Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
EDITORIAL
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n2pi
Rev. Bras. Educ. Camp.
Tocantinópolis
v. 3
n. 2
mai./ago.
2018
ISSN: 2525-4863
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Educação do Campo, formação de professores e
movimentos sociais
Gustavo Cunha de Araújo
1
, Cícero d a Silva
2
1
Universidade Federal do Tocantins - UFT. Departamento de Educação do Campo. Avenida Nossa Senhora de Fátima, 1588,
Centro. Tocantinópolis, Brasil. rbec@uft.edu.br.
2
Universidade Federal do Tocantins - UFT.
Autor para correspondência/Author for correspondence: rbec@uft.edu.br
A Revista Brasileira de Educação do Campo RBEC, ISSN 2525-4863, periódico
do Departamento de Educação do Campo, da Universidade Federal do Tocantins, campus de
Tocantinópolis, lança o seu segundo número do volume 3, referente ao segundo trimestre de
2018. Este número traz 16 artigos, aprovados dentre os manuscritos recebidos ao longo dos
anos de 2017 e 2018.
Considerando que, em sua maioria, os artigos desta edição foram elaborados com
base em pesquisas desenvolvidas nos cursos de Licenciatura em Educação do Campo
(LEDOC) localizados nas diferentes regiões brasileiras, envolvendo especialmente o processo
de implantação de cursos e experiências na formação de professores, isso justifica a escolha
do título deste editorial. E uma das razões para concepção da Revista Brasileira de Educação
do Campo no ano de 2016 foi exatamente e inexistência, até então, de um o periódico com
foco/escopo específico que contemplasse e acolhesse as pesquisas desenvolvidas no âmbito
da Educação do Campo em geral e, em especial, nas LEDOC e nos movimentos sociais do
campo. Desde que publicou o seu primeiro número, em agosto de 2016, a RBEC mantém a
sua missão e corrobora, mais uma vez, o seu compromisso social ao dar visibilidade à
produção de conhecimento no contexto nacional e internacional acerca da Educação do
Campo.
No primeiro artigo, “Ensino de Física para a população rural do Tocantins:
desafios e problemas a serem superados, de autoria de Alexsandro Silvestre da Rocha
(UFT), Regina Lelis de Souza (UFT), Denisia Brito Soares (UFT), Nilo Maurício Sotomayor
Choque (UFT), Liliana Yolanda Ancalla Dávila (UFT), Shirlei Nabarrete Desidério (UFT) e
Érica Cupertino Gomes (UFT), teve como principal objetivo apresentar uma análise detalhada
de como se encontra a estrutura escolar rural do Estado nas oito regiões tocantinenses, com
foco no quantitativo de estudantes com acesso ao ensino de Ciências, especificamente Física.
Constatou-se no estudo que 10 vezes mais alunos que estudam esta ciência nas zonas
urbanas. Majoritariamente, a população rural o tem acesso garantido ao ensino de Física
nas localidades em que reside, produzindo um cenário desfavorável.
Na sequência, o artigo intitulado Educação do Campo e Autonomia:
desenvolvimento comunitário e pedagogia de participação no Assentamento do
Movimento Sem Terra [MST], Luís Inácio Lula da Silva (Lulão)”, de autoria de Altemar
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Felberg (ULHT / Lisboa) e Geovani de Jesus Silva (UNEB), teve como fito apresentar o
papel da Educação do Campo no processo de formação de sujeitos autônomos, a partir de
estudo realizado em um assentamento do Movimento Sem Terra no Sul da Bahia, que buscou
compreender de que modo os indicadores de desenvolvimento refletem o grau de autonomia
de seus moradores. Os pesquisadores concluíram que ter mais autonomia e agir com maior
liberdade de pensamento e ação melhora o potencial das pessoas para cuidar de si mesmas e
para influenciar o mundo - questões centrais para o processo de desenvolvimento. Para
potencializar a autonomia, a educação exerce um papel fundamental, no universo e na
população estudada, efetivando-se na práxis da vida cotidiana, no exercício da cidadania e na
participação social, consolidando-se como prática de liberdade.
