Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.v4e6110
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e6110
10.20873/uft.rbec.v4e6110
2019
ISSN: 2525-4863
1
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#CiênciaÚtil: Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em
escolas do campo
Regina Célia de Sousa
1
,
Carolina Pereira Aranha
2
, André Flávio Gonçalves Silva
3
, Juliana Rodrigues Rocha
4
1
Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Departamento de Física. Avenida dos Portugueses, 1966, Bacanga. São Luís -
MA. Brasil.
2,
3,
4
Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Coordenação de Licenciatura em Educação do Campo - LEdoC. Avenida
João Alberto, 700, Areal. Bacabal - MA. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: sregina@ufma.br
RESUMO. Este artigo relata a execução do projeto
#CiênciaÚtil, integrante da Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia (SNCT) de 2017, que tinha como tema "A
matemática está em tudo". Esse projeto foi executado em cinco
escolas do campo na microrregião do Médio Mearim, Estado do
Maranhão, por docentes e discentes da Universidade Federal do
Maranhão. As atividades desenvolvidas foram constituídas de
onze oficinas e uma mostra fotográfica, através das quais foram
apresentadas para o público formado pelas comunidades escolar
e local, informações e aplicações de pesquisas científicas,
associadas a saberes populares, buscando despertar a atenção
dos mesmos para os efeitos resultantes das ciências naturais e da
matemática em seu cotidiano. Além disso, crianças e jovens
foram estimulados a buscar novos conhecimentos referentes às
carreiras científicas e tecnológicas. O projeto contou com a
participação expressiva do corpo docente, discente e
administrativo das escolas atendidas, bem como da comunidade
em seu entorno. Durante sua execução foram atendidas 715
pessoas. Após as avaliações finais, comprovamos que as
atividades realizadas atingiram seus objetivos, contribuindo para
a ampliação da compreensão sobre ciência e tecnologia,
detectados por meio do reconhecimento de sua relevância e
pelas conexões feitas com suas realidades pelo público
participante do projeto.
Palavras-chave: Divulgação Científica, Popularização da
Ciência, Escolas do Campo, SNCT.
Sousa, R. C., Aranha, C. P., Silva, A. F. G., & Rocha, J. R. (2019). #CiênciaÚtil: Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
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#UsefulScience: National Science and Technology Week in
rural schools
ABSTRACT. This article reports on the execution of the
#Useful Science project, part of the National Science Science
Week (SNCT) of 2017. This project was executed in five rural
schools in the micro-region of the Middle Mearim (MA), by
teachers and students of the Federal University of Maranhão.
The activities developed consisted of eleven workshops and a
photographic exhibition, through which information and
applications of scientific research associated with popular
knowledge were presented to the public formed by the school
and local communities, seeking to arouse their attention to the
resulting effects of the natural sciences and mathematics in your
daily life. In addition, children and young people were
encouraged to seek new knowledge and scientific and
technological careers. The project had a significant participation
of the faculty, students and administrators of the schools served,
as well as the community in its surroundings. During its
execution, 715 citizens were served. After the final evaluations,
we verified that the activities accomplished reached their
objectives, contributing to the expansion of the understanding
about science and technology, detected through the recognition
of their relevance and the connections made with their realities.
Keywords: Scientific dissemination, Popularization of science,
Rural schools, SNCT.
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#CienciaÚtil: Semana Nacional de Ciencia y Tecnología en
escuelas del campo
RESUMEN. Este artículo relata la ejecución del proyecto
#CienciaÚtil, integrante de la Semana Nacional de Ciencia de
Tecnología (SNCT) de 2017. Ese proyecto fue ejecutado en
cinco escuelas del campo en la microrregión del Medio Mearim
(MA), por docentes y alumnos de la Universidad Federal del
Maranhão. Las actividades desarrolladas fueron constituidas de
once talleres y de una muestra fotográfica, a través de las cuales
fueron presentadas para el público formado por las comunidades
escolares y locales, informaciones y aplicaciones de
investigaciones científicas, asociadas a los saberes populares,
buscando despertar la atención de los mismos para los efectos
resultantes de las ciencias naturales y de las matemáticas en su
cotidiano. Allá de eso, niños y jóvenes fueron estimulados a
buscar nuevos conocimientos y carreras científicas y tecnología.
El proyecto tuvo participación expresiva del cuerpo docente,
alumnos y administrativo de las escuelas atendidas, bien como
de la comunidad en su entorno. Durante su ejecución, fueron
atendidos 715 ciudadanos. Después de las evaluaciones finales,
comprobamos que las actividades realizadas lograron sus
objetivos, contribuyendo para la ampliación de la compresión
sobre ciencia y tecnología, detectados a través del
reconocimiento de su relevancia y por las conexiones hechas
con sus realidades.
Palabras clave: Divulgación científica, popularización de la
ciencia, Escuelas del campo, SNCT.
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Introdução
A sociedade atual convive em meio a
uma grande quantidade de produtos e
equipamentos advindos do
desenvolvimento do conhecimento
científico e tecnológico, o que gera uma
crescente demanda para o entendimento de
conceitos, leis e normas, envolvendo,
principalmente assuntos ligados às ciências
básicas e aplicadas, como por exemplo, a
matemática. No entanto, a população
brasileira, constituída por 17,1 % de
analfabetos funcionais (IBGE, 2016), ou
seja, com pouco entendimento das quatro
operações matemáticas, da leitura e da
escrita, encontra-se muitas vezes à margem
da sociedade, visto que não possuem,
dentre outras coisas, uma base de saber
científico capaz de torná-los cidadãos
críticos. Segundo Cachapuz et al. (2005),
em face do aumento crescente das
influências que as novas tecnologias
exercem sobre os cidadãos, as sociedades
se desenvolvem melhor quando possuem
uma base sólida de conhecimentos
científicos, permitindo que eles participem
das decisões que são adotadas para a
resolução de problemas sociocientíficos
cada vez mais complexos e apresentados
na atualidade.
Particularmente, no estado do
Maranhão, os índices educacionais são
preocupantes. A mais recente pesquisa
brasileira do Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (PISA), realizada
em 2015, revelou que o Maranhão
encontra-se no grupo de estados brasileiros
que apresenta as três notas médias mais
baixas (OCDE, 2016). Nesse sentido, o
estado apresenta, portanto, um quadro no
qual uma grande parcela de estudantes
termina a educação fundamental sem saber
o básico de disciplinas como a matemática
e língua portuguesa. Em se tratando de
ciências, seu conhecimento, mesmo que
rudimentar, pela maioria dos estudantes,
ainda pode ser considerado praticamente
inexistente. Tal situação também é
realidade na microrregião do Médio
Mearim, localizada a 243 Km da capital do
Estado, São Luís, onde estão presentes as
escolas nas quais foram desenvolvidas as
atividades relatadas neste artigo.
Quando voltamos o olhar para as
escolas do campo, esse quadro torna-se
ainda mais inquietante. Faltam professores,
um grande número deles lecionando
disciplinas que não fazem parte de sua
formação acadêmica, as instalações são
geralmente construções com infraestrutura
precária, onde quase sempre faltam
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banheiros adequados e adaptados, quadra
de esportes, bibliotecas, laboratórios e
número de salas de aulas suficiente. Além
disso, pouquíssimos acessos a espaços
tais como museus, centros e laboratórios
de ciências, que na maioria das vezes
situam-se nas capitais dos estados
brasileiros.
