Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e5813
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e5813
10.20873/uft.rbec.v4e5813
2019
ISSN: 2525-4863
1
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Narrativas ficcionais - potenciais pedagógicos, estético e
literário para a formação do aluno no espaço escolar
Elivaldo Serrão Custódio
1
,
Rubelina Silva dos Santos
2
1
Universidade Federal do Amapá - UNIFAP. Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGED. Rodovia Juscelino
Kubitschek, KM-02, Jardim Marco Zero. Macapá - AP. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: elivaldo.pa@hotmail.com
RESUMO. O presente trabalho tem como objetivo elaborar
estratégias de estímulo à leitura com ações que envolvem
narrativas ficcionais de forma dinâmica, prazerosa e divertida
junto a alunos dos anos finais do Ensino Fundamental da Escola
Fé em Deus localizada em Rio Baiano, município de Afuá,
Estado do Pará. Para isso, utilizamos da pesquisa bibliográfica e
da pesquisa ação com abordagem qualitativa/quantitativa, sendo
a segunda desenvolvida a partir do diagnóstico através de
questionário aplicado com os alunos. Os resultados demonstram
que é possível estimular o gosto e o prazer pela leitura a partir
das narrativas ficcionais e que a utilização de espaços além do
da sala de aula podem tornar a leitura mais divertida e que o
papel do professor é fundamental nesse processo. Assim,
acreditamos que trabalhos dessa natureza são importantes para o
processo de ensino e aprendizagem de forma dinâmica e
também porque permite ao educador momentos de reflexão
sobre a prática docente em escolas localizadas na zona rural.
Palavras-chave: Narrativas Ficcionais, Leitura, Ensino e
Aprendizagem, Escola Pública.
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Fictional narratives - pedagogical, aesthetic and literary
potentials for the student's formation in the school space
ABSTRACT. The present work aims to develop strategies to
stimulate reading with actions that involve fictional narratives in
a dynamic, pleasant and fun way with students of the final years
of Elementary School of the Faith in God School located in the
Baiano River, Afuá municipality in the state of Pará. For this,
we used bibliographic research and action research with a
qualitative/quantitative approach, the second one being
developed from the diagnosis through a questionnaire applied
with the students. The results demonstrate that it is possible to
stimulate taste and pleasure by reading from fictional narratives
and that the use of spaces beyond the classroom can make
reading more fun and that the role of the teacher is fundamental
in this process. Thus, we believe that works of this nature are
important for the teaching and learning process in a dynamic
way and also because it allows the educator moments of
reflection about the teaching practice in schools located in the
rural area.
Keywords: Fictional Narratives, Reading, Teaching and
Learning, Public School.
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Narrativas ficcionales - potenciales pedagógicos, estético y
literario para la formación del alumno en el espacio
escolar
RESUMEN. El presente trabajo tiene como objetivo elaborar
estrategias de estímulo a la lectura con acciones que involucran
narrativas ficcionales de forma dinámica, placentera y divertida
junto a alumnos de los años finales de la Enseñanza
Fundamental de la Escuela Fe en Dios ubicada en el Río Baiano,
municipio de Afuá en el estado del Amazonas, Para ello,
utilizamos la investigación bibliográfica y la investigación-
acción con abordaje cualitativo/cuantitativo, siendo la segunda
desarrollada a partir del diagnóstico a través del cuestionario
aplicado con los alumnos. Los resultados demuestran que es
posible estimular el gusto y el placer por la lectura a partir de las
narraciones ficcionales y que la utilización de espacios más allá
del aula pueden hacer la lectura más divertida y que el papel del
profesor es fundamental en ese proceso. Así, creemos que
trabajos de esa naturaleza son importantes para el proceso de
enseñanza y aprendizaje de forma dinámica y también porque
permite al educador momentos de reflexión sobre la práctica
docente en escuelas ubicadas en la zona rural.
Palabras clave: Las Narraciones Ficcionales, Lectura,
Enseñanza y Aprendizaje, Escuela pública.
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Introdução
Viabilizar meios para que a criança
desenvolva o gosto e o hábito de ler ainda
nos primeiros anos de vida é uma ação
muito importante que deve ser priorizada
por pais ou demais familiares. Assim como
o ato de brincar, ouvir histórias é um
momento lúdico que deve ser oportunizado
às crianças, desenvolve o gosto pela
leitura, instiga novas emoções e estimula o
desenvolvimento cognitivo.
A leitura uma vez sendo apresentada
à criança no ambiente familiar, ouvindo as
histórias contadas pelos pais ou demais
familiares, ao adentrar à escola o processo
de incentivo, o estímulo deve ser
aprimorado pelo professor que deve
disponibilizar à criança os mais diferentes
gêneros textuais de acordo com a idade e o
nível de conhecimento em que se encontra.
Esta necessidade advém do fato de que a
escola tem o papel de desenvolver na
criança além do gosto pela leitura, sua
plenitude, ampliando assim o repertório de
gêneros para os trabalhos realizados pelo
professor em sala de aula de acordo com o
ano de estudos em que a criança se
encontra.
É nesse contexto que se encontram as
narrativas ficcionais e o gênero textual que
muitas vezes é deixado de lado ou até
mesmo esquecido pelos professores, mas
que é de fundamental importância ao
processo de ensino e estímulo à leitura.
Tendo em vista que é envolto em aventuras
e magias com personagens que enaltecem a
história e enredos que encantam desde as
criancinhas, até os mais velhos, essas
narrativas ficcionais muitas vezes são a
única garantia de que não serão esquecidas,
mantendo-as por gerações e gerações
através da oralidade nas comunidades
ribeirinhas.
Por suas especificidades, tais como
envolver a cultura local e promover
diferenciadas emoções ao interlocutor,
defendemos o uso dos contos ficcionais no
estímulo da leitura que na grande
maioria das escolas localizadas no meio
rural ou localidades ribeirinhas, os jogos de
videogames, computadores, celulares ou
tablets, dentre outros mecanismos que lhes
possibilitem o acesso à internet são uma
realidade distante, o uso de mecanismos
como o incentivo de contos ficcionais são
uma possiblidade de prática pedagógica
diferenciada de valorização da cultura e
história regional.
