Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e6042
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
1
Este conteúdo utiliza a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International License
Open Access. This content is licensed under a Creative Commons attribution-type BY
Egressos de uma escola de assentamento: onde estão os
filhos da Educação do Campo?
Rosimar Serena Siqueira Esquinsani
1
,
Munir José Lauer
2
,
Carmem Lúcia Albrecht da Silveira
3
1, 2, 3
Universidade de Passo Fundo - UPF. Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGedu - Faculdade de Educação.
Avenida Brasil Leste, 285, São José. Passo Fundo - RS. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: rosimaresquinsani@upf.br
RESUMO. O texto e a pesquisa que o originou partem de
questões aparentemente simples: onde estão os filhos da
Educação do Campo? Para onde vão nossos esforços
pedagógicos, políticos e sociais quando nos dedicamos a uma
educação do campo, no campo? Partindo da questão
desafiadora, o texto recompõe informações sobre egressos da
Escola Estadual de Ensino Fundamental 29 de Outubro,
Assentamento 16 de Março, no município de Pontão, norte do
Rio Grande do Sul, no recorte temporal de 1992 a 2014,
totalizando 413 sujeitos pesquisados. O texto localiza a escola
referida, enfatizando seus quatro períodos históricos e
apresentando dados acerca dos egressos, obtidos mediante o
procedimento de Grupos Focais, partindo de duas categorias-
chave: escolaridade e profissão. Os dados apontam para
perspectivas animadoras: com raras exceções, a sucessão
familiar nas propriedades rurais está ocorrendo. Os jovens
agricultores, na sua ampla maioria com ensino médio, estão
sustentando a agricultura familiar, com ações em produção
agropecuária e diversificação de culturas, garantindo a segunda
geração de agricultores no campo. Conclui que o êxito
profissional e formativo dos filhos da Educação do Campo
também representa o êxito do projeto e a pertinência de sua
existência como contraponto e alternativa ao modelo de
escolarização dominante.
Palavras-chave: Escola do Campo, Assentamento, Egressos.
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
2
Egress from a settlement school: where are the children of
Rural Education?
ABSTRACT. The text - and the research that originated it -
starts from an apparently simple question: Where are the
children of Rural Education? Where do our pedagogical,
political and social efforts go when we devote ourselves to an
education in the countryside? Based on the challenging question,
the text recomposes information about the departed from the
State School of Primary Education October 29, Settlement
March 16, in the municipality of Pontão, north of Rio Grande do
Sul, in the time cut from 1992 to 2014, totaling 413 subjects
surveyed. The text locates the School October 29, emphasizing
its four historical periods and presenting data about the
graduates, obtained through the Focal Groups procedure,
starting from two key categories: schooling and profession. The
data point to encouraging prospects: with rare exceptions, family
succession on farms is occurring. Young farmers, in their large
majority with secondary education, are supporting family
farming, with actions for agricultural production and crop
diversification, guaranteeing the second generation of farmers in
the field. It concludes that the professional and formative
success of the children of rural education also represents the
success of the project and the pertinence of its existence as a
counterpoint and alternative to the dominant schooling model.
Keywords: School of the Countryside, Settlement, Egress.
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
3
Egresados de una escuela de asentamiento: ¿dónde están
los hijos de la Educación Rural?
RESUMEN. El texto - y la investigación que lo originó - parten
de una pregunta aparentemente simple: ¿dónde están los hijos de
la Educación Rural? ¿A dónde van nuestros esfuerzos
pedagógicos, políticos y sociales cuando nos dedicamos a una
educación del campo, en el campo? En el marco de la pregunta
desafiante, el texto recompone informaciones sobre egresados
de la Escuela Estatal de Enseñanza Fundamental 29 de Octubre,
Asentamiento 16 de Marzo, en el municipio de Pontão, norte de
Rio Grande do Sul, en el recorte temporal de 1992 a 2014,
totalizando 413 sujetos investigados. El texto localiza la Escuela
29 de Octubre, enfatizando sus cuatro períodos históricos y
presentando datos sobre los egresados, obtenidos mediante el
procedimiento de Grupos Focales, partiendo de dos categorías
clave: escolaridad y profesión. Los datos apuntan a perspectivas
alentadoras: con raras excepciones, la sucesión familiar en las
propiedades rurales está ocurriendo. Los jóvenes agricultores, en
su amplia mayoría con enseñanza media, están sosteniendo la
agricultura familiar, con acciones producción agropecuaria y
diversificación de cultivos, garantizando la segunda generación
de agricultores en el campo. Concluye que el éxito profesional y
formativo de los hijos de la educación del campo también
representa el éxito del proyecto y la pertinencia de su existencia
como contrapunto y alternativa al modelo de escolarización
dominante.
Palabras clave: Escuela del Campo, Asentamiento, Egresados.
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
4
Introdução
Onde estão os filhos da Educação do
Campo? Com essa pergunta, a Profa. Dra.