Diante desse quadro, existe urgência
em formar cidadãos capazes de
desenvolver o raciocínio lógico, fazer
conexões entre os conteúdos estudados e a
sua realidade, questionar, refletir e debater
múltiplos temas a partir dos conhecimentos
adquiridos em diferentes espaços, para que
assim possam participar ativamente das
decisões referentes aos caminhos que a
sociedade deve trilhar. Tais fatores tornam
impreterível o fomento de atividades de
divulgação científica visando à
popularização da ciência e da tecnologia,
principalmente em escolas e comunidades
localizadas em zonas rurais, as quais
correspondem a 33,9 % das escolas
brasileiras (INEP, 2017), e que são
tradicionalmente menos assistidas pelos
governos municipais, estaduais e federal.
Dessa forma, as demandas atuais da
sociedade brasileira, em especial a
maranhense, referente à necessidade de
adquirir conhecimentos científico e
tecnológico, torna imprescindível a
promoção de uma cultura científica, por
exemplo, por meio de atividades que
envolvam a divulgação científica. A
escola, em especial a blica, possui papel
relevante na realização e manutenção de
tais atividades. Entretanto, são muitos os
desafios que ela precisa superar para
alcançar condições de efetuar ações que
atinjam esse objetivo, principalmente
diante da precariedade do ensino público
no país. Segundo o Programa Nacional de
Apoio às Feiras de Ciências da Educação
Básica:
Hoje, as feiras de ciências são
conhecidas como uma atividade
pedagógica e cultural com elevado
potencial motivador do ensino e da
prática científica no ambiente
escolar. Tanto para alunos e
professores, quanto para a
comunidade em geral, as feiras vêm
constituindo uma oportunidade de
aprendizagem e de entendimento
sobre as etapas de construção do
conhecimento científico (MEC,
2006, p. 5).
Com o objetivo de mobilizar a
população, principalmente crianças e
jovens, em torno de temas e atividades de
divulgação científica, valorizando a
criatividade, a iniciação científica e
tecnológica, em 9 de junho de 2004, foi
criada a Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia (SNCT) por meio de decreto n
o
5.101 assinado pelo então Presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Nessas atividades, desenvolvidas
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atualmente por várias instituições, entre
elas, Instituições públicas e privadas de
Ensino, Pesquisa e Extensão dos estados
brasileiros, a Ciência e a Tecnologia
(C&T) são repassadas à comunidade por
meio de uma linguagem acessível, sendo
destacada sua importância para a vida das
pessoas e para a melhoria da qualidade do
ensino e, consequentemente, da ciência e
tecnologia no Brasil. O aprofundamento de
conhecimentos científicos e tecnológicos
pela população possibilita discussões mais
conscientes principalmente sobre suas
implicações sociais (MCTIC, 2017).
A popularização científica e
tecnológica tem assim um papel
fundamental no processo de ensino e
aprendizagem das ciências da natureza,
matemática e suas tecnologias, haja vista
que busca aproximar o científico e
tecnológico do conhecimento popular e
despertar a curiosidade e o interesse da
comunidade em geral em relação aos
conceitos científicos e tecnológicos
presentes em seu cotidiano. No entanto,
para que essa popularização seja eficaz,
vários fatores devem ser considerados,
entre eles o fator público-alvo. É
improdutivo, por exemplo, levar
conhecimento sobre como funciona um
telefone móvel para uma população que
não é assistida por nenhuma empresa de
telefonia, ou tratar do funcionamento de
um refrigerador em locais que não
possuem energia elétrica.
Em 2017, a SNCT teve como tema
“A matemática está em tudo” e, como
parte da mesma, o Laboratório de
Caracterização Microestrutural de
Materiais (LCMM) em conjunto com o
Laboratório de Ensino de Ciências (LEC),
ambos da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), desenvolveram o
projeto #CiênciaÚtil, edição 2017,
atendendo a um Edital da Fundação de
Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico do Maranhão
(FAPEMA), cuja finalidade era disseminar
o conhecimento científico e tecnológico e
popularizar a ciência por meio da linha de
ação “Popularização da Ciência” e no
âmbito do programa “Mais Divulgação”.
Esse projeto se apoiou no compromisso
que os docentes e discentes desses
laboratórios têm com a promoção da
popularização da C&T conectada aos
saberes populares, e este artigo apresenta
um relato das atividades desenvolvidas ao
longo desse projeto, em escolas do campo,
bem como suas impressões e resultados.
Divulgação científica e popularização da
ciência
Os conceitos de popularização da
ciência e de divulgação científica algumas
vezes são usados para definir práticas
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semelhantes. Segundo Houaiss (2001, p.
1066), divulgar é “tornar pública alguma
coisa”, enquanto popularizar significa
tornar-se conhecido por grande número
de pessoas” (Houaiss, p. 2261). Por sua
vez, Ferreira (2010, p. 1677), define
divulgar como “tornar público ou notório;
publicar; propagar; difundir; vulgarizar;
tornar público ou conhecido” e popularizar
como “tornar popular, conhecido ou
estimado pelo povo; propagar entre o
povo; tornar corrente, conhecido, entre o
povo”.
Assim, entendemos que a divulgação
científica (DC) seria o ato de transmitir
conhecimentos científicos ao grande
público, por meio de uma linguagem
acessível, enquanto que, a popularização
da ciência (PC) seria a apropriação desses
conhecimentos pelos cidadãos, como
resultado de uma divulgação eficiente.
A DC geralmente é associada à
difusão de informações através de meios
de comunicação de massa (revistas,
jornais, internet, etc.), todavia, ela possui
amplo alcance e abrangência, podendo
ocorrer de diferentes formas, tais como:
palestras, feiras, livros didáticos e
paradidáticos, aulas práticas, exposições
em museus, folhetos utilizados nas práticas
de extensão rural (Bueno, 2010), dentre
outros.
Então, como devemos divulgar para
popularizar o conhecimento científico?
Distante da visão tradicional de DC, na
qual a relação entre os envolvidos -
divulgador e público-alvo - se estabelece
por meio de um processo unidirecional de
simplificação (relação vertical entre
divulgadores e público alvo), do complexo
(divulgadores) para o simples (público-
alvo), sendo esse último tido como “um
conjunto de analfabetos em ciência [da
natureza, matemática e suas tecnologias]
que devem receber conteúdos redentores
de um conhecimento descontextualizado e
encapsulado” (Moreira & Massarani, 2002,
p. 63), a visão moderna, e adotada por nós,
leva em consideração as relações entre a
ciência e a tecnologia e as questões sociais.
Ainda na visão de Baumgarten
(2012, p. 89):
Divulgação de ciência e tecnologia é
um processo que reflete a construção
dos conhecimentos, seus embates,
diálogos e necessárias composições
com o conhecimento social (ou
prático) para o melhor
direcionamento do desenvolvimento
da sociedade em seus segmentos
plurais.
De acordo com Zamboni (1997, p.
