A PALAVRA SONHA A IMAGEM
UM PERCURSO VISUAL PELA POESIA DE WISLAWA SZYMBORSKA
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2022v13n3p66-83Palavras-chave:
Wislawa Szymborska, poesia, imagem, morte, experiência vividaResumo
Este artigo se dedicou à poesia da polonesa Wislawa Szymborska para tentar responder, ainda que de forma ensaística e não definitiva, a seguinte questão: o que é uma imagem-no-poema? Para isso, os poemas Fotografia do 11 de setembro, publicado pela primeira vez em 2002, e Gente na ponte, publicado em 1987, foram analisados em uma tessitura que se dedicou aos temas dos textos de Szymborska, sobretudo à recorrência da ideia de “morte em plena vida”. Sua poesia foi aqui entretecida aos pensamentos de Alfredo Bosi, Didi-Huberman, Etienne Samain, Michel Collot e Walter Benjamin. Viu-se, a partir de Bosi, que a imagem no poema não é um ícone do objeto que se fixou na retina. Tampouco é um fantasma desrealizado produzido no devaneio. Mas ela se faz da linearidade temporal do discurso linguístico para subvertê-la. Assim subversiva, concluímos que a característica desta imagem é a de ser uma palavra-articulada que sonha o encanto de uma aparição simultânea aos nossos olhos; que produz uma “experiência vivida” ao leitor; que deixa nele um rastro e um vestígio, insinuando-se sem se dar por completo. Sua característica é a forma silente, lacunar.
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