500
sujeitos do campo, sua cultura, seu
trabalho, sua relação com o meio em que
estão inseridos e o seu convívio social. É
fundamental que os instrumentos e
materiais, como os livros didáticos das
escolas do campo, sejam embasados neste
contexto.
A escola é o local onde os sujeitos do
campo ampliam seus conhecimentos. Logo,
a identidade e o cotidiano dos sujeitos do
campo devem ser tomados como ponto de
partida para o trabalho pedagógico,
necessitando ainda ser considerados na
abordagem dos conteúdos escolares e
seleção dos materiais didáticos. Assim, a
escola desempenha “... uma interpretação
da realidade que considere as relações
mediadas pelo trabalho no campo, como
produção material e cultural da existência
humana” (Brasil, 1996, p. 32). Nessa
perspectiva, a escola precisa propiciar o
acesso aos conhecimentos relacionados ao
trabalho e à vida, para os povos do campo.
Em uma interpretação mais ampla
com relação à palavra "campo", há que se
considerar que ela extrapola o mero
conceito jurídico, ou seja, ao considerar as
particularidades dos sujeitos e não apenas
sua localização geográfica, ela pode ser
caracterizada como um conceito político.
Nesse enfoque, Caldart (2002) define que
... a Educação do Campo é um
projeto educacional compreendido a
partir dos sujeitos que têm o campo
como seu espaço de vida. Nesse
sentido, ela é uma educação que deve
ser no e do campo – No, porque ‘o
povo tem o direito de ser educado no
lugar onde vive’; Do, pois ‘o povo
tem direito a uma educação pensada
desde o seu lugar e com a sua
participação, vinculada à sua cultura
e às necessidades humanas e sociais’
(Caldart, 2002, p. 26).
A escola “no” campo é inserida no
meio rural, mas uma vez que ela é pensada
e estruturada pelo poder público,
materializa-se em um local que desvaloriza
o sujeito do campo e seus saberes, sua
cultura e seu modo de vida com a terra
(Caldart, 2002). Desse modo, a escola
possui calendário, Projeto Político
Pedagógico (PPP), Plano de Trabalho
Docente (PTD), currículo, entre outros
instrumentos copiados da escola urbana,
que não consideram o conhecimento
empírico adquirido pelos educandos no
convívio social. Ao se adotar esse modelo,
o espaço educacional rural torna-se uma
organização escolar descontextualizada,
que nega o campo como espaço de vida e
de constituição de sujeitos cidadãos.
Já a escola “do” campo, é pensada e
planejada pelos sujeitos do campo, visando
a uma educação de qualidade, que entende
o trabalho como produção de vida e
cultura. No seu exercício pedagógico, tem
como premissa a realidade em que o
educando está inserido. Para tanto, é
necessário que os educadores conheçam e