Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e8054
Tocantinópolis/Brasil
v. 5
e8054
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2020
ISSN: 2525-4863
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A Educação do Campo e suas possibilidades a partir da
biblioteca escolar
Mariana Paranhos de Oliveira
1
,
Maria do Rocio Fontoura Teixeira
2
1, 2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Programa de Pós Graduação de Educação em Ciências: Química da
Vida e Saúde. Rua Ramiro Barcelos, 2600, Prédio Anexo, Santa Cecília. Porto Alegre - RS. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: marianaparanhosdeoliveira@hotmail.com
RESUMO. Este estudo teve como premissa principal conceituar
e caracterizar a Educação do Campo e suas práticas apoiada pela
biblioteca escolar, atentando para as especificidades da
identidade do campo e a riqueza cultural que ela produz, e não
apenas como mera reprodutora da educação urbana. Para tanto,
as reflexões apresentadas neste artigo, que é parte de uma
pesquisa de Mestrado de Educação em Ciências da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, são oriundas de uma revisão
bibliográfica que tem por finalidade levantar o estado da arte e
compreender fatores relevantes no âmbito atual da Educação do
Campo apoiada pela biblioteca escolar. Os resultados, da análise
realizada, evidenciaram que a união dos saberes campesinos
empíricos e dos conhecimentos captados em sala de aula e
biblioteca é potente e enriquecedora, gerando uma
aprendizagem realmente significativa e colaborativa.
Palavras-chave: Educação do Campo, Biblioteca Escolar,
Potencialidades.
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Education in the Countryside and its possibilities from the
school library
ABSTRACT. This study has as a main focus to conceptualize
and characterize the Countryside Education and its practices
supported by the school library, paying attention to the
specificities of the countryside identity and the cultural richness
that it produces, and not just as a mere reproducer of the urban
education. For that, the reflections presented in this article, that
in itself is a part of a master's research in Science Education at
the Universidade Federal do Rio Grande do Sul, come from a
bibliographical revision that intends to lift the state of the art and
understand relevant factors in the current scenario of the
Countryside Education supported by the school library. The
results of the analysis made, have shown that the union of
knowledge of the countryside and the knowledge captured in the
classroom and library is potent and enriching, making for a truly
significant and collaborative learning experience.
Keywords: Countryside Education, School Library,
Potencialities.
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La Educación en el Campo y sus posibilidades a partir de
la biblioteca escolar
RESUMEN. El presente estudio tuvo como principal premisa
conceptuar y caracterizar la Educación en el Campo y sus
prácticas con apoyo en la biblioteca escolar, con especial
atención a las especificidades de la identidad campesina y su
riqueza cultural, y no solamente como reproductor de la
educación urbana. Las reflexiones presentadas en este artículo,
que integra una investigación realizada en el ámbito de la
Maestría en Educación en Ciencias de la Universidad Federal de
Río Grande del Sur, tienen origen en una revisión bibliográfica
que busca identificar el estado del arte y comprender los factores
relevantes en el ámbito actual de la Educación en el Campo con
apoyo en la biblioteca escolar. Los resultados del análisis
realizado evidenciaron que la unión de los conocimientos
campesinos empíricos y de aquellos aprendidos en clase es
potente y enriquecedora, lo que genera un aprendizaje realmente
significativo y colaborativo.
Palabras-clave: Educación en el Campo, Biblioteca Escolar,
Potencialidades.
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Introdução
Conforme Rodrigues (2011), a
educação é o pilar mais sólido do alicerce
da formação do indivíduo. Sendo assim, a
educação é um campo muito amplo, tanto
de forma terminológica quanto prática,
entretanto, Gayotto (1989) traz que a
abordagem da educação não é unilateral,
não sendo uma relação linear de poder,
mas um processo dialético em que
educador e educando estão imersos numa
aventura de descoberta compartilhada. Por
isso é [a educação] uma concepção
revolucionária, comprometida com a
libertação humana, ocorrendo em espaços
formais e não formais, ou ainda em
ambientes urbanos ou campesinos.
Analisando a Educação Urbana e a
Educação do Campo, pode-se observar um
grande abismo diferencial entre elas, e,
segundo apontamentos de Marinho e Vale
(2017), as principais diferenças são:
Figura 1 - Diferenças entre Educação do Campo e Educação Urbana.
Fonte: Adaptado de Marinho e Vale (2017).
