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existem 27 áreas em todo o estado, porém
apenas 13 devidamente demarcadas.
Nos reduzidos espaços de terra que
ainda lhes restaram, o povo Guarani
vivencia sua cultura, crenças, língua e
tradições, em íntima relação com o
sagrado, que lhes dá esperança de viver,
apesar de toda uma existência de
sofrimento e perdas. Os povos indígenas
resistem em distintos espaços-tempos,
mesmo sob influências e imposições da
sociedade dominante, de aparatos de
Estado, leis e da cultura excludente, em
relação ao indígena (Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul, 2010).
Tendo em vista a importância que o
tema requer, o artigo que se apresenta é
fruto de uma investigação realizada por
professores e uma licencianda do curso de
Licenciatura em Educação do Campo,
ofertado pela Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM) e em parceria com a
Universidade Aberta do Brasil (UAB),
buscando entender o processo histórico-
social da formação Guarani Mbyá e
conhecer as especificidades do modo de
ser Guarani na Tekoá Ka’aguy Porã
(Aldeia Indígena Gengibre), localizada na
Terra Indígena Guarita, no município de
Erval Seco/RS. Os estudos investigativos,
como o que se apresenta aqui, são salutares
para a formação da prática pedagógica
futura do educador do campo. A
importância e justificativa deste estudo se
dão pela relevância, principalmente quando
se trata de relatar o modo de ser de um
povo, pois o licenciado em Educação do
Campo poderá atuar em escolas do espaço
rural que atendam aos mais diversos povos
tradicionais. Trata-se de uma oportunidade
única para compreender, inclusive, a nossa
própria identidade.
Além disso, busca-se demonstrar o
processo histórico de formação e
organização da Terra Indígena Guarita,
observando e documentando aspectos da
cultura, da língua, dos costumes, das
tradições, das relações com outras etnias,
dos conhecimentos e saberes produzidos
pelo povo Guarani Mbyá. Também é
importante compreender as relações de
tempo, espaço, cultura e sua influência na
identidade indígena, conhecendo e
valorizando a relação de respeito à
natureza e a sabedoria dos mais velhos na
transmissão de conhecimento através da
oralidade e das vivências cotidianas.
Assim sendo, percebe-se o quanto é
importante descrever estes aspectos, para
promover a quebra do estigma que a
sociedade tem do indígena, e ainda poderá
subsidiar educadores em relação aos povos
tradicionais em suas práticas pedagógicas
cotidianas. O arcabouço teórico se limita
em alguns autores, tais como: Mello,
Altenhofen e Tommaso, Moore (2011),