O próximo artigo, Educación cooperativista y extensión rural”, de Palloma Rosa
Ferreira (UFV), Diego Neves de Sousa (EMBRAPA) e Michele Silva Costa (UFT), objetivou
analisar a relação entre educação cooperativista e extensão rural na gestão de cooperativas
agrárias. Entre os resultados alcançados na investigação, os(as) pesquisadores(as) mostram
que o desenvolvimento da educação cooperativista e o trabalho realizado pelas organizações,
especialmente a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
(EMATER-MG), tem se demonstrado como autênticas organizações de natureza consultiva.
A investigação mostrou que a extensão rural proporciona o estabelecimento de atividades de
educação cooperativista junto às organizações cooperativas agrárias. Nesse sentido, os(as)
autores(as) concluem que a educação cooperativista e a extensão rural são práticas
indissociáveis para uma adequada gestão de cooperativas.
Em A Educação Física como componente curricular de uma escola do campo
do município Jitaúna/Bahia”, de Silvano da Conceição (UESB) e Poliana Freitas Brito
(UESB), analisaram-se as dificuldades para o desenvolvimento da disciplina de Educação
Física, oferecida para as turmas do sexto ao nono ano do ensino fundamental. Segundo os(a)
autores(a), o estudo evidenciou que embora a legislação sobre Educação do Campo tenha
avançado em vários aspectos, a escola analisada permaneceu à margem das ações do poder
público e essa situação tem prejudicado o desenvolvimento de todas as disciplinas do
currículo escolar, não apenas da Educação Física. Diante disso, os(a) autores(a) concluem que
a letargia do poder público tem dificultado a construção de uma escola do campo de
qualidade, que trabalhe temáticas e conteúdos que respeitem, valorizem e fortaleçam a cultura
e a identidade da população do campo.
no artigo Educação do Campo adaptando todos pedagógicos: proposta
para EJA sem evasão nas comunidades quilombolas, de autoria de Ieda Ribeiro
Rodrigues (UFPA) e Haroldo de Vasconcelos Bentes (IFPA), analisa-se a inclusão de
procedimentos pedagógicos que valorizem a cultura local nas turmas da EJA de duas escolas
de comunidades quilombolas. Objetiva-se a partir deste método, a participação regular do
aluno na escola, propondo assim a redução no índice de evasão escolar através da modificação
do ensino em sala de aula. São apresentados relatos de alunos e professores que justificam o
problema da evasão. Sugerem-se dinâmicas diferenciadas exemplificadas na disciplina de
Filosofia de Educação com uma das turmas de Educação do Campo (UFPA). No campo
teórico, defende-se um ensino que prioriza as especificidades dos sujeitos da EJA e da cultura
local. Contextualizando com Haroldo Bentes (2010; 2016), Caldart (2000; 2012) e Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, Escolas do Campo e Educação
Quilombola. Dentro dos fundamentos metodológicos aborda-se a integração de métodos
pedagógicos adaptados de acordo com a cultura local. Dialoga-se sobre o entrosamento e
interesse do aluno da EJA com as disciplinas. Norteia-se no final que a troca de saberes
professor-aluno estimula o crescimento socioeducacional, incentivando a permanência do
aluno na escola e reduzindo o índice de evasão escolar.
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No artigo intitulado A formação do professor rural em Minas Gerais: casos e
(des)casos”, de Roberta Aparecida da Silva (UFV) e Rita de Cássia de Souza (UFV), as
autoras fizeram uma contextualização histórica em relação à formação dos professores
primários no Brasil e no Estado de Minas Gerais, com ênfase no professor rural e na escola
rural. Dentre outros resultados, as autoras constataram que, em nome do discurso de reverter o
“atraso” da agricultura, de fixar o homem rural no campo, de diminuir o analfabetismo
existente, bem como modernizar o país, foram criadas instituições específicas para a formação
de professores rurais em alguns Estados brasileiros, e, entre eles, Minas Gerais. Como
resultados, a pesquisa mostrou que a preocupação com a Educação Rural em Minas Gerais
tornou-se evidente após 1950, momento a partir do qual começou a ser observada a
necessidade de se formar os professores rurais, providos de conhecimento específicos e
contextualizados para poderem desenvolver um processo de civilização do ambiente rural. É
possível concluir, mediante observação, que as políticas públicas brasileiras apresentaram e
apresentam fragilidades em relação à Educação Rural, desenvolvendo-se de forma lenta,
desconexa e tardia em relação às iniciativas educacionais urbanas.
