Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
EDITORIAL
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n3pi
Rev. Bras. Educ. Camp.
Tocantinópolis
v. 3
n. 3
set./dez.
2018
ISSN: 2525-4863
i
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Educação do Campo e formação de professores
Gustavo Cunha de Araújo
1
, Cícero d a Silva
2
1
Universidade Federal do Tocantins - UFT. Departamento de Educação do Campo. Avenida Nossa Senhora de Fátima, 1588,
Centro. Tocantinópolis, Brasil. rbec@uft.edu.br.
2
Universidade Federal do Tocantins - UFT.
Autor para correspondência/Author for correspondence: rbec@uft.edu.br
A Revista Brasileira de Educação do Campo RBEC, ISSN 2525-4863, periódico do
curso de Educação do Campo, da Universidade Federal do Tocantins, campus de
Tocantinópolis, lança o seu terceiro número do volume 3, referente ao terceiro trimestre de
2018. Este número traz 16 artigos, aprovados dentre os manuscritos recebidos ao longo dos
anos de 2017 e 2018.
Neste ano de 2018, buscando aumentar a qualidade nos processos editoriais, bem
como nas indexações e artigos publicados na revista, tivemos uma significativa conquista: a
revista foi aceita para ser indexada na Emergin Sources Citation Index, coleção da base de
dados Clarivate Analytics (Web of Science). É uma base extremamente importante, pois
através dela, a revista terá maior visibilidade internacional e será avaliada para integrar outras
bases dessa coleção (Web of Science), para que assim a Clarivate Analytics possa nos
conceder o fator de impacto.
Neste número, publicamos um artigo especial da autora Luisa Isabel Rodríguez Bello
(Universidad Pedagógica Experimental Libertador Venezuela) intitulado Arquitectura do
pathos en “Los dos príncipes” de José Martí que discute um poema literário de José Martí,
que, dentre outros assuntos, aborda o campo e as suas simbologias pelo viés literário.
No artigo, Alimentación escolar y promoción del desarrollo: perspectivas en
Santa Lucía, de Patrícia Andrade de Oliveira e Silva (Universidade Federal de Uberlândia
UFU), a autora destaca os programas de alimentação escolar que contribuem para a formação
de estudantes e comunidades em áreas rurais de Santa Lúcia. Dentre alguns resultados
encontrados, a autora ressalta a melhora da participação dos alunos na escola e o
fortalecimento da gestão escolar.
Na sequência, o artigo intitulado O educar-se no campo: caneta, enxada e
botânica camponesa, de Matias Köhler, Estela Santos, Cristiane Giaretta, Gilmar Gomes e
Sebastião Pinheiro (Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS), discute a
experiência desenvolvida no projeto sobre botânica camponesa realizada em um
assentamento, localizado em Viamão, Rio Grande do Sul. Dentre alguns resultados
encontrados pelos pesquisadores, afirmam que os encontros ocorridos ao longo desse projeto
com os participantes do assentamento contribuíram com o reconhecimento e o fortalecimento
da identidade de resistência no Grupo.
O próximo artigo, A função social da escola do campo e os princípios filosóficos
da educação para o MST: um olhar sobre a Escola José Maria, de Francieli Fabris
(Instituto Federal do Paraná IFPR) e Luci Teresinha Marchiori dos Santos Bernardi
(Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ), as autoras apresentam
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uma pesquisa que problematiza a função social da escola do campo em assentamentos de
reforma agrária na região sul do país. A partir de um estudo de caso, as pesquisadoras
descobriram que na escola do campo pesquisada é importante que o processo pedagógico dela
seja uma das ferramentas que essa instituição possa fomentar novas opiniões acerca de
questões emergentes colocadas na sociedade atual, principalmente relacionadas ao contexto
local e aos estudantes camponeses, uma vez que o MST foi fundamental para a criação dessa
escola.
Em Base de profissionalidade do trabalho docente na Educação do Campo, de
autoria de Wiama de Jesus Freitas Lopes (Universidade Federal de Campina Grande UFCG)
e Emanuela Alves da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN), os
pesquisadores objetivaram compreender a profissionalidade docente de professores do campo,
a partir de uma pesquisa bibliográfica. Dentre alguns resultados alcançados nesta
investigação, os autores afirmam que é necessário e importante ter uma reorganização
curricular contextualizada com as demandas e interesses dos sujeitos do campo.