72) a “atividade de divulgar
conhecimentos novos se sustenta na função
de partilha do saber, função que se reveste
de reconhecida necessidade social diante
da velocidade com que se acumulam os
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novos saberes, se conquistam as novas
técnicas e se garantem novos
procedimentos”.
Ao realizar atividades de DC em que
o público-alvo é tratado somente como
mero receptor de informações não
problematizadas e, em algumas vezes até
sensacionalistas, se atendo somente ao
factual de descobertas e/ou curiosidades
científicas, coloca-se a disposição do
público-alvo um conhecimento acabado e
fechado da ciência. “A produção de
notícias com o objetivo de somente
promover as descobertas científicas é um
exemplo de como a visão tradicional de
DC pode produzir uma ciência distante do
público que a consome” (Flores, 2012, p.
4).
Assumimos, portanto, a importância
da valorização das experiências culturais e
dos conhecimentos prévios do público-
alvo, bem como o reconhecimento de que
a compreensão dessas experiências e
saberes será facilitada quando as
informações científicas fizerem parte de
seus contextos social, econômico e político
(Fares, Navas & Marandino, 2007;
Baumgarten, 2012). Além disso,
acreditamos que os conhecimentos locais e
científicos devem ser considerados com o
mesmo nível de hierarquia na resolução de
demandas (Fares, Navas & Marandino,
2007), visto que o conhecimento científico,
em uma visão tradicional de DC é tido
como superior (Resende & Rothberg,
2011). Nesse sentido, buscamos, portanto,
a valorização do diálogo com o público
alvo do projeto, objetivando a
democratização da C&T dentro das
comunidades estudadas.
Ciência, tecnologia e cidadania
O Brasil é um país onde impera a
desigualdade, com o domínio do capital,
sustentado pela corrupção no setor público,
o que gera grandes abismos com relação,
por exemplo, à distribuição de riquezas e
ao acesso à educação de qualidade. A
deficiência com relação à educação reflete
diretamente na apropriação de
conhecimentos científicos e tecnológicos
pela comunidade.
Em uma visão ampla, a inclusão
social ocorre por meio de ações que
proporcionam a todos os cidadãos uma
vida de qualidade, dando oportunidades e
condições de usufruir socialmente e
economicamente de bens materiais,
educacionais, culturais, entre outros,
podendo assim construir um pensamento
crítico e reflexivo sobre diferentes
questões que os habilitem a agir de forma
fundamentada e consciente, frente aos
problemas que os rodeiam (Moreira,
2006).
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A falta de conhecimentos científicos
e tecnológicos básicos por grande parte da
população pode ser considerada como um
fator de risco para a mesma, tendo em vista
que a ausência de compreensão ou
entendimento de certos conceitos
científicos e tecnológicos pode ocasionar
desde o consumo ingênuo de determinados
produtos disseminados, por exemplo, pelas
mídias, à apatia diante de medidas
governamentais que podem de certa forma
afetar as comunidades, principalmente no
que se refere aos impactos
socioambientais. Um cidadão que acredita
que um colchão magnético pode gerar
energia quântica e que os "benefícios
preventivos da energia magnética,
infravermelho longo, vibroterapia e
energia quântica ... proporcionam um sono
profundo com ações que contribuem para a
restauração do corpo e da mente" (Sono
Terápico, 2018), demonstra pouca
compreensão do conceito de energia, sua
conservação e transformações, e assim
poderá não ter condições de analisar, por
exemplo, uma medida governamental que
permite a construção de grandes
hidrelétricas - com a justificativa de que
trata-se de empreendimentos geradores de
energia limpa - em detrimento da
implantação de parques geradores de
energia solar e/ou energia eólica, visto que
o Brasil é um país com um vasto litoral e
um clima tropical que propiciaria fazer uso
dessas outras formas de energias
alternativas.
É notório e inegável que o
desenvolvimento da C&T trouxeram para a
sociedade inúmeras contribuições
positivas, estabelecendo uma relação de
dependência entre a sociedade e os
domínios do conhecimento científico e
tecnológico.
O papel que, hoje em dia, a ciência e
a tecnologia desempenham em nossa
sociedade é tão profundo e extenso
que se torna difícil conceber um
único âmbito de atividade em que
não estejam presentes ou, ainda, não
modifiquem, substancialmente,
atitudes, comportamentos, formas de
relação, ou não propunham novas
formas de fazer, de pensar e sentir e
não ponham em questão valores
tradicionalmente assumidos.
(Bustamante, 1997, p. 12).
Contudo, o cidadão também precisa
ter consciência de que a ciência e a
tecnologia não produzem somente
benefícios às nossas vidas, mas também
produzem prejuízos. No contexto social e
ambiental, podemos citar alguns exemplos,
como a contaminação do ar, solo e água
por processos industriais e por defensivos
agrícolas.
De acordo com Moreira (2006, p.
11):
Para a educação de qualquer cidadão
no mundo contemporâneo, é
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fundamental que ele tanto possua
noção, no que concerne à ciência e
tecnologia (CT), de seus principais
resultados, de seus métodos e usos,
quanto de seus riscos e limitações e
também dos interesses e
determinações (econômicas,
políticas, militares, culturais etc.) que
presidem seus processos e
aplicações.
Nesse contexto, a inclusão social
com relação aos conhecimentos da C&T e
suas implicações devem atingir os
cidadãos em geral, não somente aqueles
que se encontram à margem desses
conhecimentos, como também, os que,
embora tenham conhecimentos
especializados em alguma área, possuem
saberes limitados em outras áreas.
Sendo assim, buscando diminuir o
distanciamento entre os conhecimentos
científicos e tecnológicos e as
comunidades, reduzindo na maioria das
vezes a carência de uma educação
científica abrangente e de qualidade, vários
países, entre eles o Brasil, tem fomentado
políticas públicas buscando a
popularização da C&T. De acordo com
Navas (2008, p. 21) “a divulgação e a
popularização científica e os processos de
comunicação pública da ciência assumem
hoje papel relevante no estímulo à
participação cidadã e no resgate das vozes
e percepções do público sobre temas de
ciência e tecnologia”.
O papel da Semana Nacional de Ciência
e Tecnologia na divulgação e
popularização científica e tecnológica no
Brasil
O tema popularização científica tem
adquirido importância crescente na esfera
do Governo Federal brasileiro. Dessa
forma, em 2004, foi criada a Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT)
pelo Decreto Presidencial n
o
5.101, sob a
coordenação, na época
i
, do Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI),
por meio da Coordenação-Geral de
Popularização e Divulgação da Ciência
(CGPC/SEPED), ficando as coordenações
locais sob a tutela dos governos estaduais e
municipais, de instituições de ensino e
pesquisa e de instituições ligadas à ciência
e a tecnologia (MCTIC, 2017).