São esses mesmos mecanismos que
facilitam a vida, que permitem acesso a
qualquer tipo de informação em tempo
real, que também são os maiores vilões da
falta de gosto pela leitura entre crianças e
adolescentes, pois, tendo acesso às
tecnologias, eles perdem totalmente o
interesse por ler, ouvir ou contar histórias,
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preferem as diversões promovidas pelos
meios tecnológicos. Foi a partir dessa
constatação que decidimos por elaborar
estratégias de estímulo à leitura, com ações
que envolvem as narrativas ficcionais, de
forma dinâmica, prazerosa e divertida,
desenvolvidas junto aos alunos dos anos
finais do Ensino Fundamental da Escola
em Deus (EMEF) localizada no Rio
Baiano, município de Afuá no estado do
Pará/Brasil.
O problema que levou ao interesse
pela pesquisa foi a observação de que as
dificuldades de leitura comuns nos anos
finais do Ensino Fundamental são oriundas
da falta de incentivo desde os anos iniciais.
Desse modo, pensamos em apresentar
propostas de trabalhos diferenciadas e
significativas aos alunos a partir das
narrativas ficcionais para instigar o gosto e
o hábito da leitura, pois sabemos que ainda
hoje no meio rural e até mesmo na zona
urbana no processo de ensino e
aprendizagem de linguagem, o uso
excessivo de conteúdos de Língua
Portuguesa fazem com que o professor
esqueça do essencial que é inserir a criança
no mundo da leitura.
Sendo assim, como objetivo
principal do trabalho procuramos
demonstrar que é possível utilizar as
narrativas ficcionais como recurso
pedagógico, estético e literário para
trabalhar a leitura tornando o ensino
significativo ao aluno dos anos finais do
Ensino Fundamental. Para isso, utilizamos
como metodologia de trabalho dois tipos
de pesquisa, a bibliográfica e a pesquisa
ação com abordagem
qualitativa/quantitativa, sendo a segunda
desenvolvida a partir do diagnóstico da
aplicação de questionário com os alunos.
Em seguida, a partir dos dados coletados
foi feita a reescrita dos textos mencionados
no questionário, como sendo os preferidos
dos participantes da pesquisa, para
posterior disponibilização para leitura em
locais diferenciados, como o barco que faz
o transporte das crianças até a escola.
Além disso, houve ainda a socialização dos
textos lidos em sala de aula e a
dramatização pelos alunos do ano a toda
a comunidade escolar.
Os resultados da pesquisa são
apresentados em duas seções principais,
sendo que na primeira denominada de
Narrativas ficcionais da Escola Municipal
de Ensino Fundamental em Deus:
vivências, experiências e realidade local”,
onde abordamos aspectos inerentes às
especificidades das escolas na região do
município de Afuá e traçamos um perfil da
escola campo de pesquisa detalhando a
estrutura física e o meio de transporte dos
alunos.
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Na segunda parte do trabalho,
denominada de “Enquadre metodológico”,
delimitamos os sujeitos da pesquisa, os
instrumentos de coleta de dados, os
aspectos éticos e legais e o cenário da
intervenção: o público. Em seguida,
apresentamos a análise e discussão dos
resultados. Os principais autores utilizados
para embasar as discussões foram: Sicsu
(2013), Bettelheim (2004) e Da Costa
(2016). Por último, apresentamos as
considerações finais acerca do trabalho
realizado.
Narrativas ficcionais na escola
municipal de ensino fundamental em
Deus: vivências, experiências e realidade
local
Falar em Educação no Campo na
Amazônia é muito complexo, como por
exemplo, no estado do Pará e Amapá, pois
ambos os estados refletem e apresentam no
mesmo contexto as mesmas mazelas
relacionadas à garantia de direitos que
ainda não constituem a realidade do
homem que habita no campo, nas áreas
ribeirinhas, nas florestas.
É importante se considerar os dados
exposto por Hage (2005) quando afirma
que 29,9% da população adulta residente
em áreas rurais ainda é analfabeta; que a
média de anos de escolarização é de 3,3;
que entre as escolas que atendem a
população do campo com a oferta do
Ensino Fundamental, 71,7% trabalham
exclusivamente com turmas multisseriadas,
atendendo 46,6% dos estudantes em
condições precárias e com pouco
aproveitamento na aprendizagem.
Esses dados ficam ainda mais
evidentes se formos considerar as escolas
que se encontram mais distantes dos
grandes centros com acesso apenas fluvial,
sem qualquer tipo de acesso por via
terrestre a outras comunidades como é o
caso da EMEF que está localizada às
margens do Rio Baiano, no meio da grande
floresta amazônica, com difícil acesso na
época da seca e sofrendo alagações no
período de inverno.
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Figura 1 - Realidade de escolas da Educação do Campo localizadas em regiões ribeirinhas.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
Imagens como essas (Figura 1)
retratam a realidade das escolas do campo -
aquelas localizadas em regiões ribeirinhas
bem distantes - onde a dificuldade de
acesso de alunos e professores é maior com
infraestrutura física inadequada para
receber docentes e discentes, gerando
assim uma certa indignação por parte da
sociedade.
Sabemos que os recursos destinados
pelo Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) para educação, no entanto,
muitas vezes não são suficientes e/ou
investidos de forma adequada. Esses
entraves são encontrados tanto no Amapá
quanto no Pará. E figuram entre os maiores
empecilhos para que os alunos tenham
acesso a uma educação de qualidade.
Mesmo assim, os profissionais que atuam
nesses ambientes totalmente insalubres
buscam mesmo sem contar com nenhum
tipo de conforto, estar presentes nas
escolas tentando levar um ensino de
qualidade aos alunos, ainda que para isso
tenham que correr riscos, junto com as
crianças como a falta de segurança e
conforto ao navegar pelos rios da
Amazônia.
É importante salientar que as
dificuldades de acesso em algumas
regionais
i
do Afuá ocorrem tanto no
período do verão quanto do inverno, pois
na época da seca professores e alunos têm
que enfrentar a lama para desembarcar na
escola. no inverno devido as escolas se
encontrarem situadas em locais que são
totalmente tomados pela água em períodos
de cheia, de maré alta, as águas tomam
todos os espaços de aprendizagem e,
quando aulas os alunos sentam-se e
ficam com os pés dentro d’água conforme
se pode observar na imagem a seguir:
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Figura 2 - Alunos estudando no período do inverno em escolas ribeirinhas da região do Afuá.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2016).
