ESTRUTURA FUNDIÁRIA NO SEMIÁRIDO MINEIRO
Uma Análise Sobre o Cultivo do Eucalipto
DOI:
https://doi.org/10.70860/rtg.v14i32.18965Palavras-chave:
Eucalipto, Impactos, Incentivos, Propriedades, SemiáridoResumo
A expansão da monocultura do eucalipto no Brasil, tem gerado inúmeras discussões sobre seus impactos socioambientais. Em áreas semiáridas isso é mais evidenciado, a exemplo, no semiárido mineiro, onde o monocultivo de eucalipto impulsiona conflitos territoriais. Portanto, entender a estrutura fundiária do eucalipto é crucial. Este trabalho buscou compreender a distribuição espacial do eucalipto no semiárido mineiro, associando as classes da estrutura fundiária. Em ambiente de sistema de informação geográfica, foram usados os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), em formato shapefile com o uso de 277.177 propriedades classificadas conforme a quantidade de módulos fiscais. Posteriormente a distribuição do eucalipto foi recortada pelo tamanho das propriedades. Os resultados mostraram que as grandes propriedades representam apenas 1,1% dos imóveis analisados, e compreende 68% do total do eucalipto plantado na região. Esse predomínio é concentrado nas zonas mais elevadas entre 800,1 e 1.150 metros de altitude da região. Mesmo com o domínio nos latifúndios, visualizamos ainda 12% do cultivo nas duas menores categorias fundiárias. A grande concentração do plantio nas propriedades com maiores áreas resulta do direcionamento da maioria dos incentivos governamentais para os grandes produtores, que contaram ainda com facilidades para explorar e, mesmo, realizar a apropriação de terras públicas.
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