12
de forma lógico-racional”. (Oliveira, 2016,
p. 27).
A Maiêutica Socrática e a Teoria
Platônica das Ideias estabeleceram a
concepção de teoria como o verdadeiro
conhecimento, sublinhando no plano
ontológico a existência de dois mundos, o
inteligível – formado pelas ideias
verdadeiras, perfeitas e eternas – e o
mundo material sensível – das coisas
materiais, cópias imperfeitas. “O
verdadeiro conhecimento, então, é o
conceitual, que se refere ao mundo das
ideias e ao SER”. (Oliveira, 2016, p. 30).
Em tal perspectiva, há uma supremacia da
atividade racional sobre a não racional.
Instaura-se, portanto, a preponderância do
teórico sobre o prático.
Em Aristóteles, encontra-se a
formulação das bases do pensamento
científico moderno, ao inverter a teoria
platônica avançando para a ideia do
conhecimento sensível – fatos,
experiências – como origem do
conhecimento racional e, portanto, ponto
de partida para a construção da ciência
(Oliveira, 2016). Para Aristóteles,
... a prática é um tipo de atividade
que se caracteriza por sua imanência:
seu desdobramento é o seu próprio
fim; por ex.: o pensar, o querer, etc.
Assim, a filosofia e toda sorte de
atividade teórica são práxis no
sentido mais próprio e nobre do
termo. (Candau & Lélis, 2005, p.
58).
No entanto, como o pensar estava
restrito aos sábios, ao povo cabia o agir, a
prática. Conforme Oliveira (2016, p. 41),
a teoria se apresenta entre os gregos
como sistema explicativo dos fatos,
uma atividade lógica, intelectual,
exercício abstrato do raciocínio
versus o concreto e o prático. ... Esse
sentido metafísico de teoria, que
reduz o conceito de teoria à
abstração, analisa a prática de forma
dicotomizada em relação à teoria.
Posteriormente, na Idade Média, os
doutores escolásticos sublinharam a
separação teoria e prática, traduzindo
práxis por ação e póiesis por productio,
dicotomizando os termos (Candau & Lélis,
2005). Como, historicamente, a formação
sistematizada foi legada a uma parcela
social e economicamente privilegiada da
sociedade, a escola transformou-se em
reduto da teoria, do pensar, do elaborar,
dado que essas eram as atribuições sociais
de quem a frequentava. Às classes
excluídas dessa benesse estava posta a
tarefa de executar o pensado,
estabelecendo-se a difícil reconciliação
entre teoria e prática que, assenhorada pelo
capitalismo, conserva a separação entre
trabalho intelectual e trabalho manual,
determinando a origem e a circulação do
poder na sociedade, isto é, a divisão social
do trabalho e dos bens produzidos por ele.
Desse modo, a separação, e às vezes
oposição entre teoria e prática, quantidade