Roseli Salete Caldart, encerrou o III
Seminário Internacional de Educação do
Campo - III SIFEDOC e III Fórum de
Educação do Campo, realizados em
Erechim RS, entre os dias 29 e 31 de
março de 2017. Essa mesma indagação
inspirou a investigação narrada no texto
que segue: pois bem, onde estão os filhos
da Educação do Campo? Para onde vão
nossos esforços pedagógicos, políticos e
sociais quando nos dedicamos a uma
Educação do Campo, no campo?
Partindo da questão desafiadora, o
texto objetiva definir um panorama
mínimo de mapeamento e recomposição de
informações sobre duas categorias:
escolaridade e profissão de egressos da
Escola Estadual de Ensino Fundamental 29
de Outubro, Assentamento 16 de Março
(antiga Fazenda Annoni), no município de
Pontão RS, no recorte temporal de 1992
a 2014, totalizando 413 ‘filhos da educação
do campo’ (sujeitos pesquisados) formados
no ensino fundamental na referida escola.
Saber o nível de escolaridade e a
profissão (incluindo dados sobre o vínculo
com a terra) de educandos que estudaram e
obtiveram sua conclusão no ensino
fundamental em uma Escola do Campo, de
assentamento, nos possibilita um
panorama, por mínimo que seja, de
contextualização da manutenção dos
vínculos desses sujeitos com o campo.
Nesse trabalho, num primeiro
momento procura-se conceituar e situar
historicamente a Educação do Campo.
Posteriormente, localiza-se a Escola
Estadual 29 de Outubro, enfatizando seus
quatro períodos históricos e pedagógicos.
Em um terceiro momento, apresentam-se
os dados obtidos referentes à pesquisa
acerca dos egressos ‘filhos da educação do
campo’, mediante as categorias de análise
escolaridade (e especificidades) e profissão
(vinculada ou não a terra, modo de
produção agrícola, residência no campo),
incluindo o possível pertencimento a
movimentos sociais.
Educação do Campo
De acordo com o Decreto Federal
7.352/2010, no seu parágrafo 1º, considera
Escola do Campo “aquela situada em área
rural, conforme definida pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística IBGE, ou aquela situada em
área urbana, desde que atenda
predominantemente a populações do
campo”. Ainda, conforme o mesmo
decreto, compreende-se por população do
Campo: os agricultores familiares, os
extrativistas, os pescadores artesanais, os
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
5
ribeirinhos, os assentados e acampados da
reforma agrária, os trabalhadores
assalariados rurais, os quilombolas, os
caiçaras, os povos da floresta, os caboclos
e outros, que produzam suas condições
materiais de existência a partir do trabalho
no meio rural (Brasil, 2010).
Segundo Caldart (2012), passou-se a
utilizar a denominação de Educação do
Campo durante as discussões em
Seminário Nacional, realizado em Brasília
em 2002, posteriormente confirmado nos
debates da II Conferência Nacional por
uma Educação Básica do Campo, ocorrida
em 2004. Todavia, a nese da expressão
e, por conseguinte, do conceito de
Educação do Campo -, é ainda mais
histórica, remetendo ao final do século
XX, mais precisamente a I Conferência
Nacional por uma Educação Básica do
Campo, realizada em Goiás, em 1998. A
utilização do termo Campo, em
contraposição ao termo rural permite uma
reflexão sobre as questões atuais
envolvendo o trabalho camponês; bem
como suas lutas, histórias e culturas.
Conforme a autora, essa mudança da
expressão dá-se principalmente em virtude
da preocupação com o resgate do conceito
de camponês.
também uma distinção entre
educação NO campo e educação DO
campo, tal como exposta por Caldart,
quando explica que: “No: o povo tem
direito a ser educado no lugar onde vive;
Do: o povo tem direito a uma educação
pensada desde o seu lugar e com a sua
participação, vinculada à sua cultura e às
suas necessidades humanas e sociais”.
(Caldart, 2002, p. 18).
A tradição da escola rural, como um
apêndice da escola urbana, historicamente
existente no Brasil, sempre ignorou as
especificidades da cultura do Campo, das
características sociais, dos projetos, das
lutas dos que vivem no/do Campo. A
Educação do Campo, como mecanismo
alternativo à visão capitalista de educação
no meio rural, posta-se num sentido
ampliado de formação humana. Essa
proposta de educação voltada para a
realidade social e cultural dos camponeses,
tem como preocupação a não limitação
(tradicional) da sala de aula como espaço
de ensino-aprendizagem. Mas também nos
movimentos sociais, no trabalho, no
mundo da produção, nas experiências
cotidianas, nas relações familiares
(Bonamigo, 2007).
De acordo com Molina e (2012),
as Diretrizes Operacionais para uma
Educação Básica das Escolas do Campo
(Brasil, 2002), expedidas pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE); é quem pôs
de modo jurídico e legalmente reconhecido
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
6
a utilização do termo Escola do Campo,
diferenciando-se da expressão escola rural.
