda que na
reforma mineira criava-se uma
Escola de Aperfeiçoamento
Pedagógico, com dois anos de
continuação de estudos profissionais,
para professores já em exercício
(Tanuri, 2000, p. 71).
Esta diferenciação existia também
em outros Estados brasileiros,
... possibilitando, por um lado, uma
certa expansão de escolas normais de
nível menos elevado mas compatível
com as possibilidades da época e as
peculiaridades regionais e, por outro,
a consolidação das escolas normais
como responsáveis pela preparação
do pessoal docente para o ensino
primário (Tanuri, 2000, p. 71).
Na década de 1930, o governo
brasileiro passou a incorporar um discurso
“ruralista”, que via a educação como o
principal instrumento de fixação do