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perspectiva contra-hegemônica, de
socialização das novas gerações e
produção emancipadora do conhecimento,
valorizando a agricultura familiar,
religiosidades, formação étnica, respeito à
historicidade, memória coletiva, identidade
camponesa e os saberes sociais. Todo um
processo de construção que vai além das
finalidades, tradicionalmente
conservadoras, reservadas à escola.
Importante salientar que tais gargalos
não diminuem as lutas e resistências dos
sujeitos camponeses organizados. Apesar
do retrato atual, as políticas públicas
educacionais podem atender os anseios do
campo, considerando o diálogo com as
diversas esferas da gestão do Estado,
movimentos e organizações sociais do
campo brasileiro. Pode ainda contribuir na
consolidação dos diferentes saberes
oriundos das escolas do campo, através da
diversidade étnico-cultural, o
reconhecimento do direito à diferença, a
construção de bases epistemológicas que
busquem a superação da dicotomia campo-
cidade, além das articulações políticas,
sociais e culturais presente na diversidade
dos movimentos sociais. Rompe-se com a
construção equivocada de estereótipos
acerca dos sujeitos, individuais e coletivos,
do campo. Definitivamente, os camponeses
não são ingênuos, ignorantes, dependentes
e atrasados. A mudança de paradigmas na
Educação do Campo é essencial. Prescinde
de novos olhares, fundamentação teórico-
prática e recriação do sujeito histórico.
Acreditamos no enfrentamento
histórico realizado por educadores,
educandos e movimentos sociais às
estratégias de repetições, repasses
descontextualizados e ao conformismo da
escola tradicional. Nessa conjuntura, os
sujeitos do campo estarão (e estaremos
todos nós) contribuindo na transformação
dos educandos em agentes e sujeitos da
história. Serão eles, os protagonistas da
emancipação libertadora e não, apenas,
meros participantes. As Universidades
públicas desse país, secretarias municipais
e estaduais de educação tem condições de
construir, coletivamente, projetos
emancipadores que elevem a autoestima,
criticidade e autonomia de educadores e
educandos. Obviamente, essas questões
não estão desvinculadas da capacidade de
mobilização social e política que os
sujeitos do campo constroem no seu
íntimo. O reconhecimento identitário e as
histórias de vida dos atores devem ser
fortalecidas com as novas conquistas e a
capacidade de propor, questionar, dialogar
e refletir sobre as relações de poder e
saberes historicamente estabelecidos.
Os movimentos sociais do campo,
enquanto sujeitos coletivos, contribuem
com as Universidades, secretarias estaduais