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que existe de mais característico entre os
seres humanos, ou seja, a capacidade de
abstrair e de fazer generalizações, por meio
da linguagem, lidando com pensamentos
constituído por palavras, tornando-se
conscientes de suas condições de sujeitos.
Nesse processo desenvolvem suas funções
psíquicas superiores (Vygotsky, 1995) e
reorganizam conhecimentos na forma de
cultura. A capacidade de abstração, de
internalizar os objetos, forma uma rede de
significados e de generalizações, que
permitem o desenvolvimento do
pensamento verbalizado e a atribuição de
significados ao mundo pela mediação com
a linguagem (Vygotsky, 1995).
O desenvolvimento das atividades
cotidianas pela linguagem em trabalhos
pedagógicos necessita da colaboração dos
outros. Mediados pelo uso social da língua,
pela oralidade, escrita ou agora a
linguagem digital, as relações humanas são
recriadas porque é “por meio da interação
com outras pessoas que a linguagem se
transforma e se desenvolve, e os gêneros e
estilos se solidificam, se desintegram e
melhoram”. (Barton, 2017, p. 50). As
atividades de leitura nesta perspectiva vão
além da decodificação de símbolos
gráficos a partir do que é perceptível, pela
conversão e reconversão de elementos
(fonema-grafema-fonema; oralidade-
escrita-oralidade), da vocalização de
palavras e escrita de palavras, para serem
alavancas de comunicação e de
desenvolvimento humano, em uma
perspectiva da leitura entendida como
atribuição de sentidos por homens em
relação dialógica (Bakhtin, 2016), que
coloca o leitor como interlocutor nessa
atividade, com o objetivo de dialogar com
o texto e com o seu autor, na busca por
significados, a partir dos objetivos da
leitura (Foucambert, 2008).
Os gregos e latinos, na Antiguidade,
utilizavam a escrita contínua, sem
intervalos brancos. As letras eram escritas
em caixa alta, pouco agradável para a
visão, porque fora inicialmente pensada
como simples registro necessário para a
sonorização das letras, para a posterior
composição de fonemas, palavras e
orações (Carvallo, 1999). A leitura
acontecia habitualmente em público, em
voz alta, em eventos quando eram lidos
textos previamente ensaiados e poesias
decoradas. O códice, já no império
romano, que se aproxima dos livros como
conhecemos atualmente, representa uma
revolução para as práticas de leitura, por
ser um novo suporte, que possibilitava o
desenvolvimento de novos modos de
leitura. Este novo suporte possibilitou o
surgimento do sumário, facilitou a
produção de livros e estimulou novas
práticas de leituras, como a notação de