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Inúmeras são as possibilidades de
reflexão sobre a categoria educacional
“Educação do Campo”, sendo uma delas o
apoio propiciado por bibliotecas escolares
implantadas nas escolas campesinas
i
. As
bibliotecas revestem-se de diferentes
maneiras, tipologias, sujeitos e territórios,
e como reforça o Manifesto
IFLA/UNESCO da Biblioteca Escolar
“...habilita os estudantes para a
aprendizagem ao longo da vida e
desenvolve a imaginação, preparando-os
para viver como cidadãos responsáveis” e,
também, “...é essencial a qualquer tipo de
estratégia de longo prazo no que respeita a
competência de leitura e escrita, à
educação e informação e ao
desenvolvimento econômico, social e
cultural” (IFLA, 1999). É nesse conjunto
de possibilidades que se apresentam as
bibliotecas escolares do campo, seus
acervos diferenciados e o seu
comprometimento com uma educação
emancipadora e com pensamento crítico.
Educar está intimamente ligado às
contradições e lutas sociais do meio em
que o educando vive, sendo assim educar é
um ato social. Sabe-se que, na realidade
camponesa atual no Brasil, que conta com
pelo menos 19% do total da população no
campo o atendimento escolar junto à
população rural é escasso, quando não
inexistente. Esses dados, segundo Martins
(2009), figuram como elementos que
destacam o alto índice de exclusão e de
privação dos direitos aos quais são
submetidos os educandos que se encontram
na zona rural.
De acordo com Perucchi (1999, p.
80-81), a função da biblioteca é a de
contribuir com “atividades educacionais,
sempre oferecer à comunidade escolar o
material necessário para o enriquecimento
do programa escolar, habilitando-os a
utilizar os livros e a desenvolver a
capacidade de pesquisar, além de sustentar
os programas de ensino”. Sendo a
biblioteca escolar um espaço fortemente
educativo e o bibliotecário, aquele
profissional de formação, realizando um
papel formador na vida dos alunos e
professores, é possível mensurar os
benefícios que trazem para a comunidade
do campo.
As práticas pedagógicas voltadas
para os costumes e padrões do campo
colocam os alunos em um papel de
produtores de conhecimento e não mero
reprodutores, o que reforça a ideia de
Freire (2011) de que “nas condições de
verdadeira aprendizagem, os educandos
vão se transformando em reais sujeitos da
construção e da reconstrução do saber
ensinado, ao lado do educador igualmente
sujeito do processo” (Freire, 2011, p. 26).
Nessas práticas, reforça-se a ideia de
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respeito à natureza sem esquecer que o
homem é parte integrante dela e que tudo a
sua volta são recursos naturais.
Segundo Oliveira (2019), as
bibliotecas como espaços de preservação
do patrimônio e indissociáveis da educação
são vitais para desenvolvimento social e
preservação ambiental das sociedades onde
estão implantadas. Nesse contexto, a
biblioteca torna-se grande aliada do
fortalecimento da cultura e memória do
campo, uma memória tão subjugada e
muitas vezes esquecida.
Corroborando com isso, o impacto
social da biblioteca escolar para as Escolas
do Campo contribuirá para a ruptura de um
monopólio do conhecimento que impede a
democratização do ensino e leva a
unificação limitante dos indivíduos a uma
simples especialidade, colocando-os no
papel de meros reprodutores incapazes de
entender os processos sociais em sua
totalidade. Sendo assim, a biblioteca
escolar, conforme Moro e Estabel (2011),
abre-se para a democratização do saber, a
construção do conhecimento, sendo um
amplo espaço de aprendizagem e de
compartilhamento e um prazeroso
ambiente de mediação e de interação entre
os sujeitos no cenário educacional.
Metodologia
Dentro do contexto da Educação do
Campo apoiada na biblioteca escolar,
priorizamos uma revisão bibliográfica,
mediante a relevância do tema, no intuito
de caracterizar a Educação do Campo e
sensibilizar a sociedade da necessidade de
implantação de bibliotecas escolares do
campo a fim de potencializar as práticas
pedagógicas do campo, o fortalecimento da
cultura e memória campesina e o impacto
social que essas práticas carregam consigo.