Conforme exposto por Da Costa
(2016), o contexto observado em torno das
escolas de regiões ribeirinhas é,
tradicionalmente, de uma paisagem
comunitária composta por um conjunto
aproximado de trinta e/ou quarenta
pequenas residências construídas em
madeira e cobertas de palha ou telhas de
alumínio ou amianto e/ou ainda pequenas
“taperas”
ii
distribuídas às margens dos rios
amazônicos, sendo algumas próximas
umas das outras ou mais isoladas entre si.
A escola municipal de ensino
fundamental em Deus no município
de Afuá
A EMEF tem a via fluvial como
único meio de acesso. Sendo assim, para
quem quer se deslocar de Macapá, capital
mais próxima da localidade, é necessário
fazer a travessia de uma baía, denominada
de Baía do Vieira Grande, além do Rio
Amazonas.
Os meios de transporte mais
utilizados para deslocamento até a
comunidade fazendo o trajeto de Santana
ou Macapá à Regional onde está situado o
colégio são: lanchas, catraias, voadeiras e
barcos.
iii
Os moradores preferem viajar de
lancha ou catraia, devido ao custo
financeiro, ou seja, pelo fato de o valor da
passagem ser mais barato, isto é, em média
de 15 reais. Entretanto, o tempo para se
chegar à localidade é maior, geralmente
varia de três horas e meia a quatro horas,
dependendo do motor. os professores
preferem viajar de voadeira (apesar de ter
um custo maior) por ser um meio de
transporte mais rápido que não torna a
viagem tão cansativa.
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Figura 3 - Localização da EMEF Fé em Deus.
Fonte: Google Maps (2017).
A EMEF é construída em madeira
com cobertura de telha de barro. A mesma
possui quatro salas de aula e cada turma
funciona com aproximadamente vinte
alunos. No prédio não acessibilidade às
pessoas deficientes nem atendimento
educacional especializado.
Figura 4 - A EMEF.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
São atendidos os alunos da Educação
Infantil (17 matriculados no ano de 2017) e
os do Ensino Fundamental I (1º ao ano).
No segundo turno o atendimento é voltado
aos alunos do Ensino Fundamental II (6º
ao 9º ano).
O ano letivo, conforme o calendário
da Secretaria Municipal de Educação
(Semed) Afuá-PA, costuma ser iniciado
regularmente no mês de fevereiro e com
término em dezembro. Sendo que a partir
do encerramento das aulas os professores
efetivos são devolvidos para a Secretaria
de Educação que, consequentemente, irá
fazer a lotação desses profissionais no ano
subsequente de acordo com os decretos,
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portarias e o regimento interno do
município. Essa situação é uma das
estratégias de política governamental que o
gestor municipal usa para diminuir
despesas com por exemplo, deixar de pagar
cinquenta por cento (50%) de
interiorização, recurso este que os docentes
recebem quando estão desempenhando
suas funções em sala de aula,
especificamente na zona rural.
No período das aulas o meio de
transporte utilizado pelos alunos para se
locomover até à escola cotidianamente é a
catraia
iv
. Vale salientar que, conforme
explicitado por Santos e Nascimento
(2014), essa é a realidade hídrica dos
habitantes de áreas ribeirinhas e esse
contexto não faz parte da vida somente dos
discentes da EMEF, mas de toda a
paisagem característica da Amazônia
Brasileira “onde o ‘rio é rua’ e constitui-se
em elemento fundamental para a
compreensão teórico/conceitual da
territorialidade ribeirinha na região”.
(Santos & Nascimento, 2014, p. 41).
Figura 5 - Catraias utilizadas para que os alunos tenham acesso à escola.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
É importante evidenciar que os eixos
das embarcações que transportam os
alunos possuem proteção para evitar
escalpelamento
v
de meninas, o que é uma
exigência das capitanias dos portos do Pará
e Amapá, devido ao grande índice de casos
registrados nos rios da região.
Enquadre metodológico
A pesquisa efetuada se enquadra
como qualitativa/quantitativa, e quanto aos
procedimentos, como pesquisa ação, pois,
conforme explicitado por Oliveira (2008)
consiste em uma atividade de compreensão
e de explicação das práxis dos grupos
sociais por eles mesmos, com o fim de
melhorar essas práxis.
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Desse modo, a primeira ação que foi
desenvolvida com os alunos diz respeito à
apresentação do gênero que se propôs
trabalhar. Em seguida, cada um recebeu
um questionário contendo algumas
perguntas inerentes ao gosto e contato que
tinham com a leitura no ambiente familiar
e o espaço destinado ao relato do conto
ficcional que eles mais gostavam, e que
tivesse sido contado por pais, tios, avós,
etc. Como resposta, obtemos fragmentos
dos textos apresentados no Quadro 1 a
seguir:
Quadro 1 - Títulos de textos apresentados pelos alunos.
Nome do texto
A criança que chorava
O Mapinguari
A assombração
A lenda do boto
O lobisomem
Cabeça de fogo
Curupira
A lancha encantada
Desejos de grávidas
O homem encantado
A menina encantada
Praia encantada
A lenda do Saci
Arrasta palha
Jurupari
Cobra grande
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
É importante ressaltar que alguns
textos foram repetidos por mais de um ou
dois alunos. Houve alguns textos que
apresentaram fragmentos maiores e outros
com duas ou três linhas, por isso a
importância da reescrita, pois ela nos
possibilitou o acréscimo de informações
que tornaram o texto mais interessante.
Por ocasião das atividades alguns
alunos receberam elementos oriundos de
outros contos e de histórias reais contadas
pelas populações ribeirinhas e até do caso
do vídeo da misteriosa cobra grande
visualizada no ano de 2017 no Rio Matapi,
localizado no município de Mazagão-AP,
que foi compartilhada nas redes sociais,
aguçando a curiosidade de muita gente
para saber o que realmente acontecia
naquelas águas.
Consideramos importante acrescer
esses elementos para criar mais fantasia e
emoção aos enredos trazidos pelos alunos à
sala de aula, pois isso, os instigaria a ir em
busca das informações presentes nos novos
textos e, consequentemente, à leitura.
Sendo assim, utilizamos da
intertextualidade para tornar as histórias
mais criativas e assim, chamar a atenção
dos alunos para a leitura conforme se pode
observar em “A lancha encantada”.