Já no artigo Education of teachers from rural schools: Notes on some actions and
Programs Developed by Higher Education federal schools in Minas Gerais State, de
autoria dos pesquisadores Rita Laura Avelino Cavalcante, Júlia Loren dos Santos e José
Elenito Teixeira Morais (Universidade Federal de São João del-Rei UFSJ), são discutidos
algumas ações e alguns programas oferecidos pelas instituições federais de ensino superior do
estado de Minas Gerais relacionados à formação de professores do campo. Os autores
chegaram a alguns resultados que indicam uma expansão de cursos voltados a esse tipo de
formação, porém, essa expansão não deixou clara a consolidação de uma política pública
voltada à formação de professores do campo no estado de Minas Gerais, uma vez que essas
ações ainda não superaram a descontinuidade das políticas públicas predominantes nas
últimas décadas.
Em seguida, Por uma Ciência popular da vida: ancestralidade e Agroecologia na
formulação das Ciências da Natureza da Educação do Campo, Marcelo de Albuquerque
Vaz Pupo (Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA) discute aspectos históricos e
conceituais acerca da Ciência da Natureza da Educação do Campo. Na pesquisa realizada, o
autor ressalta um ensino de Ciências para a Educação do Campo, que faz da Agroecologia e
dos modos de apropriação dos agroecossistemas elementos centrais de análise e orientação
pedagógica.
Posteriormente, no artigo intitulado Licentiate Degree in Rural Education:
contributions to training monitors of Agricultural Family Schools, de Diego Gonzaga
Duarte da Silva e Lourdes Helena da Silva (Universidade Federal de Viçosa UFV), os
autores analisam as avaliações dos monitores de Escolas Família Agrícolas EFA sobre as
contribuições do curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFV para com as práticas
pedagógicas desenvolvidas nessas escolas. Segundo os autores, os resultados indicam que a
LEDOC tem sim contribuído para a formação dos monitores tanto pela apropriação dos
saberes didático-pedagógicos quanto pelo estímulo à realização de práticas interdisciplinares.
Na sequência, em Escolas com classes multisseriadas no município de Santa
Maria de Jetibá-ES: memórias na mediação fotográfica, de autoria de Juber Helena
Baldotto Delboni e Gerda Margit Schütz Foerste (Universidade Federal do Espírito Santo
UFES), objetiva-se compreender os processos de constituição das escolas multisseriadas e os
sentidos que lhes são atribuídos junto às comunidades do campo. As pesquisadoras
compreendem que é importante situar o debate para além da concepção equivocada de que as
escolas multisseriadas são espaços de atraso ou de “anomalia” no sistema educacional. Para
elas, essas escolas são espaços vivos de produção da vida, que dialogam com culturas e
saberes de agricultores familiares das comunidades do campo.
No artigo Who Sits at the Table? A female farm activist’s experience during the
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De Doorns farm workers strike, South Africa, de Kara Grace Mackay (University of
Pretoria, África do Sul), a autora discute o ativismo de uma líder rural na greve dos
fazendeiros conhecida como De Doorns, entre os anos de 2012 a 2013 na África do Sul. Por
meio de uma pesquisa etnográfica, a autora afirma que houve perdas e ganhos entre os
trabalhadores agrícolas durante e após essa greve (como o aumento das desigualdades
sociais), o que reforça a necessidade de igualdade e justiça social para essa população
camponesa que luta por seus direitos.
No texto Histórias de vida tramadas aos processos formativos de uma professora
de escola do campo do município de Restinga Sêca/RS, de autoria de Mariane Bolzan e
Helenise Sangoi Antunes (Universidade Federal de Santa Maria UFSM), as autoras
discutem alfabetização e Educação do Campo numa escola localizada em Restinga Sêca, no
Rio Grande do Sul. As pesquisadoras compreendem na pesquisa realizada que é importante
para o professor alfabetizador que atua em escolas do campo ter melhor visibilidade e
valorização diante do trabalho que exerce nessas escolas, pois isso é relevante para o debate
sobre os processos de formação nessas instituições que envolvem a alfabetização da
população campesina.
O próximo artigo, Interfaces entre a Educação do Campo e o êxodo rural da
juventude camponesa, de Marizete Andrade da Silva (Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG), a partir de uma pesquisa bibliográfica, a autora compreende que o fenômeno do
êxodo rural da juventude camponesa provém de inúmeros fatores, em que sobressai a
ausência de políticas públicas abrangentes. Na pesquisa realizada, a autora ressalta também a
realidade objetiva das populações que criam e recriam o espaço do campo como modo de
vida.
Em Projetos educacionais como metodologia de ensino na escola de Educação do
Campo Sol Nascente de Confresa-MT, de Noemia de Souza Ventura e Marcelo Franco
Leão (Instituto Federal de Mato Grosso IFMT), os autores objetivam mostrar a necessidade
de desenvolver metodologias de ensino voltadas para a Educação do Campo, analisando o
desenvolvimento de projetos educacionais voltados a escolas do campo. No estudo em
questão, os autores afirmam que é importante inserir a leitura de livros literários como ação
dentro desses projetos, uma vez que pode contribuir significativamente para a aprendizagem
dos estudantes.
