Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5756
Tocantinópolis/Brasil
v. 5
e5756
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2020
ISSN: 2525-4863
1
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Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições
para comunidades rurais
Adriana Rodrigues da Silva
1
, Aline Weber Sulzbacher
2
1
Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais - SEE/MG. Escola Estadual Américo Antunes de Oliveira. Avenida da
Saudade, 101, Saudade. Turmalina - MG. Brasil.
2
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM.
Autor para correspondência/Author for correspondence: adriana_rs@hotmail.com.br
RESUMO. Neste artigo, objetivamos apresentar e analisar
projeto de educação do campo da Escola Família Agrícola do
município de Veredinha (MG) e, a partir dele, discutir as
contribuições para os sujeitos que compõem a comunidade; e
contribuir para discussão sobre o papel do ensino de geografia
em experiências de educação do campo. Os procedimentos
metodológicos envolvem a realização de monografia de curso de
especialização, incluindo pesquisa e estudo bibliográfico,
análise de documentos e observação sistemática. Indicamos
como contribuições a capacidade de mobilização e organização
social dos agricultores e a alternância pedagógica, que
reverberam nos espaços-tempos educativos e se consolidam com
juventudes atuantes na região. A EFAV contribui na produção
de territórios de resistência, com significativas mudanças na
dinâmica regional. Concluímos apontando que a EFAV foi
criada para garantir acesso ao ensino médio e técnico para
jovens do campo, mas avançou em uma proposta pedagógica e
política que atende aos interesses dos sujeitos do campo. Para
isso, envolveu mobilização popular e também articulação de
diferentes organizações sociais. A escola, em si, mobilizou
processos educativos e políticos que movimentaram e
conscientizaram as comunidades e agricultores.
Palavras-chave: Educação do Campo, Pedagogia da
Alternância, Juventudes, Ensino de Geografia.
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Agricultural Family School: reflections about
contributions to rural communities
ABSTRACT. In this article, we aim to analyze the field
education project of the Escola Família Agrícola in the city of
Veredinha (MG) and, from it, discuss the contributions to the
subjects that make up the community; and, to contribute to the
discussion about the role of geography teaching in rural
education projects. The methodological procedures involve the
realization of a specialization course monograph, including
research and bibliographical study, document analysis and
systematic observation. We indicate as contributions the
capacity of mobilization and social organization of the farmers
and the pedagogical alternation, which reverberate in the
educational spaces and are consolidated with young people
active in the region. EFAV contributes to the production of
territories of resistance, with significant changes in regional
dynamics. We conclude by pointing out that the EFAV was
created to guarantee access to secondary and technical education
for young people in the countryside, but it has advanced in a
pedagogical and political proposal that meets the interests of the
subjects in the countryside. To this end, it involved popular
mobilization and also the articulation of different social
organizations. The school itself mobilized educational and
political processes that mobilized and raised awareness among
communities and farmers.
Keywords: Countryside Education, Pedagogy of Alternation,
Youth, Geography Education.
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Escuela Familia Agrícola: reflexiones sobre las
contribuciones para comunidades rurales
RESUMEN. En este artículo, se pretende presentar y analizar el
proyecto de educación de campo de la Escuela Familiar
Agropecuaria del municipio de Veredinha (MG) y, a partir de él,
discutir los aportes a las temáticas que conforman la comunidad;
y contribuir a la discusión sobre el papel de la enseñanza de la
geografía en las experiencias de educación de campo. Los
procedimientos metodológicos implican la realización de
monografías de cursos de especialización, incluyendo la
investigación y el estudio bibliográfico, el análisis de
documentos y la observación sistemática. Señalamos como
aportes la capacidad de movilización y organización social de
los agricultores y la alternancia pedagógica, que reverberan en
los espacios educativos y se consolidan con los jóvenes activos
en la región. El EFAV contribuye a la producción de territorios
de resistencia, con cambios significativos en la dinámica
regional. Concluimos señalando que la EFAV fue creada para
garantizar el acceso a la educación secundaria y técnica de los
jóvenes del campo, pero ha avanzado en una propuesta
pedagógica y política que responde a los intereses de los sujetos
del campo. Para ello, supuso la movilización popular y también
la articulación de diferentes organizaciones sociales. La propia
escuela movilizó procesos educativos y políticos que
movilizaron y sensibilizaron a las comunidades y a los
agricultores.
Palabras clave: Educación del Campo, Pedagogía de la
Alternancia, Juventud, Enseñanza de la Geografía.