Em Escola do campo e a prática social de ensino da matemática na concepção
da comunidade escolar, de autoria de Ana Paula Nahirne (UFFS) e Dulce Maria Strieder
(UNIOESTE), as autoras objetivaram encontrar respostas sobre quais são as concepções da
comunidade de uma Escola do Campo acerca da Educação Matemática e seus elos com o
contexto local. Na pesquisa desenvolvida, constataram as potencialidades do Ensino da
Matemática no atendimento das características particulares da Educação do Campo, tendo
como um dos elementos concluintes a apresentação da Modelagem Matemática na perspectiva
da Educação Matemática como alternativa metodológica significativa para a aprendizagem
dos conteúdos, uma vez que tal perspectiva considera a realidade e os interesses da
comunidade escolar.
No artigo intitulado Mathematical education of young and adults: pedagogical
implications of historical-cultural theory”, de José Carlos Miguel (UNESP), o autor aborda
algumas implicações pedagógicas da teoria Histórico-Cultural para a exploração de ideias
matemáticas no âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Dentre alguns resultados
verificados, o autor aponta para o constructo teórico da perspectiva Histórico-Cultural como
perspectiva para a efetivação de um amplo processo de produção de sentidos e de negociação
de significados de ensino e de aprendizagem da Matemática na EJA.
Na pesquisa apresentada no artigo A Pedagogia da Alternância no CEFFA de Ji-
Paraná/Rondônia: a ênfase na identidade que produz diferenças, de Alberto Dias
Valadão (UNIR) e José Licínio Backes (UCDB), os autores analisam como são produzidas e
negociadas as identidades/diferenças de jovens do campo no espaço educativo do Centro
Familiar de Formação por Alternância (CEFFA) de Ji-Paraná, em Rondônia. O estudo
vincula-se ao campo teórico dos Estudos Culturais pós-estruturalistas, além de articular ideias
com a Educação do Campo. Como procedimento metodológico, fez-se uso da entrevista com
alunos e monitores, da observação de alunos e monitores, bem como de sua inter-relação com
os outros sujeitos e o ambiente acadêmico onde estão inseridos, além da análise de
documentos curriculares da Pedagogia da Alternância. A pesquisa revelou que as identidades
produzidas no espaço educativo do CEFFA são desestabilizadas pelas diferenças, entrelaçadas
por inúmeras práticas culturais e, por isso mesmo, descontínuas, descentradas, fragmentadas,
relacionais.
Em Educação do Campo, Ensino Médio e juventude camponesa: conceitos em
construção, artigo de Maria de Lourdes Jorge de Sousa (SEDUC-MT) e de Ilma Ferreira
Machado (UNEMAT), as autoras discutem as configurações do Ensino Médio em escolas do
campo no polo do CEFAPRO de São Félix do Araguaia MT, em interface com as
proposições da Educação do Campo. A pesquisa foi realizada com educadores de duas
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escolas/salas anexas, localizadas no Projeto de Assentamento Mata Azul e no Projeto de
Assentamento Dom Pedro Casaldáliga, vinculadas às Escolas Estaduais 29 de Setembro, no
município de Novo Santo Antônio, e Tancredo Neves, no município de São Félix do
Araguaia, na Microrregião Norte Araguaia nordeste de Mato Grosso. Adotou-se na pesquisa
a abordagem qualitativa, numa perspectiva crítico-dialética. Para a coleta dos dados foram
utilizadas entrevistas semiestruturadas. Os resultados da investigação mostraram que o Ensino
Médio no campo, nas escolas pesquisadas é uma experiência ainda incipiente, que envolve
questões relativas à estrutura física das unidades escolares, à organização curricular, ao papel
social da escola do campo, à formação dos docentes, ao acesso e permanência dos jovens
camponeses a escola até concluírem a formação de nível médio, evidenciando tensão, por
parte dos educadores, no sentido de contrapor ao paradigma da seletividade e dualidade do
Ensino Médio e do urbanocentrismo em escolas do campo.