A LANCHA ENCANTADA
muito tempo atrás, um senhor
chamado Teotônio possuía uma lancha, era
normal, como as quais nos trazem à escola.
Mas essa, era usada para vender os peixes
pescados por ele e por seus dois filhos,
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Mateus e Benedito. Em uma das viagens à
cidade, houve um acidente e um dos
rapazes perdeu a vida.
Oito dias após a partida do jovem,
ainda muito triste pela perda do filho, seu
Teotônio teve coragem de voltar aos
trabalhos, retornou à pesca e em seguida,
se direcionou à cidade para vender os
peixes. Retornou, lavou a embarcação e,
no final da tarde, como era de costume,
amarrou-a em um dos troncos que fincou
às margens do rio em frente à sua casa,
exatamente para esses fins.
Qual foi sua surpresa ao
amanhecer, a lancha simplesmente
desapareceu! Dizem os vizinhos que ela se
desmanchou nas águas do rio Laranjeira...
Não acreditando nessa história,
seu Teotônio foi até Macapá e pediu a
ajuda de alguns mergulhadores que se
direcionaram ao local onde supostamente a
lancha havia afundado. Os mergulhadores
então adentraram às águas do Rio
Laranjeiras. Ao mergulhar, notaram que
haviam muitas folhas no fundo do rio e
voltaram à tona.
Nesse momento, as águas então
paradas, começaram a se movimentar,
todos os que estavam presentes,
perceberam que algo parecido com um
redemoinho começava a aparecer bem no
local onde a lancha havia sumido. O
movimento foi aumentando e, de repente!
Uma enorme calda apareceu por entre as
borbulhas que vinham do fundo. Todos
ficaram aterrorizados, pois nunca tinha
visto algo parecido pelos arredores! Os
homens correram para buscar as armas, as
mulheres rezavam e pediam a proteção
divina. Mas, antes que qualquer ação
pudesse ser feita, o movimento na água foi
diminuindo, o redemoinho foi sumindo e
tudo o que restou foi a calmaria das águas
no Rio Laranjeiras...
Devido o acontecido, os
mergulhadores desistiram de retornar às
águas, seu Teotônio mais uma vez ficou
triste por não ter recuperado sua
embarcação. Foi então que teve uma ideia!
Chamou o filho e o compadre Arquimedes
e decidiram que eles mesmos
mergulhariam em busca do pequeno barco.
Marcaram que isso seria feito na manhã do
sábado seguinte e assim o fizeram.
Ao mergulhar, não perceberam
folhas no fundo do rio, mas avistaram
muitos botos nos arredores da embarcação
que se encontrava poucos metros do
local de onde havia sumido, estava intacta!
Sem nenhum arranhão! Foram nadando até
ela e surpreenderam-se quando viram que
na proa do barco havia um homem todo
vestido de branco. Ele levantou a mão
sinalizando para que parassem. Eles
pararam. O homem então ordenou:
- Vão embora rapidamente e
nunca mais voltem aqui! Caso não ouçam
o que digo, da próxima vez ficarão aqui
comigo, encantados para sempre nesse
barco no fundo do rio.
Eles obedeceram, voltaram à tona
e nunca mais retornaram ao fundo do rio.
Dizem os mais velhos, que toda noite o
barco vem à tona e, junto com seu
comandante encantado, segue cuidando
dos rios de toda a região.
Adaptado pelos pesquisadores (2017).
O passo seguinte após fazer a
reescrita foi apresentar os textos aos
alunos. Para isso pensamos em algo
diferente do cotidiano, que chamasse a
atenção e que aguçasse a curiosidade deles.
Desse modo, os novos contos foram
impressos e depois colados em papel
cartão colorido. Em seguida, recortados e
alocados em um pequeno baú deixado em
cada um dos barcos que fazem o transporte
das crianças de casa até a escola e vice-
versa. Nessa fase, os alunos ficaram livres
para ler se tivessem vontade.
Posteriormente, já em sala de aula,
foram convidados a falar sobre os textos
lidos e alguns questionamentos foram
feitos pelos pesquisadores, instigando os
alunos a responder sobre sentimentos
aflorados, tais como: medo, surpresa, a
partir da leitura dos textos. Após esse
momento foram convidados a fazer a
dramatização dos contos em sala de aula.
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Os trabalhos foram desenvolvidos
com alunos do ao ano do Ensino
Fundamental. Os participantes da pesquisa
são filhos de famílias ribeirinhas que
habitam às margens do Rio Baiano e outros
rios da região. Adolescentes estes que
auxiliam os pais no trabalho e, em período
específico, no preparado da roça para o
plantio e colheita. Nesses períodos
normalmente os adolescentes costumam
faltar às aulas, o que prejudica muito o
processo de ensino e aprendizagem. Por
isso, por orientação da própria Secretaria
Municipal de Educação uma
flexibilização no planejamento e nos
conteúdos trabalhados no sentido de que os
alunos não sejam prejudicados.
Figura 6 - Fluxograma de atividades.
Fonte: Elaborado pelos pesquisadores (2017).
No que diz respeito aos contos
reescritos, os escolhidos foram: a) O
cabeça de fogo; b) Jurupari; c) A menina
encantada; d) A lancha encantada e; e) O
Mapinguari. Salientamos que esses textos
foram levados pelos alunos à sala de aula
e, portanto, já eram conhecidos por eles
através de seus familiares, vizinhos ou
amigos em momentos de descontração no
ambiente familiar e/ou por meio de algum
veículo de informação.
Na reescrita buscamos inserir mais
detalhes daqueles apresentados pelos
alunos na produção levada à sala de aula.
Procuramos fazer a correspondência de um
conto com outro, o que tornou a história
bem mais interessante. Após esse
momento, a dinâmica seguiu o mesmo
formato exposto anteriormente.
Posteriormente foram disponibilizados em
bauzinhos que foram espalhados pelas
embarcações que fazem o transporte
escolar para que os alunos fizessem a
leitura durante o trajeto conforme se pode
observar na Figura 7.
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Figura 7 - A leitura no barco.
Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2017).