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Introdução
Enquanto uma experiência de
educação do campo, a Escola Família
Agrícola (EFA), em suas diferentes
experiências e unidades, adota a
metodologia da pedagogia da alternância
que tem por princípio uma organização
escolar que alterna entre o tempo escolar e
o tempo de comunidade. Esta matriz
metodológica fortalece a educação do
campo, pois consiste em incorporar
conhecimentos teóricos e práticos, gerais e
técnicos, relacionados com a realidade do
campo. Assim, segue uma dinâmica que o
estudante, no tempo comunidade, convive
na realidade familiar e comunitária, e
compartilha os saberes com a escola
durante o tempo escolar, produzindo
significados e reflexões que servirão para
transformar a sua realidade de origem, com
conhecimento adquirido em novas práticas
técnicas e políticas. Essa é a proposta de
formação integral da EFA para ações de
reflexão sobre a sociedade e a vida
cotidiana, a partir dos sujeitos do campo.
Por sua vez, o ensino de geografia
contribui de forma substantiva na formação
de cidadãos, sujeitos do campo, mas, para
tal, é preciso estar comprometido com um
projeto de educação do campo que
compreende os processos, escalas e
mediações que envolvem a construção de
territórios de resistência ao modelo
hegemônico de desenvolvimento para o
campo brasileiro.
Neste artigo, temos por objetivo
analisar e discutir sobre as contribuições da
Escola Família Agrícola de Veredinha
(EFAV) para os sujeitos que compõem a
comunidade escolar (monitores,
estudantes, familiares, funcionários etc.).
De forma complementar, objetiva-se
também contribuir para discussão sobre o
papel do ensino de geografia em
experiências de educação do campo, como
é o caso da EFAV. As questões, reflexões
e análises aqui apresentadas têm por base
pesquisa realizada e reflexões de
monografia de conclusão de curso de
Especialização em Ensino de Geografia
(ENGEO), vinculado à Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (UFVJM). A pesquisa foi
desenvolvida sob uma abordagem
qualitativa, fazendo uso, basicamente, de
instrumentos e técnicas de base analítico-
descritiva, com caráter documental,
estudo de campo com observação
sistemática que incluiu registros em
diário de campo (utilizados ao longo do
texto para contribuir na discussão)
e pesquisa de referencial bibliográfico.
Dentre os documentos consultados, estão
os registros do “I Seminário dos V anos da
Escola Família Agrícola de Veredinha”
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realizado pela escola com a comunidade
escolar (incluindo egressos e familiares de
estudantes).
A fim de atender aos objetivos, o
artigo está estruturado em duas sessões
principais, além da introdução e conclusão,
sendo a primeira sobre a experiência da
EFAV, sujeitos e contribuições e a segunda
sessão versará sobre os instrumentos da
pedagogia da alternância com articulações
no ensino de geografia.
A experiência e os sujeitos
A Escola Família Agrícola de
Veredinha está localizada na comunidade
rural de Gameleira, município de
Veredinha, no alto do Vale Jequitinhonha
(Minas Gerais). O município apresenta, ao
total, 28 comunidades rurais sendo a
agricultura a principal atividade
econômica, muito embora em declínio
após a década de 1970 com a progressiva
consolidação da silvicultura de eucalipto.
A EFAV foi resultado da articulação,
na escala municipal e regional, de
diferentes entidades e movimentos sociais
ligados à luta camponesa, em especial,
engajados na formação da juventude rural
e da necessidade de qualificar processos
produtivos, sociais e políticos das
comunidades rurais. Nesse sentido, o
projeto da escola família agrícola segue os
princípios da educação do campo, dentre
elas a:
... implementação de gestão
democrática das instituições
escolares, por meio do controle
social, sobretudo da qualidade da
educação oferecida, mediante a
efetiva participação das comunidades
e dos movimentos sociais e sindicais
do campo na definição do modelo de
organização pedagógica e de gestão.
(SEE/MG, 2015, p. 09).
Inicialmente formada por
representantes de instituições parceiras e
agricultores familiares envolvidos pelo
Centro de Agricultura Alternativa Vicente
Nica (CAV), em 2003 foi constituída
Associação Comunitária de
Desenvolvimento Educacional e
Agropecuária de o Veredinha
(ACODEFAV
i
), responsável pela
manutenção e gestão da EFAV. Depois de
09 anos de articulação e muita luta, a
escola inicia suas atividades em 2011 com
duas turmas de jovens estudantes,
ofertando o Ensino Médio integrado ao
Curso de Técnico em Agropecuária, com a
metodologia da Pedagógica da Alternância,
em regime quinzenal, alternando tempo
escola e tempo comunidade.
