22
Porque é isso que eu fico pensando,
porque aí a relação fica muito
escolarizada. Está muito a partir da
relação ensino. ... que são de uma
vida pulsante de um processo muito
mais subjetivo de organicidade, isso
fica, às vezes, mecânico, às vezes
fica muito mais mecânico do que
realmente, algo orgânico. ... são
coisas que vai se aprendendo no
caminho, eu fico vendo o
amadurecimento da turma ... eles são
muito mais inseridos na dinâmica do
curso, na vivência da comunidade
deles, ... A gente está formando
sujeitos políticos. (Teresinha,
monitora).
A estudante Elisiária tem uma
percepção de que se vive intensamente os
processos de grupo no LECampo e que
eles se replicam em várias dimensões e
constituem fontes de aprendizados da
convivência coletiva.
... aqui a gente vive intensamente o
grupo. O grupo da nossa sala, os
pequenos grupos que se formam. Eu
digo que a gente vai formando uma
família menor, uma maior, depois
todos os primos, pais, avós, tios,
todos juntos. ... Então, eu vejo que o
aprendizado ele é em todas as partes,
não é? Aqui, dentro da nossa turma,
dentro da mística, uma parte de
interação, lá no hotel ... então teve
assim muito aprendizado na
convivência, ... um vai aprendendo
com o outro, aprendendo a conviver.
Então assim, o aprendizado
extrapola. (Elisiária, estudante).
Os grupos como estratégia do
trabalho pedagógico são enfatizados,
conforme relata a estudante Geane. Para
ela, o estudo em grupos facilita a
convivência e a unidade do grupo.
... é bem enfatizada, essa questão de
trabalhos em grupo, então
geralmente, os trabalhos durante o
tempo-escola (TE) são feitos todos
em grupo praticamente todos. É você
trabalhando constantemente
organicidade, tudo isso facilita para
uma boa convivência, para uma vida
de grupo mais harmoniosa. (Geane,
estudante).
Paula e Taciane, estudantes do
LECampo, já colocam a dimensão sensível
do cuidado solidário de uns com os outros,
que a organicidade propicia na convivência
cotidiana em um curso com as
especificidades da Alternância e da
Educação do Campo, que rompe com a
lógicas da competição.
Eu acho assim, que não teria sentido,
porque nos cursos regulares, eu pelo
menos vejo assim, é uma competição,
a pessoa não preocupa se você está
doente, o que você está sentindo,
sabe? Aqui, na Alternância a gente
fica assim de certa forma muito
sensível, sabe? E assim, se não tem
aquela pessoa para estar ali te
apoiando, te colocando para cima,
fala: não, vamos fazer esse trabalho
aqui, vamos... sabe, sua família está
lá, está tudo bem, sabe? e nos cursos
regulares não, é cada um por si e
Deus por nós todos, sabe? Eu pelo
menos vejo isso. Não teria sentido.
(Paula, estudante).
... para mim, grupo é isso, um se
ajudar, se amparar, é estar um pelo
outro, é aprender junto, chorar junto,
sofrer junto e lutar junto, porque é
Educação do Campo... (Taciane,
estudante).