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inseridos num contexto complexo com
determinações que nos solicitam
respostas e provocam a liberdade
última aceitá-las ou rejeitá-las e,
portanto, nos solicitam respostas e
provocam a liberdade última aceitá-las
ou rejeitá-las e, portanto , de decisões
que modelarão nossos rostos. (Passos,
2010, p. 406, grifo nosso).
É certo que as tramas são, inclusive,
anteriores a nossa existência. Compreendo
que muito das tramas que me fazem, são
resultado de escolhas de meus
antepassados, isso é, são o resultado de
ações conscientes ou inconscientes. A
Canção dos Ipês Amarelos, de João Bá,
que inicia este capítulo, versa a respeito
dessa trama, dessa complexidade que nos é
apresentada. João versa a respeito das
canções que o pai e a irmã lhe
apresentaram, com desejos de ver este
mundo de perto. Na minha leitura essa
trama está relacionada a cultura e a
liberdade. Isso é, não somos de todo
pessoas livres, portanto não escolhemos
nossas audições desde sempre. Nossos
gostos musicais são o resultado no que nos
deram para escutar e aquilo que nos foi
negado a audição. Certeau (1995) diz que
somos o resultado cultural do que nos
deram para pensar. Nesse sentido, a
liberdade está inscrita nos limites de nossas
interações intersubjetivas, isso é, no limite
de nosso corpo, num mundo comum. É o
mesmo que escolher pelo outro o que este
deve gostar de ouvir.
Cultura “é uma prática significativa.
Ela consiste não em receber, mas em
exercer a ação pela qual uma marca aquilo
que os outros lhe dão para viver e pensar”.
(Certeau, 1995, p. 143). É justamente nesta
significação que se estabelece o conceito
de cultura para mim, e por conseguinte o
de círculos de cultura, para Freire, qual
seja, o de tramas de vivência. Somos os
resultados de culturas que nos foram
apresentadas e que apresentamos. Sendo
assim, ao tomarmos contato com outros,
mediados pelo mundo, estabelecemos a
troca de diferentes culturas. Está nessa
ação, o ato transformador que expande os
limites de liberdade, que nos faz, no caso
da audição de um artista, expandir o
espectro de sensações que determinada
música (que não fazia parte da minha
cultura) me causa. Segundo Freire:
ninguém chega à parte alguma só,
muito menos ao exílio. Nem mesmo os
que chegam desacompanhados de sua
família, de sua mulher, de seus filhos,
de seus pais, se seus irmãos. Ninguém
deixa seu mundo, adentrado por raízes,
com o corpo vazio ou seco.
Carregamos conosco a memória de
muitas tramas, o corpo molhado de
nossa história, de nossa cultura. (1994,
p. 17).
Essa ideia de cultura, trama e
complexidade está no conceito de
Formação Integral difundido pela
EFASOL. Diria, inclusive, que existem
tantas Pedagogias da Alternância quando