Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e9394
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
e9394
10.20873/uft.rbec.e9394
2021
ISSN: 2525-4863
1
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Ensino de Ciências e Matemática no projeto Pró-Rural em
Rondônia (1983-1987)
Sérgio Candido de Gouveia Neto
1
, Cristiane Talita Gromann de Gouveia
2
1
Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Departamento Acadêmico de Ciências Contábeis. Avenida 02, Rotary
Clube, 3756, Setor 10, Jardim Social, Quadra 01, Lote único. Vilhena - RO. Brasil.
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Rondônia - IFRO.
Autor para correspondência/Author for correspondence: sergio.gouveia@unir.br
RESUMO. O projeto Pró-Rural foi implantado no estado de
Rondônia em 1983 para atender o aluno da escola rural. Ele
tinha materiais didáticos específicos, denominados de cartilhas,
em formato de módulos. Nesse sentido, surge a seguinte
questão: que concepções de ensino de ciências e matemática
foram difundidas por meio dos materiais didáticos desse
projeto? Para tentar responder essa e outras questões, o presente
artigo tem como objetivo analisar as concepções de ensino de
ciências e matemática difundidas no Pró-Rural. Para a discussão
e análise, foram utilizados como fontes algumas cartilhas do
Pró-Rural que tivemos acesso, notadamente da parte de Ciências
e Matemática, bem como, o seu Projeto-piloto. Os resultados
indicam que os conteúdos do Projeto Pró-Rural foram
permeados pelas ideais do Movimento da Matemática Moderna
(MMM) no campo da matemática e por uma concepção de
ciências voltada aos cuidados com os problemas regionais
enfrentados pelo homem do campo. Como considerações finais,
tem-se para o Ensino de Ciências conteúdos que discutiam os
principais problemas da região (ex. Malária), ao passo que para
o Ensino de Matemática, fortes concepções do Movimento da
Matemática Moderna.
Palavras-chave: história da educação, educação rural, ensino.
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Teaching Sciences and Mathematics in the ProRural
Project in Rondônia (1983-1987)
ABSTRACT. The Pro-Rural project was implemented in
Rondônia in 1983 to serve the rural school student. He had
specific teaching materials, called booklets, in module format. In
this sense, the question arises: what conceptions of teaching
science and mathematics were disseminated through the didactic
materials of this project? In order to try to answer these and
other questions, this article aims to analyze the conceptions of
science and mathematics teaching spread in Pró-Rural. For
discussion and analysis, some Pro-Rural booklets that had
access, notably part of Sciences and Mathematics, as well as the
pilot project for this project, were used as sources. The results
that the contents of the Pro-Rural Project were allowed by the
ideals of the Movement of Modern Mathematics (MMM) in the
field of mathematics and by a simulation of sciences aimed at
caring for problems related to rural men. As final considerations,
there are for the Teaching of Accounting Sciences that discuss
the main problems of the region (ex. Malaria), step by step for
the Teaching of Mathematics, strong conceptions of the Modern
Mathematics Movement.
Keywords: history of education, rural education, teaching.
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Enseñanza de Ciencias y Matemáticas en el Proyecto
PróRural en Rondônia (1983-1987)
RESUMEN. El proyecto Pro-Rural se implementó en Rondônia
en 1983 para servir al estudiante de la escuela rural. Tenía
materiales didácticos específicos, llamados folletos, en formato
de módulo. En este sentido, surge la pregunta: ¿qué
concepciones de la enseñanza de las ciencias y las matemáticas
se difundieron a través de los materiales didácticos de este
proyecto? Para intentar responder a estas y otras preguntas, este
artículo tiene como objetivo analizar las concepciones de la
enseñanza de la ciencia y las matemáticas difundidas en Pró-
Rural. Para discusión y análisis, se utilizaron como fuentes
algunos folletos prorurales que tenían acceso, en particular parte
de Ciencia y Matemáticas, así como el proyecto piloto para este
proyecto. Los resultados de que los contenidos del Proyecto Pro-
Rural fueron permitidos por los ideales del Movimiento de
Matemáticas Modernas (MMM) en el campo de las matemáticas
y por una simulación de ciencias destinadas a atender los
problemas relacionados con los hombres rurales. Como
consideraciones finales, existen para la Enseñanza de las
Ciencias de la Contabilidad que discuten los principales
problemas de la región (ej. Malaria), paso a paso para la
Enseñanza de las Matemáticas, concepciones fuertes del
Movimiento de las Matemáticas Modernas.
Palabras clave: historia de la educación, educación rural,
docencia.
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Introdução
O Projeto Pró-Rural foi implantado
no Estado de Rondônia
i
, em 1983, durante
o governo do Cel. Jorge Teixeira de
Oliveira, destinado à formação do aluno da
zona rural, de primeira à oitava série e
estendeu-se até 1987. Entre outros
objetivos específicos, o Pró-Rural tinha
como proposta a elaboração de cartilhas
destinadas aos alunos, que fossem
adequadas à linguagem do meio rural. Ele
foi financiado pelo Projeto Polonoroeste,
por meio de uma parceria entre a Secretaria
de Educação do governo do Estado de
Rondônia e o Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD-
Banco Mundial). Essa questão de
financiamento constitui um fato importante
para a história do ensino de ciências e
matemática, considerando o financiamento
de atividades do ensino de matemática por
organismos internacionais tais como o
Banco Mundial na região Amazônica
(Projeto Polonoroeste
ii
). Semelhantemente,
quase na mesma época houve a atuação de
outros organismos internacionais, tais
como a “United States Agency for
International Development” (USAID) que
financiaram projetos na área educacional,
principalmente em outros estados da
federação (Rio Grande do Norte, por
exemplo) (Brito, 2006).
A justificativa do governo de
Rondônia para implantar o Pró-Rural
estava na necessidade de se criar uma
educação voltada para a realidade da zona
rural, detectada em um diagnóstico
realizado em 1981, quando uma pesquisa
levantou algumas informações sobre o
homem do campo:
O Pró-Rural foi implantado após
uma pesquisa realizada em 1981, que
tinha como objetivo levantar alguns
parâmetros sobre a cosmovisão do
homem do campo: suas aspirações,
suas necessidades, seus usos e
costumes, sua linguagem, seu modo
de pensar e sentir, sobre seu
conhecimento e aprimoramento dos
recursos naturais, enfim, de seus
‘modus vivendi’ (Rondônia, 1983, p.