Uma das metodologias da pesquisa é o
estado da arte como apontam Picheth
(2006) e Romanowski e Ens (2007), um
estudo descritivo e analítico que tem como
principais objetivos compreender como se
a produção do conhecimento em uma
determinada área em teses de doutorado,
dissertações de mestrado, artigos de
periódicos e publicações; identificar as
contribuições significativas da construção
da teoria e prática pedagógica; e apontar as
restrições e lacunas sobre o campo em que
se move a pesquisa.
Em conjunto com o estado da arte,
também estabelecemos uma revisão
bibliográfica em livros, artigos publicados
em periódicos e na interpretação e análise
dos pesquisadores envolvidos nessas obras
estudadas.
Discussão e análise
Biblioteca escolar
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Sendo simples ou complexas,
pequenas ou grandes, de escolas públicas
ou privadas, as bibliotecas escolares em
todo o mundo caminham ao encontro de
um mesmo objetivo: o reforço do “ensino e
aprendizagem para todos” (IFLA, 1999).
Esse tipo de biblioteca, é parte integrante
da escola, é responsável pela
disponibilidade da informação e no auxílio
de alunos e professores nas ações
pedagógicas e no decurso do processo de
ensino-aprendizagem. É, então, segundo
Mayrink (1991), uma instituição do
sistema social que organiza materiais
bibliográficos, audiovisuais e outros meios
e os coloca à disposição de uma
comunidade educacional. Portanto, a
biblioteca escolar participa dos objetivos,
metas e fins do sistema educacional.
A biblioteca escolar é um
instrumento de desenvolvimento do
currículo e permite o fomento à leitura e à
formação de uma atitude científica;
constitui um elemento que forma o
indivíduo para a aprendizagem
permanente; estimula a criatividade, a
comunicação, facilita a recreação, apoia os
docentes em sua capacitação e lhes oferece
a informação necessária para a tomada de
decisões na aula (OEA, 1985).
Corroborando com essa visão, Neves
(1998) traz que é nesse espaço que a leitura
e a escrita encontram as condições para o
seu amplo desenvolvimento,
principalmente se forem realizadas de
forma integrada às atividades de sala de
aula, viabilizando o planejamento conjunto
entre bibliotecário e professores.
De acordo com sua missão, a
biblioteca escolar deve formar e auxiliar
leitores e pesquisadores, mas mais que
isso, ela possui uma missão social de
inserir o indivíduo na sociedade em que
vive, então, entre as atribuições do
bibliotecário destaca-se o uso de
estratégias de aprendizagem “que
privilegiem a pesquisa, a resolução de
problemas e o protagonismo do aprendiz”
(Gasque, 2012, p. 139).
Diversos são os objetivos que uma
biblioteca escolar trás, sendo os principais:
integrar o currículo às necessidades da
comunidade escolar; auxiliar na formação
e desenvolvimento de indivíduos com
pensamento crítico, reflexivo e com
criatividade; ajudar e participar do
processo de ensino-aprendizagem; e
trabalhar de acordo com as políticas da
instituição de ensino em que atua (Corrêa
et al., 2002).
Esses objetivos dialogam
perfeitamente com as funções da biblioteca
escolar que são fundamentadas no
desempenho positivo de seus objetivos e
do seu papel dentro da escola. São três as
funções básicas da biblioteca escolar
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segundo Stumpf e Oliveira (1987 apud
Hillesheim e Fachin, 1999, p. 69-70):
Função educativa: serve de suporte
no desenvolvimento de atividades
curriculares para a melhoria do
ensino, funcionando como
instrumento de formação do
indivíduo;
Função cultural e social: é um espaço
em que os produtos da cultura (livros,
jornais, revistas, gibis, mapas, etc.)
são disponibilizados para
comunidade escolar, ou até para a
comunidade em geral, possibilitando
o acesso à informação e a
transmissão de conhecimento por
meio da convivência entre pessoas de
diferentes faixa etárias, raças, classes
sociais e experiências;
Função recreativa/educativa: permite
que o usuário construa um novo
conceito de biblioteca e passe a
frequentá-la não apenas por
obrigação, mas por lazer e prazer;
estimulando o gosto pela leitura
desde os primeiros anos escolares da
criança.
Para esse desempenho ser favorável
aos objetivos e funções, o bibliotecário
escolar deve inteirar-se do contexto vivido
pelos educandos dentro e fora da escola e
da política educacional da instituição, e,
também, participar de todas as atividades
que envolvam o ambiente escolar. Logo,
consoante Borba e Cavalcanti (2011),
precisa promover atividades que facilitem
a aprendizagem dos usuários e demonstrar
que a biblioteca é um ambiente que
coopera para o processo de ensino-
aprendizagem.