O passo seguinte foi fazer a leitura e
socialização dos textos em sala de aula. No
ato, os alunos foram convidados a
acomodar-se da forma mais confortável
possível e, em seguida, eram convidados a
contar o que sentiram ao ler os textos
reescritos, se eles perceberam a interação
de outros contos com os que foram levados
por eles à escola. Vejamos a seguir o que
os discentes relataram sobre a dinâmica do
projeto desenvolvida em sala de aula:
“Professora, o texto do Mapinguari
ficou bem mais interessante com a
foto, eu ainda não tinha visto, ele é
bem feio” (risos).
“Aquela história do cabeça de fogo
meu pai falou que é verdadeira”
“É bom a senhora sempre colocar
textos no barco, a viagem passa mais
rápida”
“A lancha encantada fui eu quem
trouxe!”
“Antes eu gostava de histórias de
contos de fadas, agora eu gosto
também desses contos”
“Deixe o baú aqui na sala para a
gente ler quando quiser professora!”
(Falas dos alunos durante a
socialização da leitura no barco,
2017).
O momento de socialização foi muito
valioso e satisfatório, pois permitiu a
interação dos pesquisadores com os alunos,
discutindo-se aspectos inerentes aos textos
que foram disponibilizados no ambiente
escolar para a leitura compartilhada. Na
ocasião, os alunos puderam expor as
opiniões que tinham sobre as histórias,
discordar do enredo, dentre outros
aspectos, o que se configurou como uma
ação bem-sucedida e construtiva, pois,
além do estímulo à leitura que era o foco
principal do trabalho, durante as
discussões, os educandos também
exercitaram a oralidade e a capacidade de
ouvir, de dar atenção ao outro. Essas
habilidades foram fundamentais para a
formação de alunos críticos, reflexivos e
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participativos nesse processo de ensino e
aprendizagem.
Análise e discussão dos resultados
Para análise dos dados, foi utilizada a
técnica de análise de conteúdo na
perspectiva de Bardin (2011). A direção
tomada foi uma análise categorial com: a)
pré-análise - leituras flutuantes,
constituição do corpus e (re)formulação
das hipóteses; b) exploração do material (a
busca de categorias ou palavras
significativas para a pesquisa) e; c)
interpretação dos resultados. As categorias
estabelecidas para análise dos dados foram:
I) prática de leitura e escuta; II) expressão
oral e; III) interpretação. Abaixo,
apresentamos os principais resultados
obtidos no diagnóstico efetuado acerca do
incentivo e do gosto pela leitura. Os dados
inerentes ao primeiro questionamento são
apresentados no Gráfico 1.
Gráfico 1 - Alunos que responderam que tem alguém que conte histórias no ambiente familiar.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
Observamos que a maioria dos
alunos, 88,24%, afirma que no domicílio
alguém, seja pais, tios ou avós que
costumam contar histórias a eles. Esse é
um resultado muito positivo, pois
demonstra que os alunos são incentivados
à leitura pelos familiares por meio da
oralidade. Nesse contexto, Da Costa (2016)
defende o costume de manter as histórias,
ainda que na oralidade, porque conforme a
autora “Essas narrativas demonstram a
riqueza e a sabedoria dos povos nativos”.
Por isso, ainda que inserindo outros
elementos, mantivemos os dados
apresentados por eles nas histórias que
costumam ouvir dos mais velhos no
ambiente familiar.
Perguntamos também aos alunos
participantes da pesquisa se eles gostam de
ouvir histórias. No Gráfico 2 são
apresentados os dados inerentes ao
questionamento.
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Gráfico 2 - Alunos que gostam de ouvir histórias.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
O resultado demonstra que quase a
totalidade dos alunos afirma gostar de
ouvir histórias, o que foi negativado por
somente dois participantes da pesquisa que
equivale a 5,89%. Buscamos identificar
quais eram esses alunos para que eles
falassem mais sobre suas experiências com
a leitura no ato da socialização dos
resultados e também que fossem incluídos
na atividade de dramatização. Isso foi feito
comparando-se a escrita com a de outros
trabalhos realizados em sala de aula, mas
nem foi necessário questioná-los durante a
socialização, ambos eram sempre os
primeiros a responder aos questionamentos
demonstrando que leram, gostaram dos
textos e queriam expor suas opiniões sobre
personagens e histórias apresentadas.
Com a terceira pergunta efetuada aos
alunos buscamos saber se tinham ouvido
histórias que não fosse de contos de fadas,
mas que tivessem gostado muito e que
sempre pediam para que alguém contasse
novamente. Nesse caso, 100% dos alunos
responderam que sim. Esse resultado
demonstra que em casa ou em outro
ambiente que costumam frequentar, além
da escola, em algum momento os alunos
m contato com alguém que se dispõe a
contar-lhes histórias, o que era esperado,
pois, conforme referendado por Sicsu
(2013, p. 56), “há uma maneira de ser do
homem do extremo norte, que nunca será
aniquilada”. Contar histórias é uma dessas
“maneiras de ser” referendada pela autora
e faz parte da rotina da vida dos
ribeirinhos.
Na quarta pergunta direcionada aos
alunos solicitamos que em caso de eles
terem uma história preferida, dentre as
contadas pelos pais ou demais familiares,
que informassem o que sentiam ao ouvi-la.
Como resultado obtemos os seguintes
sentimentos expostos no questionário:
“felicidade”
“alegria”
“prazer”
“tristeza”
“medo”
“frio na barriga”
(Depoimento dos alunos, 2017).
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Observamos que são vários os
sentimentos aflorados nos participantes da
pesquisa quando eles ouvem as histórias
que mais gostam. Isso é muito importante
para a vida da criança, porque, conforme
exposto por Bettelheim (2004) os
sentimentos expressos a partir da leitura
nos permitem superar corajosamente as
adversidades, sejam elas reais ou
imaginárias, e ainda, que por sua imensa
variedade de acontecimentos e situações,
as histórias nos capacitam a tecer imagens
e fantasias, que nos arrancam do mundo
em que vivemos e nos levam a um melhor,
bem mais interessante de habitar.
Por isso, ao serem questionados se
sentem medo ou entendem que essas
histórias não passam de ficção e contos de
assombração, dentre as respostas, obtemos
que:
“Histórias de assombração são as
minhas preferidas”
“Sinto medo de algumas que parecem
ser de verdade”
“Eu gosto, mas sinto medo”
“Depois sinto medo de ir parar o
motor”
“Eu gosto e quando acho legal e peço
pra contar mais e mais!”