No próximo manuscrito, Ciências da Natureza e materialismo histórico-dialético:
encontros e desencontros na formação de educadores do campo, de Emilio Romanini
Netto (Universidade Federal do Paraná UFPR), o autor busca verificar encontros e
desencontros do enlace entre a Ciências da Natureza e o materialismo histórico-dialético, ao
relacionar com o projeto de formação de educadores do campo. A partir de alguns resultados
encontrados, o pesquisador compreende que o materialismo histórico-dialético é capaz de
fundamentar novas análises sobre a realidade natural. Contudo, o autor entende que a disputa
de concepção entre os sujeitos envolvidos na execução do projeto de Educação do Campo e os
formatos disciplinares dos cursos de Pedagogia e Licenciatura são desconectados, uma vez
que os conteúdos dos materiais didáticos das Ciências da Natureza não se relacionam a uma
perspectiva co-evolutiva ou histórico-natural.
No trabalho A aprendizagem da docência de acadêmicas em formação inicial:
novas temporalidades, de Ana Cláudia da Silva Rodrigues, Rayane Pereira Santos e Adriege
Matias Rodrigues
(Universidade Federal da Paraíba UFPB), a partir de um projeto de
extensão desenvolvido em escolas do campo da Paraíba, as pesquisadoras objetivaram
compreender como ocorre a aprendizagem da docência de acadêmicas a partir das ações
desenvolvidas nesse projeto. Segundo as autoras, os resultados indicaram que a aprendizagem
da docência não se concretiza sem a articulação dos diferentes espaços formativos da prática
pedagógica a partir de novas temporalidades.
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Em seguida, o artigo Formação de professores quilombolas e o Programa
Etnomatemática: repensando processos de ensino da Matemática, de autoria de Érika
Lúcia Ferreira de Jesus e Roberto Barcelos Souza (Universidade Estadual de Goiás UEG),
apresenta uma pesquisa desenvolvida no estado de Goiás com estudantes quilombolas. Nessa
investigação, os autores afirmam que, para promover o reconhecimento de ações
metodológicas para o ensino de Matemática que vise combater às diferenças, a desigualdade e
a discriminação e quem sabe vislumbrar a verdadeira equidade nas relações socioculturais, é
importante e necessário investir na formação de professores.
Por último, em Educação do Campo: uma proposta de formação de professores
para classes multisseriadas em formato de roda, de autoria de Flaviana Maria de Oliveira e
Roberto Gimenez (Universidade Cidade de São Paulo UNICID), os autores apresentam uma
pesquisa de mestrado realizada em São Paulo cujo objetivo foi investigar a Educação do
Campo e a pluralidade existente no contexto escolar, apresentando como produto de
intervenção uma proposta de formação continuada em formato de roda de conversa. Na
pesquisa desenvolvida, os autores compreenderam que a roda de conversa como proposta para
formação docente possibilita aprender a registrar o planejamento e a ação dos procedimentos
da roda e a elaboração de diário, o que pode ser considerado salutar para o desenvolvimento
de propostas associadas às demandas de inclusão típicas de escolas do campo.
Com a publicação desta edição, a qual traz uma grande diversidade de artigos
oriundos de diferentes instituições brasileiras e estrangeiras, a RBEC encerra o ano de 2018
ainda mais forte. Evidentemente, isso é fruto do trabalho sério da equipe editorial e da
confiança que os diferentes autores depositam nesse periódico para publicar os resultados de
suas pesquisas. Portanto, com o crescimento da RBEC a Educação do Campo ganha maior
visibilidade e espaço na sociedade em geral, corroborando a missão dessa revista.
Desejamos a todos e a todas boas leituras e um próspero ano de 2019!
Informações do Editorial / Editorial Information
Conflitos de interesse: Os editores declararam não haver nenhum conflito de interesse referente a este Editorial.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Gustavo Cunha de Araújo
https://orcid.org/0000-0002-1996-5959
Cícero da Silva
https://orcid.org/0000-0001-6071-6711
Como citar este Editorial / How to cite this Editorial
APA
Araújo, G. C., & Silva, C. (2018). Educação do Campo e formação de professores. Rev. Bras. Educ. Camp., 3(3), i-iv. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n3pi
ABNT
ARAÚJO, G. C.; SILVA, C. Educação do Campo e formação de professores. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 3, n. 3,
set./dez., p. i-iv, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2018v3n3pi