A SNCT ocorre anualmente e tem
como objetivo principal aproximar a
ciência e a tecnologia da população através
da realização de eventos, que reúnem
atividades de divulgação científicas e
congregam instituições públicas e privadas
do Brasil. Esses eventos, de caráter
gratuito, são atualmente financiados pelo
Ministério de Ciência, Tecnologia e
Inovação e Comunicações (MCTIC), por
meio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
- CNPq e, em escala estadual, no
Maranhão, pela Fundação de Amparo à
Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico
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e Tecnológico - FAPEMA. Os eventos
acontecem simultaneamente em todo o
país, sempre no mês de outubro, sendo
constituídos de atividades fixas e
itinerantes, desenvolvidas em áreas
urbanas e rurais, em locais públicos e/ou
comunitários, tais como, universidades,
instituições de pesquisa, escolas, museus,
shoppings e praças, reunindo atividades
que unem ciência, tecnologia, cultura e
arte. A SNCT viabiliza o movimento
necessário para que esses eventos atinjam
uma parcela substancialmente significativa
da população.
Em 2012, o MCTI, através da
Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação (ENCTI) para os anos de 2012
a 2015, estabeleceu como uma das
principais estratégias para a popularização
da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e
melhoria do ensino de ciências, a
“ampliação e fortalecimento da SNCT,
eventos de popularização da CT&I e
atividades de ciência itinerante” (MCTI,
2012, p. 83). A popularização da CT&I
marca presença mais uma vez nas ENCTI
para os anos 2016-2022, mesmo que
tratada de forma genérica, esse documento
define como uma das necessidades
associadas ao tema estratégico Ciências e
Tecnologia Sociais, "promover a melhoria
da educação científica, a popularização da
C&T e a apropriação social do
conhecimento" (MCTIC, 2016, p. 100).
Segundo a quarta edição da pesquisa
sobre “Percepção Pública da Ciência e
Tecnologia no Brasil” realizada em 2015,
pelo Centro de Gestão e Estudos
Estratégicos (CGEE) e pelo MCTI, o
público brasileiro valoriza a ciência e a
tecnologia e a compreende como algo
positivo que influencia seu cotidiano e que
pode atuar como "um fator de
transformação capaz de melhorar a
qualidade de vida das pessoas" (CGEE,
2017), ou seja, a população reconhece a
importância do conhecimento científico e
tecnológico, entretanto, essa pesquisa
também revelou que a população não
busca acesso a esse conhecimento, por
razões diversas, entre elas, a falta de locais
e/ou eventos organizados nas proximidades
de suas residências.
Embora nos últimos quinze anos
(2004-2018) as ações de popularização da
CT&I tenham se intensificado no Brasil, os
espaços fixos (exemplo, museus e centros
de ciência e tecnologia) e eventos
relacionados tem se concentrado
principalmente na região sudeste do país e,
em especial, nas capitais, dificultando uma
participação mais representativa do
público, tendo em vista a área territorial
dos estados e as dificuldades financeiras da
maioria da população, o que impossibilita
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a locomoção até esses locais. Esse
panorama evidencia que é necessário
intensificar o número de atividades em
locais mais acessíveis ao público, o que
aumentaria significativamente o número de
participantes em eventos com esse
enfoque.
Em 2017, a XIV SNCT teve como
tema central “A matemática está em tudo”
o que motivou um grupo de pesquisadores
e alunos do Laboratório de Caracterização
Microestrutural de Materiais (LCMM) e do
Laboratório de Ensino de Ciências (LEC),
que participam também do Núcleo de
Estudos e Pesquisa em Ensino de Ciências
(NEPEC), sediado no campus da
Universidade Federal do Maranhão
(UFMA), município de Bacabal - criado
para desenvolver projetos de ensino,
pesquisa e extensão na área de ensino de
ciências e matemática, e composto em sua
maioria por professores/pesquisadores
pertencentes ao curso de Licenciatura da
Educação do Campo - a desenvolverem o
projeto #CiênciaÚtil, constituído por várias
atividades de divulgação científica nas
áreas de ciências, matemática e tecnologias
sociais assistivas, integrando assim a
programação da SNCT-2017.
Esse projeto apresentava os seguintes
objetivos: Divulgar e socializar
conhecimentos científicos e tecnológicos
oriundos de estudos e pesquisas
acadêmicas associados a saberes
populares; Promover a apropriação do
conhecimento como um veículo
transformador da realidade local e dessa
forma, contribuir para o desenvolvimento
científico, social e humano das
comunidades; Estimular a curiosidade
científica, o caráter inquiridor e o
pensamento crítico de estudantes e da
população em geral; Colaborar com
professores e gestores das escolas dos
municípios envolvidos, visando a
manutenção e ampliação desse projeto;
Utilizar as atividades e materiais do projeto
como ferramentas de ensino formal e o
formal, no âmbito da UFMA e das escolas
envolvidas; Comunicar conteúdos de
Física, Química, Biologia, Matemática e de
Engenharias, além de saberes populares, de
forma interdisciplinar; Produzir, divulgar e
distribuir materiais educativos, para
estimular o interesse por ciências e
engenharias e colaborar com a melhoria do
processo ensino-aprendizagem.
O projeto #CiênciaÚtil buscou
proporcionar às comunidades atendidas,
socialmente e economicamente excluídas,
a possibilidade de acesso a resultados de
pesquisas científicas associados a saberes
populares, e assim, despertar a atenção das
mesmas para os benefícios e os prejuízos
sociais e ambientais, advindos do
desenvolvimento científico e tecnológico.
Sousa, R. C., Aranha, C. P., Silva, A. F. G., & Rocha, J. R. (2019). #CiênciaÚtil: Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
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No todo, pretendeu-se com isso, formar
cidadãos que sejam capazes de
desenvolver o raciocínio lógico, fazer
conexões de conteúdos estudados e a sua
realidade, ser capaz de questionar. Refletir
e debater a partir dos conhecimentos
apreendidos, para que assim possam
participar ativamente nas decisões
referentes aos caminhos que a sociedade
deve trilhar.
O contexto da Educação do Campo
A Educação do Campo no Brasil,
que hoje figura como modalidade de
ensino, é fruto da luta dos povos do campo
e de movimentos sociais e sindicais. O
Decreto Presidencial n
o
7.352, de 4 de
novembro de 2010, define como população
do campo:
... os agricultores familiares, os
extrativistas, os pescadores
artesanais, os ribeirinhos, os
assentados e acampados da reforma
agrária, os trabalhadores assalariados
rurais, os quilombolas, os caiçaras, os
povos da floresta, os caboclos e
outros que produzam suas condições
materiais de existência a partir do
trabalho no meio rural. (Decreto n.
7.352, 2010, 04 de novembro).
Qualquer atividade relacionada à
Educação do Campo, principalmente
aquelas desenvolvidas no meio acadêmico,
deve prezar pelos valores e o universo
sócio-linguístico-cultural dos povos do
campo, sendo necessário que essas
iniciativas contribuam com "a produção do
conhecimento, materialização e
valorização crítica da cultura do campo e
formação de professores numa perspectiva
libertadora a partir de atividades
articuladas de Pesquisa, Ensino e
Extensão". (Brick et al., 2014, p. 43).
A intencionalidade de um projeto de
formação de sujeitos que percebam
criticamente as escolhas e premissas
socialmente aceitas, e que sejam capazes
de formular alternativas de um projeto
político, atribui às escolas do campo uma
importante contribuição no processo mais
amplo de transformação social (Molina &
Freitas, 2011).