o trabalho intitulado Oficina de tinta de terra: contextualizando pigmentos na
disciplina de História da Química na LEdoC/UFMA, elaborado por Meubles Borges
Júnior (UFMA), Matheus Casimiro Soares Ferreira (UFMA) e Carolina Pereira Aranha
(UFMA), apresenta um relato vivenciado na disciplina História da Química, em um curso de
Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA-
Bacabal), na qual a temática central trabalhada foi “a química dos pigmentos”. A
contextualização do conteúdo se deu perpassando as três categorias do processo de
contextualização (exemplificação pontual e caráter motivacional; estratégia de ensino-
aprendizado; formação de cidadão crítico na tomada de decisões), culminando com o
desenvolvimento de uma consciência crítico-reflexiva na perspectiva CTSA. Como
procedimentos metodológicos, utilizou-se: aula expositiva, leitura e interpretação de artigos
científicos, debates, oficina de Tinta de Terra, pintura e exposição dos artefatos cerâmicos e
avaliação. Com base nos resultados, conclui-se que a oficina de tinta de terra ganhou destaque
no processo formativo, pois trouxe contextos científicos, tecnológicos e sociais, o que
contribuiu para a valorização e o resgate de fatos e experiências do cotidiano, ao discutir e
vivenciar o significado de sustentabilidade, com tecnologia ambientalmente saudável e
técnica de baixo custo, portanto, ampliando o potencial do processo de ensino-aprendizagem.
Na sequência, em Ecologia de Saberes na Educação do Campo como alternativa
epistemológica e societal: experiência do SIECS, de Maria Elizabeth Souza Gonçalves
(UNEB), o fito do trabalho foi descrever analiticamente a experiência do Seminário
Interterritorial de Educação do Campo no Semiárido (SIECS), sediado no IFBA de Juazeiro-
Bahia, em novembro de 2016. Com o tema “Terra, Trabalho e Educação”, o SIECS apresenta
uma perspectiva pluralista de pensar engajadamente o conhecimento sobre Educação do
Campo, com a contribuição de um coletivo plural e portador de saberes diversos: Academia,
Movimentos Sociais do Campo, Movimento Estudantil e Artistas. Sob a égide de uma
ecologia de saberes (Santos, 2010), os resultados apontam o SIECS como espaço contra-
hegemônico no fortalecimento da luta pela terra, pela educação, por qualidade de vida para
todos, construído numa perspectiva descolonial que assume o lugar, o tempo e os sujeitos nas
suas diversas relações de poder.
Em Política de expansão das licenciaturas em Educação do Campo: desafios
para a implantação do Programa Nacional de Educação do Campo na Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, de autoria de Jorge Luis D'Ávila (UFMS), objetiva-se
analisar o processo de implantação do curso de Licenciatura em Educação do Campo da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), na perspectiva de compreender a
morosidade do Estado brasileiro na execução da gestão das políticas educacionais. Levando-
se em consideração as articulações recíprocas entre Estado, educação e Educação do Campo,
na perspectiva marxiana, o pressuposto de análise parte da totalidade das relações entre os
homens, o que permite reintegrar nessa totalidade a base material e a base política do mundo
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dos homens. A política de formação de professores do campo é uma ação do Estado que
pretende amenizar as pressões e as demandas apresentadas pelos movimentos sociais ligados
à luta pela reforma agrária. O autor conclui que a expansão da licenciatura focalizada esbarra
nas políticas de caráter neoliberais que reduzem as verbas destinadas à expansão dos cursos, o
que afeta diretamente a autonomia das universidades e os fatores ideológicos decorrentes das
características pedagógicas do curso, que tem na luta de classes o seu principal ponto de
reflexão como outro entrave para a expansão da LEDUCAMPO.
O artigo intitulado Licenciatura em Educação do Campo Área Ciências
Agrárias no IFSULDEMINAS/Campus Inconfidentes, elaborado por João Batista
Begnami (AMEFA), Aloísia Rodrigues Hirata (IFSULDEMINAS) e Luiz Carlos Dias da
Rocha (IFSULDEMINAS), tem como objetivo apresentar uma análise da experiência de
construção coletiva e interinstitucional e implantação do Curso de Licenciatura em Educação
do Campo - área de Ciências Agrárias (LECCA), organizado em alternância e no enfoque
agroecológico, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas
Gerais (IFSULDEMINAS). As principais fontes de dados para a elaboração e análise deste
trabalho são: o Projeto Pedagógico de Curso, documentos gerados para a construção desse e
para a implantação do curso e as observações sobre as práticas pedagógicas iniciais. A
presente sistematização constitui uma importante estratégia de visibilidade e reflexão sobre a
realidade camponesa e as práticas político-pedagógicas do LECCA. Os autores concluem que
essa experiência, inspirada nos paradigmas da Educação do Campo e da Alternância
Pedagógica, evidencia um campo ambivalente de desafios e tensões na institucionalidade
acadêmica, mas também traz para reflexão os potenciais da instituição pública de ensino
superior como lugar de inovação e experimentação dos novos paradigmas de construção do
conhecimento científico, comprometidos com um novo projeto de escola, de campo e de
sociedade.
