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problematização à intervenção, enfim,
deram uma dinâmica ao espaço do IALA e
o sentido de agroecologia não foi ampliado
apenas com base em discussões teóricas,
mas, sobretudo, mediante práticas
pedagógicas e escolhas políticas.
O IALA passou a ser mais espaço de
convergência do que propriamente de
difusão, logicamente impulsionado pela
dinâmica pedagógica dos cursos. Uma
metamorfose de sentidos reconduzia a
relação entre universidade e movimentos
sociais. A princípio, ainda parecia que a
universidade assumiria um papel apenas
técnico, mas, pelo desenrolar dos cursos e
pela relação de mão dupla, a ideia de
difusão de um projeto agroecológico, o
qual ainda restringia a terra ao seu sentido
produtivo em si e, em consequência, a
agroecologia a uma técnica ou ferramenta,
foi cedendo espaço à finalidade de se
conhecer, convergir experiências e
potencializá-las. A universidade saía do
seu pedestal de produzir soluções
científicas e os movimentos sociais
também saíam do conforto de demandar
essas saídas. Assim, por meio de
contradições, divergências e, também, de
um reconhecimento mútuo, o caminho
trilhado se desloca de saberes universais
para um diálogo de saberes.
Dentre os movimentos aos quais
pertenciam os educandos, o MST se
destacava, tanto por ter um número maior
de estudantes, como por ser em um
assentamento ligado a esse movimento que
o curso funcionava. Nestes termos, não
podemos imaginar que o consenso sempre
prevalecia, até porque, em geral, a
organização política do MST tem como
princípio básico a produção de um
movimento de massas e, para tanto, existe
a necessidade de consolidação de uma
vanguarda política que tenha clareza dos
rumos e estratégias a trilhar.
Entre as estratégias claras e o
emergir por experiências sociais, que, por
vezes, distorcem a clareza das estratégias,
caminhamos entre contradições que,
logicamente, materializaram-se bastante
durante os cursos. Entretanto, foi este o
caminho trilhado e ele desenha alguns
elementos de compreensão que não só se
consubstanciaram nas pesquisas dos
educandos, mas também na organização
curricular.
O reconhecimento de que, no
contexto de expansão das commodities
agrícolas e minerais, era necessário não
apenas construir formas de acesso a terra,
mas defender os territórios, de modo a
questionar os meios pelos quais as
empresas se apropriavam dos recursos,
levou à necessidade de se pensar que o que
estava em jogo era muito mais que o
choque entre modelos produtivos, mas