Reforça-se, também, que uma
parceria que se faz extremamente
necessária nesse cenário é a do
bibliotecário com os professores da
instituição para o bom funcionamento da
biblioteca, pois o trabalho em equipe
destes profissionais torna-se necessário e
fundamental, para influenciar a
aprendizagem de forma positiva
(Campello, 2012). No entanto, para que
essa parceria ocorra, o professor precisa
ver a biblioteca como um instrumento e
espaço de apoio didático-pedagógico do
que é ensinado em sala de aula, e essa
visão deve ser instigada pelo bibliotecário.
Ambos precisam compreender a relevância
dessa integração, pois, conforme explica
Silva (1995, p. 28): “...o professor é peça
fundamental na relação aluno/biblioteca,
ou seja, o nível de aproximação entre o
aluno e a biblioteca escolar depende, em
grande medida, do espaço que ela ocupa no
fazer didático do docente”.
Diante do exposto, mesmo que,
muitas vezes, não receba a sua devida
importância, sabemos que a biblioteca
escolar faz parte do sistema de ensino e
possui objetivos e desenvolve funções
necessários no cenário educacional,
principalmente por atuar como um local de
formação do indivíduo e cidadão. Sendo
assim, atualmente, não é mais possível
definir a biblioteca escolar como
instituição de apoio material e mero
depósito de livros e materiais de consulta
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utilizados pela comunidade escolar
(Douglas, 1961), pois seria reduzi-la a um
local estático, fechado, silencioso e pouco
atrativo, sendo que atualmente, os
bibliotecários buscam constituí-la como
um espaço dinâmico e interativo, onde
ideias e pensamentos são trocados e
construídos coletivamente pelos usuários,
mantendo a biblioteca em eterna
construção.
Educação do Campo
A Educação do Campo é uma
modalidade da educação relativamente
nova que surgiu na década de 90 advinda
das reivindicações dos movimentos sociais.
Foi uma medida que buscou contraposição
ao entendimento tradicional de educação
rural, que, conforme Lima, Costa e Pereira
(2017) possuía caráter mais assistencialista
e não correspondia às necessidades
formativas dos povos do campo.
O Decreto 7.352/2010 define, no
art. 1º, § 1º, inciso II, Escola do Campo
como aquela escola localizada em área
rural, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ou em área
urbana, desde que atenda
predominantemente a populações do
campo ou seja, diz respeito a todo espaço
educativo que se em locais como, por
exemplo, florestas, regiões onde o
predomínio da agricultura e da
agropecuária, populações ribeirinhas,
caiçaras, extrativistas, assentamentos
indígenas e comunidades quilombolas.
Conforme consta no site da Secretaria de
Educação do Estado do Rio Grande do Sul,
a Educação do Campo não conta apenas
com a educação básica, mas também com
diversos níveis e modalidades de ensino, é
legislada por lei própria e faz parte de um
projeto de desenvolvimento sustentável,
vinculado a outras instituições do meio
rural. Portando, a Educação do Campo
procura contribuir para a permanência das
crianças e adolescentes no meio rural e não
sua evasão e, para isso, busca qualificar as
escolas e garantir o acesso à educação.
Se faz relevante ressaltar que o
campo é mais que um espaço geográfico
como tantos outros, pois ele foi e é palco
de inúmeras lutas e movimentos sociais,
possui uma cultura própria, com costumes
e místicas singulares não vivenciadas no
meio urbano, como, por exemplo, o
calendário convencional civil não se aplica
ao ambiente do campo, pois possui
dimensões temporais independentes. Posto
isto, faz-se simplista ver os indivíduos
desse local de forma generalizada, pois
esses foram historicamente construídos em
meio a relações específicas distintas do
meio citadino.
Corroborando com isso, Fernandes e
Molina (2005), afirmam que o campo é um
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local de particularidades e matrizes
culturais. É um espaço de possibilidades
políticas, formação crítica, resistência,
mística, identidades, histórias e produção
das condições de existência social. Deste
modo, o papel do educador do campo é
abrir espaço para a consolidação dessas
dinâmicas e para o diálogo e pensamento
crítico que estimule a força do campo e a
produção de saberes tradicionais.