47).
E em seu bojo, o Projeto Pró-Rural
pretendia:
O que o PRÓ-RURAL pretende é
buscar alternativas para oferecer ao
homem do meio rural uma
metodologia adequada às
peculiaridades de seu ambiente, às
suas aspirações e aos seus interesses
socioeconômicos, sem criar
expectativas irreais, mas
instrumentalizando-os com meios de
desenvolver suas potencialidades, e
conhecimentos utilitários aplicáveis
em seu trabalho, possibilitando-lhe
ampliar sua produtividade, bem como
condições de optar em permanecer no
seu “habitat” ou migrar para a zona
rural (Rondônia, 1983, p. 49).
O professor Abnael Machado de
Lima, em seu livro “Achegas para História
da Educação no Estado de Rondônia”,
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afirmou que o Pró-Rural tinha um “caráter
especial, como experiência pedagógica
para o meio rural, objetivando adaptar o
ensino as peculiaridades e necessidades das
comunidades rurícolas” (Lima, 1993). Essa
questão da experimentação era ressaltada
no projeto-piloto: “… em se tratando de
um projeto experimental, estará o mesmo
sujeito a mudanças, quer na sua estrutura,
quer na sua organização, uma vez
detectados os entraves que porventura
surgirão.” (Rondônia, 1983, p. 64).
Assim, além do caráter especial e de
servir como uma experiência pedagógica, o
projeto tinha como objetivo geral
“redimensionar a educação da zona rural a
partir das condições do meio, através de
uma metodologia adequada para
atendimento das necessidades e aspirações
das comunidades rurais” (Rondônia, 1983,
p. 51). Assim, a partir desse objetivo geral,
cinco objetivos específicos foram traçados,
a saber:
1-Elaborar materiais instrucionais
voltados às necessidades,
possibilidades e interesses dos alunos
e de conformidade com a legislação
vigente.
2-Facilitar as funções pedagógicas
dos professores rurais,
essencialmente leigos, através de
uma metodologia autoinstrucional.
3-Atender às diferentes regiões do
Estado com calendários especiais.
4-Minimizar o problema da evasão
escolar, provocada pela repetência
e/ou frequência, permitindo aos
alunos retomarem seus estudos em
qualquer época do ano.
5-Proporcionar aos alunos condições
de avanço nos estudos, conforme seu
ritmo de aprendizagem (Rondônia,
1983, p. 51).
O que se pretendia com esses cinco
objetivos? Em relação ao primeiro item,
conforme será tratado no referencial
teórico-metodológico, foram produzidos
materiais instrucionais para os alunos e
professores. Esses materiais didáticos do
P-Rural, chamado de cartilhas pelos
professores, tinham seções de Matemática,
Português, Ciências e Estudos Sociais.
Portanto, atendiam a legislação vigente.
Em relação ao segundo objetivo, as
cartilhas tinham uma estrutura dividida em
módulos, que em tese favoreceria o
trabalho do professor: apresentava-se o
assunto, em seguida os objetivos
instrucionais, os subobjetivos, os exemplos
(um modelo e um modelo para o aluno
completar), os exercícios e as avaliações
(até três avaliações parciais). A proposta
desse formato seria que o aluno poderia
estudar sozinho, principalmente ao seguir
os modelos. De uma maneira geral, a
estrutura dos módulos do P-Rural tinha
uma relação com o quinto objetivo, sendo
essa uma estrutura que seguia modelos de
outros projetos desenvolvidos em
Rondônia, como por exemplo, o Projeto
Logos II (Gromann de Gouveia, 2019).
Em artigo recente, Gouveia Neto e
Gromann de Gouveia (2018) afirmaram
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que os itens 3 e 4 estavam relacionados a
uma possível demanda do ensino rural no
período de funcionamento do Pró-Rural,
considerando que os alunos dessas escolas
ajudavam os pais na colheita do café, arroz
e cacau; principalmente nas regiões de
Ouro Preto D’Oeste, Ji-Paraná, Cacoal e
Pimenta Bueno, bem como na região baixa
do Rio Jamari, compreendendo as cidades
de Cacaulândia e Ariquemes. Ainda
segundo Gouveia Neto e Gromann de
Gouveia (2018):
Em Rondônia, essas culturas tinham
períodos diferentes de colheita. Por
exemplo, o café era colhido nos
meses de abril e maio. O arroz,
também era cortado nos meses de
abril e maio, entretanto, limpado nos
meses de junho e julho. o cacau
tinha colheita ao longo de quase todo
ano. Assim, os alunos ajudavam os
pais em grande parte do ano,
principalmente nas culturas mais
rápidas (café, arroz, etc.) e como
consequência disso, evadiam da
escola (Gouveia Neto & Gromann de
Gouveia, 2018, p. 684-685).
Dessa forma, o questionamento que
se faz sobre o projeto e as cartilhas do Pró-
Rural é: que concepções de ciências e
matemática foram difundidas por meio dos
materiais didáticos desse projeto? Nesse
sentido, o presente artigo tem como
objetivo analisar as concepções de ensino
de ciências e matemática difundidas nos
materiais do Pró-Rural. Para a discussão e
análise, foram utilizadas como fontes as
cartilhas, relativas à parte de Ciências e
Matemática, bem como, o Projeto-piloto
desse projeto.
Assim, o artigo está dividido, além
dessa introdução, em referencial teórico-
metodológico, discussão de resultados e
considerações finais. A parte de resultados
está dividida em duas partes: na primeira
será discutido sobre o ensino de ciências e
a segunda parte, trata-se do ensino de
matemática nas cartilhas do Pró-Rural.
