Revista Brasileira de Educação do Campo
The Brazilian Scientific Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e7187
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e7187
10.20873/uft.rbec.e7187
2019
ISSN: 2525-4863
1
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Educação do Campo e Pedagogia da Alternância:
experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural
Kalunga
Caroline Siqueira Gomide
1
,
Rafael Litvin Villas Bôas
2
, Maria Lúcia Martins Gudinho
3
, Luan Ramos Gouveia
4
, Ana Lêda Dias
dos Santos
5
1, 2, 5
Universidade de Brasília - UnB. Faculdade Planaltina - FUP. Área Universitária n. 1, Vila Nossa Senhora de Fátima,
Brasília - DF. Brasil.
3
Epotecampo e Universidade de Brasília - UnB.
4
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -
UNESP.
Autor para correspondência/Author for correspondence: caroline.gomide@gmail.com
RESUMO. O artigo tem como objetivo historicizar a dinâmica
de atuação da Licenciatura em Educação do Campo da
Universidade de Brasília (UnB), com as comunidades do sítio
histórico do território Kalunga e cidades dos arredores do
quilombo. Com esse intuito sistematizamos e analisamos os
avanços, limites e desafios das ações de ensino, extensão e
pesquisa desenvolvidas no território considerando as formas de
organização política e comunitária existentes na região, e a
relação entre cultura e formas de resistência aos modos de
produção que implicam em degradação ambiental e social da
região, como a atividade minerária e o agronegócio. Buscamos
destacar nas atividades de extensão a perspectiva da práxis
operando nos seminários de Tempo Comunidade, nas ações dos
coletivos de teatro e audiovisual, nos desafios da construção do
comitê de pesquisa do território Kalunga. A partir dessa atuação,
foi possível perceber uma série de avanços no fortalecimento do
processo de educação, formação e organização social da
população rural e quilombola da região.
Palavras chave: Educação do Campo, Pedagogia da
Alternância, Tempo Comunidade, Organização Social.
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
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Peasant Education and Pedagogy of Alternance: UnB
experience in the Kalunga historical site and cultural
heritage
ABSTRACT. The intent of this article is to historicize the
dynamics of the Teaching certifications in Rural Education at
University of Brasília (UnB) with the communities of the
historical site of the Kalunga territory and cities around the
quilombo. With this aim, we systematize and analyze the
advances, limits and challenges of teaching, extension and
research activities carried out in the territory, considering the
forms of political and community organization existing in the
region, the relationship between culture and resistance form to
the production modes that imply degradation of the region, such
as mining and agribusiness. We sought to highlight in the
extension activities the perspective of the praxis operating in the
Community Time seminars, in the theater and audiovisual
collectives actions, in the construction challenges of the Kalunga
territory research committee. From this performance, it was
possible to notice a series of advances in strengthening the
process of education, training and social organization of the
rural and quilombola population of the region.
Keywords: Peasant Education
i
, Alternation Pedagogy,
Community Time, Social Organization.
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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Educación del Campo y Pedagogía de Alternancia:
experiencia UnB en el sitio histórico y el patrimonio
cultural de Kalunga
RESUMEN. El artículo tiene como objetivo historizar la
dinámica de actuación de la Licenciatura en Educación del
Campo de la Universidad de Brasilia (UnB) con las
comunidades del sitio histórico del territorio Kalunga y ciudades
de los alrededores del quilombo. Con ese propósito
sistematizamos y analizamos los avances, límites y desafíos de
las acciones de enseñanza, extensión e investigación
desarrolladas en el territorio considerando las formas de
organización política y comunitaria existentes en la región, la
relación entre cultura y formas de resistencia a los modos de
producción que implican en de degradación ambiental y social
de la región, como la actividad minera y el agronegocio.
Buscamos destacar en las actividades de extensión la
perspectiva de la praxis operando en los seminarios de Tiempo
Comunidad, en las acciones de los colectivos de teatro y
audiovisual, en los desafíos de la construcción del comité de
investigación del territorio Kalunga. A partir de este desempeño,
fue posible notar una serie de avances en el fortalecimiento del
proceso de educación, capacitación y organización social de la
población rural y quilombola de la región.
Palabras clave: Educación en el campo, Pedagogía de
Alternancia, Tiempo Comunidad, Organización Social.
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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Introdução
O curso de Licenciatura em
Educação do Campo (LEdoC) da
Universidade de Brasília (UnB), criado em
2007, foi uma das quatro primeiras
experiências desenvolvidas em
universidades públicas brasileiras.
Posteriormente essa modalidade de
licenciatura se constituiu em um conjunto
de 44 cursos sediados em universidades e
institutos federais do país, com o objetivo
de formar e habilitar profissionais para
atuação docente, por área de
conhecimento, nos anos finais do Ensino
Fundamental e Ensino Médio nas escolas
do Campo.
No caso do curso da UnB, que
recentemente teve o Plano Pedagógico do
Curso (PPC) reformulado, a organização se
em três áreas do conhecimento:
Matemática, Linguagens e Ciências da
Natureza, sendo o primeiro curso a
desvincular a habilitação em matemática
da habilitação em ciências da natureza. Na
área de Linguagens a reformulação incluiu
como disciplinas o Audiovisual e as Artes
Visuais, considerando a compreensão e a
potencialidade dos múltiplos letramentos,
para além da dimensão escrita.
O regime da pedagogia da
alternância adotado como método do curso
permite à população do campo uma
formação que articula o momento de
aprendizado na universidade e o tempo de
vida, trabalho e estudo na comunidade em
que o educando vive. A origem desse
método data de meados do século XX, na
França, e tinha como objetivo possibilitar
às populações do campo o acesso ao
estudo, considerando a temporalidade do
plantio e da colheita, e as condições
objetivas dos trabalhadores rurais.
No Brasil, as experiências das
Escolas Família Agrícola (EFAs),
adotaram a metodologia e posteriormente,
os movimentos sociais do Campo, por
meio da parceria com as universidades,
sobretudo, a partir do Programa Nacional
de Educação na Reforma Agrária (Pronera)
assimilaram o método, em cursos técnicos,
de ensino médio, de Educação de Jovens e
Adultos, de graduação, especialização lato
sensu e pós-graduação. Um dos principais
objetivos da proposta é reconhecer a
dimensão do conhecimento empírico, do
saber prático, construído junto à
comunidade, e a teoria, construído na
escola ou universidade, buscando a
promoção de sínteses produtivas que
reconheçam no sujeito do Campo o
protagonismo no processo de produção e
socialização de conhecimentos produzidos
pela humanidade (Caliari et al., 2002).
Como acompanhamento do Tempo
Comunidade estão previstas atividades que
integram as ações formativas
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desenvolvidas nas comunidades, e estão
organizadas em quatro eixos articulados
conforme o PPC do curso: 1) Inserção
Orientada na Escola (IOE); 2) Inserção
Orientada na Comunidade (IOC), 3)
Tempo de Estudos e 4) Seminários
Territoriais de Tempo Comunidade. O
curso da UnB se estrutura em equipes para
acompanhamento do Tempo Comunidade
nos diversos territórios em que os e as
estudantes do curso vivem. Um destes
territórios é o Sítio Histórico e Patrimônio
Cultural Kalunga.
Compreendemos este como
território, pois concordamos com o
conceito utilizado por Almeida (2015) que
define como o espaço apropriado por um
grupo social para assegurar sua reprodução
e a satisfação de suas necessidades
materiais e simbólicas. Além disso,
também estamos de acordo com Fernandes
(2009) quando afirma que as relações e
classes sociais produzem diferentes
territórios e espaços que as reproduzem em
permanente conflitualidade. No caso
Kalunga, a territorialidade passa pela
afirmação de Almeida (2015):
... a institucionalização como Sítio e
como Patrimônio legitimam o poder
presente e exercido naquele espaço e,
sabiamente apropriado pelos
Kalunga. Assim feito, uma
geometria de poder refletida
espacialmente, simultaneamente, no
patrimônio, no sítio; sendo estes,
também, território. (Almeida, 2015,
p. 49).