De acordo com o Ministério da
Educação-MEC, “O campo...mais do que
um perímetro não urbano, é um campo de
possibilidades que dinamizam a ligação
dos seres humanos com a própria produção
das condições da existência social e com as
realizações da sociedade humana” (Brasil,
2001, p. 1). Por conseguinte, observa-se
que a Escola do Campo não está inserida
nas concepções hegemônicas de escola e é
diferenciada em relação a escola urbana,
pois, em conjunto com as múltiplas
identidades e crenças, os educandos e
educandas tem relação direta com a terra,
as fortes relações instituídas entre
comunidade e escola, a forma rural de
trabalhar e principalmente, tendo em vista
a leitura e a biblioteca, as relações e tratos
com os hábitos de leitura e a cultura
letrada.
A identidade da Escola do Campo é
definida pela sua vinculação às
questões inerentes à sua realidade,
ancorando-se na temporalidade e
saberes próprios dos estudantes, na
memória coletiva que sinaliza
futuros, na rede de ciência e
tecnologia disponível na sociedade e
nos movimentos sociais em defesa de
projetos que associem as soluções
exigidas por essas questões à
qualidade social da vida coletiva no
país (Brasil, 2001, p. 1).
Sendo assim, a Educação do Campo
pode ser caracterizada como um processo
de ocupação que se faz em movimento e
por movimentos, sendo estes compostos e
organizados pelos camponeses que buscam
conseguir adequar o meio e o cotidiano do
campo às instituições formais de educação,
para que assim, as crianças e jovens
tenham os seus direitos respeitados e as
mesmas chances pedagógicas que os
estudantes do meio urbano.
Essa busca de adequação e esse
posicionamento de especificidade da
Educação do Campo se faz necessária, pois
observa-se que a unicidade no sistema de
ensino urbano e rural é prejudicial para
os educandos, pois, conforme explana
Martins (2007), a Escola do Campo é vista
como um “apêndice” em relação a escola
da cidade, como se tratasse de uma simples
extensão dos saberes “cultos” da “vida
urbana” para o campo, excluindo e
desvalorizando os saberes campesinos,
instituindo bases estranhas ao seu meio
social, que nada mais é do que a própria
existência e identidade dos sujeitos do
campo.
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Conforme Arroyo (1982), a
Educação do Campo é positivamente
diferente, pois “o tratamento específico da
educação rural, teria, pois, dois
fundamentos: a condição carente do
homem do campo ou sua pobreza
econômica e, em contraste, sua riqueza
cultural(Arroyo, 1982, p. 3). Isso porque
a Educação do Campo, de forma figurada,
nasceu em meio aos escombros, as
carências de estruturas, possibilidades e
ações estatais para esse meio e para esse
povo, pois, mesmo com as adversidades e
falta de valorização, a bagagem de
atividades culturais, costumes e
envolvimento social local nas atividades
localizadas no campo é forte, sólida e rica.
Então, a proposta diferenciada da
Educação do Campo manifesta-se,
também, nos elementos curriculares, que
buscam estruturação para ocupar
disciplinas e atividades escolares com
conteúdo alusivo ao cenário campesino,
como forma de cativar e interessar as
crianças e jovens camponeses. Pode ser
evidenciada, também, com a organização
curricular por temas geradores, calendários
específicos, e a pedagogia da alternância.
Ou seja, é todo um processo que vai ao
encontro do processo de racionalização das
escolas rurais.
É importante destacar que a
Educação do Campo é uma expressão
muito bem pensada e consolidada, tendo
em vista não somente diferenciar da
educação urbana, mas também para
posicionar o meio rural como um local
produtor de conhecimento e pedagogia, e
não apenas reprodutor de cultura e saberes
urbanos. Nesta perspectiva, a Educação do
Campo estabelece-se como uma
modalidade educativa no interior do
sistema, como afirmam os documentos
educacionais. Sendo assim,
Esta visão do campo como um
espaço que tem suas particularidades
e que é ao mesmo tempo um campo
de possibilidades de relação dos seres
humanos com a produção das
condições de existência social
confere à Educação do Campo o
papel de fomentar reflexões que
acumulem força e espaço no sentido
de contribuir na desconstrução do
imaginário coletivo sobre a visão
hierárquica que entre campo e
cidade; sobre a visão tradicional do
jeca tatu, do campo como lugar do
atraso. A Educação do Campo,
indissocia-se da reflexão sobre um
novo modelo de desenvolvimento e o
papel para o campo nele. (Fernandes
e Molina, 2005, p. 68).