Nas palavras de Gimonet (2007), a
pedagogia da alternância tem uma
dimensão multidimensional e complexa,
pois envolve relações no processo
educativo que cria e recria, com a partilha
do saber. Inspira, desta forma, uma
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orientação metodológica para as
experiências das escolas do campo:
... a escola pode ser um lugar
privilegiado de formação, de
conhecimento e cultura, valores e
identidades das crianças,
adolescentes, jovens e adultos. Não
para fechar-lhes horizontes, mas para
abri-los ao mundo desde o campo, ou
desde o chão em que pisam. Desde
suas vivências, sua identidade,
valores e culturas, abrir-se ao que
de mais humano e avançado no
mundo. (Arroyo, Caldart & Molina,
2009, p. 14).
Embora sendo um lugar privilegiado,
a escola comprometida em abrir horizontes
enfrenta desafios. No caso da EFAV, o
mais significativo é a manutenção da
autonomia política, administrativa e
pedagógica, pois depende de políticas
estruturantes que garantem as condições de
funcionamento, de parcerias e projetos que
contribuem na contínua qualificação da
experiência, e de repasse orçamentário
baseado em Leis Municipais, Estaduais e
Federal nem sempre honrados pela
gestão pública. Em contraponto, o fato da
gestão escolar na EFAV ter por base
princípios associativos, em diálogo e com
permanente avaliação por parte das
famílias camponesas e da ACODEFAV,
contribui para que a superação dos desafios
seja construída coletivamente, a partir de
iniciativas de instituições e que passam
sobretudo pela luta por direitos, por acesso
ao recurso destinado à educação pública. A
mobilização social, a atuação de
organizações com trabalho sério e
respeitado pelos sujeitos do campo e a
pedagogia da alternância são elementos
fundamentais nessa trajetória e em seus
resultados. Por fim, coloca em questão
também a situação vivida pelas escolas
convencionais, que vivenciam o desafio do
afastamento da família no processo
educativo escolar.
É presente nas discussões o
sentimento de construção histórico da
associação e a memória das inúmeras
dificuldades encontradas para a criação da
EFAV. Ao mesmo tempo, são muitas
demandas apresentadas, destacando-se o
transporte para atender os estudantes em
visitas de estudos e melhoria e ampliação
da infraestrutura escolar. De modo geral, a
avaliação apontada nos relatos é que o
“objetivo foi alcançado, porque está
formando os alunos, os nossos filhos na
realidade do campo, foi isso que a gente
esperava (R2
ii
, 2016). Conforme o
regimento escolar no artigo 11 da Seção II,
em que trata das propostas da Associação,
um dos objetivos da instituição é:
Proporcionar ao jovem rural do
Município de Veredinha e do Vale do
Jequitinhonha uma formação integral
através da Pedagogia da Alternância:
períodos letivos presenciais na escola
e períodos letivos vivenciados no
meio socioprofissional,
possibilitando o vínculo da escola
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com a família, comunidade e trabalho
(Regimento da EFAV, 2010, p. 06).
A partir da análise dos registros da
observação sistemática fica evidente que a
escola foi criada com o intuito de fortalecer
a agricultura familiar e, para além de
atender esse objetivo, avança contribuindo
para a discussão sobre as dificuldades
vividas nas propriedades, nas
comunidades, como por exemplo, o acesso
a terra, à água, a questão da sucessão
familiar, a geração de renda, o manejo
produtivo (solo, animais, plantas) visando
sustentabilidade ambiental, o acesso à
mercados justos etc. Segundo assessor do
CAV, principal parceiro da escola, que
recebe estudantes egressos, os jovens
formados “têm demonstrado uma
capacidade de amadurecimento e
aprendizagem” e, ainda destaca:
Os jovens já estão retornando para
suas propriedades com mais
capacidade, estão continuando os
estudos, e sendo inserido no mercado
de trabalho, inclusive em
organizações que lidam no próprio
meio rural com a agricultura familiar.
Então, mais que isso o envolvimento
e engajamento das famílias,
parceiros, enfim (R1, 2016).
A Escola Família Agrícola de
Veredinha cumpre seu papel de formação,
inclusive para compreender processos
histórico-geográficos que produziram
desigualdades no acesso a terra e a
educação. casos de estudantes cujas
propriedades familiares têm acesso a uma
pequena área de terra (abaixo do módulo
fiscal indicado) ou estão degradadas ou,
ainda, tem diminuído a disponibilidade e
acesso à água. Neste sentido, a escola
também cumpre papel social e político de
compreensão de que a realidade é produto
social, das disputas no território e da
importância de mobilização e articulação
entre agricultores e comunidades para
demanda de políticas públicas, crédito e
outros investimentos que contribuam para
a qualidade de vida no campo. As
dificuldades vividas pelas famílias dos
estudantes indicam desafios também para a
realização de atividades pedagógicas como
os projetos profissionais que são
elaborados no último ano de formação.