Referencial teórico-metodológico
Em seu livro Apologia da História
ou Ofício do historiador”, Marc Bloch
(2001) nos chama a atenção para a
importância de mostrar ao leitor a origem
dos documentos, que essa disposição é
também passível de análise:
A despeito do que às vezes parecem
imaginar os iniciantes, os
documentos não surgem, aqui ou ali,
por efeito [de não se sabe] qual
misterioso decreto dos deuses. Sua
presença ou ausência em tais
arquivos, em tal biblioteca, em tal
solo deriva de causas humanas que
não escapam de modo algum à
análise, e os problemas que sua
transmissão coloca, longe de terem
apenas o alcance de exercícios
técnicos, tocam eles mesmos no mais
íntimo da vida do passado (Bloch,
2001, p. 83).
Nessa mesma linha de pensamento,
Le Goff (2003) pontua que os documentos
não são quaisquer coisas passadas, são
produtos que sociedade fabricou conforme
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as relações de força dos que detinham o
poder. Segundo Certeau (1982), em
história, tudo começa com o gesto de
separar, de reunir, de transformar em
‘documentos’ certos objetos distribuídos
de outra maneira. Essa nova distribuição
cultural é o primeiro trabalho” (Certeau,
1982, p. 80). Nesse sentido, cabe informar
ao leitor como foram reunidos os
documentos relativos ao Pró-Rural, bem
como as suas disposições em diversos
locais.
A nossa busca por documentos
históricos relacionados à educação
rondoniense começou em 2011. Naquele
ano, conseguimos na Biblioteca Municipal
Monteiro Lobato, da cidade de Vilhena,
um módulo sobre o Projeto Pró-Rural
(Educação Rural Rondônia etapa
Matemática) (Figura 1), o qual serviu de
fonte para o primeiro resumo que fizemos
relacionadas à temática, intitulado O
ensino de Matemática no Estado de
Rondônia: levantamento de fontes para
uma análise histórica”, que foi publicado
no SEMIEDU, em 2011 (Gouveia Neto,
Chisté & Santos, 2011). O resumo tratou
sobre outros projetos desenvolvidos no
estado de Rondônia, mas foi dada uma
atenção especial ao Pró-Rural, em
específico ao ideal do Movimento da
Matemática Moderna presente ao longo do
desenvolvimento dos conteúdos.
Em 2017, conseguimos outros
documentos sobre o Pró-Rural na
Biblioteca Municipal de Ariquemes, a
cartilha Pró-Rural livro nº 02 etapa
(Rondônia, s.d.). (Figura 1). Ainda nesse
mesmo ano, levantamos outros
documentos no Conselho Estadual de
Educação, tais como o Projeto-Piloto do
Pró-Rural
iii
(Rondônia, 1983) e o livro
Achegas para História da Educação no
Estado de Rondônia”, do Professor Abnael
Machado de Lima, que forneceu algumas
informações sobre o Pró-Rural.
Figura 1 Cartilha do Pró-Rural.
Fonte: Biblioteca Municipal de Vilhena.
Em 2018, outros documentos sobre o
Pró-Rural foram disponibilizados pela
professora Kelly Jessie Penafiel do
Departamento de Ciências da Educação
(DACIE) Campus de Vilhena da
Universidade Federal de Rondônia
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(UNIR), entre eles, um manual do
Professor (Educação Rural Manual do
Professor Rondônia 5ª etapa).
A elaboração de materiais didáticos
pelo estado é uma novidade. Geralmente,
as pesquisas sobre essa temática
concentram-se em livros elaborados em
editoras, com poucos estudos sobre o que
foi produzido pelos estados. Assim, como
forma de análise, foi feita a leitura atenta
desses documentos procurando indícios em
relação ao ensino de Ciências e
Matemática. Portanto, nos pautaremos na
perspectiva do Paradigma Indiciário de
Carlo Ginzburg (1989). No texto Sinais:
Raízes de um paradigma indiciário”,
Ginzburg (1989) nos conta que no século
XIX apareceu uma técnica na arte, que
visava identificar pinturas falsas. O
método, desenvolvido pelo médico italiano
Giovanni Morelli, era baseado não nas
características mais vistosas dos quadros,
mas nos pormenores, nos rastros, naquilo
que os pintores originais eram capazes
de fazer, como, por exemplo, um tipo de
sorriso, um olhar para o céu de um
personagem do quadro. A técnica de
analisar os rastros não era nova, os
caçadores utilizavam muito.
Semelhantemente ao dico, que examina
o seu paciente pelos indícios da doença,
para Ginzburg (1989), o historiador pode
usar estes rastros para desenvolver o seu
trabalho:
mesmo que o historiador não
possa referir-se, explícita ou
implicitamente, a uma série de
fenômenos comparáveis, a sua
estratégia cognoscitiva, os seus
códigos expressivos acabam sempre
sendo individualizantes. Nesse
sentido, o historiador é comparável
ao médico, que utiliza os quadros
nosográficos para analisar o mal
específico de cada doente. E, como o
do médico, o conhecimento histórico
é indireto, indiciário, conjetural
(Ginzburg, 1989, p. 156-157).
Além do Paradigma Indiciário, nos
pautaremos também na crítica ao
documento, na perspectiva de Marc Bloch.
Segundo esse autor, é preciso uma atenção
mais crítica em relação aos documentos e
principalmente na confrontação das fontes,
que um documento é muito mais do que
diz ser (Bloch, 2001).
Dessa forma, a investigação será
pautada no Paradigma Indiciário de
Ginzburg (1989), bem como na crítica ao
documento, procurando nessas fontes os
rastros relativos ao ensino de ciências e
matemática nos documentos sobre o Pró-
Rural.
Resultados e discussões
O Projeto Pró-Rural como uma
experiência
O projeto Pró-Rural foi planejado
para atender as oito séries do ensino de
grau, “estruturado em seis etapas,
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organizado de modo não seriado, sob a
forma de módulos instrucionais
iv
(Rondônia, 1983, p. 55). Nesse sentido, as
cartilhas deste projeto estavam divididas
em oito etapas, com atendimento a uma
população de 43.595 alunos (54,1% da
população escolarizável) (Rondônia, 1983,
p. 55).