Biblioteca escolar no contexto do campo
À luz de Queiroz (2015), sabe-se que
a Educação do Campo nasceu da luta dos
trabalhadores do campo pelo direito à
educação de qualidade, pensada a partir de
sua especificidade e com a participação
desses trabalhadores. Para Caldart (2008),
“O conceito de Educação do Campo tem
raiz na sua materialidade de origem e no
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movimento histórico da realidade a que se
refere. Está é a base concreta para se
discutir o que é ou não é Educação do
Campo”. Logo, observa-se que a Educação
do Campo é uma educação diferenciada
que demanda reestruturação no currículo e
na qual é necessário estar aberto para a
ruptura com o conceito de escola vigente e
dar maior importância a pluralidade de
leituras e saberes.
Observando o documento com as
Diretrizes Curriculares para oferta do
Ensino Médio (2018) no Sistema Estadual
de Ensino do Rio Grande do Sul é possível
observar que se discute sobre
aprendizagem em sala de aula
considerando os aspectos sociais e
históricos nos quais o estudante está
inserido, mas não se fala sobre a biblioteca
escolar como espaço propício para esse
desenvolvimento. Posto isso, percebe-se
que a biblioteca escolar carrega consigo
um rol de dificuldades e desafios
pertinentes ao contexto da Educação do
Campo, citados anteriormente. Isso
corrobora com a colocação de Gehrke e
Bufrem (2013), que afirmam que “...na
relação entre a cultura da biblioteca escolar
e a Escola do Campo, coloca-se a
necessidade e possibilidade de ruptura e
continuidade, transformação e resistência,
inovação e transgressão” (Gehrke &
Bufrem, 2013).
A biblioteca escolar muitas vezes,
a primeira conhecida pelas crianças - é
uma unidade de informação, um espaço de
aprendizagem voltado a suprir e
complementar as necessidades
informacionais dos conteúdos ministrados
em aula, proporcionando aos alunos
maiores informações sobre os conteúdos
abordados, assim como propiciando o
prazer da leitura.
Segundo Silva (2017), como se trata
de um ambiente de socialização, a
biblioteca escolar deverá também
oportunizar atividades nas quais seus
usuários possam conversar, trocar
experiências, ouvir uns aos outros,
ajudarem-se, interagir entre si, buscando e
trocando informações, utilizando-se do
espaço e dos mais diferentes suportes. A
proposta de uma biblioteca escolar do
campo e suas possibilidades é validada a
fim de que os alunos possam trazer seus
conhecimentos prévios de mundo, dialogar
com os colegas, professores e bibliotecário,
aprendendo cada vez mais, pois, conforme
Moreira (2014), aprendemos a partir do
que já sabemos.
Corroborando com isso, reforça-se a
ideia de é possível observar singularidades
que permitem afirmar que cada indivíduo
apropria-se de modo particular dos textos,
filmes e imagens que na biblioteca,
valendo-se de suas experiências
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individuais no meio social, mesmo quando
se trata de um grupo com igual origem
social, com pequena variação em relação à
escolaridade, idade e meios de
socialização. Portanto, cada indivíduo
um sentido mais ou menos singular ao
material reconhecido a partir de suas
referências individuais ou sociais,
históricas ou existenciais. Nesse sentido,
ratifica-se o que afirma Chartier (1990) ao
considerar que cada apropriação apresenta
seus recursos e suas práticas que estão
vinculadas à identidade sócio-histórica de
cada leitor.
Conforme Sallaberry e Flores (2015),
a biblioteca escolar é fonte de
conhecimento e respeito às diferentes
manifestações culturais, favorecendo a
construção coletiva do conhecimento. No
caso das bibliotecas escolares do campo,
estudos anteriores (Gehrke & Bufrem,
2018) expressam justamente a necessidade
desse respeito às diferenças e um
compromisso com essa instituição
formativa e sua vinculação com os
movimentos sociais que a originaram,
numa relação de engajamento colaborativo.
Isso corrobora com a ideia de que
quando um profissional se empenha na
educação de indivíduos, acaba formando
pessoas com capacidade crítica e
formadores de opinião.