Os monitores da escola vivenciam
diariamente a realidade da EFAV ao
coordenar as atividades teóricas e práticas,
relacionando-as com os planos de estudos
e as disciplinas para o processo formativo.
Os monitores são mediadores, com
formação no ensino superior, e atuam no
processo formativo, gestão e organização
de toda estrutura escolar. De modo geral, a
partir da observação sistemática
constatamos que tem compromisso e
seriedade com a proposta pedagógica e
política, e ressaltam o papel da escola no
fortalecimento da juventude, com educação
de qualidade e conectada com a cultura
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camponesa. A dinâmica da vida escolar,
que incluí processos de avaliação
individual e coletivos, tem indicado a
necessidade de aprofundar os
conhecimentos relacionados de modo a
incentivar a agricultura familiar,
valorizando também os diferentes perfis e
comunidades que são representados a partir
dos jovens que chegam à escola.
Na EFAV, os estudantes têm perfil
de adolescentes (ensino médio e técnico)
residentes em comunidades rurais e
alguns casos são oriundos do espaço
urbano, de municípios do Vale do
Jequitinhonha, que possibilita um encontro
de jovens que partilham de culturas,
valores e identidades. Assim, no registro
de falas dos jovens, a EFAV proporciona o
acesso ao ensino com “uma proposta
diferenciada de uma formação em
alternância, que visa uma formação
contextualizada de acordo com a realidade
e convivência dos jovens”; ou, ainda,
comprometida com a formação cidadã:
“para além de uma formação social,
política, técnica, o jovem forma para o
trabalho e para viver, posicionar e entender
o contexto da sociedade” (R4, 2016).
Segundo Gimonet (1999, p. 125) o
estudante que tem oportunidade de formar-
se em alternância se torna autônomo
porque o processo convida a dominar a si
próprio, a interagir, a assumir as
dependências e a trabalhar as
interdependências...”. Esse processo
formativo estimula aos jovens estarem
continuamente frente aos desafios e
perspectivas, a se tornarem lideranças
atuantes em seu contexto social.
O monitor com experiência de 14
anos como professor relatou que a EFAV
desde 2013 apresentou uma educação
diferente, que “adota uma pedagogia da
alternância com alguns princípios da
agricultura familiar, evitando assim o
êxodo rural aqui no Vale do
Jequitinhonha” (R6, 2016). Nessas
palavras, a Pedagogia da Alternância
valoriza o saber popular e práticas
alternativas econômicas para o campo,
promovendo o intercâmbio para a
convivência com o semiárido, educando
com consciência ecológica.
Ao avaliar a proposta da educação do
campo da EFAV, a mãe de uma estudante
aponta: “Meu filho formou numa área que
se identifica com o campo que ele
trabalha” (R8, 2016), e a partir da
formação na escola ter condições para
permanecer no campo, com dignidade e
qualidade de vida. Assim,
progressivamente, se consolida um
processo amplo, de base territorial, com
jovens do campo formados e atuantes na
região em diferentes setores, seja no
campo ou na cidade. A EFAV também
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produz uma territorialidade marcada pelo
reconhecimento, pelo sentimento de
pertencimento dos estudantes e das
famílias pela experiência formativa vivida.
Essa identidade produz significativas
mudanças na dinâmica regional, sobretudo
a partir dos territórios da vida.
Assim, é justamente na alternância
que se experimenta o enraizamento, seja
formativo dos estudantes, seja da relação
de retroalimentação entre escola e
comunidades rurais. Os instrumentos
pedagógicos são fundamentais nesse
processo, como nos disse uma mãe: “é tipo
uma convivência com a escola e a casa,
observo as atividades e acompanho o
caderno e assino para afirmar, sempre com
parceria na escola” (R9, 2016). A mãe
ressaltou a presença marcante nas reuniões
escolares. O caderno de acompanhamento,
é um instrumento pedagógico da pedagogia
da alternância, funciona como registro
diário, aonde o estudante anota todas as
atividades que realiza na sessão casa e na
sessão escola, funciona como meio de
comunicação entre a escola e a família.
Por sua vez, para os jovens em
formação, como estudantes em trânsito
para a vida profissional, vivenciar a escola
por meio da alternância “faz-nos ser jovens
críticos, entender muitas coisas, pelo fato
de não viver no campo, não sabia que tinha
tanta diversidade e suas próprias
características, saio da escola e coloco em
prática na quinzena casa” (R11, 2016).
