SARTRE, FANON E A DIALÉTICA DA NEGRITUDE:

DIÁLOGOS ABERTOS E AINDA PERTINENTES

Autores

  • Deivison Mendes Faustino Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.2179-3948.2020v11n2p74

Palavras-chave:

Frantz Fanon, J. P. Sartre, Colonialismo, Negritude, Dialética

Resumo

Problematiza-se, neste artigo, as relações entre Jean Paul Sartre e Frantz Omar Fanon. Oferece-se uma sistematização que identifica Sartre e o existencialismo como uma das bases do estatuto teórico de Fanon, juntamente com a psicanálise, o marxismo e o movimento de negritude. Argumenta-se, no entanto, que a relação de Fanon com este referencial fora marcada por uma apropriação crítica que os calibanizou para as finalidades da luta revolucionária anticolonial no Continente Africano permitindo-lhe a apresentação de respostas originais que se perderiam caso se reduza o seu pensamento a uma delas ou se lhe apresente como mera repetição.

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Biografia do Autor

Deivison Mendes Faustino, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista e integrante do grupo de pesquisa Laboratório Interdisciplinar Ciências Humanas, Sociais e Saúde. Foi bolsista PDSE junto ao Department of Philosophy (University of Connecticut, UConn)(2014-2015) e recebeu, em 2016, a Menção Honrosa do Prêmio Capes de Tese na área de Sociologia, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Atualmente dedica-se à pesquisa, ensino e extensão voltados aos seguintes temas: Intelectuais negros, racismo e racismo institucional, saúde da população negra, educação das relações étnico-raciais e africanidades.

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Publicado

2020-10-11

Como Citar

Faustino, D. M. (2020). SARTRE, FANON E A DIALÉTICA DA NEGRITUDE:: DIÁLOGOS ABERTOS E AINDA PERTINENTES. EntreLetras, 11(2), 74–101. https://doi.org/10.20873/uft.2179-3948.2020v11n2p74