Entretanto, as zonas rurais de
Rondônia atendiam as quatro primeiras
séries; ou seja, tinham-se três cartilhas (1ª
série etapa, 2ª série etapa e, 3ª e 4ª
série etapa), sendo que a cartilha da
etapa, foi dividida em dois volumes,
considerando a quantidade de páginas (496
para o volume 1 e 495 para o volume 2)
(Rondônia, 1983) (Quadro1). De acordo
com o Projeto-Piloto do Pró-Rural, as três
últimas etapas “… serão implantadas
nos Núcleos Urbanos de Apoio Rural e
Escolas-Pólos, como parte integrante do
Projeto Desenvolvimento Rural Integrado,
coordenado pelo POLONOROESTE.
(Rondônia, 1983, p. 58)”. Em nossas
buscas não encontramos informações sobre
a implantação das três últimas etapas.
Essas etapas tinham uma
equivalência entre o Pró-Rural e o Ensino
Regular Seriado, de acordo com o Quadro
1. As cartilhas encontradas seguiam esta
programação. Elas tinham uma estrutura
dividida em módulos: apresentava-se o
assunto, em seguida os objetivos
instrucionais, os subobjetivos, um
exemplo, um modelo e outro modelo para
o aluno completar, exercícios e avaliação
(até três avaliações parciais). Essa estrutura
dos módulos seguia modelos de outros
projetos desenvolvidos em Rondônia,
como por exemplo, o Projeto Logos II
(Gromann de Gouveia, 2019).
Quadro 1 Equivalência entre o Pró-rural e o Ensino Regular Seriado
Pró-Rural
Ensino Regular seriado
I Etapa
Programação referente à 1ª série
II Etapa
Programação referente à 2ª e parte da 3ª série
III Etapa
Parte da 3ª série e programação referente à 4ª série
IV Etapa
Programação referente à 5ª série e parte da 6ª série
V Etapa
Parte da 6ª série e programação referente à 7ª série
VI Etapa
Programação referente à 8ª série
Fonte: Projeto-piloto do Pró-Rural (Rondônia, 1983, p. 62).
Segundo informações contidas no
Projeto-piloto do Pró-Rural, a expectativa
era de que o aluno cumprisse cada etapa
num prazo médio de 12 meses, que o
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ensino era organizado independente do
calendário fixo ou de dias letivos pré-
determinados. Esse sistema de etapas,
aliado ao sistema modular tinha como
objetivo evitar a repetência e a evasão:
Permitindo avanços dos alunos,
com autonomia do fator tempo, evita-
se o dissabor da repetência, estimula-
se a continuidade dos estudos,
diminuindo consideravelmente a
evasão escolar, fatores estes de
fundamental importância na
rentabilidade do sistema (Rondônia,
1983, p. 63).
Assim, além da repetência e da
evasão, o sistema de etapas e o sistema
modular, permitia uma maior flexibilidade
do aluno, principalmente em época de
colheita:
o sistema de módulos era uma
alternativa de maior viabilidade para
o controle das variáveis externas
negativas ao processo ensino-
aprendizagem, dentre elas:
reprovação e/ou evasão escolar por
baixa frequência, em virtude de
afastamento dos alunos em época de
plantio, colheita ou peculiaridades
climáticas regionais, e deficiências
do corpo docente, essencialmente
leigos (Rondônia, 1983, p. 64).
De acordo com o Projeto-piloto, o
aluno poderia cumprir os estudos sem
assistência direta do professor, em maior
ou menor espaço de tempo, quem
determinava o ritmo de estudo era o
próprio aluno e não existiam estudos de
recuperação:
o Pró-Rural apresenta material
didático que possibilita ao aluno
condições de estudos, em última
instância, sem assistência direta do
professor. Com isso, eliminam-se as
datas de início e término do ano
letivo, visto que o próprio aluno,
dependendo do seu próprio ritmo de
aprendizagem, passa pelo processo,
em mais ou menos tempo Da
mesma forma, inexistem estudos de
recuperação (Rondônia, 1983, p. 64).
Esse modelo de sistema modular era
um modelo já utilizado no ensino supletivo
e isso era ressaltado no Projeto-piloto do
Pró-Rural: “… Tem-se presente a situação
do ensino supletivo que, no momento que
passou a organizar-se de forma modular,
passou-se a melhorar sua credibilidade e
sua qualidade, não obstante careça de
recursos humanos habilitados” (Rondônia,
1983, p. 66).
De uma forma geral, o Pró-Rural,
contribuiria para resolver outro problema:
a questão do professor leigo ou não
habilitado, que o aluno teria uma
autonomia para estudar e resolver as
atividades sozinho. Realmente, essa
questão do professor não habilitado
constava no Projeto-piloto do Pró-Rural
como uma problemática a ser resolvida:
Conscientes de toda a
problemática, encontra-se o Governo
de Rondônia disposto a equacionar
dois grandes problemas, o de adaptar
o ensino às peculiaridades e
aspirações do homem do campo, sem
porém impor-lhe limitações, e,
atender às dificuldades decorrentes
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da ausência de professores
habilitados para o meio rural, fato
que, ainda caracteriza este novo
estado (Rondônia, 1983, p. 6).
Contudo, na mesma época, estava
acontecendo o Projeto Logos II que visava
à formação e habilitação em nível de
magistério para atuação de primeira a
quarta série do primeiro grau. O Logos II
foi implantado experimentalmente em
1976, a nível nacional e funcionou em
diversos entes da federação (cinco no
início, chegando a dezenove no fim do
projeto). Em Rondônia ele foi finalizado
em 1994. O Logos II funcionava na
modalidade à distância, utilizava o sistema
modular, e estava sob a responsabilidade
dos centros supletivos (Gouveia Neto &
Gromann de Gouveia, 2018).
Em relação aos módulos
instrucionais
v
do Pró-Rural, somente o da
etapa do projeto não era
autoinstrucional, pois, era para
alfabetização do aluno (Rondônia, 1983).