Outro estudante, egresso em 2013, que
trabalha atualmente com extensão técnica
nos diz:
Se eu estou no campo até hoje, não
exatamente no campo, mas
trabalhando para o campo, devo a
escola que permitiu ter outro ponto
de vista da nossa região, do nosso
lugar e a dar valor no meio onde
vivemos, trabalho para melhorar
onde vivemos. ... nasci no campo,
minhas raízes são do campo e
acredito muito nesse campo (R15,
2016).
Desta forma, os jovens, como
profissionais, aplicam seus conhecimentos
na propriedade da família, a partir de
valores como os cuidados ecológicos no
processo produtivo, incluindo manejo dos
solos, a preservação das fontes de água
etc.:
A produção agroecológica é um dos
princípios da Escola Família
Agrícola de Veredinha que é ter uma
prática agrícola em equilíbrio com a
natureza, preservando o meio
ambiente e os seus recursos naturais.
Um dos sonhos colocado pelo sócio
fundador da ACODEFAV era ter
jovens “educados para realizar
projetos para a região e suas
propriedades preservando as terras, a
água e a natureza por inteiro” (R20,
2016).
Portanto, a EFAV indica um
legado com contribuições regionais seja na
formação de juventudes (e com elas, suas
famílias e comunidades), seja na produção
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de ambientes e processos produtivos
inspirados em novos paradigmas, como é o
da Agroecologia. A experiência da escola
indica contribuições para o fortalecimento
dos territórios da vida, para o
reconhecimento das territorialidades das
comunidades suas identidades, histórias e
cultura, e seus modos de vida. Além disso,
a escola é um lugar para esses jovens,
famílias e comunidades, pois há
sentimento de pertencimento, identidade,
reconhecimento e de compromisso com o
campo seja em projetos, seja em
assessorias, seja como agricultores etc.
Ensino de geografia: articulando
conhecimentos e experiências
A Pedagogia da Alternância possui
quatro pilares (Associação Local,
Alternância, Formação Integral e
Desenvolvimento do Meio), e tem como
base o Plano de Formação (PF
iii
),
organizado por alguns instrumentos
pedagógicos (Plano de Estudos, Colocação
em Comum, Caderno de
Acompanhamento, Caderno da Realidade,
Visita às Famílias, Visita de Estudos,
Tutoria...) que são realizados com a
participação de estudantes, monitores,
parceiros, família e comunidade com o
intuito de gerar oportunidades para o
jovem permanecer no campo. Com o
objetivo de discutir esse processo
formativo, destacamos aqui o plano de
estudo e instrumentos complementares.
O Plano de Estudo (PE
iv
) é
organizado por etapas, envolvendo a
alternância entre a sessão escolar e a sessão
comunidade: O PE é feito de questões
elaboradas em conjunto, a partir de um
diálogo entre alunos e monitores, tendo por
base a realidade objetiva do jovem. Trata-
se de pesquisa participativa, realizada no
meio sócioprofissional, sistematizada e
ampliada na escola” (EFAV - PPP, 2010).
A proposta do PE se pela
organização dos eixos do Plano de
Formação com o meio e a vida do
estudante, e associados para serem
desenvolvidos ao longo de três anos,
através da pedagogia da alternância com
uma aprendizagem contínua numa
descontinuidade de atividades e de espaço
e tempos entre a escola, a família e a
comunidade. Segundo o Plano de
Formação da EFAV (2010), os eixos
consistem em:
Primeiro: Convivência
familiar e comunitária;
experiência do trabalho,
com: observação, análise e
descrição da realidade
(Saber empírico).
Segundo: Na escola - centro
de formação é colocação em
comum da reflexão de cada
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estudante, a partir da
pesquisa do plano de
estudo, com:
problematização,
formalização -
conceitualização - análise -
aprofundamento e
sistematização do
conhecimento popular com
os conhecimentos escolares
(Saber teórico).
Terceiro: No meio
sócioprofissional familiar,
ao retornar para casa, junto
à família, o jovem fecha o
ciclo do processo
metodológico onde: realiza
experiências e aplicações
dos estudos; confronta os
saberes teóricos e práticos,
faz novas interrogações e
novas pesquisas (Saber
prático).
Os planos de estudos são distribuídos
através dos eixos temáticos para direcionar
as etapas de formação dos estudantes, e são
bimestrais para facilitar o planejamento
interdisciplinar dos conteúdos das
disciplinas da base comum e técnica. As
situações problemas vivenciadas pela
escola e comunidade escolar são indicadas
em assembleia com a participação
expressiva de pais, monitores, estudantes e
parceiros. Após definição do problema, ele
passa a ser considerado o alvo de pesquisa
do PE. Nesse sentido o objeto de estudo a
ser investigado tem o problema como
principal direção com o intuito de
fortalecer a interação entre a comunidade e
a escola.
