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se relaciona com a comunidade, pela
atitude expressa em relação às pessoas, aos
problemas educacionais e sociais, pelo
modo como nela se trabalha, dentre outros
aspectos.
Educadores/as do campo: protagonista e
construtores da sua própria história
A Escola Estadual Madre Cristina,
localizada no Assentamento Roseli Nunes
no município de Mirassol D’Oeste-MT,
nasce da luta de um povo que rompe com o
latifúndio do saber e em movimento,
assentados na luta pela reforma agrária e
organizados pelo Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST, se
reúnem e formam o coletivo de educação
para a construção e organização da escola
itinerante, que “... não existe em nenhum
lugar na sua totalidade, mas os seus
principais aspectos estão presentes e em
funcionamento em muitos lugares”. (MST,
1999, p. 199), no dia 17 de março de 1997,
na Fazenda Facão, no município de
Cáceres-MT, com aproximadamente 600
famílias. Estas famílias foram distribuídas
em três assentamentos e aproximadamente
350 famílias foram destinadas para o
Assentamento Roseli Nunes.
A luta pela terra é uma luta em
família. A presença das crianças cria
novas necessidades para a
organização do movimento. Assim, o
espaço e a vivência no acampamento
passam obrigatoriamente a envolver
não somente adultos, mas
necessariamente novos sujeitos: as
crianças. Todo esse processo vai
materializando a preocupação do
Movimento e do Setor de Educação
com esses novos sujeitos, que não
são passivos, muito pelo contrário,
aprendem a mobilizar-se e indignar-
se com o sofrimento e a luta de seus
pais e passam também a incorporá-la,
certamente que não na mesma
dimensão que os adultos, com a falta
do que comer, com a falta de trabalho
para seus pais, enfim, vivenciam
situações concretas de expropriação
social. (Alves, 2001, p. 80).
E todo este processo de luta pela
terra, diante da necessidade de educação, a
escola itinerante é pensada e construída
com o trabalho de todos, e em mutirão
constroem a escola de palha, os bancos e as
mesas de madeira e organizaram os
estudantes por turmas, e convidaram
alguns acampados que tinham experiência
como docentes ou que tinham afinidade
para o exercício da docência para iniciar as
aulas, como é destacada na fala da
educadora 1:
“Fui para o acampamento, e não
tinha muito estudo, mas dos que
estavam acampados e que não tinha
experiência como professora, eu
tinha a maior formação, tinha a 8ª
série, fui convidada para dar aulas, e
organizamos tudo que precisava, na
medida do possível e dentro das
possibilidades que eram possíveis
naquele momento, era uma escola
diferente, cantávamos com os
estudantes, fazíamos mística,
escrevia no chão, e era uma
realidade que aprendia a cada dia
como ser educadora dentro de um
acampamento”. (Entrevista,
02/2018).