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maneira que trabalham e à percepção que
eles têm sobre o processo de
conscientização dos envolvidos, no
contexto que abrange a agroecologia:
A proposta da agroecologia é bem
diferente das feiras convencionais.
Essas famílias que eu citei...elas
deixaram então de meramente
produzir, entregar para as pessoas
vender, porque faltavam transporte,
falta logística enfim... operacional e
hoje na proposta de agroecologia o
produtor sai da sua casa, de sua
produção e vai atender o consumidor
direto na feira e passando inclusive
as informações importantes ao
consumidor. (Servidor Público 1).
Eu penso aquele muitas vezes aqui
em casa querendo produzir orgânico
e fala: Isso aqui dá dinheiro? Já
querem o lucro, não querem saber a
qualidade eu já vejo que a pessoa não
tem consciência nenhuma, porque a
pessoa tem que estar preparada para
assumir isso aí, que aquele que
pensa... Eu tenho uns pontos assim,
que eu não gosto de saber que existe
gente querendo ganhar dinheiro em
cima do orgânico, eles usam orgânico
para melhorar de vida, sem nenhuma
convicção sem nada nada nada (sic)
então eles correm para ganhar
dinheiro. O que me desgosta dentro
do orgânico é saber que existe esse
tipo de gente supervalorizando os
produtos deles, por interesse próprio
e não por convicção. Eu faço isso há
20 anos, nunca ganhei nada, a minha
visão não é ficar rico, não é ganhar
dinheiro, é manter essa ideia que eu
tenho, que a gente pode, é um
investimento a longo prazo.
(Agricultor).
O orgânico é um trabalho como fosse
homeopático ele não tem reação
imediata, é a mesma coisa que a
pessoa querer se curar com chá, o chá
é um trabalho extensivo e tem que ter
um tempo para melhorar, enquanto
você usar qualquer remédio, qualquer
antibiótico e 4 horas tem solução. Eu
considero dentro da agricultura isso
aí, então para quem tem pressa e está
correndo atrás do prejuízo e o lucro
tem que sair amanhã então não devo
entrar no orgânico, porque o orgânico
tem que ter paciência, tem que
esperar por ele, é uma reação da
natureza. (Agricultor).
A sucessão rural e equidade de
gênero são pautas muito discutidas em
reuniões, congressos e fóruns de
agricultura. Neste sentido, Bruil (2014)
destaca que a participação da juventude na
agricultura deve ser incentivada de todas as
formas possíveis, uma vez que as rupturas
entre gerações e gênero são uma das
maiores ameaças à agricultura familiar.
Para Castro (2012), “ficar” ou “sair” do
meio rural envolve múltiplas questões em
que a categoria “jovem” é construída e
seus significados, disputados. Para a
autora, a própria imagem de um jovem
desinteressado pelo campo contribui para a
invisibilidade da categoria como
formadora de identidades sociais e,
portanto, de demandas sociais (Castro,
2012, p. 441). Nestes termos, um dos
entrevistados coloca que:
Também o que a gente consegue
proporcionar, às vezes, com algumas
lutas, que é importantíssimo também
nós termos hoje aqui na volta de
Porto Alegre uma, duas, três escolas
técnicas não é, então essa luta que a
gente tem para manter essas vagas de
estágio, para estudante de técnico em
agricultura, técnico agropecuário, que