O planejamento do ensino de
Geografia está dentro desta organização,
interdisciplinar ao PE ampliando o
conhecimento científico do tema. Citam-se
os conteúdos da Geografia que amplia o
conhecimento da temática “água e solo” a
geologia (A terra dinâmica, estrutura,
forma e atividades humanas) e
geomorfologia (Água: aproveitamento,
geopolítica e conservação).
Incluímos as etapas de um exemplo
de Plano de Estudo realizado na EFAV
com o tema “Água e Solo na nossa região”
do primeiro eixo do plano de formação. A
atividade foi organizada a partir do
objetivo de contribuir para a formação de
cidadãos conscientes que possam atuar na
realidade socioambiental de forma
comprometida com o desenvolvimento
sustentável, para tal houve 16 horas/aulas
para discutir os temas da natureza,
sociedade e questão ambiental. A temática
discutida e desenvolvida com os estudantes
do ano, foi com a devida orientação da
orientação da monitora de Geografia e
aplicação do plano de estudo “água e solo”
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juntamente com outros professores de
Matemática e Agricultura.
O tema do Plano de Estudo na base
comum torna-se fonte de ampliação do
conhecimento com reflexão,
problematização e interferência sobre a
realidade, através do ensino da Geografia
v
.
E na formação técnica, os estudantes têm a
oportunidade de conhecer ações voltadas
para o uso racional e manejo do solo e dos
recursos naturais da água, promover
práticas agropecuárias em que esses
conhecimentos possam contribuir para a
produção e geração de renda com
resiliências aos ambientes. É nessa
caminhada que se criam aberturas para
leitura do mundo, problematização e
debate, ou em consonância com Fernandes
(2008, p. 141): “Nosso pensamento é
defender o direito que uma população tem
de pensar o mundo a partir do lugar que
vive, ou seja, da terra em que pisa, melhor
ainda a partir de sua realidade”.
Para garantir essa articulação com o
vivido, além das atividades do tempo
comunidade, é fundamental a realização de
visitas de estudo (trabalhos de campo).
Enquanto recurso didático, o trabalho de
campo é o momento em que podemos
visualizar tudo o que foi discutido em sala
de aula, em que teoria se torna realidade,
se ‘materializa’ diante dos olhos
estarrecidos dos estudantes, daí a
importância de planejá-lo o máximo
possível, de modo que ele não se
transforme numa excursão recreativa’
sobre o território, e possa ser um momento
a mais no processo
ensino/aprendizagem/produção do
conhecimento (Marcos, 2006).
Para as visitas de estudo, a
preparação inicia com debates para mapear
quais as ideias ou representações dos
estudantes sobre o tema. Para cada
situação, elege-se uma mediação,
exercitando diferentes habilidades para
apresentação (por meio de desenhos,
cartazes, recortes etc.) ao grupo, com
intuito de apresentar um pouco da
realidade da comunidade e como ela é
compreendida. A partir dos diferentes
contextos apresentados, analisa-se o tema
em escala local, regional e nacional.
Como apresentado por Freire (1998,
p. 34) ao despertar nos estudantes a
curiosidade e criticidade “não há para mim,
na diferença e na ‘distância’ entre a
ingenuidade e a criticidade, entre o saber
de pura experiência feito e o que resulta
dos procedimentos metodicamente
rigorosos, uma ruptura, mas uma
superação”. Assim, a visita de estudo é
uma etapa do Plano de Estudo que têm
como principal objetivo proporcionar um
aprofundamento sobre o tema estudado e
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suas relações com a realidade. Segundo o
Projeto Político Pedagógico da Escola:
... é um momento de conhecer,
perceber contradições, confirmar
hipóteses, estabelecer intercâmbios,
superar dúvidas. São acompanhas
pelos monitores, que têm a função de
preparar esse momento orientando na
escolha do local, estabelecendo
contatos, discutindo questões de
maior ênfase, viabilizando plenárias e
estimulando o aluno a se apropriar
daquilo que o local/instituição pode
fornecer como contribuinte para o
seu crescimento pessoal e
profissional (EFAV - PPP, 2010).