O processo de construção da
Educação do Campo se deu a partir da luta
dos movimentos sociais e sindicais, como
o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) e a Conferederação
Nacional dos Trabalhadores da Agricultura
(Contag), sobretudo, os camponeses que
reivindicavam/reivindicam a realização da
Reforma Agrária. Ao compreender a
importância da escola no e do Campo para
a formação dos sujeitos camponeses,
garantindo a permanências desses no
Campo, bem como assegurando seus
direitos fundamentais de acesso à educação
de qualidade.
O surgimento da expressão
"Educação do Campo" pode ser
datado. Nasceu primeiro como
"Educação sica do Campo" no
contexto de preparação da I
Conferência Nacional por uma
Educação Básica do Campo,
realizada em Luziânia, Goiás, de 27 a
30 de julho de 1998. Passou a ser
chamada Educação do Campo a
partir das discussões do Seminário
Nacional posteriormente reafirmada
nos debates da II Conferência
Nacional em julho de 2004. (Caldart,
2012, p. 259).
Ao se reportar ao momento de
conquista da Educação do Campo, Caldart
afirma,
O esforço feito no momento de
constituição da Educação do Campo,
e que se estende até hoje foi de partir
das lutas pela transformação da
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realidade educacional específica das
áreas de Reforma Agrária,
protagonizadas naquele período
especialmente pelo MST, para lutas
mais amplas pela educação do
conjunto dos trabalhadores do
campo. (2012, p. 259).
Todavia, essa construção passa pelo
processo de articulação das experiências
históricas de lutas realizadas. As escolas
família agrícola, o Movimento de
Educação de Base (MEB), as organizações
indígenas e quilombolas, movimentos
sindicais, entre outros, contribuíram
significativamente para a consolidação da
Educação do Campo. Nesse sentido, os
mesmos trabalhadores que lutam pelo
direito a terra, trabalho, território são os
protagonistas na luta por uma Educação do
Campo de qualidade. (Caldart, 2012).
Dito isso, cabe pontuar que a
Educação do Campo, antes de ser teoria
era uma prática cotidiana dos movimentos
camponeses nas suas diferentes formas de
educação, inclusive na luta que é um
processo pedagógico. A Educação do
Campo compreende o processo formativo,
desde as séries, iniciais ao ensino superior
de modo que contempla todo o percurso
formativo do sujeito camponês. As
Licenciaturas em Educação do Campo,
iniciadas em 2007, são exemplos
pedagógicos dessa concepção de formação
do sujeito coletivo do Campo.
Nesse trabalho, descrevemos,
discutimos e analisamos, principalmente, a
atuação do curso de Licenciatura em
Educação do Campo, em Tempo
Comunidade (TC) no território Kalunga a
partir das experiências dos Seminários de
TC realizados.
História e dinâmica organizativa do
Sítio Histórico e Patrimônio Cultural
Kalunga
O território quilombola Kalunga
localizado no nordeste do estado de Goiás
abrange os municípios de Cavalcante,
Teresina de Goiás e Monte Alegre (GO), é
considerado o maior quilombo do Brasil,
com área de 253.000 ha (Costa, 2013). A
região também é conhecida por fazer parte
da Chapada dos Veadeiros.
A formação das comunidades
quilombolas Kalunga remonta a história do
Brasil colonial em sua fase de exploração
do ouro nas terras que posteriormente
foram nomeadas de Goiás. Os
colonizadores, por meio do sistema de
produção escravista extraíram ouro em
diversos pontos dentro do estado, a região
da Chapada é uma delas. De acordo com
Ubirajara Galli (2006) a primeira bandeira
expedida em São Paulo para fazer
pesquisas minerais no território goiano
ocorreu ainda no século XVII, sendo que
só no século XVIII obtiveram resultados
mais positivos culminando na "ocupação"
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do território que era ocupado por povos
indígenas para extração de ouro.
Com o regime de produção ancorado
na mão de obra escrava foram trazidos
milhares de negros para o território goiano.
Sob condições de escravidão os povos
escravizados forjaram resistência na região
Nordeste do estado de Goiás formando
então o maior território quilombola do
Brasil. De acordo com Clovis Moura
(1993), cada quilombo tinha uma forma
determinada de organização e todos tinham
um objetivo comum: fugir do sistema que
os escravizava. Os quilombos possuíam
organização política, econômica, militar,
não se tratava de um aglomerado de
pessoas desorganizadas (Moura, 1993).
Nesse contexto de formação dos
quilombos, concordamos com a síntese de
Baiocchi (2013) sobre a formação
quilombola no estado de Goiás:
A entrada do africano e de seu
descendente brasileiro no Estado
inicia-se com as bandeiras
colonizadoras e segue no movimento
minerador, continuando, mais tarde,
no século XIX, no movimento
migratório de mineiros, baianos e
outros, em busca de terras para
lavoura e pastagem para o gado. A
imigração inicia-se
desordenadamente provocada pela
descoberta do ouro no centro do
Brasil. Com ela nasce o estado de
Goiás, sob o mbolo do ouro e da
garimpagem, sendo o africano o
principal elemento, o motor dessa
estrutura. Para a província goiana
vieram milhares deles na condição de
escravos. Chegavam nos comboios,
diretamente dos portos de Santos, de
Salvador ou do Rio de Janeiro ...
(Baiocchi, 2013, p. 33-34).
Segundo Costa:
Na história de Cavalcante consta que
nas minas de ouro no povoado que
hoje se encontra aterrado São Felix,
havia mais de 9 mil pessoas
trabalhando por volta de 1722... Os
negros fugitivos do litoral e do arraial
de Cavalcante se escondiam nos
grotões e vãos da serra do Vale do
Paranã, um verdadeiro território
africano com clima, fauna e flora
apropriados ao povo Kalunga que ali
sobreviveu escondido por mais de
190 anos sem contato com a
civilização. O que sabemos é que
essa área que ocupamos mais de
300 anos, foi reconhecida em
1991, pelo Governo do Estado de
Goiás como Sítio Histórico e
patrimônio cultural Kalunga, que
também é parte do patrimônio
histórico e cultural do Brasil. (Costa,
2013, p. 15).
Cavalcante passou anos tecendo a
sua existência e sobrevivência graças a
grande quantidade de ouro existente em
seu solo. O minério dourado que fez com
que a região fosse povoada, foi a mesma
que fez com que parte da população
procurasse refúgio distante das minas.
Durante o auge da exploração dos recursos
minerais, durante o processo de
colonização, os negros escravizados,
fugiam das minas, para os vãos (nome
popular para os acidentes geográficos da
região, categorizado pela literatura como
vales). Costa (2013) aponta que:
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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Foi em 1722, quando Bartolomeu
Bueno, o Anhanguera, e João da
Silva Ortiz fecharam o ciclo
bandeirante, com a ocupação das
terras centrais que surgiu o Estado
de Goiás, em pleno ciclo do ouro e da
garimpagem. Utilizados como mão
de obra escrava, os negros andavam
cansados da submissão e dos castigos
sofridos na exploração das "Minas
dos Goyazes". Muitos fugiram,
escondendo-se na mata, entre serras,
num local de difícil acesso. A partir
daí é que deu início a formação do
quilombo, no município de
Cavalcante, na região conhecida
como Morro do Chapéu (hoje
município de Monte Alegre),
formando assim o povo Kalunga
nessas regiões. (Costa, 2013, p. 14).
Cavalcante, e os seus arredores
carregam uma história inteiramente
marcada pela luta e resistência, dos povos
que habitaram e habita. Além dos povos
negros escravizados, a região norte fora
habitada por índios, que também foram
alvos das garras dos colonizadores, sendo
massacrados, tendo parte da população
dizimada.
Ligada a uma história de exploração
e saque dos recursos naturais, hoje
Cavalcante ocupa cerca de 60% da área
total do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros, com uma grande
biodiversidade, que ainda se mantém. Mas
diante de um sistema espoliativo, que
perpetua, a região encontra-se defronte ao
grande avanço das empresas mineradoras.
A organização dos quilombos varia
de acordo com região e com o tempo
histórico, ainda que existam estruturas
organizativas do passado, como as roças
comunitárias, os quilombos hoje se
organizam de maneira diferente. Neste
sentido, relacionado aos núcleos de
população e locais de habitação,
recorremos às afirmações de Brasil (2001):
Nesse território, existem quatro
núcleos principais de população: a
região da Contenda e do Vão do
Kalunga, o Vão de Almas, o Vão do
Moleque e o antigo Ribeirão dos
Negros, depois rebatizado como
Ribeirão dos Bois. E é assim que os
moradores se identificam, quando se
pergunta de onde eles são: do Vão de
Almas, da Contenda, do Moleque ...