“Fico com medo porque pode até ser
ficção, mas é um horror”
“Gosto, mas as vezes um frio na
barriga”
“Fico com a história na cabeça,
parece que vai aparecer pra mim”
(Depoimento dos alunos, 2017).
Com os depoimentos é possível
perceber que mesmo os alunos tendo a
certeza de que as histórias contadas a eles
são de ficção, os sentimentos aflorados
chegam a interferir em alguma ação, como
a relatada, que tem medo de ir parar o
motor
vi
, ou da dor de cabeça ocasionada
pelo medo. Isso ocorre porque conforme
referendado por Bettelheim (2004) o conto
não ignora as ansiedades e dilemas
existenciais do indivíduo tais como a
necessidade de ser amado, o medo de não
ter valor; o amor pela vida e o medo da
morte; ao contrário, ele permite que esses
problemas sejam encarados diretamente,
oferecendo soluções para enfrentá-los.
Solicitamos ainda no questionário
que os alunos relatassem um pouco de uma
história que tivessem ouvido de pais, tios
ou qualquer outra pessoa, a qual eles
afirmaram que o fato aconteceu de verdade
e que eles gostam muito de ouvir. Nesse
caso, obtemos todos os contos como
citados e listados no Quadro 1
anteriormente. Mas para melhor ilustração,
segue exemplo como mostra a Figura 8
apresentada a seguir.
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Figura 8 - Fragmento de conto apresentado por um aluno.
Fonte: Pesquisa dos autores (2017).
Lembramos que os textos levados à
sala de aula pelos alunos foram os mesmos
utilizados nas atividades propostas para
estimular o gosto pela leitura.
Prática de leitura e escuta
São inúmeros os gêneros que podem
ser apresentados às crianças quando se
trata de incentivar a leitura. Eles se
configuram tanto com os que se constituem
na linguagem escrita quanto na oralidade,
tais como os contos ficcionais. No caso das
comunidades ribeirinhas, são tecidos a
partir do seu cotidiano, da relação do
homem com os rios, “a terra e a floresta
numa relação plena de saberes que se
entrelaçam com os mitos, a religiosidade o
trabalho e o lazer”. (Santos & Nascimento,
2014, p. 59).
É essa aproximação das histórias
com as vivências dos alunos, o que lhes
suscita o interesse por ouvi-las conforme
observamos nos dados apresentados no
Gráfico 2, pois grande parte afirma gostar
de ouvir histórias e justifica esse gostar
quando indica que ao ouvir suas histórias
preferidas sente “felicidade”, “alegria”,
“prazer”, “tristeza”, “medo” e até “frio na
barriga”. Foi essa a proposta que se pensou
ao planejar as atividades desenvolvidas
durante a pesquisa realizada na Escola
em Deus. Para isso, lançamos mão da
inserção de outros personagens também
encantados e imaginários sem retirar, no
entanto, a essência dos contos. Foi isso que
instigou o interesse dos alunos pela leitura
conforme se pode observar na Figura 9
apresentada a seguir.
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Figura 9 - Momentos de leitura dos contos ficcionais com os alunos.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
É pertinente salientar que além do
ouvir se faz necessário que a criança seja
estimulada também a contar histórias. E os
mesmos alunos que afirmaram gostar de
ouvir também gostam de contar histórias.
Isso é um aspecto muito positivo, pois,
conforme referendado por Vygotsky (1999,
p. 128), quando a narrativa faz parte da
vida da criança desde os primeiros anos de
vida o pensamento lógico e a imaginação
tendem a se desenvolver com mais
facilidade.
Assim, percebemos de forma bem
nítida o quanto os textos apresentados
pelos alunos e reescritos por eles,
estimularam o gosto pela leitura. Os
mesmos ao terem contato com a leitura no
trajeto para a escola deixavam transparecer
as mais diferentes emoções, ficavam
surpresos com tantas informações
acrescentadas aos textos que eles mesmos
produziram. Isso os fez perceber que é
possível acrescentar informações a um
texto sem que ele perca sua essência, tal
como se pode observar no conto ficcional
reescrito do “Mapinguari” apresentado a
seguir.
O MAPINGUARI
Contam os caboclos da
Amazônia, que dentro da floresta
vive um bicho gigante e peludo, com
a boca na testa e os olhos no umbigo.
Ele é coberto de pelos e usa uma
armadura de casco de tartaruga para
se proteger. Os pés têm formato de
uma mão de pilão.
Quando anda pela mata, vai
gritando, quebrando galhos e
derrubando árvores, deixa um rastro
de destruição. Dizem que ele sai
de casa nos dias santos e feriado e
foge quando encontra um bicho-
preguiça.
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Fonte: Disponível em:
http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/ma
pinguari/ Acesso em: 25 jun. 2018.
Para pegar suas presas, o
mapinguari emite um grito igual aos
que os caçadores usam para se
comunicar na floresta e isso é o que
os leva até o temido monstro. Pois,
ao responder ao grito, o mapinguari
dirige-se à eles. Não adianta correr,
atirar ou gritar contra a fera, ele é
capaz de dilatar o aço quando sopra
no cano da espingarda.
Os ribeirinhos relatam que
houve muitos combates entre
valentes caçadores e o mapinguari,
mas o monstro sempre leva
vantagem, pois, quando os caçadores
não morrem e são devorados, ficam
aleijados e com terríveis marcas pelo
corpo.
Dizem ainda, que o
mapinguari caça durante o dia,
pois deixa a noite para descansar e
repor as forças para suas caçadas e
lutas.
Por isso, cuidado! Não entre
na floresta em dias santos ou feriado
e, ao ouvir gritos pela floresta, nunca
responda, se você responder, o
mapinguari vai chegar até você.
Adaptado pelos pesquisadores (2017).
É importante ainda destacar que a
simples inserção da imagem de um
monstro - que até então os alunos tinham
visualizado somente na imaginação -
inserir as imagens nos contos em que isso
era possível tornou a leitura bem mais
interessante e foi muito satisfatório
visualizar as expressões de encanto, de
surpresa nos olhares dos alunos conforme
apresentado na Figura 10 a seguir.
Figura 10 - Momentos de leitura no barco com os alunos.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
O uso de uma linguagem simples e
de fácil compreensão aos alunos foi
importante para a dinâmica do trabalho,
pois contribuiu para aflorar o interesse pela
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leitura a partir de enredos e personagens
que cativaram, despertaram a sensibilidade
e inúmeras sensações nos jovens leitores
que são possíveis de serem vivenciadas
a partir do contato com os livros, com as
histórias, com os contos.