Como marcos da Educação do
Campo, podemos citar a instituição do
Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária, vinculado ao Ministério
do Desenvolvimento Agrário, que teve
início em 1998, como resposta à demanda
de um projeto de educação do campo, fruto
do Encontro Nacional de Educação da
Reforma Agrária (Carvalho, 2011) e o
Programa de Apoio à Formação Superior
em Licenciatura em Educação do Campo,
vinculado ao MEC, estruturado em
instituições de ensino superior no Brasil a
partir de 2007 (Molina & Antunes-Rocha,
2014), o qual posteriormente, deu lugar aos
cursos regulares de Licenciatura em
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Educação do Campo (LEdoC), via Edital
de Seleção N
o
02/2012
SESU/SETEC/SECADI, de 31 de agosto
de 2012.
As LEdoC têm como objeto a escola
de Educação Básica, com ênfase na
construção da organização escolar e no
trabalho pedagógico para os anos finais do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio
(Molina, 2015). Esses cursos funcionam
em regime de alternância, com uma
estrutura curricular organizada em dois
momentos distintos, o Tempo
Universidade (TU) e o Tempo
Comunidade (TC), que se inter-relacionam
e se completam, e que são previstos no
Projeto Pedagógico de Curso (PPC).
Durante o TU os discentes desenvolvem
atividades acadêmicas na universidade,
ficando sob regime de semi-internato.
no TC, os discentes voltam para suas
comunidades, nas quais desenvolvem
atividades estruturadas por cada disciplina
e/ou orientadas pelo curso, com o objetivo
de inserir o discente em seu espaço. "O
regime de alternância busca realizar um
trabalho pedagógico interdisciplinar e
desenvolver os conteúdos curriculares
contextualizados na realidade do aluno”.
(Azevedo, 2005, p. 4) e caracteriza-se
como "condição necessária para
possibilitar o acesso dos povos
trabalhadores do campo à Educação
Superior". (Verdério, 2013, p. 44).
Cabe ressaltar que o regime de
alternância surgiu na França, em 1935, a
partir da insatisfação de pequenos
agricultores diante do sistema educacional
do país, que ao seu ver não considerava
suas especificidades (Vergutz, 2012),
tendo vindo para o Brasil, em 1969, por
meio da ação do Movimento de Educação
Promocional no Estado do Espírito Santo
(MEPES). Para Gimonet (2007, p. 20), a
Pedagogia da Alternância ingressa "numa
pedagogia no espaço e no tempo
diversificam-se as instituições, bem como
os atores implicados ... O jovem ... em
formação, isto é, o alternante, não é mais
um aluno da escola, mas um ator num
determinado contexto de vida e num
território".
Atualmente existem no Brasil
diversas experiências de educação
escolar que utilizam a Pedagogia da
Alternância como método. As
experiências mais conhecidas são as
desenvolvidas pelas Escolas Família
Agrícola (EFAs) e pelas Casas
Familiares Rurais (CFRs). Não
obstante, tendo em vista a
proximidade de propósitos, as
entidades que articulam essas
organizações educacionais, bem
como diversos pesquisadores da área
vêm utilizando uma terminologia
genérica para se referir às instituições
que praticam a alternância educativa
no meio rural: Centros Familiares de
Formação por Alternância
(CEFFAs). (Teixeira, Bernartt, &
Trindade, 2008, p. 229).
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Nesse contexto, e sabendo-se que a
apropriação do conhecimento cientfico e
tecnológico pela sociedade permite, entre
outras coisas, a ampliação da cidadania
com base em informações robustas, o
incremento na renda, por meio da
aplicação e utilização de práticas
comprovadas e a melhoria da qualidade de
vida”. (MCTI, 2012, p. 82), devemos
proporcionar à população atividades
práticas estratégicas que valorizem o
contato do cidadão com informações sobre
C&T. Além disso, é importante que se
fomente oportunidade de atividades de
extensão, buscando dar aos estudantes das
LEdoC uma formação interdisciplinar, de
caráter educativo, cultural, científico e
político, e assim, possibilitando a
construção de competências necessárias à
sua atuação na Educação Básica, indo além
dos conteúdos tradicionais a que são
expostos em salas de aula.
Em países com índices educacionais,
nas áreas de ciências e matemática, bem
abaixo das médias internacionais, com
regiões que possuem Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM) abaixo do desejável, e uma
desigualdade social e econômica
acentuada, as atividades de divulgação
científica devem possuir papel de destaque
nas estratégias nacionais de educação. É
importante enfatizar que a interface entre a
ciência e a cultura nessas atividades deve
ser valorizada, possuindo um caráter social
e político, de superação do
subdesenvolvimento das mazelas sociais,
e, portanto, devem ser planejadas com
cautela e desvelo, voltadas para as
necessidades e anseios dos cidadãos. Onde
se acredita que:
... popularizar é muito mais do que
vulgarizar ou divulgar a ciência.
colocá-la no campo da participação
popular e sob o crivo do diálogo com
os movimentos sociais. convertê-la
ao serviço e s causas das maiorias e
minorias oprimidas numa ação
cultural que, referenciada na
dimensão reflexiva da comunicação e
no diálogo entre diferentes, oriente
suas açes respeitando a vida
cotidiana e o universo simbólico do
outro. (Germano & Kulesza, 2007, p.
20).
Ressaltamos que as atividades
desenvolvidas através do projeto
#CiênciaÚtil seguiram a concepção de que
a criança e o adolescente se beneficiam
mais de experiências concretas e que
integram aspectos cognitivos e afetivos e
privilegiam o lúdico e a interatividade
(Schall, 2005).
Metodologia
Organização do Projeto
O projeto #CiênciaÚtil foi
organizado por docentes e discentes da
Universidade Federal do Maranhão
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(UFMA) pertencentes aos campi de São
Luís e de Bacabal. Os componentes da
UFMA de Bacabal pertencem ao Curso de
Licenciatura de Educação do Campo
(LEdoC) e os da UFMA de São Luís ao
Centro de Ciências e Exatas Tecnologia
(CCET).
Esse projeto começou a ser pensado
após a divulgação do tema da Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia do ano
de 2017, intitulado “A matemática está em
tudo”, quando a equipe iniciou os trabalhos
mediante as problematizações, reflexões e
discussões com relação ao mesmo. Várias
propostas de oficinas foram dadas de
acordo com a experiência e a formação de
cada docente, das comunidades a serem
atendidas e das características do público
alvo. Posteriormente, depois da divulgação
do Edital 022/2017 SNCT, pela
Fundação de Amparo à Pesquisa e ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
do Maranhão (FAPEMA), foram
agendados contatos com alguns
professores e gestores de escolas da
microrregião do Médio Mearim, na
maioria alunos e/ou ex-alunos do curso de
LEdoC e da Especialização em Educação
do Campo da UFMA de Bacabal,
buscando a realização de parcerias para a
elaboração e execução do projeto, e dessa
forma, tornar as escolas onde atuam esses
professores/gestores, instituições
colaboradoras. Nessa etapa foram
priorizadas escolas do campo, entre elas
escolas quilombolas e Escolas Família
Agrícola (EFAs).