A Escola do Campo, portanto, tem
sua origem e desenvolvimento no
movimento da Educação do Campo,
derivando de experiências de formação
humana oriundas no contexto das lutas dos
movimentos sociais camponeses, por terra
e educação.
... uma das lições que se pode tirar de
sua história até aqui é a de que lutar
somente pela terra não basta. A luta
pela reforma agrária deve ser bem
mais ampla, implicando a conquista
de todos os direitos sociais que
compõem o que se poderia chamar de
cidadania plena. Nessa perspectiva, a
educação é um desses direitos, pelo
qual também, é preciso mobilização,
organização e lutas. (Alves, 2009, p.
11).
A Escola do Campo, nesse sentido,
se posta de modo contrário às concepções
de escola hegemônica e às proposições
educacionais propostas aos trabalhadores
pelo sistema capitalista. Assim, a Escola
do Campo é parte de um processo histórico
da luta da classe trabalhadora, em que o
acesso ao conhecimento e a garantia do
direito à escolarização estão contidas nessa
luta (Molina & Sá, 2012), bom como um
conjunto de ações que se coloca,
... no combate aos ‘pacotes’ (tanto
agrícolas como educacionais) e à
tentativa de fazer das pessoas que
vivem no campo instrumentos de
implantação de modelos que as
ignoram ou escravizam. Também se
contrapõe à visão estreita de
educação como preparação de mão-
de-obra e a serviço do mercado.
(Caldart, 2004, p. 5).
É nesse contexto de luta pela terra
que surge a Escola Estadual de Ensino
Fundamental 29 de Outubro, no município
de Pontão, no norte do estado do Rio
Grande do Sul. Trata-se de uma escola
diferenciada em sua gênese e qualificada
para o atendimento a demandas sociais
igualmente diferenciadas.
Escola Estadual de Ensino Fundamental
29 de Outubro
A Escola Estadual de Ensino
Fundamental 29 de Outubro localiza-se no
Assentamento 16 de março, município de
Pontão, no norte do estado do Rio Grande
do Sul. Atualmente tem cerca de 100
alunos matriculados no Ensino
Fundamental (Rio Grande do Sul, 2017),
sendo considerada para fins de censo
escolar - uma escola rural.
Sua trajetória acompanha a história
da ocupação da Fazenda Annoni, da
organização das famílias assentadas e do
prelúdio do Setor de Educação do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST). A conquista e a implantação
da escola, foram iniciativas primeiras em
educação do MST em acampamentos, em
1986/1987. Assim, a Escola 29 de Outubro
foi concebida num espaço de luta para
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
7
atender uma demanda real dos camponeses
acampados, isto é, a oportunização de
acesso ao conhecimento como mecanismo
de luta pela terra e maximização dos
direitos sociais (Bonamigo, 2007).
No âmbito pedagógico, a construção
histórica da Escola 29 de Outubro deriva
de experiências aglutinadas e refletidas
(mesmo com suas contradições) ao logo da
história do MST e da Articulação Nacional
Por Uma Educação do Campo. A trajetória
pedagógica da escola pode ser marcada por
quatro períodos importantes. Três desses
períodos são descritos por Bonamigo
(2007) em sua tese de doutorado, o
quarto período é descrito pelos autores
desse artigo.
O primeiro período foi assinalado
por Bonamigo (2007), refere-se à
conquista e implantação da Escola, entre
1986/87 a 1990. Nesse espaço de tempo
não havia ainda, de modo claro, princípios
pedagógicos do Movimento. Eram
desenvolvidas as primeiras experiências,
num processo de síntese, avaliação e
reavaliação do antigo ideário de educação
articulado com a nova forma de educar a
partir das concepções do MST e demais
movimentos populares.
Ainda seguindo a periodização do
autor, de 1990 a 1998 temos o segundo
momento, que registra a ampliação da
Escola, em razão da organização e
consolidação do Assentamento 16 de
Março e dos demais assentamentos da
Fazenda Annoni. Sendo que a Escola,
mediante processo de nucleação das
escolas do Campo, passou a atingir
também educandos da a séries
oriundos de escolas de outros
assentamentos próximos. Esse período foi
caracterizado pela elaboração e
organização coletiva do MST em função
das questões pedagógicas. Através de suas
experiências pedagógicas, de suas
educadoras, educandos (as) e comunidade
escolar, a Escola 29 de Outubro atuou
diretamente nesse processo de elaboração
nacional, auxiliando na apresentação e
debate de sugestões ao Movimento.
Caracterizado pela consolidação da
proposta pedagógica do MST e da
Articulação Nacional Por Uma Educação
do Campo, o terceiro momento, de 1999
até 2014, são efetivadas na Escola práticas
educativas construídas historicamente
mediante aprendizagem desses
movimentos sociais. Nesse período novos
conceitos e concepções são assumidos.