A expressão oral
Durante todo o desdobramento das
oficinas percebemos que havia muitos
alunos apresentando timidez e falta de
autoconfiança, o que resultava no medo de
falar em público e de errar (falar algo que
provocasse o riso entre os colegas, por
exemplo). Por isso, se tornava tão
complicado fazer com que eles
conseguissem expressar-se fora dos
círculos de convivência. Vale salientar que
nesses círculos eles se sentem à vontade e,
se houver o erro, este será aceito no tom de
brincadeira descontraída, sem ferir a
autoestima do falante. Fora dele, no
entanto, a timidez é fator preponderante
que, na maioria dos casos, impede aos
alunos se expressarem, de expor suas
ideias, defender opiniões, dentre muitos
outros aspectos que acabam por interferir
na interação com o outro.
Por isso se tornou tão importante
criar laços afetivos entre os pesquisadores
e os alunos para que eles notassem que o
professor não é um ser intocável e
inacessível. Portanto, a partir desse
entrosamento passaram a sentir confiança
para se expressar e realizar atividades
como: ensaios para a dramatização,
exercícios de voz e expressão facial. Esse
momento de interação e aprendizado
também serviu ainda para instigar os
educandos à prática da leitura e ao
desenvolvimento da linguagem oral;
inserindo nas atividades cotidianas, ações
significativas, que suscitassem o interesse
e, a partir daí pudessem se posicionar,
favoravelmente ou discordando.
No decorrer das intervenções
percebemos que os alunos foram
adquirindo confiança, assim como
observamos uma mudança de
comportamento, pois os educandos
passaram a demonstrar interesse,
afinidades, carinho e respeito de maneira
mais visível, isto é, o ambiente tornou-se
mais acolhedor e afetivo onde os
participantes ficaram mais à vontade para
compartilhar o conhecimento adquirido.
Verificamos que os discentes conseguiram
“resgatar/construir/descobrir” a autoestima
e autoconfiança, o que os deixou mais
“soltos” e animados para se expressarem e
mostrarem a outras pessoas o que
conseguiram construir durante as oficinas.
Durante as conversas com os alunos
notamos também um certo entusiasmo e,
até mesmo, um pouco de temor ao se
referirem aos contos, principalmente
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aqueles de assombração, o que nitidamente
é perceptível na expressão facial e no uso
de gestos que levavam a fatos ocorridos no
enredo das histórias, como no ato em que
um dos alunos imitava como seria o “frio
na barriga” (fazendo gestos com as mãos).
Bettelheim (2004, p. 281) afirma que
a criança visualiza o futuro nas ações dos
adultos que a rodeiam é comum. De acordo
ainda com o autor, a criança delineia essas
figuras sob a perspectiva de heróis e, com
isso, busca imitá-los, assim como faz com
seus personagens preferidos de filmes e de
histórias como os contos de fadas. Por isso,
o professor deve valorizar momentos em
que os alunos possam interpretar,
dramatizar, imitar, trazer para a sua
realidade a fantasia a emoção vivenciada
nos contos, nas histórias que ouve dos mais
velhos. Foi isso que propomos como
última ação da pesquisa desenvolvida com
os alunos da Escola Fé em Deus.
Interpretação e dramatização
Durante as ações realizadas visando
incentivo à leitura a partir das narrativas
ficcionais, priorizamos os momentos de
discussões em grupo que permitiram aos
alunos ter uma melhor compreensão do
que liam já que tanto nas atividades em
grupos maiores quanto em duplas, eles
eram instigados a discutir entre si sobre o
que liam, confrontando opiniões,
sentimentos, entre outros. Ou seja, isso
exigiu que eles interpretassem o papel de
cada personagem, o motivo dos conflitos
gerados, interpretar as informações
presentes no enredo de cada texto
apresentado.
Quando os alunos participantes do
ao ano da referida escola realizaram as
dramatizações dos contos “Jurupari” e
“Menina encantada”, as crianças
convidadas, da Educação Infantil ao ano
que estavam presentes no local do evento,
voltaram-se completamente para as
apresentações. Os educandos que
dramatizaram os contos estavam
empolgados, seguros e felizes, por isso,
conseguiram emocionar a plateia, assim
como os professores presentes. Na Figura
11, temos as imagens das duas histórias
citadas anteriormente, da Região
Amazônica:
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Figura 11 - Dramatização dos contos: A menina encantada e o Jurupari.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
Foi muito emocionante observar cada
um dos alunos se preocupando em auxiliar
o colega, por exemplo, no ato de ensaiar as
falas para a dramatização, os gestos, as
cenas e até durante as apresentações eles
estavam unidos e felizes. Percebemos
claramente o envolvimento deles com as
peças e o público quando em uma
determinada cena o colega gritava lá do
meio da plateia: “põe drama ai!”. Isso
promoveu momentos de descontração,
diversão e lazer entre os alunos. Além
disso, a dramatização envolveu a escola
como um todo, pois no ato, estavam
presentes os alunos do turno da manhã e da
tarde, inclusive muitos familiares fizeram
questão de assistir à apresentação,
principalmente os pais dos educandos.
Logo, podemos afirmar que as
atividades que propomos no trabalho
desenvolvido na escola em Deus
possibilitou romper com os muros da
escola e chegar até a comunidade como um
todo, envolvendo desde os catraieiros até
os pais dos alunos, que não participam com
muita frequência das atividades
desenvolvidas no ambiente educacional.
Figura 12 - Público na dramatização realizada na escola.
Fonte: Acervo pessoal dos pesquisadores (2017).
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É importante frisar ainda que no ato
das apresentações muitos pais de alunos
que se encontravam presentes nos
procuraram após as apresentações para
parabenizar pelo trabalho, informando que
notaram o empenho dos filhos para
organizar as falas nas apresentações,
ensaiando para que pudessem levar ao
público uma história que fosse
interessante, assim como, foi a eles. Isso
demonstra que fizemos o certo, que as
ações planejadas e desenvolvidas foram
significativas e proporcionaram momentos
divertidos e prazerosos aos alunos, pois
pudemos envolver a família, o que
consideramos fundamental no processo de
ensino e aprendizagem.