Após serem acertadas as
participações de cinco escolas do campo,
duas EFAs e três escolas públicas, em
áreas quilombolas e ribeirinhas, a equipe
executora do projeto (pesquisadores,
alunos da UFMA e representantes da
comunidade) se reuniram para a definição
e distribuição das atividades a serem
executadas. A definição das oficinas
oferecidas no projeto, de caráter
interdisciplinar e com aplicações práticas,
foi estabelecida, principalmente, a partir de
aspectos culturais e da faixa etária do
público alvo de cada comunidade a ser
atendida. Os conjuntos de atividades a
serem executadas em cada escola foram
definidos considerando os anseios da
comunidade escolar, assim como, a
infraestrutura disponível para o
desenvolvimento das atividades (salas de
aula, pátios e quadras esportivas) e o nível
de ensino (Fundamental e Médio)
oferecido nas mesmas. Em geral, o público
alvo que foi atingido em todas as
comunidades era constituído de estudantes
do ensino básico (Fundamental e Médio),
professores e funcionários das escolas e
pessoas da comunidade.
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Após a aprovação do projeto, o
cronograma de atividades para cada escola
foi divulgado. Os mesmos continham
datas, horários e atividades a serem
executadas. Posteriormente, a divulgação
foi acentuada com a distribuição de
cartazes e avisos nos noticiários da região
atendida no projeto.
Execução do Projeto
O projeto #CiênciaÚtil ocorreu entre
os dias 23 e 29 de outubro e no dia 22 de
novembro de 2017, em cinco escolas de
três municípios - Bacabal, São Luís
Gonzaga e Lago do Junco - da
microrregião do Médio Mearim, Estado do
Maranhão. No município de São Luís
Gonzaga o projeto foi realizado na Escola
Família Agrícola de São Luis Gonzaga no
Maranhão; no município de Bacabal, nas
escolas: Unidade Integrada Deputado João
Alberto de Sousa, Unidade de Ensino
Fundamental Catucá e na Unidade de
Ensino Fundamental Floriza Pereira; e no
município de Lago do Junco, o projeto foi
executado na Escola Família Agrícola
Antonio Fontinele.
Em cada escola as atividades foram
realizadas em apenas um dia, em dois
turnos - manhã, de 8 às 12h, e pela tarde,
das 14 às 17h. Cada oficina teve duração
de 3 a 4 horas, dependendo do tamanho da
turma, sendo que em cada turma foi
seguido um desenvolvimento
metodológico que dependia do tema
abordado e das atividades práticas
previstas. Em todas as turmas, foi
incentivada a participação dos estudantes
por meio de perguntas, onde foi possível
que suas dúvidas fossem sanadas. Também
foram feitas descrição de relatos
associativos com as suas práticas diárias,
dentre outras atividades.
As oficinas foram inicialmente
desenvolvidas por meio de uma exposição
oral (em algumas delas foi utilizado
datashow), para a descrição de
conhecimentos científicos e tecnológicos,
sempre intercalados de saberes populares.
Em seguida, foram desenvolvidas
atividades práticas, tais como: práticas
experimentais e construção de pequenos
artefatos e jogos. Durante essa etapa, havia
sempre a troca de conhecimentos entre
todos os participantes.
Além das oficinas, foi realizada uma
mostra de fotografia intitulada “A
Matemática no Cotidiano do Campo”. Essa
mostra foi fruto de um trabalho
desenvolvido durante a disciplina
Matemática Básica do curso de LEdoC da
UFMA de Bacabal, durante o ano de 2016,
na qual os discentes produziram vídeos e
fotografias exemplificando a matemática
presente nas comunidades em que residem,
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trazendo por exemplo, a matemática no
cotidiano das quebradeiras de coco, na
produção de um "cofo" (recipiente
trançado com folhas novas da palmeira de
babaçu) em uma comunidade quilombola e
na utilização de uma balança denominada
de "balança rabo de macaco".
A seguir apresentamos uma
descrição das oficinas trabalhadas:
Papel reciclado: Foram abordados
conceitos relacionados à composição
química do papel, processo químico para
reciclá-lo artesanalmente e problemas
ambientais, possibilitando a interface de
conhecimentos de química e de biologia.
Nessa oficina foram produzidas folhas de
papel reciclado utilizando papel descartado
nas escolas.
Tinta de terra: Foram abordados
conceitos relacionados à composição
química de solos, ao processo químico
para produção da tinta de terra e
desenvolvimento sustentável, permitindo
correlacionar as propriedades físicas,
químicas e biológicas de solos. Nessa
oficina foram produzidas várias
tonalidades de tintas, em função das
tonalidades das terras encontradas em
torno das escolas, que foram utilizadas
para pintura em papel ou em painéis nas
escolas.
Nas oficinas Papel reciclado e Tinta
de terra, foi discutido ainda, a importância
dos numerais como forma de representar
quantitativamente as grandezas físicas, tais
como tempo, massa e volume, que são
fundamentais nos processos químicos
verificados nessas duas oficinas.
Fogão solar e Desidratador de
frutas solar: Foram abordados conceitos
físicos, químicos, biológicos e
matemáticos relacionados ao
funcionamento dessas duas tecnologias
ambientalmente saudáveis, utilizando
energia de forma limpa, assim como sua
relevância para o cotidiano do campo.
Nessas duas oficinas foram produzidos
vários desses equipamentos.
Parasitoses humanas: Nessa oficina
foram discutidas informações importantes
para a saúde humana, de forma
contextualizada e lúdica, tais como, formas
de transmissão, sintomas, formas de
prevenção e tratamento de doenças, como,
esquistossomose ou barriga d’água,
teníase, ascaridíase, ancilostomíase ou
amarelão, bicho geográfico, filariose ou
elefantíase e oxiurose.
Descobrindo o mundo
microscópico: a importância da água
potável: Nessa oficina foram abordados
conceitos de água potável, físicos e
biológicos. Ademais, foram construídos
microscópios com o auxílio de seringas,
lasers verde e água, que foram utilizados
para a visualização de microrganismos
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presentes em amostras de água. Um
segundo experimento, utilizando luz negra
e um material fluorescente, foi utilizado
para proporcionar a compreensão de
conhecimentos físicos e biológicos e a
importância de lavar as mãos corretamente.
Matemática concreta por meio de
jogos: Nessa oficina foi discutida a
importância dos jogos didáticos no ensino
de matemática. Vários dominós
customizados com símbolos matemáticos e
um jogo de tabuleiro intitulado de "Corrida
da Matemática”, foram construdos com o
auxílio de materiais alternativos (papel 40
Kg, E.V.A. e isopor). Esses jogos
abordavam as quatro operações
matemáticas e raciocínio lógico, sendo
utilizados também para explorar os
conceitos matemáticos de símbolos e
potência.
Música, física e matemática: um
trio do barulho: Nessa oficina foram
explorados a história da música e o
conceito de ondas sonoras, fazendo a
relação com a biologia, explicando e
exemplificando por meio do ato de falar
(emitir sons). Foram utilizados ainda,
números e frações na compreensão das
notas musicais, ritmo e tempo musical. Foi
trabalhada ainda, a cultura popular, a partir
das manifestações culturais que envolvem
música, geografia e arte.
