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presença constante dos docentes nas
comunidades dos alunos. Éramos, à época,
sete professores. Em Assembleia realizada
com os professores e alunos, entendemos
ser necessária a criação de comunidades
nas quais pudéssemos realizar os
acompanhamentos pedagógicos, o diálogo
e o conhecimento da cultura e do lugar de
onde vinham esses acadêmicos,
orientações, trabalhos e atividades práticas
e demais processos que envolvem a
aprendizagem. Assim, entendemos que
estes lugares ultrapassavam o campo
geográfico, sendo lugares de vida, de
partilha, de acolhimento. Os alunos
entenderam que seriam as seguintes
localidades: Arraias-TO, Monte Alegre-
GO, Paranã-TO e Rio da Conceição-TO
(que depois, por solicitação dos próprios
alunos, foi mudada para Taguatinga-TO).
Estas localidades são chamadas de
Comunidades Integradoras. Os calendários
foram elaborados com meses de
antecedência e foram disponibilizados aos
alunos ainda no Tempo Universidade.
Após essa primeira conversa, no GEPEC e
no Colegiado do curso, bem como em
demais assembleias com os alunos, a ideia
de Comunidades Integradoras se
consolidou e hoje faz parte de nosso
entendimento sobre o modo como, de fato,
o curso acontece. É bom e importante
lembrar que esse trabalho implicou um
processo de aprendizagem nos sujeitos
envolvidos, desde docentes, discentes até a
Administração Superior da UFT. Não é
sem razão que, durante esses três anos,
enfrentamentos foram necessários,
especialmente porque a Educação do
Campo implica uma nova visão e prática
sobre o que vem a ser o papel da
universidade e sua relação com os
movimentos sociais organizados. Num
processo de institucionalização, isso fica
mais tenso, pois há instâncias diferentes de
deliberação e o curso não podia (nem
pode) ser comparado, de modo
simplificado, com experiências sem
analogias sustentáveis.
No campo pedagógico, para o senhor,
qual seria a corrente epistemológica
mais adequada para a abordagem na
Educação do Campo? Por quê?
Acredito que a definição de uma
corrente como a “certa”, já é um erro.
Posso dizer que, do ponto de vista teórico,
a Pedagogia Histórico-Crítica responde
bem à Educação do Campo. O que não
podemos fazer é não termos consciência de
nossa base teórico-metodológica e, se não
a temos, devemos procurar fazê-la. Isso
não exclui outras epistemologias que
podem contribuir, como: Histórica-
Comparada, Letramentos, Hermenêutica,
Fenomenologia, Desconstrução,
Pragmática, Decolonização etc. Mas, uma