16
educacionais que enfatizam o ensino-
aprendizagem, precisamos
compreender o concreto como o
saber prévio dos sujeitos, é este o
ponto de partida, é este saber que
deve ser questionado e sobre ele que
os sujeitos vão gerar o desequilíbrio
(Brum & Telau, 2016, p. 21).
Um cuidado que se deve ter com a
interdisciplinaridade é que, caso não seja
realizada em sua amplitude, em sua
totalidade, onde apenas se integram
disciplinas ou se realiza alguns projetos
integradores, a mesma pode se tornar uma
grande disciplina.
A interdisciplinaridade pode
significar, pura e simplesmente, que
diferentes disciplinas são colocadas
em volta de uma mesa, como
diferentes nações se posicionam na
ONU, sem fazerem nada além de
afirmar, cada qual, seus próprios
direitos nacionais e suas próprias
soberanias em relação às invasões do
vizinho. Mas interdisciplinaridade
pode significar também troca e
cooperação, o que faz com que a
interdisciplinaridade possa vir a ser
alguma coisa orgânica (Morin, 2001,
apud, Miranda, 2008, p. 116).
Portanto, a interdisciplinaridade é
movida por uma intencionalidade de fazer
diferente, de dar sentido ao ensino e à
aprendizagem, passando da memorização
para a aprendizagem significativa.
Severino (1998) destaca que, tanto a teoria
como a prática possuem em si uma
intencionalidade, afinal não são neutras, se
movem por objetivos, pois a busca pelo
conhecimento é movida por uma
intencionalidade, e a ação humana deixa de
ser mecânica, mas toma significado e
sentido.
Por outro lado, cabe ainda à
educação, no plano da
intencionalidade da consciência,
desvendar os mascaramentos
ideológicos de sua própria atividade,
evitando assim que se instaure mera
força de reprodução social, tornando-
se força de transformação da
sociedade, contribuindo para extirpar
de seu tecido todos os focos da
alienação (Severino, 1998, p. 37).
Podemos refletir como esta
intencionalidade, que marca a
interdisciplinaridade, contribui para a
aprendizagem do próprio estudante, mas
também para a formação dos educadores,
pois estes se colocam também como
sujeitos em aprendizagem, que tenham
convicção de seu inacabamento (Freire,
2014). Ou seja,
a única maneira de ensinar é
aprendendo”, e essa afirmação
valeria tanto para o aluno como para
o professor. Não concebo que um
professor possa ensinar sem que ele
também esteja aprendendo; para que
ele possa ensinar, é preciso que ele
tenha de aprender (Freire &
Faundez; 1985, p. 24).
Este processo de ensinar e aprender
são dinâmicos, e os atores envolvidos
mantêm-se em diálogo, como afirma Telau
(2015, p. 56) “ensinar e aprender são
considerados processos indissociáveis,
onde os que ensinam e os que aprendem