A visita de estudo com temática do
plano de estudo “água e solo” foi realizada
na barragem de Irapé construído para
funcionamento de usina hidrelétrica no Rio
Jequitinhonha. A construção dessa
barragem impactou significativamente a
região, gerando um imensurável passivo
ambiental e social, expropriando e
deslocando cerca de 50 comunidades rurais
que dependiam da dinâmica hídrica do rio
para suas atividades produtivas e modo de
vida. Também foi visitada experiência de
criação de peixes em tanques redes, no
distrito de Madassaia, município de Leme
do Prado. Esta realidade, da construção de
uma barragem com finalidade
hidroelétrica, coloca em questão as
contradições de projetos para o campo
brasileiro, os interesses e disputas que se
operam nas relações do local ao global:
Um ensino de geografia que se
pretende integrador deve levar em
conta essa complexidade da realidade
do campo brasileiro, articulando em
sua dinâmica as particularidades e
especificidades do lugar, sem
desconsiderar as interconexões das
escalas, ou seja, compreender o lugar
é, antes de tudo, pensá-lo como uma
totalidade constituída por espaços e
tempos locais e globais (David, 2010,
p. 44).
Para o desenvolvimento da temática
ambiente para o trabalho de campo é
necessário planejar, de modo a identificar o
conhecimento prévio do aluno. Segundo
Souza et al. (2008), “por meio do trabalho
de campo é possível desenvolver as
habilidades de observar, descrever,
interpretar fenômenos naturais e
socioespaciais nos estudantes, e inferir na
boa formação de profissionais ...”. A
atividade foi desenvolvida de forma
interdisciplinar, com envolvimento das
disciplinas de Zootecnia (prática, manuseio
e produção da aquicultura), Matemática
(conteúdos de estatística aplicada e
financeira para administração da produção
e comercialização) e de Geografia.
Por fim, após a visita de estudos é
realizada uma colocação em comum,
seguida da elaboração de uma síntese
geral. Com base no tema “Água e Solo”
foram indicadas as políticas públicas de
captação e armazenamento da água, com
os programas do governo federal P1 + 2 e
1 Milharão de Cisternas, assessorados pelo
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CAV nas comunidades rurais de Chapada
do Norte, Minas Novas, Turmalina e
Veredinha. Além deste, as atividades do
CAV ganham destaque, pois incluem
iniciativas como os projetos de proteção,
recuperação e preservação do meio
ambiente. Na colocação em comum,
também foram indicadas situações-
problema, como a prática da queimada
para limpeza da propriedade, o
desmatamento, a necessidade de correção
dos solos com matéria orgânica o que
desafia a pensar o manejo do
agroecossistema (não apenas do solo, ou da
planta). Nestes momentos, a discussão
também gera partilha de experiências.
A disciplina de geografia cumpre seu
papel ao articular o ensino/aprendizado
com o PE, levando em consideração as
problemáticas apresentadas na síntese geral
e as implicações dos estudantes. No
tocante ao ensino de Geografia, uma das
estudantes relata que:
A Geografia traz o conhecimento
sobre o clima, a vegetação, a
topografia do terreno e o relevo, tudo
isso ajuda no jeito de plantar, como
moramos no semiárido. Ela contribui
em diversas situações a partir do
conhecimento, fora questão
ambiental, contribui socialmente para
sermos cidadãos críticos (R25, 2016).
Nesse sentido, o ensino se destaca
nas palavras do estudante egresso em 2014
que ainda reside no campo.
Posso dizer que a Geografia traz um
conhecimento, como por exemplo, o
território, que não é simplesmente
um espaço geográfico e um pedaço
de chão (propriedade rural).
Território é identidade, ou seja, é a
cultura de um povo, os
conhecimentos que são passados de
geração em geração, não existem
nenhum povo que não conheça o
território onde se habita (R20, 2016).
Pode-se observar, a partir da análise
documental que a escola, enquanto uma
experiência de educação do campo com
base na pedagogia da alternância, tem
contribuído para a formação das
juventudes (do campo e da cidade) com
envolvimento das famílias, comunidades,
organizações da sociedade civil etc. A
análise do contexto histórico e pedagógico
demonstra que, embora seja uma das
poucas propostas de educação campo,
voltadas ao desenvolvimento integral do
jovem e o seu meio, consegue promover
significativas mudanças na vida das
famílias, dos jovens e das comunidades e
ou organizações em que estes atuam.
E o ensino da geografia não tem
ficado de lado na formação de melhor
entendimento do território e da vida no
campo. A interdisciplinaridade proposta
pelo PE contribui com geografia para
ampliar a pesquisa, e efetivar o contato
com o objeto de estudo. Como esclarece
Freire (1998, p. 32) “Não ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino ... Pesquiso
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para conhecer o que ainda não conheço e
comunicar ou anunciar a novidade”.
Considerando os recursos e atividades
propostas, implica uma postura
interdisciplinar e construtivista para o
conhecimento.
