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mudar o cenário que faz parte de um
passado não tão distante (e as vezes
presente até nos dias atuais) em que a
escola do campo serviria apenas para
a formação de mão de obra para o
agronegócio, submetida às vontades
dos grupos hegemônicos no poder.
(Leite, 1999).
A escola do campo, seu currículo e
políticas educacionais são embasados pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, sancionada no ano de 1996,
especificamente no ponto do texto da lei
que diz sobre as responsabilidades
institucionais sobre a Educação do Campo:
deverá adequar-se às peculiaridades
locais, inclusive climáticas e
econômicas, a critério do respectivo
sistema de ensino, sem com isso
reduzir o número de horas letivas
previsto nesta lei de modo a
favorecer a escolaridade rural com
base na sazonalidade do
plantio/colheita e outras dimensões
sócio-culturais do campo.
(Brasil/MEC, LDB 9.394/1996, alt.
23, § 2°)
Outros instrumentos executivos e
legislativos se destacam ao tratarem sobre
a adaptação necessária da estrutura escolar
para o processo de ensino no campo,
principalmente a Resolução CNE/CEB
nº1/2002 e o Decreto 7.532/10. Este
último, além de trazer definições mais
atuais de escola e educação do campo,
debate a importância do respeito à
diversidade e identidade dos povos do
campo e o seu cotidiano. Levando em
conta estes princípios, o processo de ensino
e aprendizagem da escola do campo deve
ser pautado em projetos pedagógicos com
metodologias e conteúdos curriculares
adequados às necessidades da população
do campo (Brasil, 2010).
Nesse sentido, a existência de Clubes
de Ciências nas escolas do campo possui
potencial para atender às propostas
educacionais adequadas para a realidade
dos alunos inseridos no meio rural, pois ao
se trabalhar com temas e práticas que
valorizem os saberes do campo e a
experiência com o meio, rompe-se com a
lógica da escola urbana transferida para a
realidade do campo.
O ensino, mesmo no nível das séries
iniciais da escola de 1º grau¹, exige do
professor, qualificado ou não,
habilidade especial no relacionamento
com as pessoas, particularmente, com
a criança. Também exige uma
compreensão mínima do processo de
acumulação na obtenção e fixação do
conhecimento. Essa habilidade no trato
com a criança e essa compreensão
empírica do processo pedagógico
representa, entre os camponeses, um
valioso patrimônio cultural. (Alencar,
1993, p. 186).
Reforça-se a necessidade de romper
com o paradigma da escola conteudista, na
qual o ensino é ditado pelo currículo
inflexível e os conhecimentos necessários
para a formação educativa e cidadã são
aqueles encontrados nos livros didáticos.
Surge, então, um território fértil para
práticas da Educação Ambiental,