Como a reconstrução do Projeto Político-
Pedagógico, a forma de avaliação dos
educandos, o processo de formação dos
educandos, a elaboração dos projetos de
pesquisa, a estruturação da escola em si
(Bonamigo, 2007).
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
8
O quarto momento inicia-se a partir
de 2015, quando a Escola 29 de Outubro
começa a apresentar, de maneira mais
sublinhada, uma diluição de suas propostas
pedagógicas e engajamento político
resultantes da luta pela terra, tão
perceptíveis em períodos anteriores. A
partir de 2015 aprofunda-se o
distanciamento ideológico para com o
movimento social do qual a escola é
oriunda. As alterações curriculares
significativas na Escola, por influência das
políticas curriculares da mantenedora (Rio
Grande do Sul, 2016), que já eram sentidas
em anos anteriores a 2015, aprofundam-se
a partir deste momento, alterando o próprio
sentido de educação do campo impresso na
identidade histórica da escola.
Justo em razão dessa alteração na
identidade da escola, o recorte temporal de
acompanhamento dos egressos vai até
2014, pois a partir de 2015
compreendemos que o perfil do egresso,
em muitos aspectos, o afasta do perfil de
um educando de uma escola do campo,
dentro de um assentamento, fruto da luta
histórica pela terra.
Apresentação dos dados produzidos
As informações a seguir foram
produzidas mediante levantamento de
dados junto à comunidade escolar (pais,
professores, funcionários) da escola
examinada, objetivando recompor uma
narrativa sobre a atual situação do maior
número possível de egressos da escola.
Nessa investigação, o propósito ainda é
modesto, residindo em um mapeamento
inicial das trajetórias dos filhos do campo,
uma vez que uma etapa posterior do
projeto de pesquisa adentrará em outros
dados e aferições. Partimos da premissa de
que,
... a Educação do Campo vincula-se à
construção de um modelo de
desenvolvimento rural que priorize
os diversos sujeitos sociais do
campo, isto é, que se contraponha ao
modelo de desenvolvimento
hegemônico que sempre privilegiou
os interesses dos grandes
proprietários de terra no Brasil.
(Molina & Freitas, 2011, p. 19).
Para a narrativa, como proposto,
juntamos grupos focais com sujeitos da
comunidade escolar, com o objetivo
temático de mapear por onde ‘andariam’ os
alunos egressos da escola. Como se trata
de uma comunidade pequena, em um
assentamento, há um alto nível de
familiaridade entre os sujeitos. Todos se
conhecem, todos conhecem os filhos de
todos. Não é difícil, em rodas de conversa,
identificar por onde andam os sujeitos que,
certa feita, estudaram na escola.
O grupo focal técnica utilizada para
consecução dos dados de pesquisa - é uma
técnica de pesquisa qualitativa, derivada
das entrevistas grupais, que coleta
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
9
informações por meio de interações
grupais (Bomfim, 2009). Ainda, o Grupo
Focal tem como objetivo:
reunir informações detalhadas sobre
um tópico específico (sugerido pelo
pesquisador, coordenador ou
moderador do grupo) a partir de um
grupo de participantes selecionados.
Ele busca colher informações que
possam proporcionar a compreensão
de percepções, crenças, atitudes
sobre um tema, produto ou serviço.
(Bomfim 2009, p. 780).
Nos 22 anos estabelecidos como
recorte temporal de estudos (período
anterior a uma maior alteração e
descaracterização curricular da escola ante
as políticas da mantenedora), de 1992 a
2014, foram identificados 485 alunos
formados no Ensino Fundamental, sendo
possível encontrar o ‘paradeiro’ de 413
desses filhos da Educação do Campo
através da metodologia adotada (há que se
considerar que alguns desses alunos saíram
do assentamento sem deixar familiares ou
contatos no local, além de alguns alunos
falecidos).
Profissões dos egressos
Ao realizar o levantamento da
profissão atual dos egressos, partimos do
reconhecimento da atividade laboral como
também oriunda de um processo
formativo. Assim, a profissão atual dos
egressos pode apontar indícios da
efetividade do processo formativo
realizado na escola e, por conseguinte, das
diretrizes da Educação do Campo. Para
melhor compreensão dos dados
construídos, as profissões dos egressos
foram aglutinadas por afinidade de
contexto.
Quadro 01 Profissão atual dos egressos.
Profissão mencionada
Quantidade
agricultores
134
comerciários
97
profissionais liberais/professores/técnicos/outros
54
donas de casa/empregadas domésticas
30
funcionários públicos
20
comerciantes/pequenos empresários
17
industriários
17
profissionais autônomos/construção civil
14
motoristas
9
TOTAL
392
Fonte: Pesquisa dos autores (2018).
Importante destacar que 21 egressos
apresentaram como profissão a atividade
de ‘estudante de graduação’, evidenciando
uma ausência neste momento do
mercado formal de trabalho. Assim, dos
485 investigados, aferiu-se informações
concretas sobre a profissão de 413
egressos.