Dessa forma, além do aluno, o professor
também recebia uma cartilha com as
respostas dos exercícios e um caderno de
avaliação, que serviria como modelo para
professores e supervisores nas avaliações
dos módulos do Pró-Rural.
Segundo Gromann de Gouveia
(2019), os professores cursistas do Projeto
Logos II relataram que utilizaram muito os
materiais do Pró-Rural em suas práticas.
Um professor de Ariquemes mencionou
que se não tivesse as cartilhas do Pró-rural,
o aluno não teria outro material didático.
Entretanto, outros professores
entrevistados por Gromann de Gouveia
(2019) que atuavam na zona rural de
Rondônia relataram que além das cartilhas
do Pró-Rural, utilizavam a cartilha
Caminho Suave que era voltado para a
alfabetização do aluno na 1ª série.
Ainda de acordo com Gromann de
Gouveia (2019), as péssimas condições das
estradas, agravada pela falta de transporte,
bem como perigo nos trajetos, aliada a uma
falta de política pública para a área
educacional, contribuía para a falta de
material didático nas escolas rurais de
Rondônia na década de 1980. Em suas
entrevistas com professores-cursistas do
Projeto Logos II, Gromann de Gouveia
(2019) relata o caso de um professor do
Município de Rolim de Moura que foi
buscar de bicicleta as cartilhas do Pró-
Rural na cidade. A bicicleta não tinha para-
barro e ele colocou as cartilhas numa caixa
de papelão na garupa. Como tinha chovido
muito e a estrada da zona rural estava com
muita lama, a água foi batendo no fundo da
caixa, ela abriu e caíram todas as cartilhas
no chão. O professor conta em seu relato
que foi um desespero, que a estrada
tinha muito trânsito de caminhões com
toras. Mas ele conseguiu juntar tudo,
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limpar (da melhor forma possível) e
entregar para os alunos numa reunião de
pais.
Isso mostra que de uma forma ou de
outra, as cartilhas do Pró-Rural chegavam
às escolas rurais de Rondônia na década de
1980.
Nos próximos tópicos concentram-se
a nos módulos de Ciências e Matemática.
O ensino de Ciências nas cartilhas do
Pró-Rural
Como ainda o tivemos acesso a
outras cartilhas do Pró-Rural, a nossa
análise sobre o ensino de Ciências
concentrará no livro nº 02 da terceira etapa,
bem como nos indícios contidos no
Projeto-piloto. De uma maneira geral,
identificamos os seguintes conteúdos de
ciências, divididos em três módulos no
livro 02 da terceira etapa, conforme
Quadro 2:
Quadro 2 Conteúdos de Ciências nas cartilhas do Pró-Rural.
Módulo
Conteúdos
40
Aparelho respiratório
Aparelho urinário
Aparelho nervoso
Aparelho locomotor
41
Ascaridíase
Oxiurose
Esquistossomose
42
Malária
Hepatite
Fonte: Livro nº 02 da 3ª etapa do Pró-Rural.
Nesses módulos de Ciências do Pró-
Rural os conteúdos consistiam em tópicos
relacionados ao funcionamento dos
aparelhos (respiratório, urinário, nervoso e
locomotor), bem como, cuidados com o
corpo humano. Como as cartilhas eram
destinadas ao aluno da zona rural, o
material apontava para necessidade de
conhecimento sobre as doenças mais
comuns a esse meio, principalmente sobre
a ascaridíase, oxiurose e esquistossomose.
Além disso, o módulo 42 tratava das
doenças típicas da região norte, como a
malária e a hepatite (Figura 2). Gromann
de Gouveia (2019) mostrou em sua tese de
doutoramento um relato das memórias de
um professor de Ariquemes sobre os
hábitos de higiene ensinados por meio das
cartilhas do Pró-Rural, bem como métodos
de combate o mosquito da malária.
Segundo o professor entrevistado por
Gromann de Gouveia (2019), eles tiveram
muitos problemas de malária na escola
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que, para ele, Ariquemes era a capital da
malária.
Dessa forma, o conhecimento de
ciências apresentado e discutido nos
módulos de Ciências do Pró-Rural
consistia basicamente sobre o ensino e
aprendizagem de medidas profiláticas de
doenças típicas do meio rural durante o
funcionamento do projeto. Por exemplo,
sobre a malária, era apresentada uma breve
descrição do mosquito transmissor (fêmea
do anofelino), os sintomas da doença e as
medidas para evitar a transmissão da
doença, tais como, a proteção das casas,
isolamento dos doentes, uso de
mosquiteiros, etc.
Esse modelo de ensino de ciências
estava de acordo com as tendências da
época. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) (Brasil, 1998), durante
as décadas de 1970 e 1980, percebeu-se
que o modelo desenvolvimentista
mundialmente hegemônico, acarretou
diversos problemas sociais e ambientais.
Figura 2 Malária sendo retratado nas cartilhas do Pró-Rural.
Fonte: Livro nº 2 3ª Etapa Educação Rural Rondônia (Projeto Pró-Rural).
Dessa forma, “os problemas relativos
ao meio ambiente e à saúde começaram a
ter presença nos currículos de Ciências
Naturais, mesmo que abordados em
diferentes níveis de profundidade” (Brasil,
1998, p. 20). Krasilchik (1996) concorda
com tal posicionamento e acrescenta que o
ensino de ciências passou a ser uma
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formação para que os cidadãos fossem
preparados a viver em uma sociedade que
buscava mais igualdade e equidade. Além
disso, as pesquisas sobre o ensino de
ciências indicam que era ressaltada a
aprendizagem que permitiria aos
estudantes “agir sobre as distintas
realidades em que vivam” (Nascimento,
Fernandes & Mendonça, 2010, p. 231).
Como relatado, não conseguimos
ter acesso a todas as cartilhas do Pró-Rural,
o que não permitiu analisar os demais
conteúdos do ensino de Ciências. No
entanto, foi encontrado no Projeto-Piloto
“os comportamentos terminais” (Rondônia,
1983, p. 58), que podem indicar os
conteúdos delineados para o ensino de a
série. Nesse sentido, a “iniciação a
Ciências” ficou como descrito no Quadro
3. Elencamos a partir do item 16, porque
até o 15 tratava-se de conteúdos
matemáticos:
Quadro 3 Objetivos de Ciências Descritos no Projeto-Piloto do Pró-rural.
