8
o desafio de garantir a formação
matemática necessária para a inclusão
cultural e social de seus estudantes. Para
ele, somente a matemática formal não
garante o engajamento da maioria dos
estudantes e é preciso mobilizar outros
modos de promover a relação do aprendiz
com o saber matemático.
Considerando o contexto rural, a
etnomatemática tem se apresentado como
alternativa pedagógica para promover essa
relação e ressignificar a prática do ensino
de matemática no contexto rural. Ubiratan
D`Ambrosio resume Etnomatemática como
“a matemática praticada por grupos
culturais, como comunidades urbanas e
rurais, grupos de trabalhadores, classes
profissionais, criança de uma certa faixa
etária, sociedades indígenas e tantos outros
grupos que se identificam por objetivos e
tradições comuns aos grupos” (2019, p. 9).
A Etnomatemática como tendência
metodológica conduz a abordagem dos
conteúdos a partir das ideias matemáticas
que eles já possuem. Valorizam e utilizam
seus métodos, suas linguagens para
contextualizar os conteúdos e fazer a
relação com a matemática escolar, a
exemplo da aferição de terra e o cálculo de
área da superfície, a compra e venda de
insumos com a matemática financeira e
todo o saber-fazer matemático intrínseco
no plantio, na colheita, no cultivo de
animais, na produção de alimentos, na
adubação, construção rural, dentre outros
que transforma o ensino de matemático,
tornando mais significativa e atrativa para
os estudantes.
O campo e sua população têm uma
história e cultura que precisa ser valorizada
na educação para que se crie condições de
vida e sobrevivência no campo sem haver
necessidade de mudança para outra
localidade em busca de outros meios de
vida. A população campesina:
como todos os indivíduos e povos
têm, ao longo de suas existências e
ao longo da história, criado e
desenvolvido instrumentos de
reflexão, de observação, instrumentos
teóricos e, associados a esses,
técnicas, habilidades (teorias, techné,
ticas) para explicar, entender,
conhecer, aprender (matema), para
saber fazer como resposta a
necessidades de sobrevivência e de
transcendência, em ambientes
naturais, sociais e culturais (etnos) os
mais diversos. (D’Ambrosio, 1996, p.
27).
Pensando no protagonismo do
educador em dirigir o processo de
aproximar a escola da formação do aluno,
as alternativas metodológicas para
conduzir o trabalho docente no contexto
rural e a importância da matemática para o
desenvolvimento cognitivo e formação do
aluno enquanto cidadão, analisamos a
formação de professores de matemática da
Universidade do Estado do Pará sob
perspectiva de atuação em espaços rurais