Mas nem sempre eles falam só desses
núcleos para dizer onde moram.
Falam das pequenas localidades que
existem nesses lugares maiores,
porque é que eles de fato vivem.
Falam de lugares que se chamam
Riachão, Sucuri, Tinguizal, Saco
Grande, Volta do Canto, Olho
d'Água, Ema, Taboca, Córrego
Fundo, Terra Vermelha, Lagoa,
Porcos, Brejão, Fazendinha, Vargem
Grande, Engenho, Funil, Capela e
mais dezenas de outros nomes
(Brasil, 2001, p. 30).
O território quilombola Kalunga, na
atualidade, é gerido por meio de
associações comunitárias as quais
cumprem a função legal de representar as
comunidades e o território frente a diversos
órgãos como Estado. "O Decreto 4887
de 2003, em seu artigo 17, estabelece que a
terra será reconhecida e registrada
mediante entrega de título coletivo às
comunidades, que serão representadas por
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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suas associações legalmente constituídas".
(Bedeschi, 2008, p. 27).
Como desdobramento da exigência
estabelecida no decreto acima
referenciado, surgiram diversas outras
associações dentro do território além das
existentes: Associação Povo da Terra
(atualmente desativada) e Associação
Quilombo Kalunga (AQK), hoje a
principal associação do território, também
conhecida como associação e, seja por
comunidade, município ou pautas
especificas como a Associação de
Mulheres Quilombolas.
Com a entrada em crescimento
exponencial dos estudantes quilombolas
Kalunga na LEdoC da UnB, surgiu o
debate sobre a necessidade de criação de
uma associação específica, inspirada nos
Comitês de Educação do Campo existentes
em alguns municípios de Mato Grosso, em
regiões com forte densidade de
assentamentos da reforma agrária.
Dessa forma, iniciaram a discussão
para a criação de um comide educação
do campo no território, mas devido as
demandas e o aumento de estudantes que
ingressaram no curso entre 2009 e 2010,
perceberam que o comitê de pesquisa seria
uma organização pequena, então decidiram
criar a Associação de Educação do Campo
do Território Kalunga e Comunidades
Rurais Educação, Povo, Terra, Campo
(Epotecampo) representando os municípios
de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte
Alegre.
A Epotecampo foi instituída como
associação civil, sem fins lucrativos, de
duração indeterminada, fundada em dois
mil e doze. Dentre os principais objetivos
da associação estão: proporcionar uma
ampla integração, união, e
companheirismo recíproco entre os
educandos e educadores e comunidades
associados; promover, participar e
organizar ações de cunho cultural e social,
sendo o superávit revertido em benefício
dos estudantes, educadores e associados
em geral; congregar e coordenar todos os
associados, imprimindo unidade à sua
ação, no sentido da solução dos problemas
comuns; administrar os bens e patrimônio
da associação com o objetivo de facilitar o
uso desta por parte dos associados,
educandos e educadores do Território
Kalunga, Comunidades rurais, e pessoas
vinculadas a essas comunidades;
estabelecer convênios com os governos,
municipais, estaduais, federal, instituições
pública, privada, nacionais e
internacionais, a fim de buscar benefícios
em prol do fortalecimento e
desenvolvimento econômico, social
cultural; fiscalizar todos recursos
destinados ao Território e as comunidades
rurais; promover, apoiar, programar,
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acompanhar, fiscalizar e avaliar ações e
obras dos governo federal, estadual, e
municipal, de organizações privadas e da
sociedade civil na área de sua jurisdição;
analisar, participar e elaborar projetos
educacional, ambiental, e cultural
direcionados ao Território Kalunga e as
comunidades rurais; representar os
educandos, educadores e moradores
perante as instituições de ensino;
apresentar junto as Câmaras Municipais de
Vereadores, projetos de leis com base nos
interesses da coletividade; proporcionar
um espaço de interação, debate, discussão
e participação coletiva entre os associados
instituições e membros das comunidades;
acompanhar fiscalizar e avaliar projetos
desenvolvidos no território Kalunga e nas
comunidades rurais dentro dos municípios.
A Epotecampo é hoje, no Território
Kalunga e nas comunidades rurais, um
instrumento de formação política e
cultural. Por meio dela é possível construir
junto às escolas e comunidades, debates
sobre a conjuntura política e outros temas
relevantes para os alunos e as
comunidades, através de seminários, peças
teatrais, apresentações de documentários
seguidos de debates, fortalecendo a relação
com o território.
A maior presença de estudantes
quilombolas nas universidades e institutos
federais de ensino superior brasileiro fez
com que a angústia que muitos
manifestavam a respeito da condição que
pesquisadores colocarem as famílias e
comunidades como objeto de pesquisa
fosse contestada a partir da posição dos
estudantes-pesquisadores, cientes que
passavam a ser produtores de
conhecimento acadêmico, em sintonia com
a condição de mantenedores e produtores
de conhecimentos tradicionais em diversas
áreas, como na produção agroecológica,
cultura, saúde, religiosidades, etc. Essa
condição de produtores de conhecimento
pode ser constatada na relação de títulos de
monografias defendidas por estudantes
quilombolas da LEdoC (tabela 1).
Tabela 1 Monografias defendidas por estudantes quilombolas na Licenciatura em Educação do Campo.
Autoria
Turma
Defesa
Título
Orientação
Alexandrina
Ferreira da Silva
3
2013.2
A Voz ativa á Luz do Funcionalismo em Textos
do Gênero notícia produzidos por Educandos
Roberta Rocha
Ribeiroe Ana
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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Tocantinópolis/Brasil
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ISSN: 2525-4863
11
Kalunga do Ano da Escola Santo
Antônio/Extensão do Colégio Estadual Elias
Jorge Cheim do Vão de Almas-GO
Cristina de
Araujo
Ana Lina dos
Santos Silva
5
2015.2
Variações Linguísticas da Comunidade Tinguizal
Município de Monte Alegre de Goiás
Rosineide Magalhães
e
Ana Cristina de
Araujo
Ana Paula Lopes
de Almeida
6
2016.2
As Práticas de Letramento na Escola Municipal
Tinguizal Extensão Kalunga II: um estudo de
caso etnográfico
Rosineide Magalhães
e
Ana Cristina de
Araujo
Cássia Pereira
Marinho
5
2015.2
Saberese Fazeres das Parteiras Kalunga de
Diadema e Ribeirão dos Bois, Teresina GO
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Catia Regina
Rosa Fernandes
5
2015.2
A Licenciatura em Educação do Campo e a
Formação do Professor de Língua Portuguesa
Professora Eliene
Novaes Rocha
Cristiane do
Nascimento
Borges da Costa
5
2015.2
O Conhecimento Tradicional das Parteiras: Um
Estudo na Comunidade Kalunga EMA, Teresina
Go
Lívia Penna Firme
Rodrigues
Cleonice Cesário
de Torres
2
2014.2
Análise Linguística das plantas medicinais
utilizadas na Comunidade Kalunga Engenho II -
Município de Cavalcante- GO
Djiby Mané
DiraniceCesario
dos Santos
5
2015.2
Tradição, Memória e Identidade das Parteiras
Quilombolas Kalunga de Engenho II: Um estudo
no contexto da Educação do Campo
Severina Alves de
Almeida