16. Classificar os elementos da natureza, no conjunto de animais e vegetais.
17. Classificar os seres vivos em conjunto de animais e vegetais.
18. Identificar os animais do seu meio, de acordo com as características e utilidades.
19. Agrupar os vegetais do meio em subconjuntos, conforme suas características e utilidades.
20. Citar os principais alimentos encontrados na natureza, nos reinos: vegetal, animal e mineral.
21. Enumerar as medidas eficazes para a conservação do solo.
22. Citar os agentes causadores da erosão e do empobrecimento do solo e formas de controle.
23. Citar maneiras de enriquecer o solo de baixa fertilidade.
24. Cultivar hortaliças e fruteiras.
25. Descrever as formas de consumo e conservação das frutas e hortaliças.
26. Citar importância da água, do ar e do solo para os seres vivos.
27. Caracterizar as diferentes fontes de energia.
28. Caracterizar os tipos de luz: natural e artificial.
29. Relacionar os órgãos dos sentidos e suas respectivas funções.
30. Citar medidas preventivas contra as doenças mais comuns na região: malária, hepatite, e outras…
31. Relacionar as principais doenças infantis com suas respectivas vacinas.
32. Relacionar os aparelhos do corpo humano com suas respectivas funções.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de informações contidas no Projeto-piloto do Pró-Rural (Rondônia, 1983,
p. 60).
Observando o Quadro 3, nota-se que
o que foi denominado de comportamentos
terminais nos módulos, na verdade, são
objetivos para o ensino de Ciências no
Projeto Pró-Rural. Contudo, estes objetivos
finais listados no Quadro 3 estão em
consonância com os conteúdos
apresentados nos três módulos de Ciências
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(Quadro 2). Dessa forma, podemos ter uma
ideia do que era ensinado nos demais
módulos do ensino de Ciências para as
demais etapas do Pró-Rural.
Gromann de Gouveia (2019), ao
estudar a formação do professor no estado
de Rondônia, observou que de maneira
geral, no ensino dos fenômenos da
natureza eram apresentados nos módulos
de Ciências Físicas e Biológicas dos
Projetos Logos II, os conteúdos
relacionados ao estudo da terra, do ar e da
água (Gromann de Gouveia, 2019), o que
relaciona muito com os conteúdos
dispostos no Quadro 3.
Essa possível relação entre os
conteúdos, para a formação do professor e
o disposto na formação do aluno, são
indícios de que Pró-Rural cumpria também
o papel de formação docente, conforme
estipulado em seu Projeto-piloto. Mais do
que isso, esses conteúdos estavam
relacionados com o dia a dia do homem do
campo, principalmente em assuntos tais
como, consumo e conservação das frutas e
hortaliças, conservação do solo, ar e água,
etc. (Quadro 3). De uma maneira mais
ampla, o que se observa no quadro 2 são
conteúdos que estavam também
relacionados aos pressupostos da época, no
caso, presença de temas relativos ao meio
ambiente e saúde, conforme a nossa
discussão acima.
O ensino de Matemática nas cartilhas do
Pró-Rural
Foram encontrados duas cartilhas do
Pró-Rural que tratavam da matemática, o
livro 02 da Etapa e a cartilha
“Matemática da Etapa”. Nessa última,
na contracapa consta que era para: “…
Aqui está o livro de matemática referente à
Etapa do Pró-Rural…”. Contudo,
uma diferença entre a capa e a contracapa
em relação à etapa de execução do Projeto
(4ª ou etapa?). Dessa forma, apenas com
este livro ficaria difícil afirmar a qual etapa
se refere realmente, mas em nossa análise,
concluímos que esse material se refere a 4ª
etapa
vi
, sendo que essa cartilha teve como
elaboradora a professora Maria Helena
Rocha da Silva
vii
(responsável pela área).
Ao passo que a cartilha “Matemática
da etapa” continha sobre conteúdos de
matemática, a cartilha Livro 02 da
etapa” continha conteúdos de Português,
Matemática, Ciências e Estudos Sociais.
Conforme o Quadro 1, a terceira etapa
corresponderia a parte da série e
programação referente à série. Já a
quarta etapa corresponderia a programação
referente à série e parte da 6ª série e se
ela fosse para a V etapa, corresponderia a
parte da série e programação referente à
7ª série.
Nesse sentido, ressalta-se que como
não tivemos informações sobre a
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implantação do Pró-Rural em turmas a
partir da 5ª série que funcionaria em
escolas da zona urbana, que as escolas
rurais de Rondônia na década de 1980
eram principalmente multisseriadas de
primeira a quarta série não temos como
afirmar se a Cartilha da 4ª etapa (ou 5ª
etapa) foi ou não utilizada. No entanto, ela
fará parte da nossa análise, por
considerarmos que ela tem elementos ou
sinais sobre concepções de matemática e
ensino de matemática do Projeto Pró-
Rural.
Mas quais os conteúdos de
matemática tinha-se nessas cartilhas? A
cartilha “Livro 02 da etapa” tinha seis
módulos, com os seguintes conteúdos:
Quadro 4 Conteúdos de Matemática na cartilha “Livro nº 02 da 3ª etapa”
Módulo
Conteúdos
34
Noções complementares de multiplicação e divisão
35
Frações Ordinárias
36
Números decimais
37
Porcentagem
38
Juros Simples
39
Sistema Métrico
Fonte: Livro nº 2 3ª Etapa Educação Rural Rondônia (Projeto Pró-Rural).
a cartilha “Matemática da
Etapa” (4ª ou etapa?) continha os
seguintes conteúdos: Conjuntos; Conjunto
N (adição, subtração, multiplicação e
divisão em N); Mínimo Múltiplo Comum;
Frações (adição, subtração, multiplicação,
divisão e problemas práticos de frações);
Operações com Números Decimais;
Perímetro de Figuras Planas; Área de
Figuras Planas, Volume das Principais
Figuras Planas, Medidas de Capacidade e
Volume; Conjunto Z (adição, subtração,
multiplicação e divisão em Z); Expressões
com Números Inteiros Relativos; Equações
e Inequações do 1º grau.