Potenciais da biblioteca escolar do
campo
Diversos são os benefícios que uma
biblioteca escolar traz para a comunidade
composta por professores e alunos. Sendo
a Educação do Campo tão subjugada e
excluída por tantos anos, acaba por
enfrentar três grandes desafios: 1)
assegurar o acesso dos camponeses ao
conhecimento, 2) direito a diferença, 3)
trabalhar um novo projeto no campo da
elaboração e da disseminação do
conhecimento que rompa a hegemonia o
capital no campo.
Para colaborar com tais desafios, a
biblioteca escolar em uma Escola do
Campo possui o potencial de aliar as
práticas pedagógicas diferenciadas às
práticas do campo, colaborar no
fortalecimento da cultura e memória do
campo, impactando social e positivamente.
Segundo os objetivos citados no
Manifesto IFLA/UNESCO da Biblioteca
Escolar, ela deve “apoiar e promover os
objetivos educativos delineados de acordo
com as finalidades e curriculum da escola”
(IFLA, 1999) e tendo a Escola do Campo
um currículo completamente diferenciado
em virtude de sua cultura e suas
necessidades humanas e sociais, o acervo
de uma biblioteca escolar do campo será
voltado em toda a sua unidade para os
assuntos que perpassam desde os
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movimentos sociais até ecologia,
agricultura, ciências da natureza, mitos e
lendas característicos da vivência dos
usuários, a fim de confrontar positivamente
os conhecimentos populares com os
eruditos, de acordo com a proposta
pedagógica da escola.
Sendo assim, será papel da
biblioteca, em conjunto com a escola,
buscar uma aprendizagem significativa dos
conhecimentos trazidos pelos alunos
conhecimentos esses construídos por meio
das necessidades e experiências
vivenciadas no cotidiano do campo
(subsunçores) - com o currículo e a
metodologia utilizada (Ausebel, 1976). Ou
seja, um elemento motivador para o
educando será utilizado para aprimorar e
produzir novos conhecimentos na estrutura
cognitiva.
É também, objetivo da biblioteca
escolar “Desenvolver e manter nas crianças
o hábito e o prazer da leitura e da
aprendizagem, e também da utilização das
bibliotecas ao longo da vida” (IFLA,
1999). Conforme Gehrke (2013),
escassez de livros no ambiente familiar dos
povos campesinos, logo o papel do
bibliotecário, profissional de formação,
responsável pela biblioteca nas escolas é
incentivar o gosto pela leitura desde a mais
tenra infância e ensinar os alunos, assim
que se faça possível, a pesquisar seja em
livros ou na internet para que eles se
ambientem com esse espaço de
conhecimento. Reforça-se também, que tão
importante quanto a aprendizagem e o uso
da leitura e da escrita no ambiente escolar
é o papel social que esses processos
possuem na vida dos sujeitos.
A biblioteca escolar é responsável
também por “Proporcionar oportunidades
de produção e utilização de informação
para o conhecimento, compreensão,
imaginação e divertimento” (IFLA, 1999).
Considerando que as distâncias geográficas
características do meio rural, tendem a
dificultar o acesso a uma série de
atividades culturais, a biblioteca no campo
possibilitará desenvolver diversas
atividades lúdicas embasadas no acervo,
como horas do conto, sarais, peças teatrais,
confecção de jogos educativos, gincanas
literárias e feiras do livro.
Para “Defender a ideia de que a
liberdade intelectual e o acesso à
informação são essenciais à construção de
uma cidadania efetiva e responsável e à
participação na democracia” (IFLA, 1999)
e “Organizar atividades que favoreçam a
tomada de consciência cultural e social e a
sensibilidade” (IFLA, 1999), é necessário
que os acervos e os serviços oferecidos
pela biblioteca estejam sempre engajados
com as lutas da comunidade. É inviável
falar de Educação do Campo sem falar do
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Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), pois sabemos que a mesma
teve seu início a partir das lutas pela terra e
depois passou a contemplar a luta pela
educação e por uma transformação social
por completo, de valorização do meio.
Segundo Molina (2011) “A Educação do
Campo originou-se no processo de luta dos
movimentos sociais camponeses e, por
isso, traz de forma clara sua
intencionalidade: construção de uma
sociedade sem desigualdades, com justiça
social”.