Dirany Nunes do
Prado
5
2016.2
As variações Linguísticas no Ensino de
Português no 9 º Ano do Colégio Estadual Irany
Nunes do Prado Comunidade Prata Monte
Alegre Go: um Estudo de Caso
Severina Alves de
Almeida
Dulcimar
Carvalho dos
Santos
5
2015.2
Letramento e Alfabetização na Educação Infantil
das crianças quilombolas: Um estudo
exploratório na Escola do Campo Maiadinha
Comunidade Kalunga Vão do Moleque
Severina Alves de
Almeida
Elizangela
Santana dos
Santos
6
2016.2
O lugar de Graciliano Ramos na formação de
uma literatura realista: análise do conto "Um
Ladrão"
Bernard Herman
Hess
Eriene dos Santos
Rosa
5
2016.1
Estudo para o Planejamento da Criação de um
Centro de Documentação e Memória na Escola
da Comunidade Kalunga Engenho II
Jair Reck
Erildo Fernandes
de Souza
5
2015.2
Gênero Discursivo Folia de Reis, revelando
culturas e identidades na Comunidade Kalunga
Vão de Almas
Rosineide Magalhães
de Sousa
Erotildes dos
Santos Rosa
4
2014.2
Os costumes e as Tradições da Comunidade Vão
de Almas Cavalcante- Go
Rosineide Magalhães
de Sousa
Esterina Pereira
Dias
5
2015.2
Análise das Variações Linguísticas na
Comunidade Kalunga Vão de Almas
Djiby Mané
Genildo
Fernandes
Gonçalves
5
2015.2
Variações Linguística da Comunidade Kalunga
Vão de Almas: Um Estudo no Contexto da
Fazenda Coco
Rosineide Magalhães
e Severina de
Almeida
Halanna Ferreira
da Silva
5
2015.2
Abuso Sexual de Meninas Kalunga
Joelma Rodrigues da
Silva
João Francisco
Maia
3
2014.2
História e Memória da Comunidade Kalunga
Engenho II
Elisângela Nunes
Pereira
Josina Pereira da
Silva
3
2014.2
As fábulas Kalunga na Comunidade Vão de
Alma: um estudo de caso na Escola Dona Joana
Pereira das Virgens
Rosineide Magalhães
de Sousa
Lerecy dos Santos
Rosa
5
2015.2
Análise do Processo de Alfabetização de
Crianças na Comunidade Kalunga Engenho II
Djiby Mané
Lorrani dias dos
Santos
3
2014.2
Arte como mediação pedagógica na formação da
consciência étnico-racial
Rafael Litvin Villas
Bôas
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e7187
10.20873/uft.rbec.e7187
2019
ISSN: 2525-4863
12
Lourdes
Fernandes Souza
3
2014.2
Letramento e história de vida: as memórias de
Procópia dos Santos Rosa da comunidade
Kalunga Riachão Monte Alegre GO
Rosineide Magalhães
de Sousa
Luana dos Santos
Rosa
5
2015.2
Rezas e Benzimentos na Visão de jovens da
Comunidade Kalunga do Engenho II
Jair Reck
Luciana Ferreira da
Silva
4
2016.2
O Analfabetismo e suas principais consequências
na vida do Sujeito do Campo: Um estudo na
Comunidade Beira do Sucuri
João Batista de
Queiroz
Lurdes Edeltrudes
da Silva
5
2015.2
Evasão Escolar entre as Jovens Kalungas de
Diadema, Teresina - GO: Possibilidades de
superação
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Maria Aparecida
Paulino dos
Santos
5
2015.2
O Conhecimento Tradicional das Plantas
Medicinais e a Escola do Campo no Engenho II,
Cavalcante GO
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Maria Divina
Farias dos Santos
5
2015.2
Mitos e Lendas na Comunidade Diadema,
Teresina - GO: Apontamentos para o trabalho na
Escola do Campo em Língua Portuguesa do
Ano
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Maria Helena
Serafim
Rodrigues
6
2016.2
Oralidade e Letramento em uma Perspectiva de
Inclusão Social do Povo Kalunga
Rosineide Magalhães
de Sousa
Maria Lucia Jose
de Sousa
4
2014.2
Práticas culturais nas comunidades diadema e
ribeirão dos bois
Eliene Novaes Rocha
Maria Nilza
Pereira Noleto
5
2015.2
O Fortalecimento Cultural e Religioso da Festa
de São João em Cavalcante GO
Djiby Mané
Maria Pereira dos
Santos
5
2015.2
O Envolvimento dos Pais na vida Escolar dos
Filhos: Um Estudo no Contexto da Escola Santo
Antônio do Vão de Almas GO
Roberta Rocha
Ribeiro e
Ana Cristina de
Araujo
Niecia Pereira dos
Santos
5
2015.2
Memórias de Parteiras Kalungas na Escola do
Campo do Vão de Almas, Cavalcante GO
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Nilça Fernandes
Maia
3
2013.2
Romaria de São Gonçalo: Festa e tradição na
comunidade Vão do Moleque, Cavalcante GO
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Raquel Costa
Oliveira
5
2016.2
Pesquisa-Ação e os Gêneros Textuais para
Desenvolvimento da Leitura e Escrita
Rosineide Magalhães
de Sousa
Reinaldo dos
Anjos Sousa
2
2013.1
Gêneros textuais e ensino: práticas de letramento
empregadas no ensino de língua portuguesa pelos
professores da Escola Nossa Senhora Aparecida
(Comunidade Kalunga do Prata - Município de
Cavalcante - GO)
Rosineide Magalhães
de Sousa
Renivan José de
Torres
5
2015.2
Educação do Campo e Educação Quilombola:
Cultura e Saberes tradicionais na Comunidade
Kalunga Vão do Moleque
Severina Alves de
Almeida
Romes dos Santos
Rosa
5
2015.2
A produção agrícola na Comunidade Kalunga
Vão de Almas: um estudo de caso
Severina Alves de
Almeida
Sideni Cesário de
Torres
4
2014.2
Documentários no território Kalunga: análise dos
filmes Entre vãos e Império e suas raízes
Felipe Canova
Gonçalves
Adao Fernandes
da Cunha
5
2015.2
Sustentabilidade Ambiental na Comunidade
Kalunga Vão de Almas: Uma pesquisa na
perspectiva ecolinguística
Rosineide Magalhães
e Ana Cristina de
Araújo
Aneli Soares da
Silva
3
2013.2
Uso das plantas medicinais do cerrado na
Comunidade Kalunga, Ribeirao dos Bois,
Teresina GO
Regina Coelly
Saraiva
Celuta dos Santos
Rosa Moreira
5
2015.2
Rezas e benzedeiras: contribuições dos saberes
tradicionais Kalunga para a educação do campo
Severina Alves de
Almeida
Dinolau da Silva
Rosa
4
2014.2
O saber popular da Comunidade Kalunga Saco
Grande sobre os usos de plantas medicinais
Jair Reck
Erivelton Diogo
Carneiro
6
2016.2
Saber -Fazer a Farinha de Mandioca Kalunga no
Vão de Almas e a Escola do Campo
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
Tocantinópolis/Brasil
v. 4
e7187
10.20873/uft.rbec.e7187
2019
ISSN: 2525-4863
13
Hérika Barbosa
Nascimento
6
2017.1
Inclusão de educandos de comunidades
quilombolas em uma escola urbana: situação e
desafios
Eliene Novaes Rocha
Iron Moreira Dias
5
2015.2
Uma proposta de roteiros experimentais para o
ensino de química na série do ensino médio
em uma escola de educação do campo
Priscilla Coppola de
Souza Rodrigues
Joelice Francisco
Maia
3
2013.2
Densidade de indivíduos de Xylopiaaromatica
(pimenta de macaco) em uma área da
comunidade Kalunga Engenho II, Cavalcante,
Goiás
Tamiel Khan
Baiocchi Jacobson
Lucinéia José de
Souza
5
2015.2
A investigação do conhecimento e uso de plantas
medicinais na região do Distrito Prata, município
de Monte Alegre de Goiás - GO.
Priscilla Coppola
Maria da Silva
Santos
5
2015.2
Plantas Medicinais: Saberes e Usos na Escola do
Campo da Comunidade Tinguizal, Monte Alegre
GO
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Nuria Renata
Alves Nascimento
2
2013.1
Memórias da prática pedagógica: autobiografia
de uma educadora em formação
Eliete Ávila Wolff
Rosilda Alves
Coutinho
5
2015.2
Mitos e Lendas e as Possibilidades do Trabalho
Interdisciplinar na Escola da Comunidade São
José
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Valdir Fernandes
da Cunha
5
2015.2
Jogos no Ensino de Química para a Educação do
Campo: Projeto de um bingo para abordar a
tabela periódica.