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
10
Quanto às profissões, a profissão
‘agricultor’, apresenta-se em vantagem
quantitativa sobre as demais, seguido
proximamente pela profissão de
comerciário. Os agricultores estão
estabelecidos, na maioria dos casos, em
pequenas propriedades de aspecto familiar.
Chama a atenção, ainda, a regularidade da
profissão ‘agricultor’, ao longo do período
histórico investigado: de 1992 a 2014
mantém-se estável e constante a
permanência de egressos no Campo, como
agricultores.
Associada a elementos do cenário
sócio-político-econômico, bem como a
outras experiências e pertencimentos dos
sujeitos partícipes da pesquisa, seria lícito
supor que a passagem por uma
escolarização específica e voltada às
questões do campo, colaborou na definição
das atividades laborais desses sujeitos,
visto que a Educação do Campo pode ter
auxiliado a desenvolver neste egresso uma
identidade, um sentido de pertencimento
que o levou a manter-se no e viver do
campo, pois...
... para fazer uma escola do campo é
preciso olhar para as ações ou
práticas sociais que são constituídas
dos sujeitos do campo. É preciso
olhar para o movimento social do
campo como um sujeito educativo, e
aprender com os processos de
formação humana que estão
produzindo os novos trabalhadores e
lutadores dos povos do campo, lições
que nos ajudem a pensar um outro
tipo de escola para eles, com eles.
(Caldart, 2003, p. 65)
Esmiuçando os dados empíricos
coletados, identificou-se: 134 agricultores;
10 técnicos em agroecologia/agropecuária;
2 médicos veterinários; 01 engenheiro
agrônomo e 12 estudantes de graduação
(10 de agronomia e 2 de medicina
veterinária), totalizando 159 (cento e
cinquenta e nove) egressos vinculados
diretamente ao ambiente agrário. De outra
forma, é pertinente a menção a outros
sujeitos, como comerciários e alguns
profissionais liberais e professores que,
mesmo exercendo atividades laborais não
vinculadas diretamente ao campo, ainda
estão vinculados a terra, residem no campo
e fazem parte desse contexto social.
A marca da terra, via escolarização,
parece ser uma constante na vida desses
egressos, tornando evidente a proposta
inicial, onde...
os coletivos de educação surgiram
para dar conta de duas demandas: a
de garantir com mais eficiência a
mobilização pelo direito a escola (ter
um coletivo ajudaria a conquistar
outras escolas), e a de trocar
experiências em relação a como
desenvolver a tal escola diferente que
todos queriam, mas ninguém sozinho
sabia exatamente como fazer.
(Caldart, 2004, p. 243).
Na investigação, ao analisar o perfil
dos agricultores e seu contexto quanto aos
métodos de produção agrícola, evidenciou-
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
11
se uma ampla maioria (129) de agricultores
caracterizados à Agricultura Familiar. E
uma pequena minoria (5), identificados ao
Agronegócio. Os egressos agricultores
situados na agricultura familiar apresentam
algumas características em comum: em
geral, suas propriedades rurais não
ultrapassam 15 hectares, possuem uma
produção diversificada (soja, milho, leite,
gado de corte, hortaliças, frutas, peixes
entre outros), as propriedades são geridas
pelos membros da família, os produtos
produzidos são para a subsistência e para o
comércio local, a maioria são filhos de
assentados da reforma agrária (estão
sucedendo ou atuando em paralelo aos pais
no lote rural). Os agricultores que
apresentam características similares ao
agronegócio, apresentam alguns elementos
proximais: adeptos da monocultura
(principalmente da soja), agricultura de
precisão (mecanização moderna e
tecnologia de ponta), possuem extensão de
terra relativamente grande para os padrões
do local (em média 150 hectares), não são
filhos de assentados da reforma agrária via
MST (são filhos de agricultores assentados
na Fazenda Annoni, em anos anteriores à
ocupação pelo MST, em razão da
desapropriação de suas terras para a
construção de barragens), pensamento
político neoliberal.
No decorrer da investigação
identificou-se a presença de 13 egressos
agricultores (as) que têm seu modo de
produção agropecuário
cooperativo/coletivo, com ênfase em uma
agroindústria familiar. Os mesmos residem
em uma agrovila. Além do fator de
produção coletivo, outro aspecto adquire
relevância, que é alta escolaridade dos
mesmos, se comparado com os demais
agricultores não cooperativos (individuais).
Dos 13 agricultores cooperativos: 3
possuem o ensino médio, 3 dispõem de
ensino superior completo (2 em
administração e 1 em direito), 6 estudantes
de graduação (agronomia (3), engenharia
de alimentos, psicologia e história) e 1
técnico em agropecuária.
