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Sou tão melhor professor, então,
quanto mais eficazmente consiga
provocar o educando no sentido de
que prepare ou refine sua
curiosidade, que deve trabalhar com
minha ajuda, com vistas a que
produza sua inteligência do objeto ou
do conteúdo de que falo. Na verdade,
meu papel como professor, ao
ensinar o conteúdo a ou b, não é
apenas o de me esforçar para, com
clareza máxima, descrever a
substantividade do conteúdo para que
o aluno o fixe. Meu papel
fundamental, ao falar com clareza
sobre o objeto, é iniciar o aluno a fim
de que ele, com os materiais que
ofereço, produza a compreensão do
objeto em lugar de recebê-la, na
integra, de mim. Ele precisa de se
apropriar da inteligência do conteúdo
para que a verdadeira relação de
comunicação entre mim, como
professor, e ele, como aluno se
estabeleça. É por isso, repito, que
ensinar não é transferir conteúdo a
ninguém, assim como aprender não é
memorizar o perfil do conteúdo
transferido no discurso vertical do
professor (Freire, 1996, p.118).
Schön (1995) nos oferece uma
contribuição muito instigante ao sinalizar
que o professor reflete e interpreta a partir
de sua ação, das suas atividades, no
momento em que elas acontecem, criam
um conhecimento específico através do
contato com a sua prática. Portanto, tem-se
a necessidade de se buscar um elo entre a
teoria educativa crítica e a prática
pedagógica participativa.
Sobre a realidade do meio rural, ela
afirma que já não se constitui como um
desafio, pois
... hoje está bem diferente de quando
iniciei. Acredito que seja pelo acesso
a informação estar muito rápida a
todos. Mas o comprometimento ainda
existe por parte das famílias que
valorizam o estudo como meio de
melhorar de vida, ter instrução e ir
além. (Professora Flávia, 2016).
Para que haja um melhor
desenvolvimento da profissão docente, é
preciso construir propostas de formação
que valorizem muito mais do que a
formação técnica do professor. É
necessário, também, o reconhecimento de
sua capacidade de transformar a sua prática
a partir da análise da mesma, a partir da
qual poderá ser capaz de produzir novos
conhecimentos para aprimorá-la. Essas
transformações só se tornarão reais quando
os professores estiverem preparados para
refletirem sobre a própria prática,
englobando muito mais que o exercício da
sala de aula e a da escola. Mas também
sobre a prática dos sistemas de ensino e
das políticas públicas, que interferem e
influenciam sua atividade docente,
principalmente em relação à valorização
profissional dessa carreira.
A formação profissional sempre se
apresentou como um processo inacabado
de busca de saberes, e a formação docente
não foge a esse pressuposto. A própria
história desse processo nos mostra que a
prática docente sempre esteve sujeita às
transformações da sociedade e da cultura,
trazendo consigo novas experiências e