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Porque é isso que eu fico pensando, 
porque  aí  a  relação  fica  muito 
escolarizada.  Está  muito  a  partir  da 
relação  ensino.  ...  que  são  de  uma 
vida pulsante  de um processo  muito 
mais subjetivo de organicidade, isso 
fica,  às  vezes,  mecânico,  às  vezes 
fica  muito  mais  mecânico  do  que 
realmente,  algo  orgânico.  ...  são 
coisas  que  vai  se  aprendendo  no 
caminho,  eu  fico  vendo  o 
amadurecimento da turma ... eles são 
muito mais inseridos na dinâmica do 
curso,  na  vivência  da  comunidade 
deles,  ...  A  gente  está  formando 
sujeitos  políticos.  (Teresinha, 
monitora). 
 
A  estudante  Elisiária  tem  uma 
percepção de que se vive intensamente os 
processos  de  grupo  no  LECampo  e  que 
eles  se  replicam  em  várias  dimensões  e 
constituem  fontes  de  aprendizados  da 
convivência coletiva.    
 
 ... aqui a gente vive intensamente o 
grupo.  O  grupo  da  nossa  sala,  os 
pequenos grupos que se formam. Eu 
digo que a gente  vai formando uma 
família  menor,  uma  maior,  depois 
todos  os  primos,  pais,  avós,  tios, 
todos juntos. ... Então, eu vejo que o 
aprendizado ele é em todas as partes, 
não é? Aqui, dentro da nossa turma, 
dentro  da  mística,  uma  parte  de 
interação,  lá  no  hotel  ...  então  teve 
assim  muito  aprendizado  na 
convivência,  ...  um  vai  aprendendo 
com o outro, aprendendo a conviver. 
Então  assim,  o  aprendizado 
extrapola. (Elisiária, estudante). 
 
Os  grupos  como  estratégia  do 
trabalho  pedagógico  são  enfatizados, 
conforme  relata  a  estudante  Geane.  Para 
ela,  o  estudo  em  grupos  facilita  a 
convivência e a unidade do grupo.  
 
... é bem enfatizada, essa questão de 
trabalhos  em  grupo,  então 
geralmente,  os  trabalhos  durante  o 
tempo-escola    (TE) são feitos todos 
em grupo praticamente todos. É você 
trabalhando  constantemente 
organicidade,  tudo  isso  facilita  para 
uma boa convivência, para uma vida 
de  grupo  mais  harmoniosa.  (Geane, 
estudante). 
 
Paula  e  Taciane,  estudantes  do 
LECampo, já colocam a dimensão sensível 
do cuidado solidário de uns com os outros, 
que a organicidade propicia na convivência 
cotidiana  em  um  curso  com  as 
especificidades  da  Alternância  e  da 
Educação  do  Campo,  que  rompe  com  a 
lógicas da competição.  
 
Eu acho assim, que não teria sentido, 
porque nos cursos regulares, eu pelo 
menos vejo assim, é uma competição, 
a  pessoa  não  preocupa  se  você  está 
doente,  o  que  você  está  sentindo, 
sabe?  Aqui,  na  Alternância  a  gente 
fica  assim  de  certa  forma  muito 
sensível, sabe? E assim,  se  não  tem 
aquela  pessoa  para  estar  ali  te 
apoiando,  te  colocando  para  cima, 
fala: não,  vamos fazer esse trabalho 
aqui, vamos... sabe, sua família  está 
lá, está tudo bem, sabe? e nos cursos 
regulares  não,  é  cada  um  por  si  e 
Deus  por  nós  todos,  sabe?  Eu  pelo 
menos  vejo  isso.  Não  teria  sentido. 
(Paula, estudante). 
 
...  para  mim,  grupo  é  isso,  um  se 
ajudar,  se  amparar,  é  estar  um  pelo 
outro, é aprender junto, chorar junto, 
sofrer  junto  e  lutar  junto,  porque  é 
Educação  do  Campo...  (Taciane, 
estudante).