Para além disso, nessa gama de
dados/informações percebeu-se a
existência de 4 egressos da escola, que são
hoje agricultores assentados. Ou seja, são
filhos de assentados da antiga Fazenda
Annoni, e repetindo o ato de seus pais,
participaram de acampamento do MST e
posterior conquista da terra.
Outros elementos merecem destaque.
A profissão de professor (a) recebe com
ênfase egressos concluintes dos anos de
1993 a 1994, e tornando a percebê-los com
maior vigor somente a partir de 2010, com
o aumento de estudantes em licenciaturas,
principalmente em pedagogia. Os
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
12
comerciários e industriários, por sua
especificidade de atividade fim,
concentram seu labor no meio urbano.
Entretanto, apesar de tal fator não ter sido
objeto da investigação, é notória a ressalva
sobre a ocorrência de egressos que
trabalham na cidade, mas permanecem
residindo no Campo, não sendo tais casos,
raros. As donas de casa, terminologia
utilizada pelas próprias, dizem respeito
especificamente a egressas que residem no
meio urbano.
Escolaridade dos egressos
Importante destacar duas situações
de ‘forma’ relacionadas aos achados
empíricos sobre escolaridade: a) dos 485
investigados, aferiu-se informações
concretas sobre a escolaridade de 413
egressos, e b) sendo uma pesquisa
realizada com egressos de uma escola de
ensino fundamental completo, o nível de
escolaridade nima presumível é ‘ensino
fundamental’.
Assim, a escolaridade dos egressos
apresentou-se da seguinte forma:
Quadro 02 Escolaridade informada dos egressos.
Ensino médio
233
Estudantes de graduação
52
Ensino superior
46
Ensino fundamental
36
Ensino médio incompleto
26
Ensino superior incompleto
11
Ensino médio técnico
9
TOTAL
413
Fonte: Pesquisa dos autores (2018).
Quando discutimos os achados da
pesquisa, nos deparamos com uma
quantidade razoável de sujeitos da
investigação que apresentam como
escolaridade o ‘ensino médio’. Dos
sujeitos da pesquisa, 56,4% apresentam
escolaridade de ensino médio. Apesar de
parecer que tal condição caracteriza pouco
avanço na escolarização, não podemos
esquecer que são filhos do campo,
moradoras da zona rural e cujo acesso a
escola de ensino médio depende de um
deslocamento e, em certa medida, de
desacomodação ante as condições
materiais do cotidiano. Assim, saber que
apenas 36 egressos (08,7% do total dos
sujeitos) permaneceram apenas com o
ensino fundamental é uma grande
conquista.
Ao mesmo tempo em que a
afirmação do ensino médio como
predominância de escolaridade, também
algumas singularidades perceptíveis nos
dados que merecem referência. A primeira
diz respeito aos egressos situados na seção
ensino médio incompleto. A ampla
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
13
maioria dos sujeitos contidos nesse item,
ou seja, não término do ensino médio,
situa-se no período entre os anos de 2008 a
2014, praticamente inexistente em anos
anteriores. Outra situação marcante é o fato
dos sujeitos contidos na seção ensino
fundamental, serem predominantemente
agricultores. Os sujeitos que apresentam
ensino médio técnico destacam-se pela
primazia ao curso de agroecologia, seguido
pelo técnico em enfermagem.
Quanto aos estudantes de graduação,
que estão em processo de formação
universitária, destacam-se com maior
frequência os cursos de agronomia, direito
e pedagogia. No entanto, há egressos da
escola cursando letras, engenharia
mecânica, engenharia civil, engenharia de
energia, engenharia de alimentos,
psicologia, recursos humanos, arquitetura e
urbanismo, gestão pública, enfermagem,
medicina veterinária, fisioterapia,
farmácia, educação física, ciências
contábeis, jornalismo e história.
Os egressos que possuem ensino
superior detêm maior prevalência sobre os
cursos de administração, direito,
enfermagem, educação física e pedagogia.
Além dessas preferências profissionais,
egressos graduados em psicologia, letras,
biologia, matemática, jornalismo,
geografia, ciências contábeis, medicina,
medicina veterinária, engenharia civil,
serviço social, gestão hospitalar, design de
moda e agronomia. Importante salientar
que, mesmo possuindo ensino superior em
determinada área, não significa que os
mesmos atuem na sua área profissional.
Dos 46 egressos com ensino superior
identificados na investigação, 16 possuem
outra profissão não identificada com sua
formação acadêmica (podendo citar como
exemplo quatro agricultores).
Especificamente quanto à
configuração da escolaridade dos egressos
agricultores (as), pode ser assim descrita:
ensino fundamental (25), ensino médio
incompleto (14), ensino médio (80),
estudantes de graduação (9), ensino
superior incompleto (2), ensino superior
(4).
