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Introdução
A construção da proposta de ensino
crítica e transformadora precisa ter clara a
ideia de que a prática educativa é sempre
dialogada, planejada, porém incompleta,
flexível e imprevisível. Construir uma
proposta de ensino a partir de falas
significativas e temas geradores requer o
exercício constante do ouvir, refletir,
discutir e agir que se estabelece nas
relações de protagonismo, envolvimento e
trabalho coletivo que devem acontecer
entre educandos e educadores engajados.
É fundamental identificar
pressupostos e premissas, suas
implicações na escolha dos objetos
de estudo contextualizados, na
seleção dos conhecimentos que se
tornarão conteúdos escolares e nas
proposições metodológicas, na
caracterização da proposta
pedagógica vigente e naquela que se
pretende construir. Sem alternativas
concretas balizando o novo fazer,
corremos o risco do proposto, e
construído coletivamente, sofrer um
esvaziamento pela ausência de ações
efetivas que retroajam sobre o
planejado, redirecionando-o. Sem a
consistência da prática, resta ao
educador retroceder em seu agir e
pensar. (Silva, 2004, p. 26).
A partir desses preceitos,
materializamos o Curso de Especialização
Lato Sensu em Educação do Campo para o
Trabalho Interdisciplinar nas Áreas de
Ciências da Natureza e Matemática
oferecido pelo Programa de Pós-graduação
em Meio Ambiente e o Desenvolvimento
Rural (PPGMADER) da Universidade de
Brasília – Faculdade UnB Planaltina (FUP)
entre 2015 e 2016, com objetivo de
proporcionar continuidade ao processo de
formação de 40 educadores egressos da
Licenciatura em Educação do Campo que
estavam atuando nas escolas do campo.
Comprometido com uma perspectiva
educacional crítica e emancipatória, o
curso articula a produção do conhecimento
e o aprofundamento teórico-metodológico
do ensino de Ciências e Matemática
(CIEMA) com a realidade concreta do
campo, da comunidade e dos processos
formativos dentro e fora da escola. Foi
desenvolvido em regime de alternância
pedagógica entre Tempo Escola (TE) e
Tempo Comunidade (TC). O raio de
abrangência inclui o Distrito Federal e os
estados de Goiás, Minas Gerais, Mato
Grosso, Pará e Santa Catarina. O processo
dialógico investigativo que integra sua
metodologia é conduzido por uma equipe
interdisciplinar de professores formada por
agrônomo, biólogos, físicos, químicos e
matemáticos de quatro instituições:
Universidade de Brasília (UnB),
Universidade Federal do Sul e Sudeste do
Pará (UNIFESSPA), Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) e Universidade
Federal de Santa Catariana (UFSC).