Ressaltamos mais um objetivo da
biblioteca escolar que é “Providenciar
acesso aos recursos locais, regionais,
nacionais e globais e às oportunidades que
exponham os estudantes a ideias,
experiências e opiniões diversificadas”
(IFLA, 1999). Assim, a biblioteca deve
funcionar como porto de novas ideias e
trocas de conhecimento, fundamentando-se
na preocupação da formação humana, na
emancipação e na consciência crítica,
coletiva e atuante, objetivando a libertação
de toda sociedade.
Considerações finais
O Brasil é um país de origem agrária,
economicamente dependente do setor
agrícola, apresentando uma agricultura
com altos índices de produtividade devido
ao desenvolvimento de sistemas de
produção avançados. Isto se configura num
fator de motivação para manter o homem
no campo e de investimento, de políticas
educacionais que valorizem a
expressividade e diversidade da população
campesina.
Porém, esse engajamento pessoal e
financeiro pela Educação do Campo não
apareceu e nem sequer foi lembrado nos
textos constitucionais até 1981,
evidenciando o descaso com essa parcela
da população, o que gerou um elevado
quadro de precariedade nas escolas do
campo. Na década de 90, a preocupação
com um currículo diferenciado, para as
escolas do campo, começou a dar sinais,
encadeada pela pressão dos movimentos
sociais e sindicais, e com ela, todas as
interdisciplinaridades que esse tipo de
escola traz.
Diversos são os cenários e situações
nos quais a importância da biblioteca
escolar em escolas do campo tem destaque.
Ela possibilita meios para reflexões e
questionamentos sobre a educação, voltada
para o meio em que vivem os educandos.
Para Morigi (2003), a Educação do Campo
deve ser aquela que assume a identidade do
meio rural, comprometida com um
currículo voltado às causas, desafios,
sonhos, história e cultura daquele que vive
e atua no campo. Por trabalhar com
mudança de conteúdo e forma de
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funcionamento, a Escola do Campo e a
biblioteca escolar tem seu foco no ser
humano, particularmente, em seu
envolvimento no processo de formação e
de construção da sociedade.
A biblioteca escolar é responsável
também pelo sentimento de pertencimento
dos alunos ao lugar de origem, então, por
meio do acervo, especialmente montado
para campesinos, das atividades
direcionadas sempre para as ciências da
natureza e outros temas rurais e serviços
vinculados ao projeto de desenvolvimento
autossustentável, é possível a valorização
da história e da cultura local do campo.
Sendo assim, pode-se afirmar que a
união dos saberes campesinos empíricos e
dos conhecimentos construídos em sala de
aula e na biblioteca é potente e
enriquecedora, gerando uma aprendizagem
realmente significativa e colaborativa. As
possibilidades dessa aliança demonstram
que, por meio da Educação do Campo,
pode-se mudar os conceitos de vida nesse
local sem serem forçados a um modelo
agrícola hegemônico, que revela tanto a
exclusão social, ambiental e econômica.
Assim, é fundamental lutar para que as
escolas do campo desenvolvam ações e
projetos que expressem, de forma
específica, os interesses e necessidades da
população campesina, valorizando sua
história, sua cultura e seu espaço.
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=1
i
Aquela escola localizada em área rural, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), ou em área urbana, desde que atenda
predominantemente a populações do campo ou
seja, diz respeito a todo espaço educativo que se
em locais como, por exemplo, florestas, regiões
onde o predomínio da agricultura e da
agropecuária, populações ribeirinhas, caiçaras,
extrativistas, assentamentos indígenas e
comunidades quilombolas (Decreto n. 7.352/2010).
Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 06/12/2019
Aprovado em: 11/05/2020
Publicado em: 28/09/2020
Received on December 06th, 2019
Accepted on May 11th, 2020
Published on September, 28th, 2020
Contribuições no artigo: As autoras foram as
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
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the designing, delineating, analyzing and interpreting the
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Conflitos de interesse: As autoras declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Mariana Paranhos de Oliveira
http://orcid.org/0000-0003-2332-7711
Maria do Rocio Fontoura Teixeira
http://orcid.org/0000-0002-9888-7185
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Oliveira, M. P., & Teixeira, M. R. F. (2020). A Educação do
Campo e suas possibilidades a partir da biblioteca escolar.
Rev. Bras. Educ. Camp., 5, e8054.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e8054
ABNT
OLIVEIRA, M. P.; TEIXEIRA, M. R. F. A Educação do
Campo e suas possibilidades a partir da biblioteca escolar.
Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 5, e8054,
2020. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e8054