Como mencionado anteriormente, a
escolaridade ensino médio, é
amplamente perceptível nos egressos
agricultores, dando o tom de sua
caracterização. Os egressos agricultores
situados na escolaridade ensino médio
incompleto, fazem parte de um fenômeno
recente, a partir de 2008/2009. Os
agricultores, estudantes de graduação, têm
no curso de agronomia sua maior
preferência, no entanto, há agricultores (as)
cursando medicina veterinária, letras,
engenharia de alimentos, psicologia e
história. Por sua vez, os agricultores (as)
que possuem ensino superior dizem
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
14
respeito aos cursos de administração (2),
ciências contábeis e educação física.
um fenômeno recente, presente
na investigação que merece destaque a
presença crescente de egressos com curso
superior residindo no Campo, em área de
assentamento. Na antiga Fazenda Annoni,
assinalou-se a presença de 9 egressos com
ensino superior contidos nesse contexto: 4
agricultores (administração (2), ciências
sociais, educação física), 2 professores
(educação física e pedagogia), 2
comerciários (administração e educação
física) e 1 engenheiro civil. Bem como
também a presença de 15 estudantes de
graduação residentes nos assentamentos.
Entretanto, não perfazendo o interesse da
pesquisa, mas de cunho meramente
informativo, se fôssemos ampliar esse
contexto para os não egressos da escola,
residentes no Campo, esse número se
ampliaria consideravelmente. Para além
dos citados acima, encontram-se residindo,
com ensino superior, nos Assentamentos
da antiga Fazenda Annoni, 2 médicos e 4
professores (dois professores de
matemática, um professor de história, e um
pedagogo).
É um tanto complexo definir quem
está engajado ou apresenta caráter de
pertencimento a movimentos sociais (aqui
no caso, em especial, MST e MPA),
daquele indivíduo que não está. No
entanto, para essa definição, seguiu-se o
percurso de atuação presente, de sua
participação unicamente prática, em ações
presenciais. Assim, identificou-se,
mediante critério de militância prática,
uma oscilação entre 25 a 30 egressos são
atuantes em movimentos sociais
vinculados a terra, perfazendo agricultores,
técnicos em agroecologia/agropecuária e
estudantes de graduação. Destaca-se que
entre os agricultores contidos nesse item
muitos destes encontram-se em processo
de formação universitária/técnica ou
possuindo curso superior. E tendo seu
modo de produção agrícola
cooperativo/coletivo.
Considerações finais
A investigação proporcionou-nos um
conjunto de informações e dados sobre o
contexto de vida de sujeitos egressos da
Escola Estadual 29 de Outubro
Pontão/RS. Entretanto, tais informações
precisam ser discutidas, contextualizadas,
compreendidas. Requerendo
posteriormente, um aprofundamento
teórico que nos possibilite compreender
esse espaço de tempo dos sujeitos egressos,
da Escola 29 de Outubro e da própria
Educação do Campo (quanto a avanços e
limitações).
A Escola Estadual 29 de Outubro,
dentro de seus projetos político-
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
15
pedagógicos, construídos no decorrer do
tempo, sempre defendeu a autonomia e
emancipação de seus educandos. E uma de
suas premissas principais (para o
educando), sempre foi o elo entre o
estudar/construir conhecimentos/qualificar-
se profissionalmente, agregar renda à
propriedade e manter-se no campo.
Somado à preocupação com a sucessão
familiar nas propriedades (um ideário
constante).
Os dados/informações nos apontam
para algumas perspectivas animadoras. E
logicamente, não são apenas contribuições
da Escola, mas de todo o contexto
sociocultural construído ao redor dos
egressos e de suas famílias, sejam elas pela
comunidade local, pela cultura familiar que
somadas, nos possibilitam um novo olhar
para o Campo.
Com raras exceções, a sucessão
familiar nas propriedades rurais está
ocorrendo. Os jovens agricultores, na sua
ampla maioria com ensino médio, estão
apesar de todas as dificuldades impostas
pelo modelo agrícola fortemente difundido
(agronegócio), estão, aos poucos,
realizando a defesa da agricultura familiar,
mediante suas ações cotidianas de
produção agropecuária, perceptíveis pela
diversificação de culturas. O vínculo com
a terra ainda figura como orgânico e
identitário para uma grande parte dos
egressos da escola. Com isso, a segunda
geração de agricultores parece estar
‘garantida’ em sua permanência no campo.
O desafio é justamente a terceira geração...
Os egressos mais jovens apresentam
uma crescente escolarização em várias
áreas do conhecimento. Entretanto, cursos
vinculados a atividades do Campo como
agronomia e medicina veterinária, além de
cursos técnicos em
agroecologia/agropecuária, despontam em
intensidade. O pertencimento a
movimentos sociais está fortemente ligado
ao modo de produção agrícola e de
convívio (espaço coletivo) dos egressos. O
ambiente cooperativo e a escolaridade
ensino superior ou em processo de
formação universitária/técnica, são fatores
que elevam a participação dos egressos
com as lutas sociais. Ou seja, estudar nesse
caso é sinônimo de lutar.