Priscilla Coppola
Vanessa da Silva
Malta
5
2015.2
A experimentação do ensino de química para a
Educação do Campo
Priscilla Coppola
Vilmar Souza
Costa
2
2013.2
A luta pelo território: histórias e memórias do
povo Kalunga
LuisAntonioPasquetti
Wanderleia
Santos Rosa
3
2013.2
Rezas, Rezadeiras e Juventude na Comunidade
Vão de Almas, Cavalcante GO
Regina Coelly
Fernandes Saraiva
Ludmila dos
Santos Aguiar
2
2014.1
Introdução dos saberes culturais como novas
ferramentas de ensino na escola da Comunidade
Kalunga Engenho II
Dibjy Mané
Edineia
Gonçalves de
Brito
6
2016.2
Letramento e inclusão social: ações educacionais
no Ensino Médio do Colégio estadual Elias Jorge
Cheim Cavalcante GO
Professora Rosineide
Magalhães
Maria Lúcia
Martins Gudinho
6
2017.2
A folia de São Sebastião no Povoado São José
em Cavalcante-Goiás: uma experiência em
Letramentos Múltiplos
Rosineide Magalhães
e
Felipe Canova
Reinaldo dos
Santos Rosa
6
Uso de recursos alternativos em experimentos de
Química, na 1 série do ensino médio, em uma
escola da comunidadeVão de Almas.
Priscila Copolla
Danilo Antonio
Ferreira
6
Agricultura familiar na comunidade Vão do
Moleque com ênfase na soberania alimentar
Jair Reck
Eva Santana
Alves Borges
8
2018.2
A influência do trabalho na escolaridade da
mulher negra no município de Cavalcante
Goiás.
Joelma Rodrigues da
Silva
Luan Ramos
Gouveia
8
2018.2
Desafios organizativos da resistência quilombola
Rafael Litvin Villas
Bôas
Cassiana Rosa
dos Santos
8
2018.2
Teatro e questão racial: experiência em
construção com o coletivo vozes do sertão
lutando por transformação
Rafael Litvin Villas
Bôas
Raiane Gonçalves
dos Santos
8
2018.2
Teatro político como luta emancipatória das
comunidades tradicionais
Rafael Litvin Villas
Bôas
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
Tocantinópolis/Brasil
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2019
ISSN: 2525-4863
14
Fonte: Arquivo Epotecampo.
ii
Esse processo de protagonismo na
produção de conhecimento e os
intercâmbios realizados entre organizações
quilombolas e movimentos sociais
camponeses teve, até o momento, saldo
bastante positivo no território na medida
em que foram criadas novas estruturas
organizativas, como a Epotecampo, e os
grupos de teatro formados por estudantes e
integrantes das comunidades quilombolas.
Por ser um território privilegiado na
concepção de Baiocchi (2013), no que
tange a riqueza de bens naturais, o
território está colocado em disputa pelo
modo de produção capitalista. De acordo
com Gouveia (2018), o território é alvo de
ofensivas oriundas de fazendeiros,
grileiros, agronegócio, empresas de
mineração sob o interesse de apropriação
das riquezas naturais. A realidade de
enfretamentos das organizações
comunitárias com empresas de mineração,
fazendeiros, entre outros, pela defesa do
território é histórica e compreende, desde o
surgimento do quilombo, aos dias de hoje.
Na atualidade, o enfrentamento ao capital
que disputa o território é feito pelos grupos
organizativos comunitários como as
associações comunitárias destacando a
Associação Quilombo Kalunga (AQK); os
grupos de teatro Arte Kalunga MATEC e
Vozes do Sertão Lutando por
Transformação (VSLT); as associações; e
de maneira ainda tímida o Movimento pela
Soberania Popular na Mineração (MAM).
As universidades federais de
Brasília (UnB), Goiás (UFG) e Tocantins
(UFT) têm formado estudantes
quilombolas que, em alguma medida, dão
retorno às comunidades ao contribuir nos
processos organizativos. Cabe frisar o
papel do curso de Licenciatura em
Educação do Campo, que tem formado
com método interdisciplinar professores,
gestores escolares e gestores comunitários
na medida em que a habilitação do curso,
além de compreender a formação por área
de habilitação, habilita em gestão de
processos pedagógicos.
Os partidos políticos são forças
expressivas dentro dos municípios de
Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte
Alegre. Entretanto, não são forças
mobilizadoras, reúnem seus membros e
agitam os ânimos em períodos eleitorais
causando a fragmentação nas comunidades
e entre as lideranças. O principal partido
nos municípios de Cavalcante e Teresina é
o Partido Social Democrata Brasileiro
(PSDB) que, com frequência tem a figura
Merquides
Francisco Maia
8
2018.2
História e Memória: a preservação das sementes
crioulas (ou sementes daqui) no território
Kalunga (na Comunidade Kalunga Engenho II)
Cavalcante GO
Luis Antonio
Pasquetti
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
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dos prefeitos como principais
representantes dos mesmos. em Monte
Alegre o Partido Republicano (PR) é o
partido de expressão.
grande potencial para que os
grupos organizados dentro do território
estabeleçam relação mais integrada, isto é,
qualifiquem a articulação entre
associações, grupos de teatro e
movimentos sociais. De acordo com os
depoimentos coletados, um dos limites a
serem superados é a característica não
mobilizadora das associações, ou seja,
espaço para que a população se faça
presente dentro dessas organizações, que
interligam as comunidades e os
municípios, dentro de uma linha política
comum respeitando as demandas e pautas
específicas de cada comunidade.
A forma de organização
associativista, ao mesmo tempo que
garante a interlocução de todas as
comunidades, por meio do levantamento e
encaminhamento das demandas objetivas,
dificulta formas mais horizontais de
participação popular, por conta da
dinâmica regimental de organização
presidencialista, que acaba por personificar
na figura dos representantes a interlocução
das questões.
Analisando as entrevistas em seu
trabalho de monografia Gouveia (2018)
sistematiza as colocações feitas pelos
entrevistados relacionadas aos limites que
as associações enfrentam para se unificar,
traçar uma linha política comum e uma
articulação mais engajada entre elas. Ainda
trata da característica pouco mobilizadora
que tem a estrutura de uma associação.
Com relação a estrutura das associações,
Gouveia escreveu de acordo com a fala de
Rosiene, quilombola e mestranda em
Turismo pela Universidade de Brasília
(UnB):
Todavia, essa é uma questão central,
Rosiene ao ser questionada,
argumenta que a estrutura de
associação delimita a participação da
comunidade, cabendo apenas a
participação dos representantes. À
medida que cada comunidade passa a
ter uma associação específica
instaura-se um instrumento
representativo desse determinado
grupo. Se essa associação não está
alinhada com as demais do território
fica estabelecida uma divisão.
(Gouveia, 2018, p. 118).
Por outro lado, as associações
exercem funções estratégicas como a
implementação de projetos que visam
melhorar a qualidade de vida das famílias
quilombolas. A luta pelo território é outra
frente que as associações, sobretudo, a
AQK, responsável por representar todo o
território, lida diariamente enfrentando as
ameaças dentro do território e fazendo a
luta jurídica, que tem avançado no
processo de demarcação das terras
quilombolas: atualmente cerca da metade
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
Tocantinópolis/Brasil
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do território de 256 mil hectares foi
demarcada.
O Tempo Comunidade da Ledoc no
Território Kalunga
O acompanhamento, por parte de
professores e estudantes do curso, do
território Kalunga que engloba os
municípios de Cavalcante, Teresina de
Goiás e Monte Alegre constantemente
exige o enfrentamento de situações
diversas. A exemplo de Cavalcante, que
possui em escala local, os elementos
estruturais da desigualdade brasileira,
como racismo, concentração de renda e
violência de gênero por exemplo. A
despeito de ser um território rico em
minérios, em recursos dricos, em fauna e
flora, tem um dos menores Índices de
Desenvolvimento Humano (IDHs) dos
municípios brasileiros (0,584, em 2010).
Apesar de ser a cidade que abriga em seu
distrito a maior parte dos 254 mil hectares
do quilombo Kalunga, o maior do Brasil,
isso não se reverte em presença efetiva de
quilombolas nos postos políticos e na
consciência racial da maioria da
população.
Todavia, essa é uma realidade que
está sendo modificada de forma acelerada:
no final de 2018 a cidade abrigou o
primeiro encontro de estudantes
universitários quilombolas, as associações
comunitárias estão em nível crescente de
organização e participação, a presença dos
grupos comunitários de teatro, audiovisual
e manifestações de cultura tradicional
Kalunga têm aumentado, e cresce em
escala exponencial a quantidade de
professores quilombolas Kalunga formados
nos cursos da UnB, UFG, UFT, do IFG e
da UEG. O poder público municipal,
reconhecendo essa dinâmica crescente,
mantém aberto o polo da Universidade
Aberta do Brasil para receber os cursos e
seminários promovidos pelas
universidades, o que amplia em muito as
possibilidades de formação e realização de
atividades diretas com as comunidades,
articulando as dimensões do ensino,
pesquisa e extensão no território.
