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para a defesa dos camponeses extrativistas, 
os povos da floresta. 
 
Já de 2000  pra  cá não, a  escola 
família  já  entrou,  aí  o Estado  já 
colocou  também  o  ensino  médio 
na vila Maracá então já tem mais 
uma participação. Então não era 
mais  aquela  coisa  a  pessoa  tá 
entrando  leigo,  leigo  sem  saber 
escrever.  Naquela  época  nos 
movimentos  o  pessoal  muitas 
vezes  sabia  ler,  mas  não  sabia 
escrever  porque  não  tinha  uma 
educação  mesmo  nas 
comunidades.  (Massaranduba, 
2018). 
 
Técnicos  contratados  para 
viabilizar,  mobilizar  os  técnicos 
que  tinham  o  melhor  perfil  para 
trabalhar nas comunidades, aí fui 
escolhendo  os  que  tinham 
passado  pela  Escola  Família, 
tinham  se  formado  juntos,  aí 
começou o trabalho que durou 05 
anos. Eu fiquei um ano e meio, aí 
começa  a  minha  percepção  do 
papel  da  floresta,  e  mostrando  a 
crise  que  eu  tinha  trazido  da 
Escola  Família  ...  A  equipe  era 
formada  por  profissionais  de  um 
perfil  muito  mais  agronômico. 
Como  era  natural,  a  turma 
enveredou,  em  vez  de  entrar  na 
questão  da  biodiversidade,  na 
questão  da  borracha,  castanha, 
açaí,  foram  abandonando  isso  e 
entrando  na  questão  da 
agropecuária, da roça, da criação 
de porcos, da  galinha de granja, 
pelo perfil e eu discordei disso e 
pedi  para  sair.  O  dinheiro  do 
PPG7  não  veio  para  isso,  veio 
para  fortalecer  a  floresta em  pé. 
(Açaizero, 2017). 
 
Nós  não  podemos  perder  as 
nossas origens, a nossa tradição, 
os nossos costumes e a fidelidade 
com  nossa  classe  ...  Os  técnicos 
que  foram  trabalhar  nesta  área 
tem  que  se  adequar  com  os 
conhecimentos  tradicionais  e 
valorizar  os  moradores  daquele 
território. (Angelim, 2107). 
 
As  dificuldades  com  o  perfil  dos 
técnicos  contratados  começam  a  produzir 
uma  fissura  no  tecido  já  frágil  da 
organização social da rede recém-formada. 
Libertos  dos  coronéis,  dos  patrões,  os 
extrativistas são forçados a criarem novas 
instituições,  com  perfil  de  produção  e 
gestão,  numa  área  em  que  são 
completamente  inexperientes.  Na  luta,  os 
padres e as lideranças sociais assessoravam 
e  indicavam  os  caminhos,  mas  neste 
momento,  são  os  burocratas  estatais  e  os 
técnicos contratados, estranhos à cultura e 
convívio com eles, que darão as diretrizes. 
E os técnicos de perfil “agronômico” 
com  certeza  não  consideraram  os 
“conhecimentos  tradicionais”,  mas 
impuseram aos extrativistas outras culturas 
e produções que se chocavam frontalmente 
com  a  perspectiva  da  “floresta  em  pé”. 
Capacitação  para  agropecuária,  crédito 
para  iniciar  roça  e  entrar  no  pacote  da 
agricultura  capitalista,  que  destrói  a 
biodiversidade,  vê  a  floresta  como  um 
obstáculo  para  a  monocultura  de  escala. 
Sem  saber,  a  classe  trabalhadora  estava 
entrando  em  uma  armadilha  com