Uso de biofertilizante líquido e
caldas naturais na nutrição de plantas e
controle de pragas e doenças: Nessa
oficina foi feita uma abordagem teórica
sobre a importância da nutrição das
plantas, enfatizando o uso de
“biofertilizante lquido” como uma
alternativa de fornecimento contínuo de
nutrientes para culturas agrícolas. No
primeiro momento, foi realizada, ainda,
uma apresentação de um vídeo que
explicava metodologias para a produção de
um biofertilizante líquido, assim como, a
finalidade de cada um dos compostos
presentes na fórmula. No segundo
momento, foi abordada a produção de
“caldas naturais” como soluçes
alternativas para o manejo de pragas e
doenças. Foram explicadas, de forma geral,
como ocorre o aparecimento de pragas e
quais as principais pragas e doenças que
acometem as culturas agrícolas na região
do Médio Mearim. Foram abordados
ainda, os perigos ao homem e ao meio
ambiente do uso irracional de agrotóxicos,
enfatizando a importância do uso de
alternativas sustentáveis, produzidas a
partir de materiais de fácil acesso na
propriedade rural para o controle de pragas
e doenças nas plantações, tais como, borra
de café, farinha de osso, amido de milho,
açúcar, pimenta do reino e estercos. No
terceiro momento, as turmas foram
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divididas em duplas e cada dupla, com
auxílio de uma cartilha, produziu cinco
tipos de caldas naturais (pimenta do reino,
alho e sabão; fumo; inseticida de neem;
solução de água com sabão; e pasta
bordaleza) e um biofertilizante líquido
feito com terra de mata, esterco, cinza,
rapadura ou açúcar mascavo, folhas de
neem e água.
Economia doméstica e Entendendo
a conta de energia: Essas duas oficinas
abordam da estreita relação entre a
matemática e o cotidiano. Na primeira
foram discutidos conceitos básicos de
economia doméstica, de como montar uma
planilha para planejar os gastos familiares,
e foram apresentadas medidas simples que
podem ajudar a manter as finanças no
positivo. Enquanto, na segunda oficina
foram discutidos conceitos físicos
envolvidos na produção, distribuição e no
consumo de energia elétrica, detalhando
cada item presente na conta de energia
elétrica e difundindo medidas de
economia.
Após a finalização das oficinas, os
coordenadores suscitaram avaliações das
atividades produzidas, envolvendo a
equipe do projeto e os participantes. Essas
avaliações possibilitaram o exercício de
participação pública, onde foi dada a
oportunidade a todos de opinar sobre as
oficinas, o interesse sobre atividades de
divulgação científica, a necessidade de um
trabalho de intensificação desse tipo de
atividades, e sobre a importância que o
entendimento sobre ciência e tecnologia e
suas relações com a sociedade tem para o
exercício de tomadas de decisão, como por
exemplo, a utilização de biofertilizantes ao
invés de agrotóxicos; a compreensão da
relação custo/benefício do consumo de
energia elétrica, visando uma redução no
valor da conta de energia; e a diminuição
do uso de gás liquefeito de petróleo (GLP)
e carvão vegetal, por meio da utilização
consciente da energia solar na conservação
e no cozimento de alimentos.
Resultados e discussão
O projeto #CiênciaÚtil contou com a
participação de 715 pessoas, sendo 75 na
EFA de São Luís Gonzaga, que teve como
público-alvo estudantes do Ensino
Fundamental e Médio, professores e
funcionários da escola. Na Unidade
Integrada Deputado João Alberto de Sousa
foram atendidos 320 estudantes do Ensino
Fundamental e Médio; na Unidade de
Ensino Fundamental Catucá foram
atendidas 60 pessoas, tendo como público-
alvo estudantes do Ensino Fundamental e
Médio, professores e pessoas da
comunidade; na Unidade de Ensino
Fundamental Floriza Pereira foram
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atendidas 200 pessoas, tendo como
público-alvo estudantes do Ensino
Fundamental, professores, funcionários da
escola e pessoas da comunidade e na EFA
Antônio Fontinele de Lago do Junco foram
atendidas 60 pessoas, sendo elas,
estudantes do Ensino Fundamental e
Médio, professores e funcionários da
escola.
Com relação ao público atendido,
destacamos a participação de professores e
funcionários das duas EFAs participantes,
assim como a ampla participação da
comunidade local na Unidade de Ensino
Fundamental Catucá, representada por
pequenas agricultoras familiares, que se
mostraram interessadas pelas informações
repassadas e empenhadas na construção do
desidratador de frutas e na produção de
biofertilizantes e caldas naturais. Na
Unidade de Ensino Fundamental Floriza
Pereira, a participação da comunidade foi
muito representativa, em gênero e número,
e constituída, na sua grande maioria de
pais de alunos, assim como, de jovens de
outras escolas.
As metodologias utilizadas durante a
execução das atividades tiveram papel
fundamental no processo de ensino-
aprendizagem dos conceitos trabalhados
em cada oficina. A princípio, com o
objetivo de criar uma convivência
colaborativa, “quebrando o gelo”, os
participantes foram estimulados a terem
uma atuação ativa, abandonando,
porventura, uma participação passiva. Para
isso, os professores e/ou monitores
solicitavam constantemente opiniões dos
participantes sobre assuntos relativos às
temáticas abordadas e sobre as relações
existentes entre ciência, tecnologia,
sociedade e meio ambiente, buscando
sempre uma relação com suas experiências
de vida. Assim, durante as oficinas
buscamos tornar os momentos formativos
mais agradáveis e prazerosos e estimular o
aprendizado por meio de discussões de
problemas relacionados ao cotidiano dos
participantes.
Durante as atividades foi mostrado
que na intenção de resolver problemas
sociais através da geração de
conhecimentos científicos e tecnológicos,
devemos levar em consideração vários
pontos de vista, tais como, ético, político e
econômico, além de conhecimentos
construídos ao longo da vida das pessoas.
Nesse contexto, foi explorado como esses
conhecimentos influenciam nossas vidas,
em especial com relação ao meio
ambiente. Nesse sentido, por exemplo, na
oficina Uso de biofertilizante líquido e
caldas naturais na nutrição de plantas e
controle de pragas e doenças, foi
estimulada a reflexão sobre o uso de
agrotóxicos e sua relação custo/benefício, e
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como o uso de recursos naturais disponível
nas comunidades, como alternativa aos
agrotóxicos, reflete positivamente em
nossas vidas. Enquanto, nas oficinas Tinta
de terra, Fogão solar e Desidratador de
frutas solar, foi estimulada uma visão
crítica acerca da possibilidade do uso
sustentável de matérias-primas extraídas
do meio ambiente (tinta de terra) e o uso
gratuito de energia solar, sempre
destacando a importância de um
desenvolvimento sustentável. Enfatizamos
que essas oficinas foram de grande
importância, pois levaram às comunidades
tecnologias sustentáveis e de baixo custo,
que não agridem o meio ambiente e ainda
podem ser utilizadas em prol do próprio
sustento das famílias e comunidades. As
oficinas Música, física e matemática: um
trio do barulho; Matemática concreta
por meio de jogos; Descobrindo o
mundo microscópico: a importância da
água potável e Parasitoses humanas,
foram muito interessantes, pois trouxeram
estratégias diferenciadas a serem aplicadas
no processo de ensino-aprendizagem,
aliando os materiais de baixo-custo e
acessíveis com a cultura local. As oficinas
de Economia doméstica e Entendendo a
conta de energia despertaram o interesse
do público e lhes permitiram fazer uma
correlação com o seu dia a dia e propor
melhorias envolvendo redução de gastos
domésticos. Enquanto a oficina, Uso de
biofertilizante líquido e caldas naturais
na nutrição de plantas e controle de
pragas e doenças, trouxe a possibilidade
da utilização de produtos que não agridem
a natureza e viabilizam o fomento da saúde
alimentar e o crescimento de pequenos
agricultores das comunidades atendidas. Já
a Mostra de Fotografias instigou o
público participante, que se mostrou
curioso e interessado nas cenas retratadas
nas fotografias tiradas e expostas, e dessa
forma, reforçou a presença da matemática
no cotidiano do campo, ressaltando o valor
e a importância do saber popular e do saber
científico.