Diante do entendimento e da
importância da vivência de Tempo
Comunidade, a UnB, por meio do curso de
Licenciatura em Educação do Campo tem
realizado uma série de seminários de
Tempo Comunidade, desde 2009,
envolvendo os estudantes da região que
estudam no curso, e também o conjunto
das comunidades quilombolas em que
vivem os estudantes.
Em 2014, por exemplo, o seminário
de Tempo Comunidade foi realizado na
Comunidade Diadema, no município de
Teresina de Goiás/GO. Foi o Encontro
de Pesquisa do Território Kalunga e
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
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Comunidades Rurais, resultado de uma
articulação ampla e participativa entre a
Universidade de Brasília (UnB)
representada pelo curso de Licenciatura em
Educação do Campo (LEdoC), pelo PIBID
Diversidade/UnB, pelo Centro
Transdisciplinar de Educação do Campo e
Desenvolvimento Rural (CTEC), pelo
Curso de Especialização Residência
Agrária da Faculdade UnB Planaltina, pelo
Grupo de Pesquisa Modos de Produção e
Antagonismos Sociais, a EPOTECAMPO
e a Associação Quilombo Kalunga
(AQK).O Encontro contou com o apoio e
parceria da Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão (Secadi) do Ministério da
Educação (MEC), do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e do Programa
Nacional de Educação na Reforma Agrária
(Pronera/Incra/MDA).
O evento envolveu reunião de
pesquisadores/as, estudantes,
professores/as e militantes que atuam e/ou
pesquisam questões relacionadas ao
Território Quilombola do povo Kalunga e
Comunidades Rurais próximas, para
apresentação e debate sobre suas pesquisas
com objetivo de fortalecer os vínculos de
trabalho, de colaboração acadêmica e
social entre a Epotecampo e universidades
que desenvolvam ações de ensino,
pesquisa e extensão relacionadas ao
Território Quilombola dos Kalunga e
Comunidades Rurais próximas; construir
uma agenda de pesquisa condizente com as
demandas apresentadas pelas comunidades
do território Kalunga e comunidades
rurais, por meio de suas organizações a
Epotecampo e a Associação Quilombo
Kalunga; articular os projetos de pesquisa
existentes nas universidades que atuam no
território Kalunga (UnB, UFG, UFT, UEG,
entre outras); aprofundar o papel dos
estudantes e pesquisadores/as quilombolas
como sujeitos da construção do
conhecimento sobre sua história e seu
território.
O evento reuniu aproximadamente
setenta pessoas e contou com a
apresentação de quatorze comunicações
orais, distribuídas em quatro grandes eixos
temáticos: Educação e Infraestrutura;
Comunicação e Linguagem; Cultura,
Memória, Gênero e Questão Racial; Meio
Ambiente e Saúde. O trabalho coletivo
esteve articulado em todos os momentos.
Um dia antes do final do evento foi
realizada uma reunião ampliada, com a
participação de mais de vinte pessoas,
entre educadores/as, educandos/as, líderes
comunitários/as, pesquisadores/as e
militantes, para elaboração do relatório
preliminar contendo proposta de
sistematização dos subsídios e
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
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contribuições dos grupos de trabalho, bem
como propostas para a construção de uma
agenda de pesquisa de interesse e demanda
do Território Kalunga e comunidades
rurais. No último dia, tal documento foi
apresentado, na íntegra, em plenária. Após
a leitura de cada item, abriu-se espaço para
os participantes discutirem e proporem
sugestões ao texto. A proposta da Agenda
de Pesquisa revela os temas debatidos e
aprofundados durante o Encontro de
Pesquisa do Território Kalunga e
comunidades rurais. Trata-se de um
valioso material, desenvolvido
coletivamente, que visa contribuir para o
estímulo e fortalecimento da formação de
pesquisadores camponeses e quilombolas,
bem como auxiliar o trabalho de
educadoras e educadores, estudantes,
militantes e demais pesquisadoras/es
comprometidos/as com a construção
responsável, transparente e democrática do
conhecimento.
Em fevereiro de 2017, o seminário
aconteceu na Casa Kalunga, cidade de
Cavalcante (GO), em parceria com a
EPOTECAMPO, a Associação Quilombo
Kalunga (AQK), Associação Kalunga de
Cavalcante (AKC), Associação Kalunga da
Comunidade Engenho II (AKCE), o
Movimento pela Soberania Popular na
Mineração (MAM) e o Núcleo Territorial
Kalunga do Projeto Residência Agrária
Jovem (RAJ).
O evento reuniu estudantes,
professores/as e militantes que atuam no
Território Kalunga, debate de temas
demandados no território em mesas com
especialistas convidados; aprofundamento
dos debates realizados em sala de aula e
realização de oficinas temáticas por áreas
do conhecimento. Com aproximadamente
sessenta pessoas participantes, o seminário
contou com a apresentação de três mesas
temáticas: a primeira, na abertura do
evento, trouxe o debate da Auditoria
Cidadã da Dívida e organização
comunitária, a segunda sobre feminismo e
questão racial/quilombola e a terceira sobre
a questão mineral no Brasil e nos arredores
do território.
Sempre integradas às atividades
culturais, a programação envolveu
encontro com as associações locais
parceiras e oficinas por área do
conhecimento. As oficinas ocorreram
simultaneamente e, no caso das linguagens,
os/as estudantes foram separados em dois
grupos: Literatura e Teatro/Audiovisual, na
área de Ciências da Natureza e
Matemática, a atividade foi integrada e
todos/as os/as estudantes dessa habilitação
estiveram juntos.
O grupo da Literatura se manteve na
Casa Kalunga juntamente com os jovens
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
Pedagogia da Alternância: experiência da UnB no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga...
Tocantinópolis/Brasil
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ISSN: 2525-4863
19
do RAJ, e fez atividades de aula e roda de
leitura; no Teatro, fizeram oficina, ensaio e
construção das cenas de Teatro Fórum
sobre violência doméstica, que foram
apresentadas na noite cultural. O grupo da
área de Ciências da Natureza e
Matemática, saiu a campo para aplicar os
conceitos de física, química, matemática e
geociências em dois principais pontos: o
primeiro ao longo do córrego (Lavapés)
próximo ao centro da cidade e o segundo
na mineradora de ouro que funcionou
durante muitos anos no centro da cidade.
Realizado em parceria com a AQK,
AKC, Epotecampo e MAM e o RAJ, o
seminário é o resultado de um diálogo
permanente e horizontal da Ledoc/UnB
com as organizações populares: as
demandas das comunidades e territórios
não são apenas objetos de pesquisa da
universidade, nem temas de aula nas salas
de aula do campus de Planaltina, são
problemas concretos que demandam
reflexão sobre quais estratégias e táticas
devem ser mobilizadas para enfrentá-los.
Segundo depoimentos de lideranças
das associações, naquele seminário, o
território quilombola Kalunga é ameaçado
atualmente por três frentes: o agronegócio,
que tem drenado as águas dos rios que
cortam o quilombo, secando alguns deles,
causando graves dificuldades de
sobrevivência e cultivo às comunidades
afetadas; o hidronegócio, com a ameaça de
construção de uma Hidrelétrica de Pequeno
Porte (PCH) cujas negociações ocorrem
sem o conhecimento da comunidade
Kalunga sobre as consequências danosas
ao meio ambiente, e ao andamento do
processo junto aos órgãos licenciadores e
agências reguladoras. Mais de cento e vinte
famílias terão que ser removidas caso vá
adiante à iniciativa; na mineração,
pesquisas atestam o mapeamento do
subsolo da região, que motiva o retorno de
empresas mineradoras de pequeno, médio
e grande porte. Da parte de lideranças
locais, desconhecimento sobre as
consequências destrutivas da mineração
explorada de forma mercantil e
inconsequente, e o discurso de que esse
modo de produção traz empregos e renda
para a cidade é sedutor para políticos locais
e pode ser utilizado de forma estrutural
contra aqueles que questionam o retorno
das empresas mineradoras à região, prática
comum das estratégias de dominação do
capital.