O penúltimo artigo, intitulado Licenciatura em Educação do Campo: princípios
formativos a didática por área do conhecimento, produzido por Juliana Domit Mallat
(UNIOESTE), Ademir Nunes Gonçalves (UNIOESTE) e Marcos Gehrke (UNIOESTE),
analisa a formação inicial de professores por área do conhecimento nos Cursos de
Licenciatura em Educação do Campo no Estado do Paraná. Questiona e argumenta que, nessa
formação, a didática assume formar professores para atuar por área de conhecimento e não
por disciplinas específicas. Verifica elementos do campo da Didática geral e específica e
analisa o movimento formativo entre as mesmas. Emprega análise documental e estudos
bibliográficos na produção dos dados. Seleciona as matrizes curriculares como documento de
análise e define categorias teóricas a Educação do Campo: o campo da Didática e a formação
de professores. Considera que os cursos analisados aproximam a proposta da formação inicial
de professores por área do conhecimento e argumentam acerca da necessidade de constituição
da tríade, didática geral, didática específica e didática por área. Define princípios formativos:
relação intrínseca entre ser professor e educador, postura crítica frente ao conhecimento
escolar, planejamento coletivo, interdisciplinar e a partir da realidade, visão de totalidade nos
processos de ensino, transgressão do modelo classificatório e excludente na avaliação e
organização do trabalho pedagógico. Defende o campo da Didática, uma vez que estuda as
especificidades do ensinar e aprender, sua relação com o conhecimento escolar e organização
do trabalho pedagógico.
A educação do MST diante do Estado e da política pública de Educação do
Campo sob influência dos organismos multilaterais, artigo de autoria de Vagner Luiz
Kominkiéwicz (UFSC) e Adriana D’Agostini (UFSC), fecha este número da RBEC relatando
uma pesquisa que trata da Educação do MST em sua relação com o Estado e os organismos
multilaterais, sintetizada na política de Educação do Campo. Essa investigação é
fundamentada na análise de documentos do MST, do Estado e de organismos multilaterais,
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entrevistas e questionários. A partir deste estudo, os autores concluem que o caráter de classe
da educação no MST fica subsumido ao consenso que se inicia a partir do I ENERA, focado
na luta pela educação centrada na política pública de Educação do Campo, representando um
consenso entre frações de classes antagônicas. Apontam também para a necessidade de uma
educação da classe trabalhadora, que neste momento se com limites e contradições, mas
que se reconhece como necessária para a construção de experiências para um acúmulo de
forças futuro.
A Revista Brasileira de Educação do Campo agradece aos(as) autores(as) pela
submissão de trabalhos ao periódico e aos(as) avaliadores(as) que contribuíram emitindo
pareceres e revisões dos manuscritos apresentados neste número e também ao longo de 2017 e
2018.
Desejamos a todos e a todas boas leituras!
Informações do Editorial / Editorial Information
Conflitos de interesse: Os editores declararam não haver nenhum conflito de interesse referente a este Editorial.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Gustavo Cunha de Araújo
https://orcid.org/0000-0002-1996-5959
Cícero da Silva
https://orcid.org/0000-0001-6071-6711
Como citar este Editorial / How to cite this Editorial
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Araújo, G. C., & Silva, C. (2018). Educação do Campo, formação de professores e movimentos sociais. Rev. Bras. Educ.
Camp., 3(2), i-vi. DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n2pi
ABNT
ARAÚJO, G. C.; SILVA, C. Educação do Campo, formação de professores e movimentos sociais. Rev. Bras. Educ. Camp.,
Tocantinópolis, v. 3, n. 2, mai./ago., p. i-vi, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n2pi