As avaliações revelaram que os
participantes das comunidades, professores
e monitores da equipe executora, ficaram
bastante satisfeitos com os resultados
obtidos, visto que o projeto #CiênciaÚtil
possibilitou a todos os envolvidos um
crescimento no nível de consciência da
relação entre ciência, tecnologia e
sociedade, acompanhada de crescimento
profissional e pessoal da equipe executora.
A disposição e empenho dos diretores,
professores, funcionários e alunos das
escolas, e em algumas localidades, das
comunidades, para a implantação futura de
mais ações de divulgação da C&T, que não
dependam necessariamente de um espaço
formal de laboratório, também foram
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identificadas e sugeridas. Foi constatado,
ainda, que esse projeto demonstrou que a
teoria e a prática podem andar juntas,
contextualizadas, e que a ciência e a
matemática permeiam todas as nossas
atividades cotidianas e que todos somos
capazes de aprender e produzir
conhecimentos com os recursos das
próprias comunidades.
Considerações finais
Acreditamos que com uma maior
compreensão de conhecimentos científicos
e tecnológicos e das relações existentes
entre ciência, tecnologia e sociedade, as
pessoas possam ser capazes de tomar
decisões mais conscientes, como por
exemplo, o uso de alternativas sustentáveis
para o controle de pragas e doenças nas
plantações, o manuseio correto dos
alimentos e a manutenção de hábitos de
higiene saudáveis, assim como a
reciclagem e o reuso de materiais de
descarte e aproveitamento por completo de
alimentos disponíveis na comunidade.
A criação da Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia (SNCT) foi um passo
importante para a ampliação e
consolidação da popularização da ciência e
tecnologia praticadas no Brasil, na qual
tem sido priorizada a ida de cientistas e
divulgadores ao encontro da população em
espaços públicos. Com o aumento da
aceitação e ampla adesão de instituições
públicas e privadas, a SNCT tornou-se o
maior evento de aproximação entre ciência
e sociedade no Brasil. Esse aumento
expressivo em número e em importância
da SNCT - visto que a mesma assumiu um
caráter nacional, acontecendo em todas as
Unidades da Federação - mostra um
considerável e crescente processo de
interiorização de suas ações, contudo, em
face da imensidão territorial brasileira, o
Brasil precisa manter a política de
popularização da ciência e tecnologia e
aumentar, significativamente, o
quantitativo de recurso que financia essas
ações. É importante enfatizar que esse
processo de interiorização da SNCT é
relevante na luta pela superação da
precariedade na infraestrutura das escolas
do campo, principalmente quando se trata
do ensino de ciências, matemática e
tecnologias, associado aos aspectos de
formação de professores. Além disso, essas
escolas se localizam, na sua grande
maioria, distantes dos grandes centros,
ficando alheias e cerceadas do direito de
acesso a qualquer tipo de atividades
ligadas a divulgação científica e
tecnológica.
O projeto #CiênciaÚtil, em 2017,
atendeu cinco escolas de comunidades
rurais de três municípios da microrregião
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do Médio Mearim, Estado do Maranhão,
com Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) entre médio e baixo, o
que revela o elevado nível de carência dos
mesmos, com relação à renda, longevidade
e educação. Ao fazer uso da divulgação e
popularização da ciência e tecnologia,
articulando Universidade, Escolas e
Comunidades, esse projeto atuou
fortemente para a superação da
desigualdade social das comunidades
atendidas, pois levou informações e
soluções acessíveis para problemas
cotidianos, incentivou a utilização
consciente de recursos naturais e estimulou
o reaproveitamento de resíduos que
impactam negativamente a vida da maioria
da população.
O projeto #CiênciaÚtil se diferencia
dos demais por ofertar oficinas que foram
planejadas para comunidades rurais e
executadas em escolas do campo,
relacionando saberes populares e
conhecimentos científicos. Não
registros de atividades similares sendo
desenvolvidas no estado do Maranhão,
sendo o mesmo o único projeto de
divulgação científica e tecnológica que
leva a SNCT às escolas do campo e integra
comunidade escolar e a comunidade local.
Sua relevância transcende a mera
transmissão de conhecimentos, visto que
olhares atentos e curiosos envolvem de
modo profundo aqueles que permeiam
esses espaços.
Baseado no envolvimento do público
e nas avaliações feitas após a execução do
projeto #CiênciaÚtil, entendemos que as
atividades de divulgação científica
realizadas nesse projeto se constituíram em
ferramentas eficientes para tal fim, tendo o
projeto atingido os objetivos propostos.
Dessa forma, pretendemos, futuramente,
desenvolver esse projeto em outras escolas
do campo na microrregião do Médio
Mearim, além de ampliarmos o número e a
diversidade das oficinas oferecidas, sempre
buscando uma maior participação pública
da comunidade local.
Agradecimentos
Agradecemos a Universidade Federal
de Maranhão (UFMA), a Fundação de
Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FAPEMA), aos
professores e alunos das escolas nas quais
o projeto #CiênciaÚtil foi desenvolvido.
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13.341, de 29 de setembro de 2016.
_____________________________
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 31/10/2018
Aprovado em: 23/11/2018
Publicado em: 28/01/2019
Received on October 31th, 2018
Accepted on November 23th, 2018
Published on January, 28th, 2019
Contribuições no artigo: Os autores foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final a ser publicada.
Author Contributions: The authors were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version to be published.
Sousa, R. C., Aranha, C. P., Silva, A. F. G., & Rocha, J. R. (2019). #CiênciaÚtil: Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
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Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Regina Célia de Sousa
http://orcid.org/0000-0002-6213-7200
Carolina Pereira Aranha
http://orcid.org/0000-0002-2619-7660
André Flávio Gonçalves Silva
http://orcid.org/0000-0002-9212-2202
Juliana Rodrigues Rocha
http://orcid.org/0000-0002-7666-532X
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Sousa, R. C. S., Aranha, C. P., Silva, A. F. G., & Rocha, J.
J. (2019). #CiênciaÚtil: Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia em escolas do campo. Rev. Bras. Educ.
Camp., 4, e6110. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e6110
ABNT
SOUSA, R. C. S.; ARANHA, C. P.; SILVA, A. F. G.;
ROCHA, J. J. #CiênciaÚtil: Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia em escolas do campo. Rev. Bras. Educ.
Camp., Tocantinópolis, v. 4, e6110, 2019. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e6110