Esse seminário teve, em três dos
quatro turnos de atividade, a apresentação
de cenas e peças teatrais, por meio de três
coletivos distintos: o grupo local Vozes do
Sertão Lutando por Transformação
(VSLT) formado por estudantes da Ledoc
que moram em Cavalcante e Teresina,
apresentando uma peça sobre a forma
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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como as mineradoras se aproximam e as
táticas de sedução e cooptação de
representantes locais e das comunidades;
um elenco formado por estudantes da
Escola de Teatro Político e Vídeo Popular
(ETPVP) do Distrito Federal com uma
cena de Teatro Fórum sobre o tema do
racismo e o Coletivo Fuzuê formado por
estudantes e professores da Universidade
Federal de São João Del Rei (UFSJ) que
apresentou uma peça resultante de uma
pesquisa teórica e cênica sobre a
escravidão e a relação com o racismo
contemporâneo, abordando, em chave
crítica, o discurso da meritocracia contrário
às ações afirmativas à afrodescentes que
tem permitido a entrada de maior
quantidade de negros e negras nas
universidades públicas brasileiras. Nos três
casos, a produção teatral esteve
diretamente conectada aos problemas
debatidos no seminário, não apenas
ilustrando-os, mas investigando as
articulações complexas entre cultura e
política, os mecanismos de dominação, a
dinâmica de naturalização da opressão e
exploração.
Em 2018, o seminário de Tempo
Comunidade foi organizado pela Ledoc da
UnB, pelos Programas de Extensão
Território Kalunga e Terra em Cena, e
pelas associações Epotecampo, AQK e
AKC. Participaram como convidados:
Grupo Cenas Camponesas da UFPI, Escola
de Teatro Político e Vídeo Popular
(ETPVP), Decanato de Extensão da UnB e
Associação Docente da Universidade de
Brasília (ADUnB), coordenação de
extensão do Instituto de Relações
Internacionais da UnB (IREL-UnB), Cia
Burlesca, Licenciatura em Educação do
Campo da UFG e UFT; Projeto de
extensão Escolas nas Estrelas e o
Observatório Sismológico (IG-UnB).
O evento teve como objetivos:
retomar as articulações e encaminhamentos
do Encontro de Pesquisa do Território
Kalunga e Comunidades Rurais; socializar
pesquisas realizadas e em andamentos de
acordo com cinco eixos temáticos
(Sociedade, ambiente e ensino de ciências;
Cultura e Comunicação; Resistência e
Organização Social; Gênero e Questão
Racial); consolidar a agenda de pesquisa
do território Kalunga e o comitê de
pesquisa; socializar a produção cultural das
linguagens teatral e audiovisual dos
estudantes da Ledoce dos grupos das
comunidades; fortalecer a relação com as
escolas do Campo e Quilombolas do
território garantindo a participação de
representantes da comunidade escolar.
O seminário teve várias
apresentações de cenas, peças teatrais, e
audiovisuais por meio de quatro coletivos
distintos: o grupo local Vozes do Sertão
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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Lutando por Transformação (VSLT),
apresentando uma peça sobre a mineração;
outro grupo local, formado por jovens da
comunidade Engenho II, Arte Kalunga
Matec que apresentou uma peça sobre a
história da formação do povo Kalunga e a
luta dos antepassados em busca de
liberdade; o Grupo Cenas Camponesas
formado por estudantes e professores da
Universidade Federal do Piauí (UFPI) que
apresentou uma peça abordando o tema da
grilagem digital de terras, uma das
principais novas estratégias do
agronegócio para expulsão dos
camponeses das terras e a Cia Burlesca,
com a peça “O longe” que parte do conto
“Safári Definitivo” de Nadine Gordimer.
Nele a parte sobrevivente de uma família
moçambicana tem sua fuga para um campo
de refugiados narrada pela perspectiva de
duas meninas. A Cia Burlesca coloca em
pauta com esse trabalho as diásporas
negras, o impacto da migração forçada
sobre as famílias, e comove ao mostrar
pelo ponto de vista de duas personagens
femininas e crianças a capacidade de
resistência por meio da fabulação, da
imaginação.
Dentre os principais desafios em
relação ao trabalho com as escolas, está a
dificuldade de conseguir reunir
representantes das escolas nesses
seminários, devido à distância das escolas,
dificuldade de compatibilidade de horário,
entre diversos outros motivos. A mesa de
abertura abordou o tema dos avanços e
desafios do trabalho nas escolas
quilombolas: socialização de experiências.
Dando sequência ao ciclo de
seminários de TC, entre 21 a 24 de
fevereiro de 2019 ocorreu mais um
seminário em parceria com as associações
quilombolas do território Kalunga
Epotecampo, Associação Quilombo
Kalunga (AQK) e Associação Kalunga de
Cavalcante. Pela segunda vez o seminário
é o resultado de dois cursos em alternância,
a Ledoc e a Escola de Teatro Político e
Vídeo Popular do Distrito Federal
(ETPVP-DF).
Na mesa de análise de conjuntura, o
diretor do campus de Planaltina da UnB,
professor Dr. Marcelo Bizerril, refletiu
sobre as potencialidades da alternância
para democratização do acesso ao ensino
superior: “As universidades têm tentado
atuar no desenvolvimento local de diversas
regiões do país, mas penso que são os
novos campi que mais m contribuído em
ampliar as ramificações e inserções das
universidades nas comunidades. No nosso
caso, a alternância cria a condição da
presença dos sujeitos das comunidades
dentro da universidade, e amplia o impacto
da ação da universidade nos territórios, no
desenvolvimento local e humano.
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A mesa de análise de conjuntura
contou também com a presença de
lideranças comunitárias de associações
quilombolas, muitas delas professoras e
professores formados na Licenciatura em
Educação do Campo da UnB, como Maria
Lucia Gudinho, presidente atual da
Epotecampo, que relatou a ampliação da
organização social no quilombo a partir
das parcerias com as universidades e
informou a intenção de construção de uma
Escola Popular no Território Kalunga, que
possa sistematizar as demandas e articular
as parcerias com as diversas universidades
e institutos para que as equipes de pesquisa
e extensão possam desenvolver projetos
com as comunidades quilombolas Kalunga
visando à preservação ambiental, o
desenvolvimento econômico e o
fortalecimento da organização social e
cultural do território.
Por decisão dos integrantes dos
grupos de teatro, avaliamos que seria
interessante realizar as apresentações
teatrais em espaços abertos da cidade, e
não mais no mesmo local em que estaria
ocorrendo o seminário, as oficinas e os
laboratórios. Desse modo, as peças do
Coletivo Fuzuê foram realizadas na praça
do Fórum (Experimento Confere) e na
Feira do agricultor (Experimento Fuzuê), e
a peça do Coletivo quilombola Vozes do
Sertão Lutando por Transformação
(VSLT) foi apresentada na praça
Primavera, no bairro da Vila.
Segundo Raiane Gonçalves
formada na oitava turma da Licenciatura
em Educação do Campo da UnB, a turma
Ganga Zumba, integrante do coletivo
VSLT e autora da monografia de
conclusão de curso “Teatro político como
luta emancipatória das comunidades
tradicionais” o público da cidade elogiou
as três peças e várias pessoas começaram a
procurar o VSLT interessadas em
participar do grupo. Há depoimentos de
pessoas que alegaram ter mudado de
opinião a respeito da mineração após terem
assistido à peça “Se há tanta riqueza por
que somos pobres?”, conta Raiane.
No último dia da atividade foi
realizada uma visita guiada em áreas de
mineração que ocorrem na região. A visita
teve início em frente à mineração Penery,
mineradora de ouro (hoje desativada), que
pertence a essa empresa desde 1998.
Porém, o histórico de mineração da área
remonta a 1740 quando se inicia a extração
artesanal de ouro na região.