Percebe-se a contribuição do uso
integrado do trabalho de campo e estudos
do meio, que são relevantes à compreensão
das relações entre ambiente e sociedade, e
para o exercício da cidadania.
Considerações
Com base nos objetivos propostos,
podemos concluir indicando que a EFAV
foi criada para atender a uma demanda
específica: ofertar ensino médio e técnico
para jovens do campo que, em sua maioria,
tinham dificuldades para acesso à escola.
No entanto, ao lançar-se neste desafio, os
agricultores e organizações, ousaram
avançar em uma proposta pedagógica e
política que atenda aos interesses dos
sujeitos do campo. E, para tal, buscaram
nas experiências e acúmulos da educação
do campo e da pedagogia da alternância, as
referências para a formulação e
implementação de uma experiência
pedagógica e política com inserção
regional. Por estes caminhos, várias
contribuições da EFAV para os sujeitos
que compõem a comunidade escolar.
Apresentamos neste texto alguns
apontamentos de estudantes, egressos,
monitores, famílias e assessores de
organizações parceiras.
Portanto, a experiência da EFAV não
pode ser restrita à escola ou ao ambiente
escolar. É uma experiência que versa sobre
desafios e a capacidade de mobilização
popular, de articulação política entre
diferentes organizações sociais (ONGs,
Sindicatos, Associações, Movimentos
Sociais etc.) e de superação das diferenças
a partir da construção de um projeto de
vida, de um sonho: uma escola que acolha
e seja solidária com os filhos dos
agricultores, com seus saberes e vivências,
com suas vestimentas e ferramentas, que
entenda sua sede de conhecimento e os
motive no caminho do estudo, da pesquisa,
da análise e compreensão da realidade
enquanto sujeitos que podem transformar
sua realidade.
A escola, embebida destes processos
e princípios, é um ambiente construído por
muitas mãos, que demonstra a força dos
trabalhadores e trabalhadoras do campo,
em sua permanente ousadia de sonhar,
semear e cuidar do futuro.
Referências
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______________. (2005). Brasília: União
Nacional das Escolas Famílias Agrícolas
do Brasil. Revista da Formação por
Alternância, 1(2).
i
Após a criação do estatuto os membros
devem ser sócios- fundadores, pais, os jovens em
formação, os pais de estudantes egressos,
estudantes egressos, e as pessoas interessadas pela
formação e desenvolvimento do meio (Regimento
da ACODEFAV, 2003).
ii
Para as contribuições registradas em
diário de campo (conversas informais, registros de
falas em eventos etc.) será utilizada sigla R e
numeração. Resguarda-se, assim, a identidade
dos/as sujeitos envolvidos.
iii
É por meio do Plano de Formação que se
atinge os objetivos da EFA. O PF visa: Articular os
saberes da vida do jovem rural com os saberes
escolares do programa oficial; associar os
conteúdos profissionalizantes (técnicos) e os
conteúdos gerais, humanísticos; facilitar a
aprendizagem dos alunos/as; acompanhar de forma
personalizada cada jovem tanto na EFA, quanto no
meio na construção do ser, do saber, da convivência
e da vocação profissional; ajudar na construção do
projeto de vida. (Nascimento, 2005, p. 295).
iv
O PE - Plano de Estudo é um instrumento
da Pedagogia da Alternância que integra a vida, o
trabalho, a família com a EFA. Um instrumento de
reflexão e problematização da realidade, que
norteará as demais aprendizagens e
aprofundamentos necessários, para responder às
necessidades locais (EFAV - PPP, 2010).
v
Planejamento anual de Ensino da
Geografia para o desenvolvimento das temáticas do
ano do Ensino Médio/Profissionalizante da
Escola Família Agrícola de Veredinha, 2016.
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 10/08/2018
Aprovado em: 08/07/2019
Publicado em: 31/08/2020
Received on August 10th, 2018
Accepted on July 08th, 2019
Published on August, 31st, 2020
Contribuições no artigo: As autoras foram as
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de interesse: As autoras declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Adriana Rodrigues da Silva
http://orcid.org/0000-0003-1725-689X
Aline Weber Sulzbacher
http://orcid.org/0000-0003-3353-4589
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família
Agrícola: reflexões sobre as contribuições para
comunidades rurais. Rev. Bras. Educ. Camp., 5, e5756.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5756
ABNT
SILVA, A. R.; SULZBACHER, A. W. Escola Família
Agrícola: reflexões sobre as contribuições para
comunidades rurais. Rev. Bras. Educ. Camp.,
Tocantinópolis, v. 5, e5756, 2020.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5756