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Mateus e Benedito. Em uma das viagens à
cidade, houve um acidente e um dos
rapazes perdeu a vida.
Oito dias após a partida do jovem,
ainda muito triste pela perda do filho, seu
Teotônio teve coragem de voltar aos
trabalhos, retornou à pesca e em seguida,
se direcionou à cidade para vender os
peixes. Retornou, lavou a embarcação e,
no final da tarde, como era de costume,
amarrou-a em um dos troncos que fincou
às margens do rio em frente à sua casa,
exatamente para esses fins.
Qual foi sua surpresa ao
amanhecer, a lancha simplesmente
desapareceu! Dizem os vizinhos que ela se
desmanchou nas águas do rio Laranjeira...
Não acreditando nessa história,
seu Teotônio foi até Macapá e pediu a
ajuda de alguns mergulhadores que se
direcionaram ao local onde supostamente a
lancha havia afundado. Os mergulhadores
então adentraram às águas do Rio
Laranjeiras. Ao mergulhar, notaram que
haviam muitas folhas no fundo do rio e
voltaram à tona.
Nesse momento, as águas então
paradas, começaram a se movimentar,
todos os que estavam presentes,
perceberam que algo parecido com um
redemoinho começava a aparecer bem no
local onde a lancha havia sumido. O
movimento foi aumentando e, de repente!
Uma enorme calda apareceu por entre as
borbulhas que vinham do fundo. Todos
ficaram aterrorizados, pois nunca tinha
visto algo parecido pelos arredores! Os
homens correram para buscar as armas, as
mulheres rezavam e pediam a proteção
divina. Mas, antes que qualquer ação
pudesse ser feita, o movimento na água foi
diminuindo, o redemoinho foi sumindo e
tudo o que restou foi a calmaria das águas
no Rio Laranjeiras...
Devido o acontecido, os
mergulhadores desistiram de retornar às
águas, seu Teotônio mais uma vez ficou
triste por não ter recuperado sua
embarcação. Foi então que teve uma ideia!
Chamou o filho e o compadre Arquimedes
e decidiram que eles mesmos
mergulhariam em busca do pequeno barco.
Marcaram que isso seria feito na manhã do
sábado seguinte e assim o fizeram.
Ao mergulhar, não perceberam
folhas no fundo do rio, mas avistaram
muitos botos nos arredores da embarcação
que se encontrava há poucos metros do
local de onde havia sumido, estava intacta!
Sem nenhum arranhão! Foram nadando até
ela e surpreenderam-se quando viram que
na proa do barco havia um homem todo
vestido de branco. Ele levantou a mão
sinalizando para que parassem. Eles
pararam. O homem então ordenou:
- Vão embora rapidamente e
nunca mais voltem aqui! Caso não ouçam
o que digo, da próxima vez ficarão aqui
comigo, encantados para sempre nesse
barco no fundo do rio.
Eles obedeceram, voltaram à tona
e nunca mais retornaram ao fundo do rio.
Dizem os mais velhos, que toda noite o
barco vem à tona e, junto com seu
comandante encantado, segue cuidando
dos rios de toda a região.
Adaptado pelos pesquisadores (2017).
O passo seguinte após fazer a
reescrita foi apresentar os textos aos
alunos. Para isso pensamos em algo
diferente do cotidiano, que chamasse a
atenção e que aguçasse a curiosidade deles.
Desse modo, os novos contos foram
impressos e depois colados em papel
cartão colorido. Em seguida, recortados e
alocados em um pequeno baú deixado em
cada um dos barcos que fazem o transporte
das crianças de casa até a escola e vice-
versa. Nessa fase, os alunos ficaram livres
para ler se tivessem vontade.
Posteriormente, já em sala de aula,
foram convidados a falar sobre os textos
lidos e alguns questionamentos foram
feitos pelos pesquisadores, instigando os
alunos a responder sobre sentimentos
aflorados, tais como: medo, surpresa, a
partir da leitura dos textos. Após esse
momento foram convidados a fazer a
dramatização dos contos em sala de aula.