De fenômeno recente, a permanência
no Campo de egressos com ensino
superior, por menor que seja a amostra,
possibilita um novo olhar para o Campo,
como espaço de trabalho, de renda, de (re)
conhecimento e de qualidade de vida.
Assim, temos algumas pistas para
responder ao desafio inicial sobre onde
estão os filhos da Educação do Campo.
Por fim, o êxito profissional e
formativo dos filhos da Educação do
Campo também representa o êxito do
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
16
projeto ou, no mínimo, a pertinência de sua
existência como contraponto e alternativa
ao modelo de escolarização dominante.
Referências
Alves, G. L. (2009). Educação no campo:
recortes no tempo e no espaço. Coleção
educação contemporânea. Campinas, SP:
Autores Associados.
Bonamigo, C. (2007). Pedagogias que
brotam da terra: um estudo sobre práticas
educativas do campo (Tese de Doutorado).
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre.
Brasil. (2002). Resolução CNE/CEB n. 1,
de 3 de abril de 2002: institui diretrizes
operacionais para a educação básica nas
escolas do campo. Recuperado de: http://
www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/do
cumentos/.../resolucao_ceb_1-2002.pdf
Brasil. (2010). Decreto 7.352/2010. Dispõe
sobre a política de Educação do Campo e
o Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária. Recuperado de:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2
007-2010/2010/decreto/d7352.htm
Bomfim. L. A. (2009) Grupos focais:
conceitos, procedimentos e reflexões
baseadas em experiências com o uso da
técnica em pesquisas de saúde. Physis.
Revista de Saúde Coletiva, 19(3), 777-796.
Caldart, R. S. (2002). Por uma Educação
do Campo: traços de uma identidade em
construção. Educação do Campo:
identidade e políticas públicas. Brasília:
DF.
Caldart, R. S. (2003). A Escola do Campo
em Movimento. Currículo sem Fronteiras,
3(1), 60-81.
Caldart, R. S. (2004). Pedagogia do
Movimento Sem Terra. São Paulo, SP:
Expressão Popular.
Caldart, R. S. (2012). Educação do Campo.
In Caldart, R., Pereira, I., Alentejano, P., &
Frigotto, G. (Orgs.). Dicionário da
Educação do Campo (pp. 259-267). São
Paulo, Rio de Janeiro Escola Politécnica
de Saúde Joaquim Venâncio: Expressão
Popular.
Molina, M. C., & Freitas, H. C. A. (2011).
Avanços e desafios na construção da
Educação do Campo. Em Aberto, 24(85),
17-31.
Molina, M. C., & Sá, L. (2012). Escola do
Campo. In Caldart, R., Pereira, I.,
Alentejano, P., & Frigotto, G. (Orgs.).
Dicionário da Educação do Campo (pp.
326 - 333). São Paulo, Rio de Janeiro
Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio: Expressão Popular.
Rio Grande do Sul (2017). Secretaria de
Educação. Departamento de Planejamento.
Censo Escolar da Educação Básica
2017. Recuperado de:
http://servicos.educacao.rs.gov.br/pse/srv/e
statisticas.jsp?ACAO=acao1
Rio Grande do Sul (2016). Secretaria de
Educação. Departamento Pedagógico /
SEDUC. Reestruturação curricular Ensino
Fundamental e Ensino Médio - RS 2016.
Recuperado de:
http://www.educacao.rs.gov.br/upload/arqu
ivos/201702/09164831-reestruturacao-
curricular-ensino-fundamental-e-medio-
2016-documento-orientador.pdf
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 15/10/2018
Aprovado em: 06/03/2019
Publicado em: 29/10/2019
Received on October 15th, 2018
Accepted on March 06th, 2019
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A. (2019). Egressos de uma escola de assentamento...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6042
10.20873/uft.rbec.v4e6042
2019
ISSN: 2525-4863
17
Published on October, 29th, 2019
Contribuições no artigo: Os autores foram responsáveis
por todas as etapas e resultados da pesquisa, a
saber: elaboração, análise e interpretação dos dados;
escrita e revisão do conteúdo do manuscrito e; aprovação
da versão final publicada.
Author Contributions: The authors were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Rosimar Serena Siqueira Esquinsani
http://orcid.org/0000-0002-6918-2899
Munir José Lauer
http://orcid.org/0000-0003-2561-786X
Carmem Lúcia Albrecht da Silveira
http://orcid.org/0000-0002-9411-8709
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Esquinsani, R. S. S., Lauer, M. J., & Silveira, C. L. A.
(2019). Egressos de uma escola de assentamento: onde
estão os filhos da Educação do Campo?. Rev. Bras. Educ.
Camp., 4, e6042. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e6042
ABNT
ESQUINSANI, R. S. S.; LAUER, M. J.; SILVEIRA, C. L. A.
Egressos de uma escola de assentamento: onde estão os
filhos da Educação do Campo?. Rev. Bras. Educ. Camp.,
Tocantinópolis, v. 4, e6042, 2019. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e6042