Observando essa lista e baseando na
discussão que fizemos se a cartilha seria da
4ª ou da 5ª etapa, podemos inferir pelos
conteúdos que o material seria para a
etapa, referentes a programação da série
e parte da série, considerando os
conteúdos similares aos assuntos de outros
livros de períodos próximos, como por
exemplo, os livros da coleção Praticando
Matemática Álvaro Andrini (Andrini,
1991). Para corroborar com esse achado,
nota-se que assuntos típicos da cultura
escolar matemática da série nas décadas
de 1980 e 1990, tais como os Números
Inteiros Relativos estão presentes na
referida cartilha.
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Mas o que esses conteúdos mostram
em termos de concepções do ensino de
matemática? Gouveia Neto e Gromann de
Gouveia (2017), analisaram o ensino de
matemática nos Projetos Pró-Rural e Logos
II e demonstraram forte presença dos
ideais do Movimento da Matemática
Moderna (MMM) nos materiais didáticos
de ambos os projetos.
Segundo Soares (2011), o
Movimento da Matemática Moderna foi
um movimento do ensino de matemática
que surgiu durante o período da guerra fria,
baseado nos fundamentos da teoria dos
conjuntos e dos conceitos de estruturas
algébricas, de ordem e topológica, para o
ensino e aprendizagem da matemática. O
MMM estendeu-se até por volta da década
de 1980, quando passou a ser criticado,
como por exemplo, pelos estudos de
Morris Kline, em sua obra “O fracasso da
Matemática Moderna” (Kline, 1976).
De acordo com Gouveia Neto e
Gromann de Gouveia (2017), a teoria dos
conjuntos (relações de pertinência, contido
e não contido, etc.) estava presente nas
cartilhas de Matemática do Projeto Pró-
Rural, inferindo que isso era influenciado
pelo Movimento da Matemática Moderna.
Os autores pontuam também que a ideia
ordem estava presente nas cartilhas, tais
como, a relação de maior e menor entre os
números. Observando o Quadro 4,
perceber-se a presença da teoria de
conjuntos (Naturais N e Inteiros Z).
Outro indício da influência do MMM nos
conteúdos é notado nas bibliografias
utilizadas pelos elaboradores das cartilhas,
tais como o livro Matemática Moderna
de Débora P. Mello Neves e outros, de
1970.
Conforme delineado, não tivemos
acesso a todas as cartilhas do Pró-Rural, e
como exposto por Dominique Julia em A
cultura escolar como objeto histórico”,
tentamos “fazer flecha com qualquer
graveto” (Julia, 2001, p. 17), utilizamos o
Projeto-piloto para tentar avançar em
nossas discussões. Nesse sentido, o
documento do Pró-Rural continha os
objetivos descritos para cada disciplina.
Mas, quais eram os objetivos para a
disciplina de matemática? O Quadro 5
indicam os conteúdos para o ensino de
matemática:
Quadro 5 Objetivos Descritos no Projeto-Piloto do Pró-rural.
01. Aplicar noções de conjuntos em situações práticas.
02. Ler e descrever numerais.
03. Indicar o valor de cada algarismo de acordo com a posição que ocupa no numeral.
04. Efetuar as quatro operações fundamentais.
05. Multiplicar por 10, 100 e 1.000 sem efetuar operação.
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06. Resolver situações-problema envolvendo: dobro, dúzia, meia dúzia, metade, dezena, centena.
07. Resolver situações-problema, envolvendo até duas operações.
08. Calcular o mínimo múltiplo comum.
09. Efetuar as quatro operações envolvendo frações ordinárias.
10. Resolver situações-problema, envolvendo cruzeiro.
11. Resolver situações-problema, envolvendo cálculos de porcentagens e juros simples.
12. Efeituar as quatro operações fundamentais envolvendo numerais e a decimais.
13. Relacionar os principais sistemas de medidas com sua unidade padrão.
14. Resolver situações-problema envolvendo os diferentes tipos de medidas.
15. Traçar e (reconhecer) figuras geométricas: círculo, triângulo, quadrado, retângulo e losango.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de informações contidas no Projeto-piloto do Pró-Rural (Rondônia, 1983,
p. 59-60).
Em relação aos objetivos acima para
o ensino de matemática, Gromann de
Gouveia (2019) mostrou em sua tese de
doutoramento um relato das memórias de
um professor de Ariquemes, o qual afirma
que as cartilhas do Pró-Rural vinha em
uma linguagem próxima do agricultor,
principalmente em relação aos problemas
de porcentagem, em geral, mais
contextualizados. Contudo, Gouveia Neto
e Gromann de Gouveia (2018) mostraram
que isso não era comum para a maioria dos
problemas propostos nas cartilhas do Pró-
Rural, que elas continham uma
linguagem matemática carregada com
símbolos, típico do MMM. Segundo o que
consta nos Parâmetros Curriculares
Nacionais:
O ensino passou a ter preocupações
excessivas com abstrações internas à
própria Matemática, mais voltadas à
teoria do que à prática. A linguagem
da teoria dos conjuntos, por exemplo,
foi introduzida com tal ênfase que a
aprendizagem de mbolos e de uma
terminologia interminável
comprometia o ensino do lculo, da
geometria e das medidas. (Brasil,
1997, p. 20).
Além dessa questão, os objetivos
acima dão uma ideia do que era previsto
para o ensino de matemática nas séries
iniciais. A aritmética ocupava a maior
parte do programa do Projeto Pró-Rural,
em detrimento dos conteúdos de
geometria. De acordo com Silva e Valente
(2014), não é novidade a Geometria
figurando nas partes finais dos livros
brasileiros de matemática escolar no
Brasil, pois é um modelo que antes de
tudo, faz parte da nossa cultura escolar.
