como
complementação dos conteúdos. O
participante também ressaltou que os
livros didáticos que são direcionados às
escolas do meio rural são “pobres” em
atividades.
Diante do exposto, percebe-se que o
tradicionalismo é bastante utilizado no
trabalho desenvolvido por este educador.
Entretanto, acredita-se que para se obter
resultado não precisa trabalhar de maneira
dura, mas sim com uma pedagogia
libertadora a qual o estudante possa se
expressar e criticar, como Freire (1996, p.
74) acentua:
É por isso, repito, que ensinar não é
transferir conteúdo a ninguém, assim
como aprender não é memorizar o
perfil do conteúdo transferido no
discurso vertical do professor.
Ensinar e aprender tem que ver com
o esforço metodicamente crítico do
professor de desvelar a compreensão
de algo e com o empenho igualmente
crítico do aluno de ir entrando como
sujeito em aprendizagem, no
processo de desvelamento que o
professor ou professora deve
deflagrar. Isso não tem nada que ver
com a transferência de conteúdo e
fala da dificuldade, mas, ao mesmo
tempo, da boniteza da docência e da
discência. O desrespeito à leitura de
mundo do educando revela o gosto
elitista, portanto antidemocrático, do
educador que, desta forma, não
escutando o educando, com ele não
fala. Nele deposita seus
comunicados.
Com isso, é possível entender que o
professor não é o ser que sabe de tudo, não
está na posição de educador para transferir
conhecimentos, mas para estimular à
construção de novos. A partir de então é
essencial saber diferenciar a autoridade de
professor, de autoritarismo, pois, tais
denominações, que se revelam em atitudes,
possuem significados diferentes. Como
afirma Freire (1996, p. 37),
O papel da autoridade democrática
não é, transformando a existência
humana num “calendário” escolar
“tradicional”, marcar as lições de
vida para as liberdades, mas, mesmo
quando tem um conteúdo
programático a propor, deixar claro,
com seu testemunho, que o
fundamental no aprendizado do
conteúdo é a construção da
responsabilidade da liberdade que se
assume.
Nessa perspectiva, é possível
perceber que a autoridade se relaciona ao
fato de o estudante se expressar, ou seja,
ter voz dentro de uma sala de aula. Sendo
assim, ambos, educador e educando, têm
liberdade e se constituem como sujeitos
ativos, propositores e críticos no processo
que vivenciam. O professor exercendo a
sua autoridade na sala, operando na
sistematização do conteúdo e direcionando
o percurso pedagógico, mas respeitando os
posicionamentos e limites dos estudantes.