Considerações finais
A presente pesquisa comprovou a
hipótese de que as narrativas ficcionais são
importantes para trabalhar a leitura com
alunos dos anos finais do Ensino
Fundamental. Demonstramos a partir das
ações propostas que é possível desenvolver
trabalhos significativos aos alunos, sem
dispor de grandes investimentos, sendo que
as estratégias de leitura podem ser
adaptadas de acordo com a realidade e
necessidade de cada um.
Os resultados demonstram que é
possível trabalhar o ensino da leitura de
forma diferenciada, independentemente
das condições da escola. Para isso, é
preciso que o professor se disponha a
desenvolver ações que envolvam os
alunos, que façam com que sintam prazer e
satisfação em participar das aulas. Foi o
que propomos como atividade, extrapolar o
espaço da sala de aula, e levar até aos
alunos atividades diferenciadas, além de
surpreendê-los com momentos inesperados
como o da leitura na catraia.
O trabalho foi muito importante
porque a realidade da Educação do Campo
incita que professores que atuam em
escolas de regiões ribeirinhas busquem
metodologias que despertem a atenção dos
alunos, que os instiguem à pesquisa na
própria comunidade, que façam um resgate
da cultura e história local, para a partir
dela, realizar os trabalhos em sala de aula,
assim como fizemos na execução da
presente proposta de trabalho.
Acreditamos que as escolas devem
apoiar os professores nesse processo de
inovação da prática pedagógica, ainda que
não se disponibilize de recursos para que
essas atividades diferenciadas sejam
desenvolvidas. Que as escolas não
dificultem o trabalho docente, pois,
observamos durante a pesquisa que
certa aversão da escola a projetos
inovadores, e sendo uma escola ribeirinha,
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ainda prevalece aquela concepção
tradicional de que o ensino deve ser
pautado em copiar assuntos e mais
assuntos no quadro para que o aluno leve o
caderno recheado de conteúdos aos pais,
ou seja, comprovar que a escola está
ensinando e que o aluno está aprendendo.
É fundamental que as secretarias de
educação através de seu corpo técnico
pedagógico façam um acompanhamento
mais próximo das escolas ribeirinhas
auxiliando com recursos materiais e
financeiros para que seja ofertado um
ensino de mais qualidade ao aluno.
Outra instituição que também é
essencial no processo de ensino e
aprendizagem e que não deve alijar-se de
participar da vida escolar dos filhos é a
família. Assim como na maioria das
escolas ribeirinhas, na escola em Deus
também se deixa a desejar quando se trata
da participação efetiva da família na
formação educacional dos filhos. Portanto,
acreditamos que os alunos precisam ser
incentivados a ir em busca de novos
conhecimentos, devem sentir-se motivados
a ir pra escola.
Os momentos em sala de aula devem
ser prazerosos e divertidos, pois não se
pode pensar em uma educação na qual a
criança tenha que sentar-se enfileiradas,
copiando inúmeros assuntos passados pelo
professor no quadro, sem que proporcione
qualquer interesse, qualquer significado à
vida. Observamos, por exemplo, que
durante as atividades desenvolvidas os
alunos sentiam satisfação em participar das
aulas. Os momentos de leitura foram
surpreendentes. Percebemos os olhares
curiosos dos alunos ao ler cada parte das
histórias apresentadas, do entusiasmo ao
ler uma aventura, das risadas em algum
trecho, da ação de algum personagem,
entre outros.
Podemos afirmar, portanto, que as
aulas propostas foram significativas aos
alunos da Escola em Deus, porém, isso
foi possível devido um planejamento e
estudo pré-estabelecido para desenvolver
cada uma das propostas, assim como,
disponibilização de tempo para organizar e
executar cada uma das ações. Ou seja,
essas atitudes demonstram que para se
desenvolver um trabalho de qualidade, que
envolva a realidade do aluno e que seja
significativo para ele, é preciso, além de
disposição para estudar, que o professor se
disponibilize a organizar cada etapa,
delimitar público alvo, analisar o que pode
chamar a atenção do aluno e fazer
adequações quando necessário no sentido
de alcançar os objetivos e interesses
propostos.
Referências
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo.
São Paulo: Edições 70.
Custódio, E. S., & Santos, R. S. (2019). Narrativas ficcionais - potenciais pedagógicos, estético e literário para a formação do aluno
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amazonense (Monografia de Graduação).
Universidade do Estado do Amazonas,
Manaus.
Vygotsky, L. S. (1999). A Formação social
da Mente. São Paulo, SP: Martins Fontes.
i
Subdivisões de áreas na zona rural no Município
de Afuá-PA, onde estão localizadas as escolas
ribeirinhas.
ii
Construções feitas somente com troncos e palhas,
comuns em regiões ribeirinhas.
iii
Pequenas embarcações movidas a motor.
iv
Pequeno barco de madeira, aberto e com bancos
laterais para acomodação dos passageiros.
v
É o arrancamento brusco e acidental do escalpo
humano (couro cabeludo), acidente muito
recorrente na Região Amazônica.
vi
Meio de prover energia aos ribeirinhos. Costuma
normalmente ficar ligado até as 22h00.
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 29/08/2018
Aprovado em: 06/03/2019
Publicado em: 29/10/2019
Received on August 29th, 2018
Accepted on March 06th, 2019
Published on October, 29th, 2019
Contribuições no artigo: Os autores foram responsáveis
por todas as etapas e resultados da pesquisa, a
saber: elaboração, análise e interpretação dos dados;
escrita e revisão do conteúdo do manuscrito e; aprovação
da versão final publicada.
Author Contributions: The authors were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Elivaldo Serrão Custódio
http://orcid.org/0000-0002-2947-5347
Rubelina Silva dos Santos
http://orcid.org/0000-0001-8872-9899
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Custódio, E. S., & Santos, R. S. (2019). Narrativas
ficcionais - potenciais pedagógicos, estético e literário para
a formação do aluno no espaço escolar. Rev. Bras. Educ.
Camp., 4, e5813. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5813
ABNT
CUSTÓDIO, E. S.; SANTOS, R. S. Narrativas ficcionais -
potenciais pedagógicos, estético e literário para a
formação do aluno no espaço escolar. Rev. Bras. Educ.
Camp., Tocantinópolis, v. 4, e5813, 2019. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5813