Para esses autores, o ensino de geometria
escolar passou por diversas fases na
educação escolar brasileira, inicialmente,
de uma geometria de caráter prático
(desenho linear e relacionado a objetos da
vida diária, com aplicações em algumas
profissões marceneiros, torneiros),
passando por modelos que se aproximam
dos ideais do Movimento da Matemática
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Moderna (tais como teoria de conjuntos,
estruturas algébricas e de grupos) e
retomada da geometria euclidiana e hoje,
para modelos que relacionam geometria e
ferramentas tecnológicas, tais como o
Geogebra e outros (Silva & Valente,
2014).
Considerações finais
As nossas discussões apontam para
um projeto educacional que visava atender
a educação rural do Estado de Rondônia
entre os anos de 1983 e 1987. Nesse
sentido, retomando o problema de pesquisa
enunciado acima, destacamos que o ensino
de Ciências estava ancorado na perspectiva
de que o aluno deveria ter contado com os
principais problemas que atingia a zona
rural de Rondônia naquele período, qual
seja, os problemas da malária e verminoses
(ascaridíase, oxiurose e esquistossomose),
entre outros. Nesse sentido, a concepção de
ciências contidas nas cartilhas do Projeto
Pró-Rural era de que o aluno precisava
aprender e a tratar dos problemas do meio
rural. Segundo Krasilchik (2010), as
transformações políticas e sociais na
década de 1970 postulava que a vivência
do método científico era necessária à
formação do cidadão que contribuiria para
o crescimento do país.
o ensino de matemática tinha
concepções e influências principalmente
do Movimento da Matemática Moderna,
com presença marcante da Teoria dos
Conjuntos e Relações de Ordem. Também,
era uma concepção da década de 1970.
Nos resultados, mostramos que tinha
um material didático de matemática com
programação para 5ª e parte da 6ª série.
Gromann de Gouveia (2016 e 2019)
mostra em seus trabalhos, relatos de
professores sobre o Pró-Rural de primeira
a quarta rie da zona rural, o que seria
coerente com a atuação de seu público de
pesquisa. Contudo, no Projeto-piloto
afirma-se que o Pró-Rural seria implantado
a partir rie ou IV etapa nos Núcleos
Urbanos de Apoio Rural e Escolas-Pólos.
Como não conseguimos indícios de
implantação do Projeto nesses locais,
apenas uma cartilha que serviria para ou
série, tem-se uma oportunidade de
pesquisa para outras pessoas. Da mesma
forma, ressalta-se que não foi objetivo do
presente artigo a análise dos módulos de
Português, Estudos Sociais e Alfabetização
do Projeto Pró-Rural, o que constitui novas
oportunidades de estudos futuros. Aos
interessados nas propostas, segue o
referencial que pode ser útil para iniciar as
suas pesquisas.
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Matemática. 6ª série. São Paulo: Editora
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i
O Território Federal de Rondônia foi elevado à
condição de Estado no ano de 1981.
ii
Foi um “Programa de Desenvolvimento Integrado
para o Noroeste do Brasil POLONOROESTE,
que teve início na década de 80, quando os
problemas de Rondônia se juntaram às
preocupações do Governo Federal com a ocupação
da Região Noroeste do Brasil” (Oliveira, 1994, p.
07). Segundo essa autora, seria por meio do
Polonoroeste que as instituições-chave do Estado
seriam criadas e/ou fortalecidas, por exemplo, o
Instituto de Florestas do Estado, a Polícia Militar
Florestal, a Secretaria de Estado para o Meio
Ambiente e o Instituto Estadual de Terras (Oliveira,
1994).
iii
Segundo consta no Projeto-piloto (Rondônia,
1983), a equipe de trabalho do Projeto foi composta
pelos professores Ilka Silveira Camêlo
(coordenadora), Isabel Maria Botelho de Barros
Viana, Lenilda Soares Cunha, Maria Helena Rocha
da Silva, Nahyle Marcelino Rodrigues, Roosevelt
José Bastos e Zenildo Gomes da Silva, com a
colaboração de Abnael Machado de Lima, Joaquim
Rodrigues Figueredo, Francisco Ansiliero, Maria
Tereza R. Machado, Pedro Fernandes Rosas de
Queiroz, Tereza Adélia Fernandes Alencar.
iv
Projeto-piloto do Pró-Rural usa o termo módulos
instrucionais em vez de cartilhas, como os
professores que utilizaram em sala de aula.
Optamos por seguir a nomenclatura dos
professores, que eles estavam relacionados com a
prática.
v
Segundo informações do Projeto-piloto do Pró-
Rural, entende-se por módulos instrucionais:
“Podemos chamar de módulos instrucionais a um
esquema de trabalho em que, partindo do
conhecimento do que se espera dele, o aluno realiza
alternativas de aprendizagem sob sua
responsabilidade, avalia seu desempenho, e assim
sucessivamente, até alcançar todos os objetivos e
estar em condições de ser avaliado pelo professor
naquele assunto estudado” (Rondônia, 1983, p. 66).
vi
Mais a frente esclareceremos como chegamos a
essa definição.
vi
Destaca-se não que não temos outras informações
sobre a professora.
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 29/04/2020
Aprovado em: 10/10/2020
Publicado em: 28/04/2021
Received on April 29th, 2020
Accepted on October 10th, 2020
Published on April, 28th, 2021
Contribuições no Artigo: As autoras foram as
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de Interesse: As autoras declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Não tem.
Funding
Gouveia Neto, S. C., & Gouveia, C. T. G. (2021). Ensino de Ciências e Matemática no projeto Pró-Rural em Rondônia (1983-1987)...
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
e9394
10.20873/uft.rbec.e9394
2021
ISSN: 2525-4863
22
No funding.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Gouveia Neto, S. C., & Gouveia, C. T. G. (2021). Ensino
de Ciências e Matemática no projeto Pró-Rural em
Rondônia (1983-1987). Rev. Bras. Educ. Camp., 6, e9057.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e9057
ABNT
GOUVEIA NETO, S. C.; GOUVEIA, C. T. G. Ensino de
Ciências e Matemática no projeto Pró-Rural em Rondônia
(1983-1987). Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v.
6, e9057, 2021. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e9057