A partir de 1970, a área começa a ser
explorada como garimpo subterrâneo e na
década de 1980, empresas privadas passam
a controlar a área a partir da concessão de
lavra e as galerias se aprofundam até 70
metros (Machado, 2008). O minério de
ouro da mina, Buraco do Ouro, nome que a
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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área é conhecida, segundo Machado (2008)
está associado à mineralização de prata e
de elementos do grupo da platina
(utilizado, principalmente, na indústria
automotiva, indústria
química/petroquímica, indústria joalheira,
indústria do vidro, indústria de materiais
odontológicos e materiais medicinais).Foi
na mina Buraco do Ouro que um grupo de
pesquisadores do Instituto de Geociências
da Universidade de Brasília (Botelho et al.,
2006) identificou um mineral de ocorrência
única no mundo, que recebeu o nome de
Kalungaíta.
Durante a visita, foi abordado o
histórico da mina, foram apresentados os
principais processos que ocorrem no
espaço da mineração (da extração ao
beneficiamento) e a exposição dos riscos e
impactos que a cidade de Cavalcante está
sujeita. Também visitamos a área de
estocagem e britagem do minério de
manganês, explorado em áreas da mina em
operação localizada em região vizinha ao
território quilombola Kalunga, utilizando-
se das estradas que ligam a cidade a
algumas comunidades do território,
degradando a estrada, como foi possível
presenciar no caminho para a comunidade
Engenho II.
Ao final da visita, o grupo visitou a
comunidade Engenho II, conheceu a
cachoeira da Capivara e assistiu a uma
breve apresentação da comunidade, da
escola e das atividades de turismo que os
moradores gerenciam na região do
quilombo.
Considerações finais
As ações de Tempo Comunidade
realizadas uma década de forma
frequente na região do Território Kalunga
têm logrado às comunidades uma série de
avanços no fortalecimento do processo de
educação, formação e organização social
da população rural e quilombola da região.
Esse fator pode ser constatado, por
exemplo, pelo posicionamento de
estudantes egressos da Ledoc da UnB em
cargos de presidência, vice-presidência e
secretaria geral das principais organizações
do território. Atualmente, a AQK, a AKC e
a Epotecampo têm nas presidências
egressos do curso da UnB. Isso implica,
também, na ampliação da participação da
juventude em processos decisórios das
comunidades. Outro fator associado à
ampliação da participação de pessoas mais
jovens é a maior quantidade de mulheres
assumindo cargos de comando nas
organizações populares, fator que é
concomitante ao debate frequente realizado
em diversas disciplinas da Licenciatura em
Educação do Campo sobre a dinâmica do
patriarcado na sociedade brasileira e suas
consequências, bem como o estudo da
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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história, métodos e pautas dos movimentos
feministas.
Os grupos de teatro têm exercido
funções formativas e organizativas nas
comunidades. As metodologias que os
grupos têm adotado prezam por: informar,
formar, organizar e articular. Ou seja, são
grupos de força cultural e política que
exercem alguma influência sobre as
questões da comunidade, tendo em vista
que os temas abordados em cena são
extraídos da realidade concreta das
comunidades. Como é o caso da peça "Se
tantas riquezas por que somos pobres?"
que discute os impactos socioambientais
do processo de mineração dentro do
território quilombola.
No âmbito da atuação em Tempo
Comunidade da Licenciatura em Educação
do Campo, o debate da mineração tem sido
muito presente em diversos aspectos, desde
o viés da informação e discussão sobre as
vantagens e desvantagens da atividade
junto à comunidade, até fins didáticos de
abordagem de ciências da natureza.
Especialmente em dois seminários de
Tempo Comunidade (2016 e 2019), o
ensino de ciências foi protagonizado pelo
entendimento da natureza e da interação do
ser humano com a natureza a partir dos
processos extrativos da mineração.
A partir de visitas a campo na cidade,
ou no próprio território, foram abordados
temas como a origem das rochas, minerais
e minérios, composição química da água,
processos de extração do minério,
infraestrutura do escoamento do minério,
potenciais impactos ambientais e os
diversos conteúdos de física, química e
geociências relacionados.
De maneira integrada,
interdisciplinar e emancipadora, o debate
envolvendo ciências da natureza, política,
conflitos socioambientais, teatro e
audiovisual a partir da mineração, tem sido
uma das principais entradas na comunidade
a partir de uma perspectiva crítica se
configurando em uma rica experiência
didática e de mobilização social.
Do ponto de vista metodológico a
dinâmica dos Seminários de Tempo
Comunidade, com divisão coletiva de
tarefas em equipes, desde a fase do
planejamento da ação, coloca os estudantes
em situação de protagonismo do processo,
que se manifesta nas articulações políticas
necessárias para garantia da infraestrutura
e alimentação, na coordenação dos turnos
do seminário, na produção de ações
culturais de intervenção. Os professores da
Ledoc participam ativamente do debate,
mas de forma coletiva e integrada, o que
reorganiza as relações entre professores e
estudantes do curso.
Nesse sentido, um dos saldos da série
histórica foi o papel formativo que as
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linguagens artísticas e as manifestações
culturais passaram a desempenhar,
intercaladas com atividades acadêmicas
ilustrando e investigando as articulações
complexas entre cultura e política, os
mecanismos de dominação, a dinâmica de
naturalização da opressão e exploração e as
formas de resistência ao processo colonial
e escravista, e as consequências posteriores
herdadas no período da história
republicana.
Do ponto de vista da articulação
institucional muitos passos a serem
dados para fortalecer a experiência de
formação e organização social em
andamento. A possibilidade de criação de
um polo de extensão da UnB na região
pode articular as diversas iniciativas
extensionistas de equipes de diferentes
unidades, envolvendo também a
infraestrutura do Centro UnB Cerrado, em
Alto Paraíso, e o Pólo da Universidade
Aberta do Brasil, em Cavalcante.
espaço também para maior articulação
entre as universidades federais de Brasília
(UnB), de Goiás (UFG), de Tocantins
(UFT) e o Instituto Federal de Goiás,
articulando as iniciativas de pesquisa,
extensão e ensino semelhantes.
No último seminário de Tempo
Comunidade, realizado em fevereiro de
2019, a Epotecampo lançou a proposta de
criação de uma Escola Popular do
Território Kalunga. Acreditamos que essa
iniciativa, somada à consolidação do
comitê e da agenda de pesquisa do
território Kalunga, possa conferir à
Epotecampo, em conjunto com as demais
associações, a centralidade de um projeto
de educação popular, cultura, formação e
organização social que se fortaleça a partir
das demandas internas das comunidades
dos territórios quilombolas Kalunga e
rurais da região.
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Moura, C. (1993). Quilombos resistência
ao escravismo. ed. Editora Ática S.A -
São Paulo.
i
A tradução do termo Educação do Campo em
inglês é de difícil escolha, já que não existe
tradução do termo conforme entendimento do
conceito. “Rural Education” remete à Educação
Rural e “Peasant Education” pode ser interpretada
como educação de camponeses e não Educação do
Campo, porém, até que seja construída a discussão
do conceito em inglês, optamos por “Peasant
Education” por ser o termo mais próximo do
conceito.
ii
Para mais informações e/ou atualizações acesse
https://www.epotecampo.com.br/
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 15/07/2019
Aprovado em: 30/09/2019
Publicado em: 19/12/2019
Received on July 15th, 2019
Accepted on September 30th, 2019
Published on December, 19th, 2019
Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M., Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do Campo e
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Contribuições no artigo: Os autores foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Caroline Siqueira Gomide
http://orcid.org/0000-0001-5793-0995
Rafael Litvin Villas Bôas
http://orcid.org/0000-0003-1814-710X
Maria Lúcia Martins Gudinho
http://orcid.org/0000-0002-9738-4375
Luan Ramos Gouveia
http://orcid.org/0000-0003-3073-7241
Ana Lêda Dias dos Santos
http://orcid.org/0000-0002-4044-1981
Como citar este artigo / How to cite this article
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Gomide, C. S., Villas Bôas, R. L., Gudinho, M. L. M.,
Gouveia, L. R., & Santos, A. L. D. (2019). Educação do
Campo e Pedagogia da Alternância: experiência da UnB
no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga. Rev. Bras.
Educ. Camp., 4, e7187. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e7187
ABNT
GOMIDE, C. S.; VILLAS BÔAS, R. L.; GUDINHO, M. L.
M.; GOUVEIA, L. R.; SANTOS, A. L. D. Educação do
Campo e Pedagogia da Alternância: experiência da UnB
no sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga. Rev. Bras.
Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 4, e7187, 2019. DOI:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e7187