10
Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do
Ambiente (INEA) à Petrobrás para a
liberação da licença ambiental com vista à
construção do Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (COMPERJ), no município
de Itaboraí. De acordo com esse relatório,
foram propostas muitas ações de
compensação ambiental para a redução do
impacto da construção do complexo, no
entanto, algumas dessas ações promoverão
novos impactos socioambientais.
O Instituto Estadual do Ambiente
(INEA), por exemplo, estabeleceu que a
Petrobrás deveria financiar novas formas
de captação de água para a região leste do
Rio de Janeiro, especialmente para as
“cidades dormitórios” vizinhas a esse
grande empreendimento, que receberão e
alojarão uma quantidade grande de
pessoas, como trabalhadores e suas
famílias. Muitas dessas pessoas, oriundas
de estados distantes, exerceriam atividades
remuneradas durante grande parte do dia
no município de Itaboraí e no COMPERJ
(CONCREMAT Engenharia, 2007).
Para o Instituto Estadual do
Ambiente (INEA - RJ), a construção de
uma barragem seria a ação mais apropriada
para aumentar o volume de água do
sistema Imunana-Laranjal, administrado
pela Companhia Estadual de Águas e
Esgotos (CEDAE), de modo a garantir o
fornecimento diante da grande explosão
demográfica prevista para a região. Essa
afirmação, no entanto, é contraditada pelo
relatório do GT Agrária da AGB em que
nos referenciamos, o qual, além de
evidenciar os impactos socioambientais da
barragem, apresenta alternativas de menor
impacto para o abastecimento de água na
região (Paludo et al., 2014).
Um aspecto muito importante da
argumentação contra a construção da
barragem é o fato de que a produção na
região é uma das maiores do Estado,
abastecendo a região metropolitana do Rio
de Janeiro com o equivalente a 1.650
toneladas de produtos agrícolas todos os
meses, além de produzir “108.000 litros de
leite por mês, mais de 8.000 kg de pescado
por ano e cerca de 3.000 kg de carne de rã
por mês”. (Paludo et al., 2014, p. 41).
No que concerne às consequências
socioeconômicas do projeto da barragem
do rio Guapiaçu, segundo informações do
Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária,
Cachoeiras de Macacu é o sexto
município em extensão territorial e o
quinto maior produtor agrícola do
Estado. A área alagada pela barragem é
uma das regiões fluminenses com mais
intensa produção agrícola de base
familiar. Estima-se que a barragem
atingirá cerca de 2000 hectares de terra,
o que corresponde a dois mil campos de
futebol. Aproximadamente 330 famílias
serão desalojadas, entre assentados
arrendatários e proprietário – sendo 216
propriedades indenizadas. A maioria dos
agricultores mora na região há várias